Paulo, Escritor da Carta aos Efésios

EFÉSIOS, CARTA, LIVRO, ESTUDO BIBLICO, TEOLOGIA
1. Paulo, Escritor da Carta aos Efésios
Vamos examinar os argumentos citados acima.

1.1 Linguagem e estilo

Não é impossível que um autor use novas formas de expressão em uma nova situação. Isso pode ser causado pelas suas condições pessoais, mas muito mais pelas condições dos seus leitores. Afinal ele está escrevendo para a situação deles e quer que eles o entendam. Colossenses é uma prova dessa capacidade de adaptação do apóstolo Paulo.

Se alguém quer usar como argumento contra um autor a linguagem não habitual do escrito em questão, precisa demonstrar que aquele autor não poderia, em hipótese alguma, ter usado os termos do seu escrito. Seria muito difícil provar isso em relação a Efésios. O mesmo vale também para construções gramaticais.

Cf. Classificação das Cartas Paulinas
Cf. O Fim da Lei na Teologia Paulina
Cf. Regeneração na Teologia Paulina
Cf. Significado do Batismo com Fogo

Na verdade, o que chama a atenção é a diferença de estilo. Na primeira parte da carta, o que se destaca são os períodos longos e o acúmulo de conceitos. Não teria sido possível que Paulo estivesse numa situação tranqüila, sem ter de defender o evangelho contra opositores, e formulasse a sua carta em forma de reflexão e de poesia?

Se de fato houve um imitador, como teria errado tão fragorosamente na primeira parte da carta? Não seria de se esperar uma proximidade maior com os escritos do apóstolo? Se houve esse imitador, foi um artista extraordinário.

1.2 Argumentos literários

Só há correspondência literária entre Efésios e Colossenses em uma passagem, a perícope sobre Tíquico (Ef 6.21s; Cl 4.7s). Por que um imitador teria usado exatamente esse trecho periférico para tentar apresentar o seu escrito como carta de Paulo? Se partimos do ponto da autoria de Paulo, temos uma solução muito mais simples para essa dificuldade: nesse ponto Paulo ditou literalmente a mesma coisa ao seu secretário.

O fato de Paulo ter usado termos teológicos com significados diferentes também pode ser visto em Romanos 7.2s, quando fala da “lei”.

A semelhança entre cartas redigidas em uma mesma época também pode ser observada em Gálatas e Romanos. Por si só não é argumento a favor de imitação.

1.3 Argumentos históricos

Quando exatamente a igreja composta de cristãos-judeus e cristãos-gentios se tornou uma realidade, é uma questão difícil de ser respondida. Mas será que Efésios pressupõe isso? O objetivo desse texto não é o de indicar que essa unidade está fundamentada em Cristo, como também está em Romanos 11.17-24; 14; 15 e 2Coríntios 8 e 8?

1.4 Diferenças na teologia

O ensino sobre a igreja é mais desenvolvida, em Efésios do que em qualquer outra carta de Paulo. Mas é muito diferente do ensino sobre a igreja na primeira carta de Clemente. Em Efésios, Cristo também é a pedra fundamental (pedra angular; 2.20); os apóstolos são ministros instituídos por ele (Ef 4.11); Paulo se refere à mensagem dos profetas em todas as suas cartas.

Nas outras cartas Paulo igualmente relaciona as mesmas ações a Deus e a Cristo, como por exemplo a criação em 1Coríntios 8.6.

Finalmente, os argumentos sobre a ética matrimonial — de que temos cartas para situações específicas e não um manual de ética — não são convincentes.
Resultado:

Os argumentos contra a autoria de Paulo não são suficientes. Se tomados separadamente, podem ser interpretados de outra forma. Por isso, precisamos partir do ponto de que Paulo é o autor dessa carta. Talvez na primeira parte ele tenha dado mais liberdade ao secretário, ou talvez tenha sido tomado de tal forma pelo evangelho, que escolheu um estilo mais poético.