Panorama da Carta aos Hebreus

Panorama da Carta aos Hebreus

Panorama da Carta aos Hebreus



A enaltecida posição de Cristo (1:1-3:6).


As palavras iniciais focalizam a atenção em Cristo: “Deus, que há muito, em muitas ocasiões e de muitos modos, falou aos nossos antepassados por intermédio dos profetas, no fim destes dias nos falou por intermédio dum Filho.” Este Filho é o Herdeiro designado de todas as coisas e o reflexo da glória de seu Pai. Tendo feito a purificação de nossos pecados, ele agora “assentou-se à direita da Majestade nas alturas”. (1:1-3) Paulo cita seguidos textos bíblicos para provar a superioridade de Jesus sobre os anjos.

Paulo escreve que “é necessário prestarmos mais do que a costumeira atenção”. Por quê? Porque, argumenta ele, se houve severa retribuição pela desobediência à “palavra falada por intermédio de anjos, . . . como escaparemos nós, se tivermos negligenciado uma salvação de tal magnitude, sendo que começou a ser anunciada por intermédio do nosso Senhor?” Deus fez “o filho do homem” um pouco menor do que os anjos, mas agora observamos este Jesus “coroado de glória e de honra por ter sofrido a morte, para que, pela benignidade imerecida de Deus, provasse a morte por todo homem”. (2:1-3, 6, 9) Ao trazer muitos filhos a glória, Deus primeiro ‘aperfeiçoou por sofrimentos’ a este Agente Principal da salvação deles. É ele quem reduz a nada o Diabo e emancipa “todos os que pelo temor da morte estavam toda a sua vida sujeitos à escravidão”. Jesus torna-se assim “sumo sacerdote misericordioso e fiel”.

E, de modo maravilhoso, visto que ele próprio sofreu sob prova, “pode vir em auxílio daqueles que estão sendo postos à prova”. (2:10, 15, 17, 18) Assim, Jesus é considerado digno de maior glória do que Moisés.

Entrando no descanso de Deus mediante fé e obediência (3:7-4:13)

Os cristãos, mais do que quaisquer outros, devem dar-se por avisados pelo exemplo de infidelidade dos israelitas, receando desenvolver “um coração iníquo, falto de fé, por se separar do Deus vivente”. (Heb. 3:12; Sal. 95:7-11) Devido à desobediência e falta de fé, os israelitas que saíram do Egito não entraram no descanso, ou sábado, de Deus, durante o qual ele tem cessado suas obras criativas com respeito à terra. Contudo, Paulo explica: “Resta um descanso sabático para o povo de Deus. Porque o homem que entrou no descanso de Deus descansou também das suas próprias obras, assim como Deus das suas.” O padrão de desobediência demonstrado por Israel deve ser evitado. “Porque a palavra de Deus é viva e exerce poder, e é mais afiada do que qualquer espada de dois gumes . . . e é capaz de discernir os pensamentos e as intenções do coração.” — Heb. 4:9, 10, 12.

Conceito maduro sobre a superioridade do sacerdócio de Cristo (4:14-7:28)

Paulo insta os hebreus a se apegarem à confissão de Jesus, o grande Sumo Sacerdote que passou pelos céus, para que achem misericórdia. O Cristo não glorificou a si mesmo, mas foi o Pai quem disse: “Tu és sacerdote para sempre à maneira de Melquisedeque.” (Heb. 5:6; Sal. 110:4) Primeiro, Cristo foi aperfeiçoado para o cargo de sumo sacerdote por aprender obediência através do sofrimento, a fim de tornar-se responsável pela salvação eterna de todos os que o obedecem. Paulo tem “muito a dizer e difícil de explicar”, mas os hebreus ainda são criancinhas necessitando de leite, quando, efetivamente, deviam ser instrutores. “O alimento sólido . . . é para as pessoas maduras, para aqueles que pelo uso têm as suas faculdades perceptivas treinadas para distinguir tanto o certo como o errado.” O apóstolo insta-os a ‘avançar à madureza’. — Heb. 5:11, 14; 6:1.

É impossível que os que chegaram a conhecer a palavra de Deus e se desviaram sejam revivificados para o arrependimento, “porque eles de novo pregam para si mesmos o Filho de Deus numa estaca e o expõem ao opróbrio público”. Apenas pela fé e paciência podem os crentes herdar a promessa feita a Abraão — promessa tornada segura e firme por duas coisas imutáveis: a palavra e o juramento de Deus. A esperança deles, que é “âncora para a alma, tanto segura como firme”, foi estabelecida por Jesus entrar até o “interior da cortina” como Precursor e Sumo Sacerdote à maneira de Melquisedeque. — 6:6, 19.

Este Melquisedeque era tanto “rei de Salém” como “sacerdote do Deus Altíssimo”. Até mesmo o chefe de família Abraão pagou-lhe dízimos e, por seu intermédio, também Levi, que ainda estava nos lombos de Abraão. A bênção de Melquisedeque sobre Abraão estendeu-se pois a Levi ainda por nascer, e isto indicou que o sacerdócio levítico era inferior ao de Melquisedeque. Ademais, se a perfeição viesse por meio do sacerdócio levítico de Arão, haveria necessidade de outro sacerdote “à maneira de Melquisedeque”? Outrossim, visto que há mudança de sacerdócio, “necessariamente há também mudança da lei”. — 7:1, 11, 12.

A Lei, de fato, não aperfeiçoou nada, mas mostrou ser fraca e ineficaz. Visto que continuavam a morrer, houve muitos sacerdotes, mas Jesus “por continuar vivo para sempre, tem o seu sacerdócio sem quaisquer sucessores. Por conseguinte, ele é também capaz de salvar completamente os que se aproximam de Deus por intermédio dele, porque está sempre vivo para interceder por eles”. Este Sumo Sacerdote, Jesus, é “leal, cândido, imaculado, separado dos pecadores”, ao passo que os sumos sacerdotes designados pela Lei são fracos, precisando primeiro oferecer sacrifícios pelos seus próprios pecados antes de poderem interceder pelos outros. Portanto, a palavra do próprio juramento de Deus “designa um Filho, que é aperfeiçoado para sempre”. — 7:24-26, 28.

A superioridade do novo pacto (8:1-10:31)

Jesus é revelado como “mediador dum pacto correspondentemente melhor, que foi estabelecido legalmente em promessas melhores”. (8:6) Paulo cita por extenso Jeremias 31:31-34, mostrando que aqueles que estão no novo pacto têm as leis de Deus escritas em suas mentes e corações, que todos conhecerão a Deus e que Yehowah ‘de modo algum se lembrará mais dos seus pecados’. Este “novo pacto” tornou obsoleto o anterior (o pacto da Lei), que “está prestes a desaparecer”. — Heb. 8:12, 13.

Paulo descreve os sacrifícios anuais na tenda do pacto anterior como sendo “exigências legais . . . impostas até o tempo designado para se endireitar as coisas”. Contudo, quando Cristo veio como Sumo Sacerdote, foi com o seu próprio sangue precioso, não com o de bodes e de novilhos. Ter Moisés aspergido o sangue de animais validara o pacto anterior e purificara a tenda típica, mas eram necessários sacrifícios melhores para as realidades celestiais relacionadas com o novo pacto. “Porque Cristo entrou, não num lugar santo feito por mãos, que é uma cópia da realidade, mas no próprio céu, para aparecer agora por nós perante a pessoa de Deus.” Cristo não precisa fazer sacrifícios anuais, como fazia o sumo sacerdote de Israel, pois “agora ele se manifestou uma vez para sempre, na terminação dos sistemas de coisas, para remover o pecado por intermédio do sacrifício de si mesmo”. — 9:10, 24, 26.

Em suma, Paulo diz que “visto que a Lei tem uma sombra das boas coisas vindouras”, os seus sacrifícios repetidos não puderam remover a “consciência de pecados”. Contudo, Jesus veio ao mundo para fazer a vontade de Deus. “Pela dita ‘vontade’”, diz Paulo, “temos sido santificados por intermédio da oferta do corpo de Jesus Cristo, uma vez para sempre”. Portanto, que os hebreus se apeguem à declaração pública de sua fé sem vacilar, e ‘considerem-se uns aos outros para se estimularem ao amor e a obras excelentes’, não deixando de se ajuntar. Se continuarem a pecar deliberadamente depois de receberem o conhecimento exato da verdade, “não há mais nenhum sacrifício pelos pecados”. — 10:1, 2, 10, 24, 26.

Explica-se e ilustra-se a fé (10:32-12:3)

A seguir, Paulo diz aos hebreus: “Persisti em lembrar-vos dos dias anteriores, em que, depois de terdes sido esclarecidos, perseverastes em uma grande competição, debaixo de sofrimentos.” Que não lancem fora a sua franqueza no falar, que tem uma grande recompensa, mas que perseverem a fim de receberem o cumprimento da promessa e que ‘tenham fé para preservar viva a alma’! Fé! Sim, isto é o que é necessário. Primeiro, Paulo a define: “A fé é a expectativa certa de coisas esperadas, a demonstração evidente de realidades, embora não observadas.” Daí, num único inspirador capítulo, em rápida sucessão ele pinta vívidos quadros verbais de homens da antiguidade que viveram, trabalharam, lutaram, perseveraram e tornaram-se herdeiros da justiça por meio da fé. “Pela fé” Abraão, morando em tendas com Isaque e Jacó, aguardava “a cidade que tem verdadeiros alicerces”, cujo Construtor é Deus. “Pela fé” Moisés permaneceu constante “como que vendo Aquele que é invisível”. “Que mais hei de dizer?”, pergunta Paulo. “Pois o tempo me faltaria se prosseguisse relatando sobre Gideão, Baraque, Sansão, Jefté, Davi, bem como Samuel e os outros profetas, os quais, pela fé, derrotaram reinos, puseram em execução a justiça, obtiveram promessas.” Outros, também, foram provados mediante escárnios, açoites, grilhões e torturas, mas recusaram o livramento “a fim de que pudessem alcançar uma ressurreição melhor”.

Realmente, “o mundo não era digno deles”. Todos estes receberam testemunho por intermédio de sua fé, mas ainda têm de receber o cumprimento da promessa. “Assim, pois”, continua Paulo, “visto que temos a rodear-nos uma tão grande nuvem de testemunhas, ponhamos também de lado todo peso e o pecado que facilmente nos enlaça, e corramos com perseverança a carreira que se nos apresenta, olhando atentamente para o Agente Principal e Aperfeiçoador da nossa fé, Jesus.” — 10:32, 39; 11:1, 8, 10, 27, 32, 33, 35, 38; 12:1, 2.

Perseverança na competição da fé (12:4-29)

Paulo exorta os cristãos hebreus a perseverarem na competição da fé, pois Deus os disciplina como a filhos. Agora é tempo de fortalecer as mãos e os joelhos enfraquecidos e de endireitar as veredas para seus pés. Devem guardar-se estritamente contra a penetração de qualquer raiz venenosa ou profanação que poderia causar a sua rejeição, como no caso de Esaú, que não tinha apreço pelas coisas sagradas. No monte literal, Moisés disse: “Estou atemorizado e tremendo”, por causa do atemorizante espetáculo do fogo chamejante, da nuvem e da voz. Mas eles haviam-se aproximado de algo muito mais assombroso — o Monte Sião e a Jerusalém celestial, miríades de anjos, a congregação dos Primogênitos, Deus, o Juiz de todos, e Jesus, o Mediador dum novo e melhor pacto. Há agora ainda mais motivo de se ouvir o aviso divino! Nos dias de Moisés, a voz de Deus fez tremer a terra, mas agora Ele prometeu pôr em comoção tanto o céu como a terra. Paulo chega ao ponto: “Em vista disso, sendo que havemos de receber um reino que não pode ser abalado, continuemos... a prestar a Deus um serviço sagrado aceitável, com temor piedoso e espanto reverente. Porque o nosso Deus é também um fogo consumidor.” — 12:21, 28, 29.

Diversas exortações em questões de adoração (13:1-25)

Paulo conclui em tom de conselhos edificantes: que continue o amor fraternal, não vos esqueçais da hospitalidade, o matrimônio seja honroso entre todos, estai livres do amor ao dinheiro, sede obedientes aos que tomam a dianteira entre vós e não vos deixeis levar por ensinos estranhos. Por fim, “por intermédio dele [Jesus], ofereçamos sempre a Deus um sacrifício de louvor, isto é, o fruto de lábios que fazem declaração pública do seu nome”. — 13:15.

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