Estudo sobre Gênesis 41
Gênesis 41
Os sonhos do faraó
(41.1-36)
O centro do drama muda
agora para o palácio real. Há poucas possibilidades de identificarmos o rei
egípcio; Gênesis satisfaz-se em usar o termo geral faraó. Ele talvez
tenha sido um da dinastia dos “hicsos” (c. 1710— 1570 a.C.), mas até
nisso estamos distantes da certeza. Desde o último episódio, dois
anos haviam passado, e 13 anos, desde que José tinha partido de
casa (cf. 37.2; 41.46).
41:1-8. Mais uma vez, os
sonhos são um aspecto predominante na história. No contexto egípcio, o rei era
obrigado a levar muito a sério o sonho duplo; nem ele nem o leitor têm
dúvidas de que os sonhos foram dados por Deus! A sua resposta foi
consultar os experts locais, os magos e sábios, mas tudo foi
em vão.
41:9-13. O tempo de José na
prisão não havia sido um erro no plano divino; finalmente, o chefe dos
copeiros lembrou-se da sua obrigação, em um momento muito oportuno.
A sua observação acerca das suas faltas (v. 9) provavelmente é uma
referência à sua ofensa anterior contra o rei, e não ao seu esquecimento.
41:14-24. José observou a
boa etiqueta da corte (pois os costumes egípcios eram significativamente
diferentes dos palestinos) e se apresentou. O rei tinha sido levado a pensar que
José era um expert na interpretação de sonhos, como se ele tivera
um treinamento superior ao de todos os magos egípcios; mas José
respondeu de forma categórica que não tinha esse tipo de habilidade (v.
16). O texto na verdade promove a inspiração “profética”, i.e.,
revelação direta de Deus, e de forma sutil critica todo o mecanismo da
interpretação de sonhos da época. O rei fez um resumo dos sonhos; ele
era um homem mais generoso e mais razoável do que o Nabucodonosor de
Dn 2.
41:25-36. José é capacitado
para interpretar os sonhos; Deus havia determinado o curso dos eventos
do futuro imediato (v. 32) e tinha graciosamente revelado as suas
intenções (Deus mostrou) ao faraó (v. 28). Aqui é apresentada uma
nova dimensão dessas predições: os sonhos de José (cap. 37) não tinham nem
buscado nem exigido cooperação humana alguma; os sonhos dos oficiais reais
(cap. 40) não haviam deixado abertura para intervenção humana; mas a
perspectiva de sete anos de prosperidade permitiu que fossem dados
passos para aliviar as dificuldades da fome que estava por vir. Parece
provável que os v. 32-36 apresentem os resultados não de revelação
divina direta, mas da sagacidade pessoal de José (que em si foi dada por
Deus, sem dúvida). O v. 34 deixa claro que o rei egípcio tinha o
controle total sobre as fazendas e os campos do Egito. K. A. Kitchen consegue
colocar isso de forma muito apropriada, quando diz: “A política econômica
de José [...] simplesmente fez do Egito na prática o que sempre foi
na teoria: a terra tornou-se propriedade do faraó, e os habitantes,
seus arrendatários” (NBD, “José”),
José é exaltado (41.37-57)
O faraó convenceu-se
imediatamente, não duvidando nem da interpretação nem do conselho que havia
recebido. Ele prontamente percebeu em José o homem para desempenhar a
função proposta. E assim José foi elevado a uma posição de autoridade
inferior apenas à do rei (v. 40). O sentido geral
está suficientemente claro, embora uma frase no v. 40 seja obscura (todo
o meu povo se sujeitará às suas ordens; v. outras versões), e a
tradução Êíbram caminho! (heb. 'abrek, v. 43; nota
de rodapé da NVI: “curvem-se”) é incerta. Os diversos símbolos de
posição de autoridade indicados no v. 42 atestam o pano de
fundo egípcio genuíno da história de José; ainda existem algumas representações
gráficas desses símbolos (v. NBD, fig. 122).
As honras concedidas a José
incluíam uma esposa nascida na nobreza (v. 45); Om, a cidade que
mais tarde se tornou conhecida como Heliopolis, tinha um papel central na
adoração de Rá (ou Rê), o deus-sol, a mais importante das divindades
egípcias. O significado de Zafenate-Panéia ainda é questão de debate (v.
K. A. Kitchen em NBD, “Zafenate-Panéia”). A frase final do v.
45 refere-se à amplitude da autoridade de José (cf. NEB), ou talvez,
o que é menos provável, às viagens que José tinha de fazer (foi percorrer
todo o Egito).
Os v. 46,47 descrevem a
passagem célere do tempo. José fez de tudo para que se aproveitasse ao máximo
os sete anos de fartura; na casa dele, os anos foram de grande produção
(v. 47), pois lhe nasceram dois filhos. O segundo, Efraim, comemora
essa idéia de fecundidade; mas há uma ironia dramática no nome do
primeiro filho, Manasses, pois os eventos logo mostrariam que José
não havia “esquecido” os seus irmãos (a casa de meu pai, v.
51).
O v. 54 introduz uma
nova dimensão da fome, pois descobrimos que todas as terras foram
afetadas. A fome era muito comum no Antigo Oriente, mas era raro que tanto
a Palestina (pois é aí que está o centro das atenções da história) quanto o
Egito sofressem ao mesmo tempo. O v. 57 é, no entanto, exageradamente
literal na NVI (de toda a terra), pois não devemos supor que o
narrador estivesse pensando na China ou em países no outro lado do
mundo, mas simplesmente que em toda a região relevante na história as
colheitas estavam sendo desastrosamente pobres.Índice: Gênesis 1 Gênesis 2 Gênesis 3 Gênesis 4 Gênesis 5 Gênesis 6 Gênesis 7 Gênesis 8 Gênesis 9 Gênesis 10 Gênesis 11 Gênesis 12 Gênesis 13 Gênesis 14 Gênesis 15 Gênesis 16 Gênesis 17 Gênesis 18 Gênesis 19 Gênesis 20 Gênesis 21 Gênesis 22 Gênesis 23 Gênesis 24 Gênesis 25 Gênesis 26 Gênesis 27 Gênesis 28 Gênesis 29 Gênesis 30 Gênesis 31 Gênesis 32 Gênesis 33 Gênesis 34 Gênesis 35 Gênesis 36 Gênesis 37 Gênesis 38 Gênesis 39 Gênesis 40 Gênesis 41 Gênesis 42 Gênesis 43 Gênesis 44 Gênesis 45 Gênesis 46 Gênesis 47 Gênesis 48 Gênesis 49 Gênesis 50