Hebreus — Inspirado e Proveitoso

Hebreus — Inspirado e Proveitoso

Hebreus — Inspirado e Proveitoso


Como argumento legal em apoio de Cristo, a carta aos hebreus é uma obra-prima incontestável, de elaboração perfeita e largamente documentada com provas das Escrituras Hebraicas. Considera os vários aspectos da Lei mosaica — o pacto, o sangue, o mediador, a tenda de adoração, o sacerdócio, as ofertas — e mostra que nada mais eram do que um padrão feito por Deus apontando para coisas muito maiores por vir, todos eles culminando em Cristo Jesus e seu sacrifício, o cumprimento da Lei. A Lei ‘que se torna obsoleta e fica velha está prestes a desaparecer’, disse Paulo. Mas “Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje e para sempre”. (8:13; 13:8; 10:1) Quão alegres devem ter-se sentido aqueles hebreus ao lerem a carta a eles endereçada!

Mas, de que valor é isto para nós hoje, em nossas circunstâncias diferentes? Visto que não estamos debaixo da Lei, podemos encontrar algo de proveitoso nos argumentos de Paulo? Certamente que sim. Esboça-se-nos aqui o grande arranjo do novo pacto baseado na promessa feita a Abraão de que por meio de seu Descendente todas as famílias da terra se abençoariam. Esta é a nossa esperança de vida, a nossa única esperança, o cumprimento da antiga promessa de Deus de bênção por meio do Descendente de Abraão, Jesus Cristo. Embora não estejamos sob a Lei, nascemos no pecado como prole de Adão, e necessitamos de um sumo sacerdote misericordioso, que tenha uma oferta válida pelo pecado, que possa entrar na própria presença de YHWH, no céu, e ali interceder por nós. Eis que o encontramos, o Sumo Sacerdote que pode conduzir-nos à vida no novo sistema mundial de Deus, que pode compadecer-se das nossas fraquezas, tendo sido “provado em todos os sentidos como nós mesmos”, e que nos convida a ‘nos aproximarmos, com franqueza no falar, do trono da graça imerecida, para obtermos misericórdia e acharmos graça imerecida para ajuda no tempo certo’. — 4:15, 16.

Além do mais, na carta de Paulo aos hebreus, encontramos evidência animadora de que as profecias registradas há muito nas Escrituras Hebraicas (AT) foram, mais tarde, cumpridas de modo maravilhoso. Tudo isso é para a nossa instrução e consolo hoje em dia. Por exemplo, em Hebreus, Paulo cinco vezes aplica as palavras da profecia do Reino, no Salmo 110:1, a Jesus Cristo como o Descendente do Reino, que “se tem assentado à direita do trono de Deus”, esperando “até que os seus inimigos sejam postos por escabelo dos seus pés”. (Heb. 12:2; 10:12, 13; 1:3, 13; 8:1) Outrossim, Paulo cita o Salmo 110:4 ao explicar o importante cargo ocupado pelo Filho de Deus como “sacerdote para sempre à maneira de Melquisedeque”. Como Melquisedeque da antiguidade, que no registro bíblico é “sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo nem princípio de dias nem fim de vida”, Jesus é tanto Rei como “sacerdote perpetuamente”, para administrar os benefícios eternos de seu sacrifício de resgate a todos os que obedientemente se colocam sob o seu domínio. (Heb. 5:6, 10; 6:20; 7:1-21) É a este mesmo Rei-Sacerdote que Paulo se refere ao citar o Salmo 45:6, 7: “Deus é o teu trono para todo o sempre, e o cetro do teu reino é o cetro da retidão. Amaste a justiça e odiaste o que é contra a lei. É por isso que Deus, o teu Deus, te ungiu com óleo de exultação mais do que a teus associados.” (Heb. 1:8, 9) Ao citar Paulo as Escrituras Hebraicas e mostrar o seu cumprimento em Cristo Jesus, vemos as partes do padrão divino encaixarem-se no seu devido lugar, para nosso esclarecimento.

Como mostra claramente a carta aos hebreus, Abraão aguardava o Reino, “a cidade que tem verdadeiros alicerces, cujo construtor e fazedor é Deus” — a cidade “pertencente ao céu”. “Pela fé” ele procurou alcançar o Reino, e fez grandes sacrifícios, para que recebesse as bênçãos deste mediante “uma ressurreição melhor”. Que notável exemplo encontramos em Abraão e em todos os outros homens e mulheres de fé — a “tão grande nuvem de testemunhas”, que Paulo descreve no capítulo 11 de Hebreus! Ao lermos este registro, o nosso coração exulta e pula de alegria, em apreço do privilégio e da esperança que temos junto com tais fiéis pessoas de integridade. Somos, pois, encorajados a ‘correr com perseverança a carreira que se nos apresenta’. — 11:8, 10, 16, 35; 12:1.

Citando da profecia de Ageu, Paulo traz à atenção a promessa de Deus: “Ainda mais uma vez porei em comoção não só a terra, mas também o céu.” (Heb. 12:26; Ageu 2:6) Contudo, o Reino de Deus por Cristo Jesus, o Descendente, permanecerá para sempre. “Em vista disso, sendo que havemos de receber um reino que não pode ser abalado, continuemos a ter graça imerecida, por intermédio da qual podemos prestar a Deus serviço sagrado aceitável, com temor piedoso e com espanto reverente.” Este registro animador nos assegura de que Cristo aparece uma segunda vez “à parte do pecado e para os que seriamente o procuram para a sua salvação”. Por meio dele, pois, “ofereçamos sempre a Deus um sacrifício de louvor, isto é, o fruto de lábios que fazem declaração pública do seu nome”. Que o grande nome de YHWH seja para sempre santificado por meio do Rei-Sacerdote, Jesus Cristo! — Heb. 12:28; 9:28; 13:15.