Interpretação de Romanos 16

Romanos 16

Romanos 16 consiste principalmente em saudações e elogios pessoais do Apóstolo Paulo a vários indivíduos da comunidade cristã. Embora este capítulo possa parecer menos teológico do que os anteriores, ele ainda oferece insights sobre a comunidade cristã primitiva e o relacionamento de Paulo com outros crentes. Aqui está uma interpretação dos pontos-chave em Romanos 16:

1. Elogios e Saudações: Paulo começa recomendando Febe, uma diaconisa de Cencréia, aos crentes romanos. Ele pede que eles a recebam e forneçam qualquer assistência que ela possa precisar. Isto realça a interligação das primeiras comunidades cristãs e a importância de apoiarem-se mutuamente (Romanos 16:1-2).

2. Saudação aos colegas de trabalho: Paulo continua cumprimentando uma longa lista de pessoas que eram seus colegas de trabalho, amigos e irmãos na fé. Ele os menciona pelo nome e expressa seu agradecimento por seu serviço, dedicação e amizade. Isto demonstra a profundidade dos relacionamentos de Paulo dentro da comunidade cristã (Romanos 16:3-16).

3. Advertência contra ensinamentos divisivos: No meio das suas saudações, Paulo emite uma advertência aos crentes romanos para tomarem cuidado com aqueles que causam divisões e criam obstáculos contrários à doutrina que aprenderam. Ele encoraja os crentes a serem sábios e criteriosos em suas interações, apegando-se ao ensino sólido que receberam (Romanos 16:17-19).

4. Paz e esmagamento de Satanás: Paulo expressa seu desejo de que o Deus da paz esmague logo Satanás sob seus pés, uma expressão simbólica de vitória sobre as forças do mal. Isto serve como um lembrete de que a vitória final pertence a Deus e que os crentes devem permanecer fiéis e vigilantes na sua fé (Romanos 16:20).

5. Saudações dos companheiros de Paulo: Os companheiros e cooperadores de Paulo, Timóteo, Lúcio, Jasão e Sosípatro, enviam suas saudações aos crentes romanos. Isto demonstra o sentido de comunidade e interconexão entre os primeiros cristãos (Romanos 16:21-23).

6. Doxologia Final: Paulo conclui a carta com uma doxologia, dando glória a Deus pela Sua sabedoria e pela revelação do mistério da salvação através de Jesus Cristo. Esta doxologia sublinha os temas centrais de Romanos relativamente ao plano de redenção de Deus tanto para judeus como para gentios (Romanos 16:25-27).

Em Romanos 16, embora possa parecer focado principalmente em saudações pessoais, oferece informações valiosas sobre a comunidade cristã primitiva, a importância dos relacionamentos e do apoio entre os crentes, e a necessidade de vigilância contra ensinamentos divisivos. Também serve como um lembrete da unidade e interconexão do corpo de Cristo e da vitória final do plano redentor de Deus.

Interpretação

16:1 Ao recomendar Febe, Paulo diz quem ela é e de onde ela vem. Era uma diaconisa da igreja da Cencreia. Suas obrigações, como a dos diáconos, eram muito generalizadas. Necessidades materiais e também espirituais de outros eram atendidas por crentes como Febe (cons. Atos 6:1-6 com Atos 6:8-15 e 7:1-60).

16:2 Paulo pede aos romanos que a recebam no Senhor, como convém aos santos, e que a ajudem em tudo o que vier a precisar. Ela merecia tal acolhida, Paulo declara, porque tem sido protetora de muitos e ao próprio Paulo também. Este capítulo refuta a ideia de que Paulo não gostava de ver mulheres trabalhando nas igrejas ou entre os crentes. Seu tributo prestado a Febe é seguido de saudações a várias pessoas e grupos. Entre as pessoas saudadas estão oito mulheres. Paulo comenta especificamente o trabalho de cinco dessas mulheres (Maria, v. 6; Priscila, uma cooperadora, v. 3; Trifena e Trifosa, v. 12; Pérside, v. 12). A mãe de Rufo é tão querida de Paulo que ele a chama também de mãe (v. 13). Só duas mulheres são mencionadas sem comentários – Júlia e a irmã de Nereu (v. 15).

16:3-16 A frequência desses nomes nas catacumbas e inscrições dos antigos cemitérios de Roma e o significado destas informações, são bem comentadas por C.H. Dodd, The Epistle to the Romans, no The Moffat New Commentary; e por William Sanday e Arthur C. Headlam, em The Epistle to the Romans, no The International Critical Commentary. Nesses comentários sobre o livro aos romanos, veja as Introduções como também os comentários do texto.

16:3 Paulo começa com dois dos seus mais queridos amigos – Priscila e Áquila. Desde que Paulo os conheceu em Corinto na sua segunda viagem missionária, eles continuaram trabalhando esforçadamente no serviço de Deus (veja Atos 18:2, 18, 26; Rm. 16:3, 4; I Co. 16:19; lI Tm. 4:19).

16:4 Como exatamente arriscaram suas vidas pela vida de Paulo, ele não diz. Mas o fato de que, além de Paulo, todas as igrejas gentias agradeciam por eles, mostra a extensão dos seus esforços por amor de Cristo.

16:5a Paulo saúda a igreja em casa deles. Isto prova que o zelo de ambos por Cristo, em Roma, não diferia do que fora em outros lugares. Igrejas se reunindo em casas de família provavelmente também se encontram em 16:10, 11, 14, 15. Se for assim, então a menção de cinco 1grejas domésticas, faz-nos entender que os cristãos em Roma, eram membros de pequenos grupos e não de uma só e grande assembleia.

16:5b Epêneto foi saudado como o primeiro converso da Ásia Menor.

16:7 Andrônico e Júnias eram conterrâneos de Paulo, que estiveram com ele na cadeia em alguma ocasião. Paulo descreve-os como pessoas notáveis entre os apóstolos e cristãos antes dele próprio. Isto pode significar que eles já eram crentes há cerca de vinte e cinco anos.

16:13 Uma vez que, o que é escolhido também pode ser considerado destacado ou excelente, Rufo, eleito no Senhor, também poderia ser traduzido para: “Rufo, cristão notável” (Arndt, eklektos, 2, pág. 242).

16:16 A ordem saudai-vos uns aos outros com ósculo santo (cons. I Co. 16:20; lI Co. 13:12; I Ts. 5:26) ou com ósculo de amor (I Pe. 5:14) mostra que uma fervorosa comunhão cristã era característica da igreja primitiva. Seja o que for que, na cultura moderna, seja característica de profunda afeição cristã – um beijo no rosto, um sincero aperto de mão, um segurar de ambas as mãos, etc. - é o equivalente da ordem apostólica.

16:17-20 Paulo não está dizendo que falsos mestres já estavam presentes entre os crentes romanos. Mas ele sabia o que acontecia em outros lugares.

16:17 E rogo-vos, irmãos, que noteis bem aqueles que provocam divisões e escândalos, em desacordo com a doutrina que aprendestes. A doutrina torna-se padrão. Eis aí a autoridade da mensagem apostólica. Os leitores de Paulo deviam desviar-se desses que produziam dissensões e tentações para o pecado.

16:18 Tais pessoas, em lugar de serem escravas de Cristo, eram escravas dos seus próprios estômagos. Mas suas maneiras cativavam os ouvintes. Com suaves palavras e lisonjas enganam os corações dos incautos.

16:19 Paulo queria que seus leitores fossem sábios quanto ao bem, mas inocentes no que se referia à participação no mal. Eis porque fez esta advertência.

16:20 Depois da advertência, a promessa: O Deus da paz em breve esmagará debaixo dos vossos pés a Satanás. Com a vitória final no horizonte, a oração é muito pertinente: A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja convosco.

16:21 Parentes. Antes, conterrâneos. Timóteo, cooperador de Paulo, é bem conhecido. Dos outros três não temos identificação positiva. Lúcio pode ser o Lúcio de Cirene (Atos 13:1). Jasom parece que é o Jasom mencionado em Atos 17:5-9. Sosípatro parece o Sosípatro de Atos 20:4.

16:22, 23. Tércio, o escriba, a quem Paulo ditou a carta, envia suas próprias saudações. Gaio, que pode ser o Gaio mencionado em I Co. 1:14, diz-se que era hospedeiro não só de Paulo, mas de toda a igreja. Isto parece indicar que a igreja se reunia em sua casa. O fato de que Erasto era o tesoureiro da cidade, mostra que a fé cristã alcançara algumas pessoas da classe mais elevada. Quarto, o irmão, é o último a enviar saudações.

16:25-27 Veja a Introdução do comentário às orações finais e à doxologia no que se refere a sua localização na epístola.

16:25 A doxologia centraliza-se na capacidade ou poder de Deus de fortalecer os leitores. O fortalecimento divino é segundo o evangelho de Paulo e a pregação de Jesus Cristo.

Essa pregação tem sido levada avante conforme a revelação do mistério ou segredo. Três coisas são declaradas sobre o mistério ou segredo: 1) guardado em silêncio nos tempos eternos, ou há muito tempo atrás (v. 25). 2) agora se tornou manifesto, e foi dado a conhecer por meio das Escrituras proféticas (isto é, o V.T.), segundo O mandamento do Deus eterno (v. 26). 3) para a obediência por fé, entre todas as nações (v. 26). Este mistério se relaciona com a ação divina de procurar alcançar ambos, judeu e gentio, através da redenção que é em Cristo Jesus (veja Rm. 9; 11; Ef. 3:1-7; Cl. 1:26, 27; 2:2, 3; 4:3). Na linguagem de Ef. 3:6, o mistério consiste dos gentios serem co-herdeiros com os crentes judeus, pertencendo ao mesmo corpo, e de Serem participantes da promessa com eles (cons. Rm. 11:11-32).

16:27 Um resumo da capacidade e planos divinos precede a atribuição da glória a Deus. Bem no final do versículo (v. 27) há um pronome relativo, a quem, embora omitido por um bom manuscrito e alguns outros, parece que faz parte da maneira original de Paulo escrever. Mas é muito difícil de colocá-lo no texto, simplesmente porque toda esta doxologia centraliza-se em Deus. Glória seja dada ao único Deus sábio por Jesus Cristo. Esta glória é para todo sempre.

Talvez o sentido do texto possa ser entendido melhor se o lêssemos assim: Que a glória para todo o sempre (seja dada) ao único Deus sábio, por Jesus Cristo, a quem (também) a glória para todo o sempre (pertence). Amém. No texto original a frase a glória para todo o sempre só aparece uma única vez. O pronome relativo a quem segue-se a Jesus Cristo. A frase glória para todo o sempre segue-se a quem. Uma vez que a doxologia centraliza-se em Deus e esta última cláusula centraliza-se em Cristo, parece melhor concluir que Paulo atribui a glória eterna a ambos, Deus e Cristo.

 Quão bom, é que o livro de Romanos termina com o tema “Glória a Deus para todo o sempre!”

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