Interpretação de Daniel 5

Daniel 5

Daniel 5 narra a queda da Babilônia e a história da misteriosa escrita na parede durante a festa de Belsazar. Este capítulo fornece lições importantes sobre orgulho, julgamento divino e reconhecimento da soberania de Deus. Aqui está uma interpretação dos pontos-chave em Daniel 5:

1. A Festa de Belsazar (Daniel 5:1-4): O rei Belsazar, neto de Nabucodonosor, ofereceu um banquete luxuoso para seus nobres e oficiais. Durante a festa, ele ordenou que os vasos de ouro e prata que haviam sido retirados do templo em Jerusalém fossem trazidos para seus convidados beberem. Este ato foi um ato flagrante de desrespeito e profanação de itens sagrados.

2. A Escrita na Parede (Daniel 5:5-9): De repente, uma mão misteriosa apareceu e escreveu na parede do palácio. O rei ficou apavorado, mas não conseguiu decifrar a escrita. Ele chamou seus sábios, mas eles não conseguiram interpretar a mensagem. O medo de Belsazar aumentou como resultado do evento sobrenatural.

3. Daniel Chamado para Interpretar (Daniel 5:10-12): A rainha, possivelmente a rainha-mãe ou a rainha viúva, lembrou-se da reputação de Daniel como homem sábio e intérprete de sonhos. Ela aconselhou o rei a convocar Daniel para interpretar a escrita na parede.

4. A Interpretação de Daniel (Daniel 5:13-29): Daniel foi levado perante o rei e lembrou-lhe da arrogância de seu avô Nabucodonosor e subsequente humilhação por parte de Deus. Daniel então interpretou as palavras na parede: “Mene, Mene, Tekel, Upharsin”. Ele explicou que esta mensagem significava que Deus havia contado o reino de Belsazar, pesado na balança e considerado insuficiente, e decretou que o reino seria dividido e dado aos medos e persas.

5. A Queda da Babilônia (Daniel 5:30-31): Naquela mesma noite, Belsazar foi morto e Dario, o medo, assumiu o reino da Babilônia. A Babilônia caiu nas mãos do Império Medo-Persa, cumprindo a profecia e encerrando o reinado do Império Babilônico.

Daniel 5 ilustra várias lições espirituais importantes:

1. Orgulho e Arrogância: As ações de Belsazar, particularmente o mau uso dos vasos sagrados e o seu desrespeito por Deus, demonstraram orgulho e arrogância. Sua arrogância refletiu o comportamento de Nabucodonosor e acabou levando à sua queda. Isso serve como um alerta sobre a natureza destrutiva do orgulho.

2. Julgamento Divino: A misteriosa escrita na parede era um sinal claro do julgamento divino. Deus responsabilizou Belsazar por suas ações e arrogância. A mensagem transmitia que seu reino havia sido pesado e considerado deficiente, e que o julgamento era iminente.

3. Reconhecimento da Soberania de Deus: A interpretação de Daniel e os eventos subsequentes destacaram a soberania de Deus. Mostrou que o julgamento de Deus é justo e inevitável, independentemente do poder e poder dos reis e impérios terrenos.

4. Arrependimento e Redenção: O destino de Belsazar contrasta com a sua oportunidade de arrependimento. Ele teve a oportunidade de se humilhar e reconhecer a soberania de Deus, mas não conseguiu. Em contraste, a fé e a sabedoria de Daniel continuaram a brilhar enquanto ele permanecia fiel a Deus.

Em Daniel 5, o capítulo serve como um lembrete claro das consequências do orgulho e da importância de reconhecer a soberania de Deus. Demonstra que o poder e a riqueza terrenos são passageiros, enquanto o julgamento e a justiça de Deus perduram. A queda da Babilônia nas mãos do Império Medo-Persa marca um evento histórico significativo e cumpre as profecias dos capítulos anteriores do livro.

Interpretação

5:1. Belsazar. Desconhecido a não ser através deste capítulo, o rei atualmente está bem autenticado através de documentos antigos (RP. Dougherty, Nabonidus and Belshazzar). Um grande banquete. Uma festa sensual, indicada pela presença de mulheres entre os homens, coisa fora do comum no Oriente, (com. Ester 1:9). Bebeu vinho na presença dos mil. Mesmo nas festas públicas os reis orientais (pelo menos no período persa) ficavam ocultos da vista pública. Era uma liberdade não contida pelas convenções.

5:2. Mandou trazer os utensílios. Para Nabucodonosor tirar esses vasos do templo de Jerusalém (1:1-3) estava de acordo com os costumes de guerra. Mas retirá-los do depósito nacional para uma orgia era sacrilégio. Nabucodonosor, o grande rei, tinha verdadeiras façanhas a seu crédito, e num certo grau, Nabonidus, o pai do rei, realizara façanhas pacíficas para crédito seu. Mas o príncipe covarde só sabia realizar tolos atos de sacrilégio para ganhar fama.

5:4. O comportamento de Belsazar era sensual, incontrolado, selvagem e sacrílego. Também era estúpido. Os exércitos de Gobryas já se encontravam dentro da cidade.

5:5. No mesmo instante. Deus falou de repente. O tempo se esgotara. Uns dedos de mão de homem. O presságio era misterioso. O sobrenatural se apresentava. Na caiadura. Sobre a mesma parede onde deviam estar registrados os grandes acontecimentos nacionais. Ação impiedosa! Deus não se preocupa com vanglórias patrióticas. E o rei via. Era extraordinário.

5:7. Encantadores... caldeus..., feiticeiros. Uma vez mais (cons. 2:2-14; 3:8; 4:6, 7) esses monumentais charlatães apareceram. Além deles “não conhecerem a Deus” (I Co. 1:21) em sua “sabedoria”, pouco sabiam sobre qualquer outra coisa mais (cons. Dn. 5:8). Púrpura, a cor da realeza entre diversos povos antigos e provavelmente também os babilônios. Cadeia de ouro. Cons. Gn. 41:42. O terceiro no meu reino. De significado incerto. Algumas autoridades identificam a palavra como significando “ajudante” ou “oficial”. A palavra talti é, com toda certeza, derivada do aramaico telat (cons. BDB) e provavelmente significa terceiro (governante ou parte). Comumente só o pai de Belsazar, o cercado Nabonidus, teria autoridade para nomear um terceiro. Mas por uma ou duas horas Belsazar foi de fato, se não de jure, o supremo monarca, e achou que podia conferir esta honra. Nenhum judeu na Palestina, durante o período dos Macabeus (século segundo A.C.), poderia ter reconstruído tão corretamente a situação histórica, contrariando certos críticos que assim pensam.

5:10. A rainha-mãe. Não a esposa do rei, mas sua mãe. Nas famílias polígamas, a rainha é a mãe do rei (cons, narrativas sobre mães de reis judeus no V.T.). Esta rainha era presumivelmente uma esposa de Nabonidus. Talvez também fosse uma jovem esposa do notável Nabucodonosor (cons. Boutflower, in loco).

5:11. Nabucodonosor... teu pai. Nabucodonosor era, naturalmente, não o parente masculino imediato do rei. É pouco provável também que Nabucodonosor tenha sido seu avô. Provavelmente pai apenas num sentido legal, uma vez que Nabonidus teria se aparentado com a família do grande Nabucodonosor através do casamento (Boutflower, in loco). A repetida afirmação da rainha sobre o relacionamento com o “pai” sugere que era uma questão de etiqueta na corte, não um fato real. Esse tipo de etiqueta não é desconhecida em outras partes da Bíblia (por exemplo, I Cr. 3:17, onde Salatiel, o filho de Neri que descendia de Davi através de Natã, II Cr. 3:27, 31), é chamado de “filho” de Jeconias).

5:17. Os presentes materiais de um rei cujo tempo de vida estava contado, pouco significavam para um santo profeta avançado em anos.

5:25. MENE, MENE, TEQUEL e PARSIM. Evidência textual, como também os versículos seguintes, indicam que aqui provavelmente há uma combinação de má interpretação e corrupção do texto. O versículo seria possivelmente assim, com aspas: “Estas são as palavras escritas: 'Mene Mene, Tequel' e 'Parsim'. O U de UPARSIM é a forma aramaica de “e”. O PH é um som aspirado de P para acomodar o som da vogal anterior. O IN é a forma do plural, provavelmente introduzido mais tarde por algum escriba que ligou a palavra aos persas, pois a terminação só pluraliza a palavra. Mene foi repetido para dar ênfase. As três palavras Mene, Tequel e Peres, conforme se apresentam, são particípios passivos, exatamente traduzidos para contado, pesado e dividido. São também, quando sem as vogais, a saber, MN, TKL, PRS, os nomes de três pesas antigos que poderiam ser paralelos dos nossos termos, uma libra, uma onça, meia onça, Além disso, é possível que a inscrição sobre a parede fosse cuneiforme silábica ou em ideogramas. Nenhum desses modos de escrever seria inteligível sem um contexto. Na realidade, à parte da interpretação, seu único valor foi o de captar a atenção do rei para que Daniel pudesse lhe falar.

5:26, 28. (Boutflower, Montgomery e Young ajudam muito aqui.) É possível que as palavras interpretadas sejam nomes de pesas ou moedas conforme indicado acima. Nesse caso, fazem um jogo de palavras. Mane (aram.), um peso de cinquenta siclos, equivalente a cerca de duas libras (veja Ez. 45:12), faz paralelo a mene, que significa contado. Tequel, uma moeda ou peso, equivalente ao siclo hebreu, sugere tequel no sentido de pesado. Peres (meio mane) sugere peres, dividido. Também sugere agourentamente a Pérsia, que aparece no versículo 28. Aos medos e aos persas. Este versículo prova conclusivamente que o autor deste livro cria que o sucessor do reino babilônico seria um reino dual, incluindo dois elementos nacionais. Ele não imaginava o segundo e o terceiro estágio do império (caps. 2; 7) como respectivamente dos medos e persas, mas reconhecia-os como medo-persa e grego respectivamente. A crítica incrédula está “enroscada” neste versículo como se o autor estivesse supondo uma sucessão da Babilônia, Média, Pérsia e Grécia, e não a verdadeira sucessão da Babilônia, Medo-Pérsia, Grécia e Roma.

5:30. O sacrilégio de Belsazar, como o de outros (II Sm. 6:6, 7; Lv. 10:1, 2; I Co. 3:17), exigia castigo imediato naquela mesma noite. Detalhes do cerco e queda de Babilônia já foram há muito profetizados por Jeremias (caps. 50 e 51). Assim Deus cumpria a profecia de Isaías referente a Ciro (Is. 44:24, 28; 45).

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