Estudo sobre Apocalipse 10:8-9

Estudo sobre Apocalipse 10:8-9

Estudo sobre Apocalipse 10:8-9

Apocalipse 10:8-9

A voz que ouvi, vinda do céu, estava de novo falando comigo. Não é apenas exteriormente a mesma voz do v. 4, mas também preserva-se um vínculo de conteúdo. Lá ela impediu que João de certa forma escrevesse e profetizasse por conta própria, agora ela o conduz ao serviço verdadeiro e consistente com sua incumbência. Verdadeiros profetas não selecionam eles mesmos a sua mensagem. Depois que lhes foi tomada a palavra que escolheram por conta própria, identificam-se com uma palavra alheia (v. 9).

Somente nesse momento passa para o centro o pequeno rolo do livro que pende aberto da mão do juramento. Porque a voz disse a João: Vai e toma o livro que se acha aberto na mão do anjo em pé sobre o mar e sobre a terra. Fui, pois, ao anjo, dizendo-lhe que me desse o livrinho. Ele, então, me falou: Toma-o e devora-o; certamente, ele será amargo ao teu estômago, mas, na tua boca, doce como mel.

Comer é uma maneira especialmente intensiva de contato. Assim acontece aqui um contato sumamente íntimo com o “mistério” ou a “palavra” de Deus. Há muitos que afoitamente passam adiante palavras com as quais sequer conciliaram sua vida. Contudo, a pressão e na tentação revelam se “comemos” a palavra, se ela se tornou para nós mais doce do que tudo que é doce, a ponto de não a podermos largar, assumindo em troca tudo o que for amargo.

No AT não é desconhecida a ilustração da palavra de Deus doce como o mel. De modo extensivo repercute aqui Ez 2.8–3.3. Novamente, porém, a comparação deixa clara a autonomia dessa visão. A diferença substancial consiste no aspecto de que em Ez o acontecimento visa expressamente a pergunta da obediência. Lá o profeta deve comer e não ser obstinado como o povo de Deus rebelde. Deve levantar um sinal, aparecendo diante do povo como o servo obediente de Deus, dizendo-lhe quais são os juízos de Deus. Aqui no Ap não se articula um problema de obediência nem perante o profeta nem diante da comunidade destinatária. O versículo antecedente acabou de ressaltar a mensagem de alegria para todos os seus servos. Sem dúvida estão vinculados a ela juízos, contudo esse reverso foi energicamente excluído da incumbência de João, sendo aqui mencionado meramente como fenômeno decorrente. A mensagem é doce como mel e somente depois será amarga ao teu estômago (“perpassará o estômago de amargor”). Quando é comunicada a mensagem de alegria, do Cordeiro sobre o trono e da consumação de todos os mistérios de Deus, não ficam excluídos o juízo para seus antagonistas e a tribulação para as suas testemunhas. Não obstante, porém, ela é mensagem de alegria na boca de João e de todos os evangelistas. “Bem-aventurados aqueles que lêem e aqueles que ouvem as palavras da profecia” (Ap 1.3).

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