Jó 1 — Comentário Devocional

Jó 1

1.1 Ao lermos o livro de Jó, obtemos informações desconhecidas pelos personagens da história. Jó, o personagem principal do livro, perdeu tudo o que tinha, embora fosse inocente. Enquanto Jó lutava para compreender o motivo de todas aquelas desgraças, tornava-se claro que ele não viria a conhecê-los. Jó teria de conviver com as respostas e explicações que possuía. Somente então sua fé seria completamente desenvolvida. Precisamos viver a vida como fez Jó — um dia de cada vez, sem respostas completas para todas as questões do viver. Será que nós, assim como Jó, confiaremos em Deus mais que em qualquer outra coisa? Ou cederemos à tentação de dizer que Deus não se interessa realmente?

1.1 A localização da terra de Uz é incerta. Sabemos apenas que Uz tinha muitas pastagens e plantações (1.2), situava-se próxima ao deserto (1.19), e estava perto dos sabeus e dos caldeus o suficiente para ser atacada (1.14-17). Uz é também mencionada cm Jeremias 25.19,20. A maioria dos estudiosos acredita que Uz estava localizada a leste do rio Jordão, próximo à Canaá (Israel), onde viviam os judeus (aqueles a quem primeiro Deus se revelou).

1.1ss Ao vermos a calamidade e o sofrimento no livro de Jó, devemos lembrar-nos que vivemos em um mundo caído, onde o bom comportamento nem sempre é recompensado, e o mau nem sempre é punido. Quando presenciamos um notório criminoso prosperar ou uma criança inocente sofrer, dizemos: “Isto é errado”. E é mesmo. O pecado tem distorcido a justiça e tornado feio e imprevisível o nosso mundo. O livro de Jó mostra um homem bom sofrendo sem culpa aparente. Infelizmente, assim é o nosso mundo. Mas a história do Jó não termina em desespero. Através de sua vida podemos ver que a fé em Deus e justificada, mesmo quando nossas situações parecem não ter esperanças. A fé baseada em recompensas ou prosperidade. Para ser inabalável, a fé tem de ser construída na confiança de que o propósito principal de Deus se realizará.

1.5 Não se sabe ao certo, mas Jó provavelmente viveu durante os dias dos patriarcas (Abraão, Isaque, Jacó), antes que Deus houvesse dado a sua lei por escrito e escolhido sacerdotes como líderes religiosos. Durante os dias de Jó, o pai era o líder religioso da família. Por não haver sacerdote que o instruísse na lei de Deus, Jó agia como sacerdote, e oferecia sacrifícios a Deus, pedindo perdão pelos pecados que ele e sua família houvessem cometido. Isto demonstra que ele não considerava a si mesmo sem pecado. Jó fazia isto por convicção e amor a Deus, e não apenas por ser este o seu papel como cabeça da casa. Você cumpre com os seus deveres espirituais porque é o que se espera de você, ou o faz espontaneamente, de todo o coração?

1.5 Jó demonstrou grande preocupação com o bem-estar espiritual de seus filhos. Temendo que houvessem pecado no coração deles, oferecia sacrifícios. Hoje, os pais podem mostrar a mesma preocupação, orando pelos seus filhos. Isto significo “sacrificar" algum tempo diariamente para pedir perdão por eles, ajudá-los a crescer, protegê-los e ensiná-los a agradar a Deus.

1.6 A Bíblia fala de outras reuniões celestiais, onde Deus e os anjos planejam suas atividades na terra, e onde os anjos também trabalham (1 Rs 22.19-23). Por ser o criador de todos os anjos — tanto os que o servem quanto os que se rebelaram — Deus tem completo poder e autoridade sobre eles.

1.6, 7 Satanás, originalmente um anjo de Deus, tornou-se corrupto pelo seu orgulho. Ele tem sido mau desde sua rebelião contra Deus (1 Jo 3.8). Satanás considera Deus como inimigo. Ele tenta atrapalhar a obra de Deus na vida das pessoas, mas está limitado pelo poder de Deus, e pode fazer apenas o que lhe é permitido (Lc 22.31.32; 1 Tm 1.19,20; 2 Tm 2.23-26). Satanás é chamado de inimigo porque busca ativamente por pessoas a quem possa tentar (1 Pe 5.8,9), e porque o seu desejo é que as pessoas odeiem a Deus. Ele faz isto através da mentira e da decepção (Gn 3.1-6). Jó, um homem correto e inocento, que fora grandemente abençoado, era o alvo perfeito para Satanás. Qualquer pessoa comprometida com Deus deveria esperar os ataques do inimigo. Satanás, que odeia a Deus, também odeia as pessoas.

1.6-12 Desta conversa, aprendemos algo importante sobre Satanás. (1) Ele é responsável perante Deus. Todos os seres angelicais, bons ou maus, são compelidos a apresentarem-se diante de Deus (1.6). Deus sabia que Satanás planejava atacar Jó. (2) Satanás pode estar em apenas um local de cada vez (1.6,7). Seus demônios o auxiliam em seu trabalho, mas como um ser criado, ele é limitado. (3) Satanás não pode ler a nossa mente ou prever o futuro (1.9- 1 1). Se pudesse, ele saberia que Jó não cederia à pressão. (4) Porque Satanás nada pode fazer sem a permissão do Criador (1.12), o povo de Deus pode vencer seus ataques através do poder divino. (5) Deus coloca limites para os atos de Satanás (1.12; 2.6). A resposta de Satanás à pergunta de Deus (1.7) mostra-nos que Satanás é real e ativo na terra. Cientes deste fato, devemos permanecer próximo d'Aquele que ó maior que Satanás — o próprio Deus.

1.7ss Algumas pessoas sugerem que este diálogo tenha sido inventado pelo autor do livro. Poderia esta conversa entre Deus e Satanás ter de fato acontecido? Outras passagens bíblicas contam-nos que Satanás realmente tem acesso a Deus (ver Ap 12.10). Ele foi até a presença de Deus para fazer acusações contra Josué, o sumo sacerdote (Zc 3.1,2). Se esta conversa não houvesse ocorrido, então os motivos para o sofrimento de Jó não teriam significado, e o livro de Jó seria reduzido a simples ficção.

1.8, 12 Jó era um modelo de confiança e obediência a Deus; ainda assim Deus permitiu que Satanás o atacasse de forma especialmente cruel. Embora Deus nos ame, crer nele o obedecê-lo não nos isenta de calamidades na vida. Reveses, tragédias e tristezas atingem tanto os crentes corno os não crentes. Contudo, Deus espera que, durante nossas provas e nossos sofrimentos, expressemos nossa fé ao mundo. Como você reage aos problemas? Você pergunta a Deus: “Por que eu?" Ou diz: “Usa-me, Senhor!"

1.9 Satanás atacou Jó, dizendo que Jó era inocente e íntegro apenas porque não possuía motivos para voltar-se contra Deus. Desde que começara a seguir a Deus, tudo corria bem para Jó. Satanás queria provar que Jó adorava ao Senhor, não por amor, mas porque Deus lhe dera muitas riquezas. Satanás analisou com precisão o porquê de muitas pessoas seguirem a Deus. São crentes que o servem pelo que podem obter, ou quando tudo vai bem. A adversidade destrói esta fé superficial. Por outro lado, a adversidade fortalece a verdadeira fé, aprofundando-lhe as raízes em Deus, para que possa suportar as tempestades. Qual a profundidade da sua fé? Aprofunde sua fé em Deus, para que possa suportar qualquer tempestade futura.

1.12 Esta conversa entre Deus e Satanás ensina-nos um importante fato sobre Deus — Ele está atento a qualquer tentativa de Satanás de causar sofrimento e dificuldade à nossa vida. Embora possa permitir que soframos por motivos além da nossa compreensão. Deus nunca é pego de surpresa pelos nossos problemas, e é sempre compassivo.

1.15-17 Os sabeus eram do sudoeste da Arábia, enquanto os caldeus eram da região norte do Golfo Pérsico.

1.16 O “fogo de Deus" era a forma poética para descrever um relâmpago (1 Rs 18.38; 2 Rs 1.10 14). Neste caso, ele precisou ser extremamente poderoso para matar 7 mil ovelhas.

1.20-22 Jó não escondeu seu desgosto. Ele não havia perdido sua fé em Deus; ao contrário, suas emoções demonstraram que ele era humano, e que amava a família. Deus criou nossas emoções, e não é pecado ou inapropriado expressá-las como fez Jó. Se você sofreu uma grande perda, uma decepção ou mágoa, admita seus sentimentos a si mesmo e aos outros, e permita-se senti-los.

1.20-22 Na primeira etapa das provas de Satanás, Jó perdeu as posses e a família, mas reagiu de forma justa para com Deus, ao reconhece-lhe a soberania e a autoridade sobre tudo o que lhe dera. Satanás perdeu este primeiro round. Jó passou no teste e provou que as pessoas podem amar a Deus por quem Ele é. e não pelo que Ele dá.

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