Interpretação de Lucas 2
Lucas 2
D.
O Nascimento de Jesus. 2:1-20.
1. Um decreto de César Augusto. Lucas é o único autor dos Evangelhos que data o seu
material relacionando-o com o imperador reinante (veja também 3:1). Decreto (gr.
dogma). Uma ordem imperial. César Augusto. O primeiro imperador
de Roma que reinou de 27 A. C. até 14 A. D. Toda a população. Isto
significa todo o império, não todo o mundo conhecido. Recensear-se. Augusto
ordenou que se fizesse um recenseamento do império, o qual serviria de base
para o lançamento dos impostos. O decreto foi assinado cerca de 8 A.C., mas
provavelmente não entrou em vigor senão alguns anos mais tarde.
2. Quirino era governador da Síria. P. Sulpicius Quirinius foi eleito governador da Síria
em 6 A. D., e realizou um recenseamento na Judeia naquela ocasião. Há boas
evidências de que ele foi governador duas vezes, e que o seu primeiro governo
foi de 4 A. C. a 1 A. D. O recenseamento anterior devia estar terminando quando
ele assumiu o governo pela primeira vez.
3. À sua própria cidade. Na Judeia cada homem voltava à cidade dos seus
ancestrais onde ficavam guardados os registros de sua família.
4. Galileia era a região à volta do Lago de Genesaré, ou mar da
Galileia. Tinha uma grande população gentia, e desde o tempo dos profetas era
conhecida como “Galileia dos Gentios” (Is. 9:1). Nazaré. Uma cidade nas
colinas da Galileia, localizada sobre a estrada comercial que ia das planícies
costeiras até Damasco e o Oriente. Judeia. A província ao sul da Samaria
e ao norte de Edom e do deserto, limitada ao oeste pelo Mediterrâneo e a leste
pelo Rio Jordão e Mar Morto, Belém. O lar de origem da família de Davi.
5. Sua esposa. Veja 1:27.
7. Seu filho primogênito. Subentende-se que Maria teve outros filhos mais tarde
(cons. Mc. 6:3). Manjedoura. Um coxo onde o gado comia. José e Maria
deviam ter se abrigado no estábulo. A tradição diz que foi numa caverna na
encosta da montanha atrás da hospedaria.
8. Guardavam o seu rebanho durante as vigílias da
noite. A data exata do nascimento de Jesus
é desconhecida; a lendária data de 25 de dezembro não pode ser confirmada além
do quarto século.
9. A visita celestial foi assessorada com a radiância da
glória divina que estava presente quando Deus se manifestou (Êx. 16:10; 20:18;
40:34; II Cr. 7:1; Ez. 1:27, 28).
10. Não temais. As palavras do anjo foram as costumeiras palavras de
saudação diante de homens que ficariam aterrorizados com tal aparição (cons.
1:13, 30). Todo o povo, Israel.
11. Salvador. No V. T. Deus foi o Salvador do seu povo (Is. 25:9;
33:22). Enquanto os profetas o consideravam principalmente como um salvador da
opressão política, Lucas alarga o conceito apresentando Jesus como o Salvador
do pecado.
Cristo, o Senhor. Cristo significa ungido, o Messias de Israel que era
o Libertador prometido. Senhor. Um título que os pagãos gregos aplicavam
aos seus reis, os quais eles saudavam como se fossem deuses. Um cristão só pode
aplicar esse título a Cristo (I Co. 8:6).
12. E isto vos será por sinal. Literalmente, o sinal.
14. Paz . . . entre os homens a quem ele quer bem. A paz não foi dada aos homens que têm boa vontade
para com Deus, mas aos homens que Ele está inclinado a favorecer.
15. Nos deu a conhecer. Os pastores não duvidaram da realidade da proclamação
do anjo, mas aceitaram-na ao pé da letra.
19. Maria . . . guardava em seu coração. O aparecimento dos visitantes celestiais aos pastores
confirmou o segredo misterioso da Anunciação.
E.
A Apresentação no Templo. 2:21-40.
21. Completados oito dias. Assim como João, Jesus recebeu o seu nome de acordo
com a mensagem de Gabriel (1:13, 59-63). A circuncisão deve ter acontecido em
Belém.
22. Os dias da purificação. De acordo com a lei de Moisés, a mulher que tinha um
filho do sexo masculino era considerada imunda durante sete dias. No oitavo dia
a criança era circuncidada, e ela ficava imunda por mais trinta e três dias.
Passado esse tempo ela oferecia um sacrifício no Templo e era cerimonialmente
purificada (Lv. 12:2-6). O sacrifício oferecido era na proporção da capacidade
financeira da família.
24. Um par de rolas. A oferta das aves indica que José e Maria eram pobres
(Lv. 12:8). Para a apresentação da oferta eles viajaram a Jerusalém, que
distava apenas algumas milhas de Belém.
25. Simeão. Simeão devia ser um Hasidim, adorador de Deus sincero
e dedicado, que guardava a Lei tanto no Espírito como na letra. Justo expressa
sua atitude em relação aos homens; temente, sua atitude para com Deus. Consolação
de Israel. O esperado Messias, que libertaria os judeus do poder dos seus
opressores.
26. Revelara-lhe. Uma profecia individual especial fora dada a Simeão
como .recompensa pela sua devoção.
28. Louvou a Deus, dizendo. As palavras de Simeão, como os Salmos de Davi, foram
ditas em poesia hebraica.
32. Luz para revelações dos gentios. Simeão percebeu o verdadeiro propósito de Deus de
alcançar os gentios além de Israel. Lucas, um gentio, devia estar especialmente
interessado em sua profecia.
34. Este. Jesus não era apenas outra criança judia, mas era o
pivô da fé. Aqueles que cressem nele subiriam a novas alturas; aqueles que o
rejeitassem cairiam em negro desespero.
35. Uma espada. Simeão deu uma indicação de que Maria sofreria
profunda tristeza por causa dEle.
36. Uma profetisa chamada Ana. Tanto no Velho, como no Novo Testamento, as mulheres
recebiam poderes proféticos. Débora (Juízes 4:4) foi uma das primeiras líderes
de Israel, e as filhas de Filipe, o evangelista, também profetizavam (Atos
21:9).
37. Era viúva, de oitenta e quatro anos. Ana convivera com o seu marido sete anos antes da
morte deste. Se ela tivesse se casado com a idade de doze anos, teria então
mais de cem anos de idade, a não ser que Lucas mencionasse o total de sua
idade. Assim como Simeão, ela fazia parte do remanescente piedoso do judaísmo. 38.
A redenção de Jerusalém. A grandeza da fé de Ana está comprovada por sua
confiança em que essa criança era o instrumento prometido para a redenção
nacional.
40. Crescia o menino, e se fortalecia. Lucas é a única fonte de informação sobre a infância
de Jesus. Todo o tipo de lendas fantásticas sobre a juventude de nosso Senhor
têm sido escritas e publicadas nos Evangelhos apócrifos, mas nenhuma delas
aparece nas Escritura.
F.
A Visita a Jerusalém. 2:41-52.
42. Subiram, segundo o costume da festa. Judeus devotos costumavam assistir a Páscoa em
Jerusalém. Jesus, tendo doze anos de idade, estava se aproximando da idade
normal para ser aceito no judaísmo como um “filho da lei”, que o tornaria um
membro efetivo da comunidade religiosa.
43. Permaneceu o menino Jesus em Jerusalém. Como qualquer menino normal, deve ter ficado
fascinado com as vistas da cidade; é mais provável que ele tenha se interessado
particularmente pelo ensinamento dos rabis.
46. . . o acharam no templo. Seu interesse mostra que ele despertou para a
necessidade de compreender a Lei. Ele estava prestando atenção aos mestres, que
ficaram espantados com a clareza e discernimento de suas respostas.
48. Filho, por que fizeste assim conosco? Como qualquer mãe de verdade, Maria sentiu a falta
dele quando a caravana parou no fim do dia. Obviamente ela ficou preocupada.
49. Casa de meu Pai. Dá a entender que o jovem tinha uma percepção clara
do seu relacionamento com Deus. Ele ficou admirado porque Maria e José não
tinham compreendido esse relacionamento, e fê-los lembrar que, sendo Deus o seu
verdadeiro Pai, ele pertencia à casa de Deus.
50. Não compreenderam. José e Maria não compreenderam o significado completo
das palavras de Jesus, que foram o primeiro sinal registrado de sua crescente
independência (cons. Jo. 2:4).
51. E era-lhes sujeito. A independência de Jesus não era rebeldia. Ele voltou
a Nazaré e ficou com a família até o começo do seu ministério público. Guardava
todas estas coisas no coração. Embora não compreendesse o que ele queria
dizer, Maria não se esqueceu de suas palavras. Talvez Lucas fosse informado
diretamente por ela.
52. E crescia Jesus em sabedoria, estatura, e graça
diante de Deus e dos homens. Ele não foi um prodígio no sentido de ser anormal. Crescia
(gr. lit. “avançar abrindo caminho”) significa que havia crescimento no seu
tamanho, consciência e compreensão dos acontecimentos. Ele foi perfeito em cada
estágio da vida. Ele estava livre das imperfeições que desfiguram o restante
dos homens em cada estágio do crescimento.
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