Destinatários da Carta aos Hebreus

Destinatários da Carta aos Hebreus

Destinatários da Carta aos Hebreus


Assim como na pergunta sobre o autor dependemos de conjeturas, também carecemos de dados confiáveis acerca dos destinatários. Nos manuscritos do NT consta o título “A Hebreus”. É evidente que o endereço refere-se a judeus cristãos helenistas da diáspora. Em todo caso, dificilmente seria possível identificar os destinatários como judaico-cristãos de fala aramaica da Palestina, a quem se refere o termo “hebreus” de At 6.1. O título que encabeça a nossa carta na verdade é bem ant igo. Já era do conhecimento do Pai da igreja Tertuliano e dos professores da escola de catequistas em Alexandria. No entanto, não podemos extrair a conclusão de que Hebreus tenha possuído esse título desde a origem somente deste ato.

A exortação do apóstolo em Hebreus 5.11-14 sugere a suposição de que a carta talvez seja apenas dirigida a um determinado grupo de fiéis no âmbito de uma comunidade, do qual estão excluídos os irmãos dirigentes, os líderes da comunidade. A leitura das palavras de saudação no final da carta podem levar-nos ao mesmo pensamento: “Saudai todos os vossos guias, bem como todos os santos” (Hb 13.24; cf. 13.7). Será que o objetivo inicial era dirigir-se por meio da carta somente ao segmento em parte judaico-cristão de uma comunidade gentílico-cristã? Na verdade, numa carta do apóstolo Paulo a uma igreja encontramos também um voto de saudação (Cl 4.15-17) em que ele destaca de modo especial alguns nomes de fiéis.

Comentaristas de séculos passados tentaram localizar os destinatários entre os judaico-cristãos da Palestina ou de Roma ou em outras cidades, nas quais existiam comunidades judaico-cristãs, p. ex., em Éfeso, Tessalônica, Alexandria. A primeira hipótese está descartada: dificilmente Hebreus foi dirigida a fiéis da igreja originária de Jerusalém ou das comunidades judaicas. Nesse segmento do cristianismo, por longo tempo ainda viviam testemunhas dos começos. Hebreus 2.3 não combina com isso. Além disso, os judaicocristãos da Palestina possuíam um conhecimento vivo do culto no Templo de Jerusalém. Afinal, a comunidade originária havia emigrado para Pela, na Transjordânia, somente no ano de 66, ou seja, pouco tempo antes da destruição do Templo.

Por acaso os destinatários da carta seriam judaico-cristãos no seio de uma comunidade gentílico-cristã da Itália? Depõe contra essa tese que o apóstolo dirige à comunidade as palavras de saudação: “Os da Itália vos saúdam”. Também conjeturou-se que a carta seria dirigida a judaicocristãos de origem sacerdotal (At 6.7), que tiveram de abandonar Jerusalém e fixaram residência em Antioquia, a metrópole do Oriente. Não temos como decidir esta questão com segurança. Em todo caso, as palavras do apóstolo (cf. Hb 10.19ss; 12.1ss) falam especificamente da situação de uma comunidade bem concreta, cuja fundação evidentemente se localiza em algum tempo mais afastado, talvez já contando duas ou três gerações. Os membros da comunidade passaram por aflição e perseguição, porém não pelo martírio. Têm de contar com a possibilidade de que novamente se abata sobre eles uma perseguição séria. O apóstolo lhes escreve, pois, a presente carta para arrancá-los do medo e da negligência (Hb 10.25) e para protegê-los da iminente recaída.

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Fonte: Carta aos Hebreus, Comentário Bíblico Esperança.