Significado de Atos 7
Atos 7
Atos 7 contém o mais longo discurso registrado de Estêvão, um dos sete diáconos nomeados no capítulo anterior. O discurso é uma releitura da história de Israel, desde Abraão até a época de Moisés e dos profetas.
O discurso de Estevão desafia a compreensão dos líderes religiosos sobre a obra de Deus na história e seu próprio papel nela. Ele os acusa de resistir ao Espírito Santo e perseguir aqueles que Deus enviou, incluindo Jesus Cristo.
Como resultado de suas palavras ousadas e desafiadoras, Estêvão é apedrejado até a morte, tornando-se o primeiro mártir cristão.
Atos 7 é um capítulo que enfatiza a importância de entender a obra de Deus na história e a necessidade de fidelidade e obediência ao chamado de Deus, mesmo diante de perseguição e oposição. O capítulo destaca o custo de dar testemunho da verdade da mensagem do evangelho, bem como o poder do Espírito Santo para capacitar os crentes em seu testemunho. O capítulo também prepara o terreno para a propagação do evangelho além de Jerusalém, pois a perseguição da comunidade cristã leva à dispersão dos crentes por toda a Judéia e Samaria.
I. Intertextualidade com o Antigo e Novo Testamento
Atos 7 apresenta a defesa de Estêvão como uma hermenêutica canônica que entrelaça história patriarcal, êxodo, peregrinação no deserto, tabernáculo e templo para demonstrar duas teses convergentes: o Deus da glória não está cativo a território, construção ou costume “feito por mãos humanas”, e Israel, de modo recorrente, resiste aos enviados de Deus até que o próprio Reto prometido seja rejeitado. A narrativa começa com Abraão, a quem “o Deus da glória apareceu” ainda em Mesopotâmia, antes de qualquer posse da terra, vinculando promessa e peregrinação à obediência da fé (Atos 7:2–5; Gênesis 12:1–3; Gênsis 15:7–13). A “aliança da circuncisão” situa a identidade do povo no pacto (Gênesis 17:9–14), enquanto a estadia e opressão por “quatrocentos anos” recapitula a profecia a Abraão (Gênesis 15:13–14), moldando a leitura do êxodo como cumprimento (Atos 7:6–7). A inveja dos patriarcas contra José e sua venda para o Egito, contrastada com a presença de Deus que o exaltou para livrar os seus da fome, condensa o padrão de rejeição do instrumento de salvação que o próprio Senhor escolhe (Atos 7:9–16; Gênesis 37; 39–50; Salmos 105:16–22), antecipando a mesma dinâmica que culminará em Jesus. Essa releitura conversa com o Novo Testamento quando enfatiza a fé peregrina de Abraão, que “saiu sem saber para onde ia” e aguardava “a cidade… cujo arquiteto é Deus” (Hebreus 11:8–10), e quando Paulo recolhe a bênção a todas as nações na “descendência” prometida (Gálatas 3:8, 16).
O bloco mosaico avançado por Estêvão aprofunda esse contraste. Moisés, preservado e educado “em toda a sabedoria dos egípcios”, tenta socorrer seus irmãos, mas é repelido com a pergunta: “Quem te constituiu chefe e juiz sobre nós?” (Atos 7:22–29; Êxodo 2:14). O chamado no Sinai, em “terra santa”, por meio da sarça ardente, reforça a liberdade espacial da presença divina, que se manifesta fora da terra e do templo (Atos 7:30–34; Êxodo 3:1–10). O mesmo Moisés que fora rejeitado é enviado por Deus “como chefe e libertador” mediante o anjo que lhe apareceu, fazendo “prodígios e sinais” no Egito, no mar Vermelho e no deserto por quarenta anos (Atos 7:35–36; Êxodo 7–14; Números 14:33–34). Ele mesmo anunciara: “O Senhor vos suscitará dentre vós um profeta como eu; a ele ouvireis” (Deuteronômio 18:15; Atos 7:37), profecia que a igreja já aplicara a Cristo (Atos 3:22–23). A expressão “oráculos vivos” recebidos por Moisés (Atos 7:38) ressoa na linguagem apostólica sobre os “oráculos de Deus” confiados a Israel (Romanos 3:2) e no testemunho da “igreja no deserto” como assembleia conduzida pela Palavra (Hebreus 3:1–6; 12:18–24). Contudo, o povo “não quis obedecer”, “voltou o coração ao Egito” e ergueu o bezerro, trocando a glória de Deus por uma obra “de mãos” (Atos 7:39–41; Êxodo 32:1–8; Salmos 106:19–23). Citando Amós, Estêvão lê essa idolatria como princípio que conduziu ao exílio: “Levarei-vos para além” (Atos 7:42–43; Amós 5:25–27), explicitando a linha que Paulo também reconhece quando descreve Deus “entregando” os homens ao que escolheram (Romanos 1:24–25).
Daí Estêvão passa à tenda e ao templo. O “tabernáculo do testemunho”, construído segundo o modelo visto por Moisés, foi conduzido por Josué até a posse da terra, e Davi “achou graça” para buscar uma morada para o Deus de Jacó; mas foi Salomão quem edificou casa (Atos 7:44–47; Êxodo 25:8–9; Josué 18:1; 2 Samuel 7:1–13; 1 Reis 8:17–20). Em seguida, porém, a própria Escritura relativiza a morada material: “O Altíssimo não habita em casas feitas por mãos humanas”, diz Isaías, “o céu é o meu trono e a terra, o estrado dos meus pés” (Isaías 66:1–2; Atos 7:48–50; cf. 1 Reis 8:27). Essa crítica profética à fixação do sagrado em pedra conversa com palavras de Jesus sobre a derrocada do templo e sua substituição por um santuário não feito por mãos humanas (Marcos 13:2; 14:58; João 2:19–21) e com a teologia neotestamentária de um “tabernáculo maior e mais perfeito, não feito por mãos” na obra sacerdotal de Cristo (Hebreus 9:11, 24) e de um povo edificado como templo vivo (Efésios 2:19–22; 1 Pedro 2:4–6). Ao insistir em “feito por mãos”, Estêvão ecoa o vocabulário bíblico para ídolos e praticas humanas autossuficientes (Isaías 2:8; Salmos 115:4), preparando a crítica paulina à “circuncisão feita por mãos” frente à obra “não feita por mãos” em Cristo (Colossenses 2:11).
A conclusão profética de Estêvão condensa a denúncia veterotestamentária e aplica-a cristologicamente: “Duros de cerviz e incircisos de coração e de ouvidos”, expressão que remete ao refrão do êxodo e da aliança (“povo de dura cerviz”, Êxodo 33:3, 5; 34:9; Deuteronômio 9:6) e ao chamado a “circuncidar o coração” (Deuteronômio 10:16; Jeremias 4:4), “vós sempre resistis ao Espírito Santo” (Atos 7:51), retomando Isaías 63:10 e Neemias 9:30. “A qual dos profetas não perseguiram vossos pais?” antecipa o lamento de Jesus sobre os que matam profetas (Mateus 23:29–37; Lucas 11:47–51) e prepara a acusação final: “traístes e matastes o Justo”, cujo advento os profetas anunciaram (Atos 7:52). O veredito é agravado porque, mesmo tendo recebido a lei “por ministério de anjos”, não a guardaram (Atos 7:53), recordando a tradição de mediação angélica do Sinai (Deuteronômio 33:2; Salmos 68:17), igualmente assumida por Paulo e Hebreus (Gálatas 3:19; Hebreus 2:2). A reação dos líderes — ranger de dentes e surdez deliberada — reencena a resistência de Israel ao chamado profético (Zacarias 7:11–12), ao passo que a visão concedida a Estêvão abre o véu para a entronização do Filho do Homem: “Vejo os céus abertos e o Filho do Homem em pé à destra de Deus” (Atos 7:55–56). A imagem articula Salmo 110:1 (“Assenta-te à minha direita”) com Daniel 7:13–14 (o “Filho do Homem” recebendo domínio), ecoando a própria autodeclaração de Jesus diante do Sinédrio (Marcos 14:62) e confirmando a leitura apostólica da exaltação pascal (Atos 2:33–36).
O martírio de Estêvão dobra a narrativa sobre a Paixão de Jesus em miniatura e a relê à luz dos Salmos. Apedrejado “fora da cidade” (Atos 7:58), ele experimenta o destino do ímpio segundo o código cultual, mas, paradoxalmente, como o Justo, em consonância com a lógica do “fora do acampamento” que Hebreus aplicará a Cristo (Levítico 24:14; Hebreus 13:12–13). Suas palavras finais espelham e interpretam as de Jesus: “Senhor Jesus, recebe o meu espírito” retoma o Salmo 31:5 (citado por Jesus em Lucas 23:46) e confessa diretamente a autoridade do Ressuscitado para acolher o espírito; “Senhor, não lhes imputes este pecado” repercute a intercessão de Lucas 23:34. O depósito das vestes “aos pés de um jovem chamado Saulo” (Atos 7:58) amarra o fio da história que se estenderá no chamado do apóstolo dos gentios (Atos 8:1–3; 9:1–19), e a dispersão subsequente da igreja de Jerusalém desencadeia o movimento “até a Samaria” e, por fim, “até aos confins da terra” (Atos 8:1, 4–5; 1:8), cumprindo a lógica de Isaías 49:6, na qual o Servo é constituído “luz para as nações”. Assim, o capítulo não só acusa um padrão de resistência, mas prepara a virada missionária: o Deus que apareceu a Abraão fora da terra, esteve com José no Egito e chamou Moisés em Midian agora abre o céu sobre o Mártir e lança a Palavra para além dos muros do templo.
Desse modo, Atos 7 dialoga densamente com a Torá, os Profetas, os Salmos e o ensino de Jesus, ao mesmo tempo em que antecipa o desenvolvimento neotestamentário: a promessa a Abraão reinterpretada em chave de fé e peregrinação (Hebreus 11), o Profeta semelhante a Moisés identificado com Cristo (Atos 3:22–23), a crítica profética ao templo ressignificada em santuário não feito por mãos (Isaías 66:1–2; João 2:19–21; Hebreus 9:11), a acusação de “dura cerviz” convertida em chamado à circuncisão do coração (Romanos 2:28–29), a mediação angélica da lei enquadrada pela superioridade do Filho (Hebreus 1–2), e o “Filho do Homem” entronizado como leitura do Salmo 110 e de Daniel 7. Ao fincar sua defesa nessa teia, Estêvão não nega Moisés nem o templo, mas mostra que o próprio Moisés e o templo apontavam além de si mesmos; e, ao entregar o espírito com perdão nos lábios, faz de sua morte o primeiro testemunho selado com sangue de que o Justo rejeitado é o Senhor glorificado que acolhe os que o invocam, enquanto o Deus da glória continua avançando sua promessa entre os povos, por meio da Palavra e do Espírito.
II. Comentário de Atos 7
Atos 7:1 O sumo sacerdote presumivelmente era Caifás, aquele que presidira o julgamento do Sinédrio desfavorável a Jesus, culminando em Sua morte.
Atos 7:2, 3 O Deus da glória apareceu. Deus interveio continuamente na história para falar com o Seu povo. Quando Deus falou primeiro com Abraão, Ele não estava no templo de Jerusalém; e nem mesmo residia ou estava na Palestina.
Atos 7:4 Saiu da terra dos caldeus e habitou em Harã. O texto não explica por que Abraão instalou-se em Harã se a Terra Prometida era Canaã. Tudo o que se sabe é que Abraão escolheu esperar pela morte de seu pai antes de viajar para a Terra Prometida (Gn 12.1).
Atos 7:5 E não lhe deu nela herança. Deus moveu Abraão ao longo de sua peregrinação espiritual abençoando-o continuamente. Aparentemente, a meta não era a posse da terra, pois Deus não deixaria Abraão instalar-se estagna-se nas bênçãos do passado.
Atos 7:6, 7 Antes da descendência de Abraão desfrutar da terra prometida, ela seria testada a viver em aflição em uma terra estrangeira.
Atos 7:8 O pacto da circuncisão era o símbolo dado a Abraão para que ele nunca se esquecesse daquele Deus que prometera abençoá-lo. O sinal dessa promessa foi transmitido de geração em geração, de Génesis 17 para o tempo do confronto entre Estêvão e o Sinédrio. Abraão foi salvo pela fé (Gn 15.6), e o símbolo da circuncisão era um sinal externo que demonstra a autenticidade de sua fé. Semelhantemente, Deus não abençoaria os ouvintes de Estêvão por causa da circuncisão deles, mas por causa da fé.
Atos 7:9, 10 A alusão aos patriarcas é uma referência ao neto de Abraão e aos seus 12 filhos. O nome do pai dos patriarcas, Jacó, significa usurpador, e foi mudado por Deus para o Israel, defensor de Deus. Os 12 filhos de Jacó foram os fundadores das 12 tribos de Israel.
Atos 7:11-13 A fome provou ser um dos meios providenciais utilizado por Deus para trazer os irmãos de José ao Egito à procura de alimentos, e, o mais importante, foi o meio de promover reconciliação entre eles.
Atos 7:14, 15 Estêvão declarou que setenta e cinco pessoas foram para o Egito. A passagem de Génesis 46.26 indica que 76 pessoas acompanharam Jacó na viagem ao Egito: não contando Jacó, José e seus dois filhos. Estêvão derivou o número 75 da Septuaginta, tradução grega do Antigo Testamento. Aparentemente, os tradutores somaram 12 esposas (Gn 46.26 afirma que o número 76 não incluía as esposas). Entretanto, eram apenas nove esposas e não 12, porque as esposas de Judá e Simeão já tinham morrido, e a de José já estava no Egito.
Atos 7:16 Por que o Estêvão fez a observação de que os patriarcas foram enterrados em Siquém? Naquele tempo, Siquém era o centro religioso dos samaritanos. Perto estava o monte Gerizim, local onde fora construído o templo dos samaritanos (Jo 4.20). Estêvão fora acusado de falar contra o templo de Jerusalém, o que tinha tanto peso quanto falar contra o próprio Deus. O aspecto central do argumento de Estêvão estava no fato de que Deus tinha falado com Seu povo fora de Jerusalém, com ou sem templo. O local mais importante determinado por Deus ao Seu povo era o monte Sinai, que sequer ficava perto Jerusalém.
Atos 7:17-19 Os descendentes de Abraão desfrutaram de grande crescimento e prosperidade; o povo cresceu e se multiplicou, o que se tornou um grande inconveniente para os egípcios, especialmente a partir do faraó que não conhecia a José.
Atos 7:20, 21 É possível que se pense que não haveria situação menos favorável para o nascimento de Moisés. Na realidade, Moisés nasceu em um tempo muito oportuno.
Atos 7:22 Moisés foi instruído em toda a ciência dos egípcios. Ninguém obteve tanta atenção e importância na tradição judaica quanto Moisés. A tradição dos judeus diz que inicialmente o faraó não tinha filhos; por essa razão, Moisés estava sendo preparado pela filha do faraó para ser o sucessor do trono do Egito. Logo, Moisés foi educado em toda a sabedoria dos egípcios a fim de preparar-se para tão grande desafio. Mais tarde, o faraó teve um filho que se tornou o primeiro na sucessão do trono do Egito, assumindo assim o lugar de Moisés. A tradição judaica também afirma que Moisés tornou-se um grande líder entre os egípcios, conduzindo-os à vitória contra os etíopes. Portanto, ele era poderoso em suas palavras e obras.
Atos 7:23-29 Na opinião de alguns rabinos, quarenta era a idade em que um homem já tinha atingido a maturidade. A vida de Moisés é dividida em três partes: os primeiros 40 anos são passados no palácio do faraó; os próximos 40 anos são passados no deserto; e os últimos 40 anos são aqueles em que Deus delegou a ele o cuidado do Seu povo. Moisés iniciou seu período de treinamento depois de tentar libertar os israelitas de um modo não determinado por Deus. Nós devemos ter o cuidado de fazer o trabalho de Deus da maneira como Ele quer, no tempo dele, pelas razões e motivações dele. Já se disse que Moisés passou 40 anos pensando ser alguém, passou mais 40 anos achando que não era ninguém e, finalmente, passou mais 40 descobrindo o que Deus pode fazer com alguém que não era ninguém.
Atos 7:30-34 Fazendo menção ao episódio da sarça ardente, Estêvão sublinhou mais uma vez o fato de que Deus é livre para se revelar onde quer que deseje. Assim, seja qual for o lugar onde Deus se revele, esse lugar se torna terra santa.
Atos 7:35-41 Estêvão demonstrou que Moisés, acerca de quem os líderes acusaram Estêvão de estar falando contra (At 6.11), havia sido rejeitado pelos antepassados dos líderes como líder e redentor apontado por Deus de igual modo como eles estavam rejeitando Jesus. Era Jesus aquele de quem Moisés deu testemunho, prenunciando Sua vinda (Dt 18). Estêvão desafiou os líderes religiosos de seu tempo a acreditarem em tudo o que Moisés ensinara ou a rejeitarem tudo. Nossos pais não quiseram obedecer. O Talmude, comentário judaico do Antigo Testamento, chama o episódio do bezerro de ouro de ação indizível. Os rabinos não tinham a intenção de falar sobre esse assunto, proibindo a tradução de tal citação no vernáculo para os serviços religiosos da sinagoga. Os líderes religiosos desejavam enterrar o incidente, mas Estêvão lançou-o diante do conselho dos judeus.
Atos 7:42, 43 Deus [...] os abandonou. Estêvão adverte seus acusadores quanto a possibilidade de Deus abandonar Israel caso a luz do evangelho fosse rejeitada, assim como uma vez Ele fizera enviando Israel ao exílio babilônio.
Atos 7:44, 45 O antigo tabernáculo tinha sido o núcleo da adoração nacional dos Israelitas. Até mesmo depois da libertação milagrosa ocorrida no Egito, havia uma tendência entre as pessoas de se esquecerem da presença de Deus. O tabernáculo era um testemunho constante da presença de Deus, independente dos locais para onde o povo fosse. Paulo diz que nós somos o tabernáculo, o templo de Deus (1 Co 3.16). Nunca podemos nos apartar da presença de Deus, porque levamos a presença dele em nós (Sl 139).
Atos 7:46-50 Era o desejo de Davi dar para Deus um lugar de habitação permanente. O perigo do pedido de Davi estava na possibilidade de alguns identificarem a presença de Deus com o lugar edificado, como se Deus fosse limitado àquele local. Deus honrou o desejo de Davi permitindo que Salomão construísse o templo. Deus encheu aquele lugar da glória dele , da Shekiná, uma demonstração da Sua presença. Mas Deus não habitava no templo. O criador não pode ser limitado por nenhuma de Suas criações. A Sua presença enche todas as coisas criadas. Salomão entendeu isso muito bem quando dedicou o templo (1 Rs 8.27-30). Em sua fala, Estêvão enfatizou que o Altíssimo não habita em templos feitos por mãos de homens.
Atos 7:51 Vás sempre resistis ao Espírito Santo. A partir desse ponto, Estêvão parou de narrar a história e voltou para a situação dos líderes judeus.
Atos 7:52 A qual dos profetas não perseguiram vossos pais. Estêvão relacionou os antepassados dos judeus aos membros do conselho. Os membros do conselho queriam parecer abertos à verdade de Deus, mas tanto eles como seus antepassados raramente queriam ouvir a verdade acerca de Deus proferida pelos profetas e mensageiros. Jesus fez essencialmente as mesmas acusações em Mateus 23.34-36. Estêvão não temeu nem retrocedeu em seu ímpeto de acusar o Sinédrio de entregar Jesus para morrer pelas mãos das autoridades, tornando-se assassinos dele. Ele usou expressões até mais fortes do que aquelas utilizadas por Pedro (At 3.13-15).
Atos 7:53 A culpa deles foi ampliada porque tinham recebido a lei, mas tinham-se recusado a obedecer a ela. Os anjos estavam presentes quando da entrega da lei no Sinai (G13.19; Hb 2.2).
Atos 7:54 Enfureciam-se em seu coração e rangiam os dentes contra ele. Uma expressão frequentemente usada para relevar convicção de pecado ou raiva (At 2.37). O Espírito Santo ainda trabalha desse modo nos dias de hoje.
Atos 7:55 Estêvão, naquele momento, estava cheio do Espírito Santo, o que estava comprovado pelo fato de que tudo aquilo que ele desejou fazer foi motivado por Deus. Ele teve a oportunidade de testemunhar, e o resultado da pregação foi a grande indignação dos judeus. Estêvão foi martirizado por fazer a obra de Deus, e o Senhor respondeu a ele naquele momento terrível revelando o modo pelo qual ele o glorificaria. Estêvão confiou no Espírito Santo completamente para responder de maneira apropriada ao conselho dos judeus.
Atos 7:5 6 Vejo [...] o Filho de Homem. Aqueles que contemplam a morte podem ficar aterrorizados, mas contemplar a passagem da morte para a presença Jesus, que aguarda os salvos, é a esperança que dissipa o medo. Nós temos a oportunidade de glorificar a Deus em face à morte, declarando corajosamente nossa confiança no fato de que passaremos a eternidade na presença de Deus. O título empregado por Estêvão, Filho do Homem, é o mesmo título que Jesus utilizou para si em Mateus 16.13, e o mesmo das declarações apocalípticas sobre o Messias em Daniel 7:13. O termo normalmente representava a ideia do governante que vem da parte de Deus. Incomum aqui é o fato de Jesus estar de pé e não sentado. A condição de estar sentado indica o governo de Jesus, enquanto que estar de pé pode ser uma alusão à Sua vinda, especialmente aqui talvez referindo-se a uma segunda vinda para receber o mártir Estêvão.
Atos 7:57 Taparam os ouvidos e arremeteram unânimes contra ele. A verdade era muito dolorosa aos ouvintes, e a raiva os uniu em uma só disposição de acometer contra Estêvão.
Atos 7:58 E, expulsando-o da cidade, o apedrejavam. Estêvão foi tratado como um violador da Lei. Os romanos não permitiam aos judeus infligir pena de morte. Pilatos teve de autorizar a morte de Jesus. Nesse versículo, é feita a primeira menção a Saulo de Tarso.
Atos 7:59, 60 A Lei dos judeus não permitia uma execução no interior da Cidade Santa, sendo necessário aplicar a pena de morte do lado de fora dos muros da cidade. Os líderes religiosos levaram Estêvão para fora dos muros de cidade. Pelo costume judaico, a primeira testemunha devia empurrar a pessoa condenada de cabeça para baixo em uma cova de aproximadamente 3,5m de profundidade. Se o condenado sobrevivesse à queda, seu corpo deveria ser colocado de cabeça para cima e pedregulhos deveriam ser jogadas no seu tórax para esmagar as costelas. Se ele permanecesse vivo, pedras deveriam ser lançadas por parte de todos da congregação. A situação pode ter sido um pouco diferente com Estêvão, talvez devido à pressa dos executores. O texto indica que Estêvão ajoelhou-se (v. 60). Senhor Jesus, recebe o meu espírito. A obra de Estêvão estava concluída. Ele foi recolhido imediatamente à presença de Jesus (Lc 23.43; 2Co 5.8; Fp 1.21-23). Senhor, não lhes imputes este pecado. Como Jesus fizera, Estêvão rogou a Deus pelos seus assassinos.
Índice: Atos 1 Atos 2 Atos 3 Atos 4 Atos 5 Atos 6 Atos 7 Atos 8 Atos 9 Atos 10 Atos 11 Atos 12 Atos 13 Atos 14 Atos 15 Atos 16 Atos 17 Atos 18 Atos 19 Atos 20 Atos 21 Atos 22 Atos 23 Atos 24 Atos 25 Atos 26 Atos 27 Atos 28