Estudo sobre Gênesis 31
Gênesis 31
Jacó foge de Labão
(31.1-55)
31:1-25. Houve três razões
para Jacó decidir que a hora da partida havia chegado. Em primeiro lugar, ele
estava consciente da crescente hostilidade contra ele (v. 1,2); e
ele tinha pouca afeição por um homem que havia agido como Labão (v. 7). Em
segundo lugar, suas esposas agora estavam dispostas a deixar a sua
terra natal a fim de ir para uma terra desconhecida (v. 14ss); parece que
o pai delas havia quebrado as convenções e regras da época ao usar tudo
que foi pago por elas, i.e., o dote pago pelas noivas, que nesse
caso não havia consistido em um pagamento inicial por parte de Jacó, mas
nos lucros dos seus longos serviços prestados a Labão. De qualquer
forma, elas também se sentiram rejeitadas por Labão. Em terceiro lugar,
Jacó recebeu orientações claras de Deus (v. 3,1 lss). A referência a Betei
(v. 13) confirmava que o Deus da sua experiência pessoal (cf. cap.
28) o estava chamando de forma inconfundível para voltar à terra de
Canaã. Usando de trapaça até o fim, Jacó aproveitou uma oportunidade para fugir
(v. 17ss); ele se pôs na estrada em fuga (v. 22), e a continuação da
história mostra imediatamente que Labão poderia ter colocado
obstáculos a uma partida mais digna. Labão se deu ao trabalho de
persegui-los, e poderia ter agido de forma mais dura contra Jacó do
que fez não fosse a advertência divina do v. 24 (“Cuidado, não faça nada a
Jacó”, NTLH). O confronto aconteceu em Gileade (v. 32), nos
montes a leste do Jordão, a certa distância ao norte de Maanaim (cf.
32.1,2). A rota que Jacó escolheu ficava mais a leste do que a tomada
por Abraão (12.5-8).
31:26-42. Surgiu uma
disputa árdua entre eles. As acusações de Labão nos v. 27 e 28 soam
hipócritas, pois é difícil imaginar que ele teria permitido a partida de
Jacó e de sua família, muito menos com tais festividades. No entanto,
ele estava autorizado a se queixar do roubo dos deuses de Labão (“deuses
da minha casa”, NTLH; v. 30; cf. v. 19). Jacó era totalmente inocente
do roubo, evidentemente, e o seu juramento (v. 32) poderia ter custado a
vida de Raquel — se os deuses tivessem sido encontrados, mas ela mesma garantiu
que não fossem descobertos (v. 34,35). Não descobrimos em lugar algum o
motivo do seu roubo; as práticas religiosas de Labão claramente não
eram as da verdadeira adoração a Javé (v. tb. 30.27), e a implicação pode
ser que Raquel ainda precisasse de instrução nesse tema (cf. 35.2ss). Com
base em documentos da antiga Mesopotâmia, argumentou-se que deuses do lar
também cumpriam uma função legal, podendo ser comparados, em geral com
escrituras de propriedades; mas estudos recentes lançaram dúvidas sobre
essa interpretação. De qualquer forma, se foi a religião ou se foram as
propriedades que atraíram Raquel, nada disso na verdade a beneficiaria.
Jacó ficou
irado, e sua reação (v. 36-42) culminou com o lembrete de
que Labão havia sido advertido pelo próprio Deus. Mas por esse fato Labão
poderia ter sido capaz até de exigir retribuição.
31:43-55. Em vez disso,
fizeram um acordo. A solenidade dele é destacada pelo ritual da refeição
sacrificial, depois pelo fato de passaram a noite ali (v. 54) e pelos
votos com que se comprometeram um com o outro em nome das respectivas
divindades. O verbo julgar usado no v. 53 está no plural, de
forma que o texto faz distinção entre o Deus de Abraão e o Deus
de Naor (pai de Labão); e provavelmente deveríamos retraduzir “o Deus do
pai deles” por “seus deuses ancestrais”. De sua parte, Jacó jurou
pelo Deus de Abraão, que também se havia revelado a Isaque; as
circunstâncias dessa revelação não são registradas, mas o título incomum Temor
do seu pai Isaque deve ter surgido disso. A testemunha mais
duradoura da aliança foi a colocação de uma pedra como coluna (v.
45) e um monte de pedras como marco (v. 46); esse monte recebeu dois
nomes, que significam a mesma coisa, “monte de pedras do
testemunho” (nota de rodapé da NVI), em duas línguas diferentes,
aramaico e hebraico. O propósito era que perpetuamente os arameus e os
israelitas respeitassem a linha de fronteira assim demarcada entre eles
(v. 51,52). O nome Mispá (v. 49) também é associado à localidade,
que pode bem ter sido situada na região de Ramote-Gileade, a cidade
fronteiriça disputada em épocas posteriores (cf. lRs 22.3; v. o Macmillan
Bible Atlas, mapa 27). O nome “Gileade” tem algum tipo de relação
com “Galeede”; contudo, os nomes diferem não somente nas suas vogais
mas também na sua aplicação, visto que o primeiro denota uma região e
uma cadeia de montanhas, e o segundo, um lugar específico. “Mispá”
era um topônimo comum, cujo significado é ‘‘torre de vigia” (nota de
rodapé da NVI); aqui o jogo de palavras retrata Deus como aquele que
vigia no posto da fronteira (v. 49).
O encontro com Esaú (32.1—33.20)
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