A Torá e as Seitas Judaicas
A Torá e as Seitas Judaicas
O Judaísmo do período de que estamos tratando, era um sistema mais complexo, contendo dentro de si mesmo muitos partidos, grupos e seitas diferentes, cujos nomes e crenças distintas nem sempre ficaram registrados na história. Josefo declara que “os judeus tiveram, por um grande período de tempo, três seitas de filosofia” (uma expressão mais enganosa) - os Fariseus, os Saduceus e os Essênios, aos quais ele acrescenta o partido fundado por Judas e Zadoque, mais tarde chamado de “Zelotes” (cf. Ant. 18.1.1-6, seção 9-23). Indubitavelmente esses partidos foram muito influentes dentro do Judaísmo durante esse período, mas para manter a questão na devida proporção, temos que nos lembrar de que eles eram uma minoria muito pequena na Palestina. Calcula-se que Fariseus, Saduceus e Essênios juntos somariam apenas trinta mil - trinta e cinco mil de um total de quinhentos mil -seiscentos mil no tempo de Jesus. Os Fariseus somariam aproximadamente cinco por cento da população total e os Saduceus e os Essênios juntos, aproximadamente dois por cento.
Alguns dos muitos grupos no Judaísmo tinham mais afinidades com essas três seitas principais do que com outras, mas é uma exagerada simplificação do caso supor que, quando essas seitas foram denominadas, as únicas restantes eram as assim chamadas “Am ha-aretz” ou “povo da terra”.
A descoberta da literatura dos Pactuantes do Qumran, próximo da costa do Mar Morto, ajudou a esclarecer melhor essa situação. Têm sido feitas tentativas de identificar essa comunidade com uma ou outra das principais seitas e, o que é bem possível, a Seita de Qumran poderia muito bem representar um grupo influente dentro da nação em muitos aspectos diferentes daqueles partidos cujos nomes nos são familiares. Para citar as palavras de R. H. feiffer:
“O Judaísmo no período em que está sendo considerado era tão vivo, tão progressivo, tão agitado por controvérsias, que sob seu espaçoso telhado as visões mais contrastantes puderam ser mantidas”.
Contudo, todos esses grupos ou seitas, aparentemente, têm uma coisa em comum: todos eles prestavam submissão à Torah. E completamente errôneo destacar, digamos, os fariseus e denominá-los “o partido da Torah” ou atribuir a eles os escritos vagos desse período que exaltam “a Lei de Deus”. A Torah era o grande fundamento do Judaísmo e o alicerce de sua nacionalidade. Porém, não se deve dizer que todos os partidos concordavam com o significado da Torah ou com sua interpretação. De fato, havia opiniões muito divergentes sobre esse assunto, de forma que, considerando que a lealdade deles à Torah era um laço de união, sua concepção dela era uma causa constante de divisão entre eles.
Fonte: Between the Testaments: From Malachi to Matthew, de Richard Neitzel Holzapfel.
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