Interpretação de Gênesis 16
Gênesis 16
Gênesis 16 narra a história de Hagar, Sarai (mais tarde conhecida como Sara) e Abrão (mais tarde conhecido como Abraão). Este capítulo trata de temas como fé, ação humana e as consequências da impaciência. Aqui estão alguns temas-chave e interpretações de Gênesis 16:
1. Esterilidade de Sarai: O capítulo começa com Sarai, que é estéril e não foi capaz de dar um filho a Abrão. Esta questão da infertilidade é um problema significativo porque Deus prometeu tornar numerosos os descendentes de Abrão. A esterilidade de Sarai destaca a luta do casal para confiar na promessa de Deus.
2. O papel de Hagar: Sarai sugere uma solução para o problema oferecendo sua serva egípcia, Hagar, como substituta para ter um filho em seu nome. Esta ação reflete as normas culturais da época e introduz temas relacionados com a agência humana e o contexto cultural do antigo Oriente Próximo.
3. Impaciência e falta de confiança: A decisão de Sarai de dar Hagar a Abrão pode ser vista como um ato de impaciência e falta de confiança no tempo e na capacidade de Deus cumprir Sua promessa. Em vez de esperar que o plano de Deus se desenrolasse, Sarai resolve o problema com as próprias mãos, levando a consequências indesejadas.
4. O Encontro de Hagar com o Anjo: Depois de engravidar, Hagar foge do tratamento duro de Sarai e tem um encontro com um anjo do Senhor no deserto. O anjo a instrui a retornar a Sarai e se submeter à sua autoridade, ao mesmo tempo que promete descendentes tão numerosos quanto a areia à beira-mar. Este encontro sublinha a preocupação de Deus pelos vulneráveis e marginalizados e a Sua consciência das suas circunstâncias.
5. Nascimento de Ismael: Hagar dá à luz um filho e o chama de Ismael, que significa “Deus ouve”. O nascimento de Ismael é significativo porque ele se torna o pai de uma grande nação e seus descendentes são frequentemente associados ao povo árabe.
6. Conflito e Consequências: A decisão de envolver Hagar na dinâmica familiar leva a um conflito interpessoal entre Sarai e Hagar. Também prepara o terreno para futuras tensões e conflitos entre os descendentes de Ismael (os ismaelitas) e os descendentes de Isaque (os israelitas).
7. A Fidelidade de Deus: Apesar das falhas humanas e da impaciência demonstradas neste capítulo, Deus permanece fiel à Sua promessa a Abrão e Sarai. Ele reitera Sua aliança em capítulos posteriores e finalmente a cumpre através do nascimento de Isaque a Sara.
As interpretações de Gênesis 16 variam entre diferentes tradições religiosas e estudiosos. Alguns veem isso como um conto de advertência sobre as consequências de resolver o problema com as próprias mãos, em vez de confiar nas promessas e no tempo de Deus. Outros enfatizam o contexto cultural e histórico da história, incluindo a prática de usar substitutos no antigo Oriente Próximo. Independentemente da interpretação, Gênesis 16 fornece lições valiosas sobre fé, paciência e as complexidades das relações humanas no contexto do plano abrangente de Deus.
Interpretação
16:1-3. Ora Sara... não lhe dava filhos. Abrão e Sara estavam casados há muitos anos. Nenhum filho alegrava o seu lar para cumprimento das maravilhosas profecias. Mas Jeová fora específico nas Suas promessas a respeito de uru herdeiro (cons. 15:4). Conforme os anos foram se passando, a discrepância entre a promessa e as circunstâncias foi-se tornando cada vez mais frustrante. Não ter filhos era uma calamidade e uma desgraça para qualquer esposa hebreia, e para Sarai era muito pior ainda. Marido e esposa quiseram ajudar a Deus na realização da promessa. Eles conheciam o ensino direto de Gn. 2:24 e sabiam que maridos e esposas deviam se conformar com esse elevado padrão. Tomar uma segunda esposa ou concubina era pecado. No entanto, tentando fornecer a Deus um meio de executar Sua predição, Sarai prontificou-se a ignorar o padrão divino e deu sua escrava Hagar a Abrão, na esperança de que ela desse um filho à família. E assim me edificarei (heb. beinâ, “edificar”)... por meio dela, disse. Quando homens e mulheres permitem que a sua fé desabe, recorrem a expedientes humanos. A escrava egípcia foi introduzida na tenda de Abrão para que a família fosse edificada. Mas as trágicas consequências foram a discórdia e o sofrimento.16:4-6a Ele a possuiu. Sarai estava agindo inteiramente de acordo com os costumes de outros povos do seu tempo (cons. as placas Nuzu). Mas Abrão e Sarai deviam manter-se num padrão mais elevado do que o dos povos à sua volta. Abrão, o amigo de Deus, tinha uma fé mais rica e seguia um código mais puro. Não obstante, aceitou a sugestão de sua esposa e levou Hagar para sua tenda. Logo a escrava começou a desprezar sua senhora. E Sara se tornou amarga contra sua serva. Todas as três pessoas envolvidas no triângulo sofreram. Sara acusava Abrão como o culpado de tudo, mas ele apenas aceitou a sua sugestão. O ciúme mudou toda a atmosfera. Paz, harmonia e felicidade não podem existir em um lar assim. E o lar estava a ponto de se desfazer.
16:6b. Humilhou-a. Afligiu-a. O hebraico 'einâ significa “oprimir, deprimir, afligir”. Neste caso pode significar “perseguir ou tratar mal”. Sarai deve ter perseguido Hagar com pesadas obrigações ou castigo corporal. Sela qual for a perseguição, deixou-a tão contrariada, envergonhada ou embaraçada que ela fugiu da presença de sua senhora. Ciúme apaixonado e amargura colocaram as duas mulheres uma contra a outra. E Abrão não lhes foi de muita ajuda. As condições foram piorando.
16:7, 8 Tendo-a achado o anjo do Senhor. No seu desespero, Hagar fugiu na direção de sua terra natal, ao Egito. Ela era legalmente uma escrava e não tinha direito de fugir. Sua situação, entretanto, se tomara insustentável, e a fuga lhe parecia a única saída. Provavelmente ela achava que encontrada paz, descanso e o direito de viver em sua terra natal. Quando chegou a Sur (o muro), parou antes de atravessar a fronteira. Aqui os egípcios mantinham um muro ou uma linha de fortificações para proteger o Egito dos invasores do oriente. Foram mencionados nos registros egípcios até 2000 A.C.
Na quietude do deserto, Hagar defrontou-se com o anjo do Senhor, que veio orientá-la, dando-lhe esperança e paz de espírito. Esta é a primeira aparição registrada do anjo do Senhor na terra. Foi um momento de significado fora do comum. Este “anjo” não era um ser criado, mas o próprio Jeová, manifestando-se a Hagar. Para outros usos deste nome, via Gn. 32: 30; Êx. 23:20-23; 32:34; 1 Reis 19:5, 7; Is. 63:9. Nessas passagens torna-se evidente que o “anjo” é o próprio Jeová, apresentando-se dentro dos limites do tempo e espaço. Ele se identifica com Jeová; e fala e age com autoridade divina; Ele é mencionado como Deus ou Jeová.
16:9-12 As palavras confortadoras do “anjo” a Hagar foram que ela deveria voltar para enfrentar a difícil situação da qual fugira, assumir o seu pesado fardo e aguardar o cumprimento do plano divino e aguardar o dia quando seu filho, Ismael, se tornasse o chefe de uma tribo importante. Ismael (Deus ouve) seria um “jumento selvagem”, forte e atrevido, com disposição feroz. Viveria selvagem e livre, no deserto, sem amigos ou seguidores. seus descendentes foram destinados a formarem uma enorme horda de beduínos, selvagens, livres, traiçoeiros, temerários, errantes pelas vastidões do deserto.
16:13-16 Tu és Deus que vê. Hagar se encheu de alegria ao reconhecer a Deus naquela experiência, vendo que Ele era cheio de graça, bondoso, Observador que considera um pobre indivíduo em calamitosa situação. Reagiu com fé reverente. O poço ou fonte recebeu o nome de Beer-Laai-Roi. Este nome foi traduzido e melhorado de diversas maneiras. Talvez uma boa tradução seja O poço do vivente que me vê. Hagar ficou grandemente emocionada ao perceber que estivera na presença do próprio Deus poderoso e que continuava viva. Talvez o poço ficasse nas proximidades de Cades (cons. 16:14), cerca de 80 kms ao sul de Berseba. O menino nasceu, e Abrão, com oitenta e seis anos de idade, chamou-o de Ismael.
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