Provérbios 15: Significado, Teologia e Exegese

Provérbios 15

Provérbios 15 aprofunda a sabedoria prática do dia a dia, concentrando-se fortemente no poder das palavras, na importância da atitude do coração e em como esses elementos moldam relacionamentos, trazem favor ou desgraça. A mensagem geral do capítulo destaca que a forma como nos comunicamos e a disposição interna de nosso espírito são determinantes para a paz, a prosperidade e a relação com Deus e com o próximo. No original hebraico, Provérbios 15 continua a empregar majoritariamente o paralelismo antitético, justapondo ações e seus resultados opostos (como a resposta branda e a palavra áspera), o que de forma concisa ilustra verdades profundas.

Essa abordagem encontra forte ressonância no Novo Testamento, que também enfatiza a transformação do coração como fonte de boas palavras e ações (Mateus 12:34-37). Jesus, por exemplo, ensinou sobre a importância de um coração puro e sobre o impacto das palavras, e apóstolos como Paulo e Tiago frequentemente exortam os crentes a controlar a língua e a viver com humildade e sabedoria em suas interações (Efésios 4:29; Tiago 1:19).

📝 Resumo de Provérbios 15

Provérbios 15 começa destacando o poder transformador das palavras. Nos vv. 1–3, aprendemos que uma resposta suave pode acalmar a raiva e evitar conflitos, enquanto uma palavra dura ou áspera apenas intensifica a discórdia. A sabedoria na fala espalha conhecimento de maneira útil, ao contrário da boca dos tolos, que só profere tolices. É ressaltado que Deus observa tudo, conhecendo as ações e intenções de todos, tanto os bons quanto os maus.

Já nos vv. 4–7, a sabedoria enfatiza a língua que edifica e a que destrói, e a importância de aceitar a instrução. Uma fala suave e gentil é como uma fonte de vida, trazendo cura e bem-estar, mas a linguagem perversa pode ferir profundamente o espírito. O insensato, por sua vez, ignora a correção e os ensinamentos de seus pais, enquanto a pessoa prudente aceita a disciplina. O texto contrapõe a casa do justo, abençoada com prosperidade, com a do ímpio, que, mesmo com riquezas, enfrenta perturbações. Por fim, os lábios dos sábios disseminam conhecimento, mas o coração dos tolos não age com discernimento.

No que diz respeito à relação com Deus e as motivações do coração, em Pv 15:8–11, a sabedoria divina mostra que Deus não se agrada das orações dos ímpios, mas ouve com prazer as súplicas dos justos. O modo de vida dos perversos é detestável ao Senhor, mas Ele ama aqueles que buscam a retidão. Há uma advertência severa para quem se desvia do caminho certo: sofrerá disciplina rigorosa, e quem odeia a correção acabará perecendo. É lembrado que até mesmo os lugares mais profundos de destruição são conhecidos por Deus, o que indica que o coração humano, com todas as suas intenções, é ainda mais transparente para Ele.

Em seguida, nos vv. 12–15, a sabedoria aborda a recusa à correção e a alegria interior. O zombador não aceita ser repreendido e evita a companhia dos sábios, pois não quer aprender. A alegria do coração se manifesta no semblante de uma pessoa, enquanto a tristeza interna deprime o espírito. O coração que busca a compreensão anseia por conhecimento, mas a mente dos tolos se contenta com a insensatez. Para a pessoa que vive na aflição, todos os dias parecem ruins, mas para quem tem um coração alegre, a vida é uma celebração constante.

Ainda sobre as prioridades e o valor da paz e da diligência, em Pv 15:16–19, a sabedoria nos ensina que é preferível ter poucos bens, mas viver com temor ao Senhor, do que possuir grandes riquezas acompanhadas de inquietação. É melhor desfrutar de uma refeição simples com amor do que um banquete farto em meio ao ódio. O indivíduo que se irrita facilmente provoca discussões, mas a pessoa paciente acalma as contendas. O caminho do preguiçoso é cheio de dificuldades e obstáculos, enquanto o caminho daqueles que agem com retidão é sempre mais suave e desobstruído.

Os provérbios seguintes, nos vv. 20–24, tratam das relações familiares, da busca por conselho e do caminho da vida. Um filho sábio traz alegria aos pais, mas o tolo despreza e desonra sua mãe. A insensatez é motivo de diversão para quem não tem discernimento, mas o homem que possui entendimento segue um caminho correto e direto. Os planos falham quando não há boa orientação, mas são bem-sucedidos quando há muitos conselheiros sábios. A pessoa se alegra em dar uma resposta apropriada, e uma palavra dita no momento certo é algo muito bom. O caminho da vida, para quem possui discernimento, eleva-se para longe dos perigos da morte.

A arrogância e a ganância são condenadas, enquanto a humildade e a justiça são exaltadas nos provérbios que se seguem, cobrindo os vv. 25–29. O Senhor derruba a casa dos soberbos, mas protege os bens das viúvas. Os pensamentos maus são abomináveis para o Senhor, mas as palavras proferidas com gentileza e retidão são puras e agradáveis a Ele. A pessoa que busca lucros desonestos perturba sua própria família, mas quem recusa subornos viverá em paz. O justo pensa antes de falar, enquanto a boca dos ímpios apenas jorra maldades. O Senhor está distante dos ímpios, mas Ele ouve atentamente as orações dos justos.

Finalmente, a alegria no coração e a sabedoria que conduz à honra concluem o capítulo. Nos vv. 30–33, uma expressão alegre e boas notícias trazem contentamento e fortalecem o corpo. Quem ouve e aceita a repreensão que conduz à vida demonstra sabedoria. Aquele que se recusa a ser corrigido e a aprender despreza seu próprio bem-estar, mas quem acolhe a disciplina adquire uma compreensão mais profunda. O temor do Senhor é a base para a sabedoria e para o aprendizado da humildade, a qual, por sua vez, precede a verdadeira honra.

📖 Comentário de Provérbios 15

Provérbios 15.1 Muitas vezes não e pelo que dissemos, mas como dissemos, que damos azo as reações mais variadas, de aceitação a ira. (Para conhecer as palavras gentis de Abigail a Davi quando ele estava irado, veja 1 Sm 25.12-34.) O provérbio fala sobre a maneira mais eficaz de interagir durante um desentendimento ou discussão. Embora o sábio não se esquive de receber uma repreensão quando necessário (17:10), é mais comum que uma resposta suave ou terna crie as condições que permitem uma conversa frutífera. Por outro lado, se uma pessoa responde com um comentário que evoca dor na outra pessoa, então essa outra pessoa vai responder defensivamente e com raiva, então nenhum diálogo pode continuar.

O sábio está bem ciente de que há alguns que responderão com raiva ou defensivamente, não importa o que aconteça, e para casos como este, a recomendação é não envolver essas pessoas de forma alguma (26:4). Esse provérbio se encaixa no ensino geral de Provérbios de que a cabeça fria é superior à cabeça quente. Esse provérbio também ilustra a preocupação do livro com a coesão social. A resposta adequada é aquela que mantém e promove o relacionamento.

Provérbios 15.2 Vemos neste versículo outra comparação dos usos contrastantes da fala. Este provérbio coloca a língua dos sábios em contraposição a boca dos tolos. Um emprega bem o conhecimento; o outro arrota sua estultícia.

O provérbio é uma observação que tem consequências não ditas. Parece quase tautológico dizer que quando os sábios falam, aqueles que os ouvem ficarão mais espertos sobre a vida, mas aqueles que ouvem o murmúrio (outra possível interpretação do verbo nbʿ) dos tolos ouvirão apenas coisas estúpidas. Mas alerta os ouvintes de que, em uma situação real, eles terão que julgar se estão ouvindo uma pessoa sábia ou um tolo e responder de acordo. Para outras referências àqueles que borbulham estupidamente, compare Sl. 59:7; 94:4; Prov. 15:28; Ecles. 10:14. Novamente, este provérbio contribui para a ideia de que os sábios são bons para a sociedade e os tolos são prejudiciais.

Provérbios 15.3 O fato de os olhos do Senhor estarem em toda parte, observando tudo, arrepia os perpetradores do mal e conforta os súditos de Deus (Ec 12.14). O provérbio é bastante claro, mas talvez um tanto inesperado em um contexto de sabedoria. Existem outros provérbios religiosos (16:1–7, 9, 33), mas este implica o governo moral de Deus. Muitos outros provérbios que mencionam consequências não especificam quem faz o julgamento final ou como esse julgamento é assegurado; este provérbio ajuda o ouvinte a entender que Deus está no controle. A ideia de que Deus observa as pessoas boas e más implica que é ele quem distingue essas duas classes de pessoas. Como Van Leeuwen observa: “Este versículo declara um preceito fundamental do pensamento bíblico, que o Senhor conhece todas as coisas, incluindo o coração humano.” [“Proverbs,” p. 148.] Este versículo apoia a ideia de que Deus é onipresente e onisciente.

Provérbios 15.4 A resposta branda do versículo 1 pode ser considerada de língua saudável, e a palavra dura do versículo 1, perversidade. A primeira é como uma árvore da vida, devolvendo-nos um pouco do Éden (Pv 3.18; 11.30; 13.12); a outra quebranta o espírito, recordando a expulsão do Jardim (Gn 3.23,24).

Este versículo é sobre as consequências da fala de alguém. Uma língua saudável é aquela que fala a verdade direta. Não que diga a verdade sem se preocupar com as circunstâncias ou sem a necessária ternura (15:1), mas fala o que é certo e assim promove a vida. Para a metáfora da árvore da vida, veja 3:18; 11h30; 13:12; o ponto é que uma língua saudável encoraja a vida. Por outro lado, uma língua dúbia é aquela que mente e engana (veja 11:3; 13:6; 19:3; 21:12; 22:12 para outras ocorrências de slp). Longe de efeitos positivos, quebra o ânimo de quem a ouve. Esse provérbio ilustra a sensibilidade e a preocupação do livro com as consequências psicológicas da fala e das ações.

Provérbios 15.5 A pessoa verdadeiramente sábia tira proveito da correção. O termo traduzido como “prudentemente” na segunda parte deste versículo significa “ser astuto”. A astúcia pode ser maldosa, mas, aqui, tem o sentido positivo de ter jogo de cintura (Pv 1.4).

Este provérbio comenta a importância de estar aberto à disciplina como caminho para a sabedoria. Se alguém não suporta ouvir sobre seus erros e tomar medidas para corrigi-los, então está condenado a estar perpetuamente errado. Assim, é estúpido não ouvir os conselhos das autoridades. Para as primeiras ocorrências de “disciplina” (mûsar) e “correção” (tôkaḥat), veja 1:3 e 1:23, respectivamente. Para “prudência” (de ʿrm), veja 1:4.

Provérbios 15.6 Vemos aqui que uma casa é uma benção e a outra esta arruinada. O motivo disso é como a casa foi adquirida e como está sendo usada. A casa do justo contem grandes tesouros porque esta fundada na sabedoria e no respeito a Deus. Por outro lado, a dos perversos está destruída. Estes nunca terão ganho algum que os satisfaça, e perdem o que já tem por tratarem de forma desonesta.

O provérbio descreve os efeitos dos esforços do justo e do ímpio, sendo o primeiro positivo e o segundo negativo. Os dois pontos iniciais falam do fato de que a retidão tem efeitos além do indivíduo. O grande tesouro não deve ser entendido exclusivamente em termos de bens materiais; pode ser alegria de viver, com benefícios psicológicos e sociais. No entanto, devido à frequente conexão estabelecida entre sabedoria e benefícios materiais, isso também não seria excluído. Por outro lado, esses efeitos positivos da retidão são contrastados com o mal que advém dos esforços do perverso.

Provérbios 15.7 As pessoas revelam quem são através do que dizem. O tolo não consegue deixar de falar besteiras. O paralelo entre lábios ou língua e coração é encontrado em outros provérbios e indica a crença do sábio de que os lábios normalmente revelam o que está acontecendo dentro de uma pessoa. Como os sábios são sábios, quando falam, vale a pena ouvi-los. No entanto, não há nada dentro dos tolos, então quando eles falam, espera-se estupidez. Veja 15:2.

Provérbios 15.8, 9 Ocasionalmente, os provérbios tocam no tema da adoração (Pv 16.6). A adoração proveniente dos que não são contritos nem humildes é abominável a Deus (Pv 11.20). De Gênesis 4 a João 4, as Escrituras comparam a adoração positiva a negativa (Is 1.11-15). Provérbio 15.9 fala de mais uma coisa abominável ao Senhor: a forma de vida escolhida pelos ímpios.

Provérbios 15:8 Como 11:1 (para uma descrição detalhada da frase tôʿăbat Yhwh, veja este versículo) ilustra, a abominação é frequentemente contrastada com o favor de Deus. O propósito de tais observações é indicar um comportamento que agrade à Deidade.

O contraste neste capítulo é entre pessoas perversas e pessoas virtuosas. “É o sacrificador, não o sacrifício, que é a questão.” [Murphy, Proverbs, p. 112.] Os dois primeiros pontos realmente sublinham a antipatia de Deus pela maldade porque ela pode arruinar algo tão agradável a Deus quanto o sacrifício. Por outro lado, mesmo as orações (possivelmente um ato menor do que o sacrifício em termos de energia e recursos gastos) dos virtuosos ganham seu favor.

Este provérbio demonstra a preocupação do sábio com as instituições religiosas formais de Israel. Outros lugares em Provérbios onde sacrifício/festa e/ou oração são tratados são 15:29; 17:1; 21:3, 27; 28:9.

Provérbios 15:9 Este versículo está conectado ao anterior pela frase “abominação para o Senhor” (tôʿăbat Yhwh, para o qual ver comentários no v. 8). No entanto, ao contrário de lá e em outros lugares, esta frase não é contrastada com algo que “traz seu favor” (rĕṣônô, v. 8), mas uma expressão comparável preenche essa função. Deus odeia o caminho dos ímpios, mas ama os que perseguem a justiça. Assim, o contraste no versículo é entre os estilos de vida dos ímpios e dos justos. Esta é uma afirmação bastante geral que precisa ser entendida à luz de todo o ensino do livro sobre loucura/maldade e sabedoria/justiça. Este versículo e o seguinte lembram o leitor da metáfora dos dois caminhos que é particularmente proeminente nos capítulos. 1–9.

Provérbios 15.10 Este provérbio promete correção molesta [severa lição, na NVI] a pessoa que deixa a vereda de Deus. Ou seja, disciplina é um meio de correção, e não de punição. Só a pessoa que aborrece a repreensão — a que teimosamente se recusa a escutar, vez após vez — morrerá.

Este versículo se encaixa no extenso ensino de que ouvir críticas e mudar o comportamento errado é parte integrante da sabedoria (3:1–11; 9:7–12; etc.). É estúpido apresentar defesas contra críticas legítimas, pois isso apenas perpetuará o comportamento errado e as consequências negativas que se seguem. O provérbio coloca isso nos termos mais fortes possíveis: a morte é a consequência final para aqueles que não ouvem comentários negativos. Como o versículo anterior, este também evoca a teologia de dois caminhos do livro. A NRSV, a NIV e alguns comentaristas entendem o significado de uma maneira ligeiramente diferente:

A disciplina severa espera aquele que abandona o caminho;
aquele que odeia a correção morrerá. (NVI)

Nossaa tradução considera rāʿ em seu sentido moral e também como predicado; a NVI entende a palavra como um modificador de “disciplina” (mûsār) e como “severo”. É discutível se rāʿ pode ter o sentido de “severo”. Isso parece ser uma extensão de “dano” ou “ferimento”, que são significados atestados. Waltke concorda com a NIV sobre a sintaxe, mas de forma mais persuasiva toma o significado de rāʿ como “doloroso” e traduz os dois pontos: “Dolorosa disciplina aguarda aquele que abandona o caminho [da vida].” [Waltke, Proverbs, 1:616.] Embora esta tradução seja possível, parece melhor usar o sentido moral mais comum da palavra.

Provérbios 15.11 Este é um provérbio do tipo “quanto mais” (Pv 11.31), que estampa a claridade com que o Senhor sonda os corações das pessoas. A palavra hebraica sheol, traduzida como “inferno”, neste versículo denota o medo do desconhecido (Pv 9.8). Quando empregada junto a palavra que significa “perdição”, sheol significa o misterioso reino da morte, uma condição negra e assustadora. Entretanto, a morte não tem mistérios para o Senhor. E se o reino misterioso dos mortos é conhecido por Ele, certamente o coração das pessoas lhe é transparente. Argumentos como este, que procedem do grande para o pequeno, aparecem em ambos os Testamentos.

A expressão nos dois pontos 1 sugere que até mesmo Sheol e Abaddon estão sob a alçada de Yahweh, o que implica em seu controle e soberania. Sheol representa a sepultura e, ocasionalmente, implica o submundo. Como a sepultura é escura e úmida, o reino dos mortos também é. Embora a etimologia de “Sheol” seja obscura, “Abaddon” é claramente um derivado do verbo ʾābad (destruir), em paralelo com “Sheol” que representa o local de destruição, e é outro nome para a sepultura e o submundo .

Uma vez que Yahweh é o Deus da vida, pode-se questionar se havia alguma conexão entre os dois, mas como Sl. 139 lembra ao leitor:

Para onde posso ir do seu Espírito?
Para onde posso fugir da tua presença?
Se eu subir aos céus, você está lá;
Se eu arrumo minha cama nas profundezas, você está lá.
(vv. 7–8 NVI)

Aqui Sheol e Abaddon são personificados, e o ponto dos dois pontos é que essas forças destrutivas não operam separadas de Deus. A implicação extraída no segundo ponto é que nem os seres humanos são autônomos ou superiores a Javé. Sheol, Abaddon e os corações dos seres humanos parecem ocultos, mas não o são para Deus. Este versículo está conceitualmente relacionado a 15:3, que também comenta sobre a onisciência de Deus.

Provérbios 15.12 A palavra “escarnecedor” (Pv 14.6) é empregada como recurso poético ou comparativo em provérbios para expor com mais clareza o caráter do sábio. Se o preguiçoso é uma figura cômica em Provérbios, por outro lado o escarnecedor e um vilão. Ele se deleita em zombar das coisas de Deus (Pv 1.22) e é incapaz de aceitar disciplina (Pv 9.7), repreensão (Pv 9.8) ou censura (Pv 13.1). Ele não é capaz de achar a sabedoria (Pv 14.6) e deve ser evitado (Sl 1.1). Seu grande problema é demonstrado por sua reação a correção. Ele não aprende com ela nem procura obtê-la. O escarnecedor e insensato com convicção.

Veja 15:10 e citações lá para o tema que os tolos não apreciam críticas. O termo “zombeteiro” (lēṣ) é um termo forte que descreve o tolo como aquele que zomba daqueles que tentam apontar uma fraqueza. Por serem autodefensivos, os escarnecedores acabam se prejudicando. Uma maneira de evitar a correção é não se associar com os sábios, que podem ver os erros que os outros cometem e estão dispostos a oferecer conselhos. Por outro lado, os sábios realmente apreciam a crítica perspicaz porque os ajuda a viver melhor e de forma mais produtiva.

Provérbios 15.13 O objetivo deste versículo é relembrar que o sentimento interior transparece no rosto da pessoa. Logo, o homem de coração alegre resplandece essa felicidade.

Este provérbio fornece outro comentário psicológico perspicaz. O objetivo do primeiro cólon é que o bem-estar interno de uma pessoa se reflete em sua aparência. Nossas emoções afetam nosso comportamento. O segundo cólon parece ir mais fundo porque não é uma influência interna sobre o externo, mas uma influência interna sobre o interno. Em outras palavras, ficar atrás de um coração dolorido ou perturbado é um espírito quebrantado. Alguém se pergunta se Qoheleth estava jogando com a ideia de dois pontos 1 quando ele diz:

A raiva é melhor do que o riso, pois em um rosto perturbado o coração fica bom.
(Eclesiástes 7:3)

Qoheleth acredita que um coração feliz e o rosto brilhante resultante estão fora de sintonia com a dura realidade da vida.

Provérbios 15.14 A pessoa que tem coração sábio nunca está satisfeita com o que já sabe. A busca da sabedoria e do conhecimento é uma tarefa para a vida toda — nunca está terminada nesta vida. Os tolos, porém, que não sabem o tamanho de sua ignorância, continuam a ir atrás da insensatez. Este provérbio fala sobre as motivações básicas daqueles que são “entendidos” (nābôn é uma palavra associada à “sabedoria”) e daqueles que são tolos.

Como seria de esperar, os primeiros perseguem o que os tornará mais sábios, e os segundos o que os tornará mais tolos. O contraste entre “coração” e “face” pode contrastar a profundidade dos sábios contra a superficialidade dos tolos. O contraste entre “procurar” e “alimentar” pode implicar que o conhecimento requer esforço, enquanto a tolice apenas participa de tudo o que está diante de uma pessoa.

Provérbios 15.15 A pessoa de coração alegre de Provérbios. Este provérbio observa as dificuldades encontradas pelos pobres, uma vez que devemos entender “necessitados” (ʿānî) dessa forma, e não espiritualmente ou psicologicamente carentes. Por outro lado, o segundo dois pontos sugere que o estado de espírito de alguém pode tornar irrelevantes as circunstâncias de alguém. A vida pode ser difícil, mas tente adotar uma atitude alegre. A metáfora da festa é sensual. A palavra é para uma “festa com bebida” (mišteh), não um festival religioso (ḥāg). Isso nos faz pensar se o pensamento aqui pode estar relacionado à ideia de Qoheleth de que, embora a vida não tenha sentido, uma pessoa pode encontrar alguma satisfação em “comer e beber”:

Dai bebida forte aos que perecem,
e vinho para os amargos de coração.
Deixe-os beber e esquecer sua pobreza
e não se lembram mais de seu trabalho árduo.

No entanto, Clifford sugere, sem comprovação, que “bom coração” significa um “coração sábio” e, portanto, entende o versículo em um sentido mais nobre. [Proverbs, p. 153.]

Provérbios 15.16 Este é outro versículo que usa a expressão “melhor é... do que” (Pv 12.9). Neste caso, põe em contraste o valor real do pobre com o do rico em matéria de presença ou ausência de temor ao Senhor (Pv 14.26,27). O rico indolente pode estar tomado de inquietudes, enquanto que o pobre devoto e capaz de habitar em paz.

Os provérbios melhores que expressam valores relativos. Em outras palavras, Provérbios afirma tanto o valor do temor de Javé quanto o valor da riqueza (cf. 1:7 e 10:22), mas se uma escolha deve ser feita, então não há dúvida de que o temor de Javé é muito mais valioso. Em outras palavras, embora o livro muitas vezes sugira que a riqueza é a recompensa dos sábios, também deixa claro que às vezes é preciso escolher entre o temor de Javé e a riqueza.[9] O versículo também implica um contraste entre o temor de Javé e a turbulência. A suposição é que o temor de Javé também traz calma à mente.

Provérbios 15.17 O ódio arruína até o banquete mais fino. O amor enobrece até a refeição mais simples. Novamente, uma expressão de valores relativos por meio do uso de um provérbio melhor que (ver v. 16), e o provérbio novamente procura colocar as posses materiais em seu devido lugar. Os vegetais são um alimento básico, mas superam até mesmo a refeição mais cara e desejada (“bezerro gordo” representa carne suculenta) se a pessoa se vê objeto de ódio em vez de amor. É preferível um bom relacionamento com as pessoas do que com as coisas.

Provérbios 15.18 Uma pessoa iracunda pode criar problemas onde eles não existem; mas a pessoa que não tem “pavio curto” — que é longânime — apazígua brigas (v. 1). Este versículo fala da inteligência emocional do sábio. Tolos respondem a um ataque atacando de volta, apenas tornando as coisas muito piores. Por outro lado, os sábios são de cabeça fria e pacientes, acabando por subjugar as acusações que possam ser dirigidas a eles. A palavra “acusação” (rîb) é legal, mas sua aplicação provavelmente não deveria ser limitada ao tribunal. A sabedoria egípcia muitas vezes traça um contraste entre cabeças quentes e pessoas calmas. Cap. 9 de Amenemope começa:

Não faça amizade com o homem aquecido,
Nem se aproxime dele para conversar.
(11.13–14)[COS 1:118.]

Provérbios 15.19 Comparada a estrada do justo, o caminho do preguiçoso é cheio de espinhos, sempre cercado por dores agudas. Como o caminho é extremamente difícil, o preguiçoso por vezes hesita trilhar seu caminho esperando que algum dia ele se torne mais fácil de seguir. Este provérbio usa a teologia de dois caminhos do livro para falar sobre os perigos que acompanham uma forma de comportamento tolo, a preguiça, e contrastá-la com a sabedoria, aqui marcada por um de seus sinônimos éticos, “virtude” (yāšār). O par “caminho” (derek) “vereda” (ʾōraḥ) é comum no livro. O caminho/caminho representa o curso da vida de alguém e implica um destino. Para os preguiçosos, esse caminho é difícil de navegar e cheio de dor, enquanto os virtuosos encontram seu caminho desimpedido. A observação é um incentivo sutil para evitar a preguiça e buscar a virtude.

Provérbios 15.20 Este provérbio é parecido com o quinto mandamento: Honra a teu pai e a tua mãe (Ex 20.12; Dt 5.16). “Honrar” e “ouvir” os pais é um assunto frequente nos provérbios de Salomão. O início deste versículo e o mesmo usado em Provérbio 10:1. Não apenas os primeiros dois pontos são idênticos a 10:1a; o pensamento dos dois provérbios também está muito próximo um do outro. Assim, o comentário desse versículo deve ser consultado. A diferença no segundo dois pontos tem a ver com o fato de comentar aqui a atitude lamentável do filho em relação à mãe, demonstrada por meio de sua insensatez. Em 10:1b a ênfase está na dor que tal filho traz para a mãe.

Provérbios 15.21 O problema todo da insensatez é que ela se alimenta de si própria. Onde houver estultícia, haverá tolos deslumbrados, haverá também um homem de entendimento andando na direção oposta. As emoções do tolo estão fora de sintonia com o que é certo. Eles se alegram não com a sabedoria, mas com a sua estupidez. Por que? Porque lhes falta “coração”: carecem de qualquer substância interna. Enquanto o coração aponta de forma mais geral para o que hoje poderíamos chamar de núcleo da personalidade (ver 3:1), às vezes há uma ênfase nas habilidades cognitivas. Por outro lado, ao contrário dos estúpidos, os competentes têm um caminho claro pela frente (uma sutil alusão à teologia dos dois caminhos e, portanto, um pensamento semelhante a 15:19).

Provérbios 15.22 Quanto maior a decisão, maior a necessidade de aconselhamento. Até mesmo tomadores de decisões sábios e experientes — sejam eles pessoas comuns ou governantes — precisam de conselheiros (Pv 13.10). O sábio valoriza a busca de conselhos. Afinal, o livro está treinando seus destinatários para serem sábios, para terem a capacidade de ler as circunstâncias e as pessoas e, assim, fazer o ato certo na hora certa. Esses conselheiros são inestimáveis para as pessoas que tomam decisões cruciais, seja para si mesmas ou para sua comunidade, quanto à estratégia de guerra. Se uma pessoa sábia é útil, então uma multidão delas seria ainda mais benéfica.

No entanto, não importa quantos conselheiros existam, eles devem ser verdadeiramente sábios para serem úteis e provar que este provérbio está certo. Basta pensar em 1 Reis 12, onde dois grupos aconselham Roboão logo após sua ascensão ao trono. Não há nada que nos faça pensar que “os anciãos” eram mais numerosos do que os “jovens”, mas certamente os primeiros eram mais perspicazes da situação do que os últimos. Mais uma vez, este provérbio é verdadeiro “de um modo geral”.

Provérbios 15.23 As palavras têm poder para edificar ou destruir. Salomão escreveu muitos provérbios sobre as consequências da fala (Pv 15.4; 14.23). Assim como palavras tolas podem trazer a derrocada da pessoa (Pv 14-3), da mesma forma a palavra sábia pode alegrar todos os que a ouvirem. O apóstolo Tiago escreveu sobre o poder destrutivo das palavras (Tg 3.5,6). O autor de Hebreus também nos exortou a incentivarmos uns aos outros (Hb 10.24,25). Este provérbio é importante para estabelecer a natureza da “verdade” dos provérbios. Não há uma única resposta certa que seja sempre apropriada. É uma alegria dar uma resposta útil a um problema, mas deve ser falado em tempo hábil. A importância do tempo certo na sabedoria em geral e em Provérbios em particular é discutida na introdução (veja “Gênero”).

Provérbios 15.24 A assustadora palavra “inferno” (hb. sheol, Pv 15.11) é empregada aqui como o destino do tolo, mas não do prudente e trabalhador. Enquanto que o caminho da estultícia (do tolo) tem uma inclinação pronunciada, descendo ao abismo, o caminho da vida (do prudente) conduz para cima, para a glória, e seu destino final e Deus. Com a menção de “caminho” (ʾōraḥ), o provérbio sugere a teologia de dois caminhos do livro. Aqui o contraste é entre um caminho que leva para cima para a vida e é conhecido por aquele com “insight” (para a raiz śkl, veja 1:3), e o caminho que leva para baixo ao Sheol (veja 1:12), um lugar a ser evitado.

Que Sheol, significando a sepultura com conotações do submundo, é descendente não é surpreendente. O oposto não declarado deve ser o céu, a própria morada de Deus. Se “para cima” e “para baixo” podem ser lidos em um sentido escatológico em seu cenário original é debatido, [12] mas os leitores cristãos posteriores, herdeiros de uma revelação mais completa da vida após a morte, podem lê-los dessa maneira agora em virtude dessa configuração do provérbio no cânone mais amplo.

Provérbios 15.25 Deus fará justiça no fim dos tempos. Aos soberbos, o Senhor servirá uma dose de humildade. Mas a viúva, pessoa completamente indefesa na Antiguidade, Ele concederá proteção. Em muitos pontos, as Escrituras descrevem Deus como Protetor dos indefesos (Dt 10.18; SI 68.5; 146.9; Jr 49.11).

Este provérbio explora uma metáfora arquitetônica para comentar o que Javé aprova. Javé destruirá os arrogantes. Os arrogantes são aqueles que se colocam em primeiro lugar, acima de Deus e dos outros humanos, para que Deus cuide de sua queda. Por outro lado, a viúva é o epítome da vulnerabilidade social na cultura do antigo Oriente Próximo. Em uma sociedade predominantemente patriarcal, uma viúva não tinha ninguém para representá-la na sociedade ou no tribunal, por isso era frequentemente vítima de pessoas mal-intencionadas. Se alguém pode ter certeza de um futuro sombrio, é a viúva. Deus intervirá para proteger e apoiar essas pessoas.

Provérbios 15.26 Diversos provérbios tratam do que Deus abomina (v. 8, 9). Maus pensamentos, por exemplo, enojam o Senhor. Não existem pensamentos ocultos a Ele. Devemos orar como Davi para que nossas palavras e a meditação de nosso coração sejam aceitáveis aos olhos de Deus (Sl 19.14).

Para “abominação para o Senhor”, veja os comentários em 11:1, onde a frase é explicada como indicando algo que ofende o senso de ordem moral ou ritual de Deus. Assim, não é surpreendente que aqui esteja em paralelismo antitético com “puro” (de ṭhr), uma palavra que indica o que é apropriado para essas ordens. O provérbio, portanto, fornece uma forte condenação dos planos malignos, que presumivelmente se refere àqueles que planejam a queda de outros.

Provérbios 15.27 O mal do suborno está em perverter a justiça, ser uma distorção que, com o tempo, semeia a desconfiança e a desonra entre a população. Alguém pode ser tentado a cortar ou ignorar a moralidade para sustentar a família, mas este provérbio é um lembrete de que tais atalhos normalmente não terminam bem. A segunda vírgula especifica a primeira ao citar um exemplo de uma estratégia que é injusta na obtenção de lucro: dar subornos. Um suborno é um presente ilegítimo para encorajar uma pessoa a agir de uma forma que a situação não merece. Escândalos comerciais recentes nos Estados Unidos fornecem exemplos vívidos da veracidade desse provérbio, e em outras partes da Bíblia encontramos condenações de presentes que cegam a justiça (Êx 23:8; Dt 16:19; 27:25; Is 1 :23; 5:23; Ezequiel 22:12; Salmos 15:5; Eclesiastes 7:7).

Provérbios 15.28 Uma pessoa justa (sabia) pondera como melhor responder; a pessoa ímpia (tola) simplesmente emitira alguma tagarelice malévola. O louco atrai mais loucura pelo comportamento que tem e e levado, por companhias também tolas, a praticar mais perversidade e loucura.

Este provérbio aponta para a natureza reflexiva dos sábios, enquanto os tolos são impulsivos em tudo o que fazem, incluindo dar conselhos. O provérbio é um chamado para pensar antes de falar e também serve como um alerta para não ouvir quem é rápido demais para dar sua opinião. Outros provérbios que defendem a reflexão antes de falar incluem 19:2; 20:18, 25; 21:5; 29:20.

Provérbios 15.29 Deus mantem distância dos ímpios, aproximando-se deles vez por outra apenas para punir ou fazer justiça. No entanto, o Senhor tem prazer de estar perto dos justos. As preces destes são sempre bem-vindas.

Este provérbio é uma declaração rara, mas não única, sobre a oração (veja também 15:8; 28:9). É incorreto dizer que os sábios não tinham nada a ver com os rituais de culto do antigo Israel.[13] A questão é: quem pode se aproximar de Deus em oração? A resposta é: Os justos, mas não os ímpios. Compare Pss. 1; 15; e 24.

Não é que Javé desconheça as orações dos ímpios. O versículo não significa que Deus ouve apenas as orações dos justos e nem mesmo ouve as dos ímpios. O verbo “ouvir” em hebraico geralmente implica a resposta. Deus faz algo sobre as orações dos justos. Dizer que Deus está longe dos ímpios não implica que ele seja meramente local em sua presença, mas sim que ele não age em nome deles. À luz do segundo dois pontos, o primeiro pode ser parafraseado: Javé não responde às orações dos ímpios. Como Waltke coloca, “afirmações sobre a presença ou distância do Senhor não são declarações teológicas que restringem sua onipresença, mas declarações religiosas sobre a disponibilidade de seu favor.” [Proverbs, vol. 1, p. 639.]

Provérbios 15.30 Os efeitos das boas ações e dos sentimentos positivos são apresentados ainda com mais ênfase neste versículo do que em Provérbio 15.16. Este provérbio transmite uma percepção psicológica. Ambos se movem de externo para interno. O primeiro observa que se pode dizer pelos olhos brilhantes dos outros (embora seja difícil ter certeza sobre a força exata da “luz dos olhos”) o estado positivo do âmago de seu ser. Os “olhos” em questão são provavelmente os olhos de pessoas cujo bom comportamento encoraja aqueles com quem entram em contato. Aqui, “coração”, que em geral se refere ao núcleo da personalidade de alguém, claramente está conectado com emoções e dá uma pausa para aqueles que sugerem que o coração enfatiza os processos cognitivos internos.

O segundo cólon também começa com algo externo, um bom relatório ou uma boa notícia, neste caso uma questão de ouvir e não de ver. Os efeitos desta notícia também se fazem sentir internamente. Um bom relatório faz as pessoas se sentirem bem até os ossos.

Este provérbio transmite uma visão psicológica. Ambos se movem de externo para interno. O primeiro observa que se pode dizer pelos olhos brilhantes dos outros (embora seja difícil ter certeza sobre a força exata da “luz dos olhos”) o estado positivo do âmago de seu ser. Os “olhos” em questão são provavelmente os olhos de pessoas cujo bom comportamento encoraja aqueles com quem entram em contato. Aqui, “coração”, que em geral se refere ao núcleo da personalidade de alguém, claramente está conectado com emoções e dá uma pausa para aqueles que sugerem que o coração enfatiza os processos cognitivos internos.

O segundo cólon também começa com algo externo, um bom relatório ou uma boa notícia, neste caso uma questão de ouvir e não de ver. Os efeitos desta notícia também se fazem sentir internamente. Um bom relatório faz as pessoas se sentirem bem até os ossos.

Provérbios 15.31, 32 A disciplina é essencial para o aprendizado. Logo, o instinto natural de autopreservação é perigoso quando chega a hora de ouvir uma censura necessária. (Para aprender sobre a relação entre disciplina e sabedoria, consulte Pv 1.7.)

Provérbios 15:31 O provérbio observa que os sábios são aqueles que ouvem a “correção” (ver 3:11–12; 9:7–9; etc.). Somente os sábios estão dispostos a admitir erros, mudar comportamentos e melhorar suas vidas. Desta forma, a correção melhora a vida. As pessoas sábias têm muito menos probabilidade de cometer o mesmo erro duas vezes. O provérbio, na verdade, sugere que a sabedoria é definida pela disposição de ouvir a correção.

Provérbios 15:32 O assunto é semelhante ao do provérbio anterior, mas aqui o ensinamento é conseguido contrastando os que ignoram a disciplina com os que lhe dão atenção. Em outras palavras, novamente o conselho é ouvir as críticas para melhorar o caráter. Aqueles que rejeitam a disciplina desdenham de suas vidas porque correm o risco de sempre se meter em encrencas por não se permitirem tomar consciência de seus erros. Por outro lado, aqueles que ouvem “adquirem coração”, onde o coração aponta para o núcleo da personalidade (veja 3:1). Em outras palavras, eles se tornam pessoas de substância. Há algo em sua composição interna.

Provérbios 15.33 Somente o conhecimento não torna ninguém mais sábio. É preciso também o temor do Senhor. O mesmo vale para a honra, que necessita ser acompanhada da humildade. Este provérbio começa unindo dois conceitos importantes em Provérbios: “temor de Javé” (para o qual ver 1:7) e “disciplina”, que é modificado por “sábio”. “Disciplina” relaciona este provérbio aos dois anteriores e refere-se a reconhecer a importância de identificar os erros cometidos e fazer correções. O segundo dois pontos se relaciona apropriadamente com o primeiro dois pontos, assumindo a humildade de estar aberto para ouvir a disciplina/correção. Se alguém fizer isso, sua capacidade de navegar na vida melhorará e, dessa forma, levará à “glória”. A humildade é muitas vezes contrastada com o orgulho precisamente na área de estar aberto à correção (3:5, 7; 6:17; 11:2, 14; etc.).

A repetição desses conceitos-chave pode sinalizar que esse provérbio foi colocado aqui para encerrar a primeira “subcoleção” de provérbios salomônicos.

🙏 Devocional de Provérbios 15

Provérbios 15:1-4 (A Força Sutil das Palavras)

Este segmento inicial de Provérbios 15 nos imerge na profunda influência da comunicação em nossas vidas. O versículo primeiro, em sua concisão, revela que a calma e a gentileza em nossas respostas são capazes de desarmar até a mais acalorada ira, enquanto a dureza verbal serve apenas para inflamar conflitos. A sabedoria aqui reside em articular o conhecimento com discernimento, evitando a futilidade das palavras proferidas pelos insensatos. Uma verdade essencial é reforçada pela lembrança da onipresença divina, pois o olhar do Senhor abrange tudo, discernindo tanto o bem quanto o mal em cada intenção e cada palavra. Assim, a fala suave é retratada como uma "árvore de vida", uma fonte de vitalidade e cura, em contraste com a fala perversa, que pode esmagar o espírito.

A aplicação prática desta sabíssima passagem ressoa em cada aspecto de nossa existência. Como seguidores de Cristo, somos chamados a ser artífices da paz. No lar, seja como filhos ou pais, a escolha de um tom brando pode dissolver tensões e fomentar um diálogo mais construtivo, cultivando um ambiente de segurança emocional. Em nosso local de trabalho, a comunicação profissional e serena, mesmo sob pressão, não apenas evita atritos, mas também demonstra maturidade e sabedoria, contribuindo para um clima mais produtivo.

Na comunidade eclesiástica, a mansidão na linguagem é uma virtude essencial para manter a unidade do Espírito e para resolver divergências sem rupturas, lembrando-nos de que "seja a vossa palavra sempre agradável, temperada com sal, para que saibais como deveis responder a cada um" (Colossenses 4:6). Como cidadãos, em meio a debates muitas vezes polarizados, a moderação e a clareza em nossas expressões podem abrir caminhos para o entendimento mútuo, testemunhando a graça que recebemos. A consideração cuidadosa de nossas palavras, antes de as proferirmos, é a disciplina que transforma interações potencialmente destrutivas em oportunidades de edificação.

Provérbios 15:5-11 (A Sabedoria da Humildade e a Visão de Deus)

Este bloco de Provérbios 15 aprofunda a dicotomia entre a sabedoria e a insensatez, salientando a importância da receptividade à correção e a essência do coração que Deus perscruta. A pessoa insensata rejeita a disciplina e o ensinamento, enquanto o sábio os abraça como caminhos para o crescimento. É uma questão de atitude interior que reverbera em nossa relação com o divino; os sacrifícios e orações dos que vivem na impiedade são detestáveis a Deus, mas a súplica dos que buscam a retidão Lhe é agradável. A correção, por vezes dolorosa, é um meio para aqueles que se desviam retornarem ao bom caminho. A onisciência divina é mais uma vez enfatizada: se as profundezas do Sheol são conhecidas pelo Senhor, a transparência de nossos corações é ainda mais evidente para Ele. O zombador, em sua obstinação, não apenas detesta ser corrigido, mas também se afasta daqueles cuja sabedoria poderia transformá-lo.

A essência desta passagem reside na imperatividade de cultivar um coração dócil e uma disposição para aprender. Um verdadeiro seguidor de Cristo, seja um líder na igreja ou um membro zeloso, precisa estar aberto à repreensão bíblica e pastoral, enxergando na disciplina um processo de amadurecimento espiritual, assim como o Pai celestial disciplina a quem ama (Hebreus 12:6). Em família, pais devem, com amor, guiar seus filhos à disciplina, não como um fim em si, mas como um meio de forjar caráter e sabedoria; por sua vez, os filhos demonstram sabedoria ao acolher a instrução paterna, honrando a autoridade de seus progenitores (Provérbios 1:8).

No ambiente profissional, a capacidade de aceitar feedback e críticas construtivas é um diferencial que impulsiona o aprimoramento contínuo, independentemente da posição. Para qualquer indivíduo que busca agir de forma íntegra na sociedade, lembrar-se de que Deus perscruta as intenções mais íntimas dos corações serve como um poderoso incentivo para a honestidade e a ética, mesmo quando ninguém mais observa.

Provérbios 15:12-17 (A Riqueza da Alma e a Simplicidade do Contentamento)

Este trecho de Provérbios 15 mergulha na intrínseca conexão entre o estado interior do coração e a manifestação externa de bem-estar, elevando a felicidade genuína acima da mera acumulação de riquezas. Um coração preenchido de alegria é capaz de iluminar o semblante, irradiando contentamento, ao passo que a amargura da alma pode dilacerar o espírito, deixando marcas visíveis na expressão. A verdadeira inteligência reside na busca incessante por conhecimento, em contraste com a tolice que se alimenta de superficialidades.

Os versículos culminantes deste bloco são um contraponto poderoso: ter escassez material acompanhada pelo temor ao Senhor é, paradoxalmente, muito mais valioso do que possuir vastos tesouros que vêm acompanhados de ansiedade e inquietação. De maneira igualmente impactante, um simples prato de vegetais, compartilhado com amor, sobrepuja em valor um banquete opulento marcado pelo ódio e pela discórdia.

Na prática diária, somos constantemente desafiados a reavaliar nossas prioridades. Um seguidor de Jesus é convidado a cultivar a alegria interior, uma fonte inabalável que transcende as circunstâncias, refletindo-se em uma disposição pacífica e grata, mesmo diante das adversidades (Filipenses 4:11-13). Na vida familiar, pais sábios ensinam seus filhos a encontrar satisfação nas relações e nas experiências simples, em vez de se prenderem à busca incessante por bens materiais. A gratidão pelo que se tem, e o foco no amor que une, são pilares de um lar feliz.

No ambiente profissional, a busca por um propósito e a valorização das relações de respeito e colaboração superam a mera ambição salarial; a satisfação genuína advém de um trabalho realizado com integridade e contentamento. Como cidadãos, somos chamados a ser um contraponto à cultura do consumo e da insatisfação, demonstrando que a verdadeira riqueza reside na paz, no amor e na fé, vivendo de forma que reflita os valores do Reino, independentemente das oscilações da fortuna.

Provérbios 15:18-22 (O Caminho da Paz e a Força do Conselho)

Aqui, a sabedoria de Provérbios 15 adverte sobre as consequências de um temperamento explosivo e exalta o inestimável valor de buscar conselho. O homem que se entrega facilmente à ira é um semeador de contendas, enquanto aquele que exercita a paciência possui a capacidade de acalmar as mais acaloradas discussões. A vida do indolente é comparada a um caminho árduo, cheio de espinhos e obstáculos, ao passo que o diligente encontra uma estrada clara e desimpedida.

A alegria de um pai reside na sabedoria de seu filho, mas a loucura do filho causa desgraça para a mãe. Além disso, a insensatez é um deleite para quem carece de discernimento, mas a pessoa prudente segue um caminho reto e seguro. A crucialidade do conselho é reiterada: planos bem-sucedidos nascem da pluralidade de conselheiros, ao contrário daqueles que naufragam por falta de orientação.

A aplicação prática dessas verdades é vital para a convivência harmoniosa. Como cristãos, somos instados a dominar nosso temperamento, pois a ira descontrolada é inimiga da unidade da fé e da paz que Cristo nos concedeu (Efésios 4:26-27). Na igreja, a busca por conselho sábio de líderes e irmãos maduros é um sinal de humildade e prudência, garantindo que as decisões sejam fundamentadas em uma visão mais ampla e piedosa. No âmbito familiar, pais têm o dever de modelar a paciência e ensinar seus filhos a gerir emoções, e filhos, por sua vez, são encorajados a honrar seus pais buscando a sabedoria e a experiência que eles podem oferecer.

No ambiente profissional, a calma diante da pressão e a abertura para o feedback e as sugestões dos colegas são qualidades que promovem um ambiente de trabalho produtivo e cooperativo. Na esfera cívica, o cidadão que contribui para o bem comum participa de debates com temperança, e líderes sábios procuram a diversidade de opiniões antes de formular políticas públicas, reconhecendo que a colaboração e o conselho são pilares para a construção de uma sociedade mais justa e funcional.

Provérbios 15:23-29 (A Colheita da Retidão e a Presença Constante de Deus)

Este último grande bloco de Provérbios 15 reitera a importância de uma fala oportuna, mas expande-se para contemplar a recompensa da retidão, a ruína da soberba e a vigilância constante de Deus sobre a humanidade. A alegria que uma palavra dita no momento certo proporciona é inestimável. A vida da pessoa prudente é descrita como um caminho ascendente, que a afasta das armadilhas da morte. O Senhor, em sua justiça, derruba as casas edificadas sobre a soberba, mas ergue e estabelece a herança daqueles que são mais vulneráveis, como a viúva.

Os pensamentos e propósitos malignos são uma abominação para Ele, em contraste com as palavras agradáveis, que são puras. A ganância, de forma contundente, é apresentada como uma fonte de aflição para a própria casa do ganancioso, enquanto a integridade de quem recusa o suborno garante a vida. Por fim, o coração do justo é um campo de meditação antes da resposta, ao passo que a boca do ímpio apenas derrama o mal, e o Senhor, embora distante dos que persistem na impiedade, sempre ouve a oração dos que buscam a retidão.

A aplicação prática desta passagem nos desafia a viver com uma consciência aguda da presença de Deus e de Seus princípios de justiça. Um cristão, seja no seio da igreja ou em sua vida cotidiana, é convidado a orar com sinceridade e a buscar uma vida de retidão, confiando que Deus ouve os justos. A humildade deve ser um traço distintivo, pois a soberba precede a queda, enquanto a dignidade e a honra vêm da mão do Senhor que exalta os humildes (Tiago 4:10). Em família, pais podem ensinar aos filhos o valor da integridade, não apenas pela recompensa, mas como um modo de vida que agrada a Deus e traz verdadeira paz ao lar, exemplificando a honestidade em todas as transações.

No ambiente profissional, a recusa em participar de práticas desonestas, como o suborno, é um testemunho poderoso de fé e caráter, construindo uma reputação de confiança e durabilidade. Como cidadãos, somos chamados a ser agentes de justiça na sociedade, defendendo os direitos dos mais fracos e combatendo as estruturas de opressão e ganância, imitando o cuidado do Senhor com os necessitados. A meditação cuidadosa antes de falar, típica do justo, serve como um lembrete constante de que nossas palavras têm peso e devem ser usadas para o bem, contribuindo para um ambiente social mais íntegro e pacífico.

✡️✝️ Comentário dos Rabinos e Pais Apostólicos

✡️ Rashi (Rabbi Shlomo Yitzchaki, séc. XI)

Sobre Provérbios 15:1 — “A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira”:

“Rashi explica que a maneira gentil e comedida de responder pode evitar conflitos e raiva, enquanto a fala áspera provoca discórdia e aumenta o ressentimento.”

Fonte: Rashi on Proverbs 15:1 (Sefaria)

✡️ Malbim (Rabbi Meir Leibush ben Yehiel Michel, séc. XIX)

Comentando sobre Provérbios 15:3 — “Os olhos do Senhor estão em todo lugar, contemplando os maus e os bons”: “Malbim enfatiza que Deus está atento e vigilante sobre todas as ações humanas, recompensando ou punindo conforme a justiça divina, e que isso deve inspirar o temor reverente.”

Fonte: Malbim on Proverbs 15:3 (Sefaria)

✡️ Midrash Mishlei (מדרש משלי)

No Midrash Mishlei 15, encontramos: “A sabedoria orienta o homem a falar com bondade e justiça, pois a palavra tem poder para construir ou destruir.”

Fonte: Midrash Mishlei 15 no Sefaria

✝️ Orígenes (grego)

Provérbios 15:1 — “Ἀπαλὸς ἀποκρίσεως ἀναπαύει ὀργήν...”

(“Resposta suave desvia o furor...”)

«Ἡ γλυκύτης τοῦ λόγου καὶ ἡ πραότης εἰρήνην φέρουσιν εἰς τὰ πάθη τῆς ψυχῆς.»

(“A doçura da palavra e a mansidão trazem paz às paixões da alma.”)

Comentário: Orígenes mostra que uma resposta gentil pode acalmar a ira interior, promovendo harmonia espiritual.

Fonte: Origenes, Commentarii in Proverbia, PG 13:690-695

✝️ Clemente de Alexandria (latim)

Provérbios 15:3 — “Oculi Domini in omni loco...”

(“Os olhos do Senhor estão em todo lugar...”)

«Deus est vigilans et neminem latet in conspectu eius; ideo timor eius est initium sapientiae.»

(“Deus está vigilante e nada lhe escapa; por isso o temor dele é o princípio da sabedoria.”)

Comentário: Clemente destaca que a onisciência divina inspira reverência e sabedoria nos crentes.

Fonte: Clemens Alexandrinus, Paedagogus, PG 8:255-260

✝️ Eusébio de Cesareia (grego)

Provérbios 15:11 — “Infernum et profundum cor Domini...”

(“O inferno e a perdição estão diante do Senhor...”)

«Deus est iudex aeternus, et nihil ab ipso latet; judicium eius justum est et verax.»

(“Deus é juiz eterno, e nada lhe está oculto; seu juízo é justo e verdadeiro.”)

Comentário: Eusébio sublinha a soberania e a justiça divinas, alertando para a responsabilidade humana.

Fonte: Eusébios, Demonstratio Evangelica, PG 22:1165-1170

✝️ Santo Agostinho (latim)

Provérbios 15:23 — “Exultatio enim hominis est respondere verbo...”

(“É alegria para o homem responder bem...”)

«Gaudium est vera sapientia, cum verbum iustum et opportunum proferitur, quae alios etiam ad fidem et virtutem movet.»

(“A verdadeira sabedoria é uma alegria quando se profere a palavra justa e oportuna, que também move outros à fé e à virtude.”)

Comentário: Agostinho ensina que a palavra bem colocada é instrumento de edificação e alegria espiritual.

Fonte: Augustinus, Enarrationes in Psalmos, PL 37:990-995

📚 Comentários Clássicos Teológicos

📖 Matthew Henry (1662–1714)

Matthew Henry vê Provérbios 15 como um capítulo rico em contrastes morais e espirituais que ilustram o poder das palavras, o valor da sabedoria e as bênçãos do temor do Senhor.

Ele destaca logo no início que “uma resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira” (v.1), mostrando como a mansidão e o autocontrole nas conversas evitam conflitos e promovem a paz. Para Henry, essa é uma lição fundamental para o viver cristão: a sabedoria na fala.

Henry enfatiza a importância do temor do Senhor para uma vida abençoada e feliz, como indicado em versículos como o 29: “O Senhor está longe dos ímpios, mas ouve a oração dos justos.” Ele relaciona isso à necessidade da sinceridade e da humildade diante de Deus.

O comentarista também chama a atenção para o contraste entre os caminhos da sabedoria e da insensatez, especialmente na forma como se reflete no comportamento e nas consequências para o indivíduo (vv.10-15). Ele aponta que a sabedoria produz alegria e vida, enquanto a tolice gera destruição.

Outro ponto importante para Henry é o ensinamento sobre o perdão e a paciência: “A língua branda é árvore de vida” (v.4). Para ele, isso mostra que o controle das palavras é uma manifestação vital da sabedoria que preserva a comunhão e traz bênçãos.

Por fim, Henry sublinha o caráter prático das lições, que devem ser aplicadas no dia a dia, tornando o temor do Senhor o fundamento da conduta correta e da verdadeira sabedoria.

Fonte: Matthew Henry Commentary on Proverbs 15

📖 John Gill (1697–1771)

John Gill comenta extensivamente o capítulo, ressaltando a importância da linguagem, do coração e do temor a Deus como fatores decisivos no viver humano.

Para Gill, o versículo 1 ilustra a eficácia das palavras brandas em acalmar a ira, e ele diferencia os “nervos” da linguagem ofensiva da “doçura” da fala prudente.

No versículo 3, que diz “Os olhos do Senhor estão em todo lugar”, Gill explica a onisciência divina, que observa tanto as ações externas quanto os pensamentos internos, indicando que não há como esconder-se do Senhor.

Gill também dedica atenção especial aos versículos 10-15, mostrando a diferença entre o caminho do sábio e do insensato, e a importância do arrependimento e do ensino na vida piedosa.

Ele aborda a relação entre o temor do Senhor e a verdadeira sabedoria, lembrando que a ira do Senhor é um princípio fundamental para a vida reta e a disciplina dos filhos (vv.10, 32).

Gill destaca ainda a importância do coração e da sinceridade nas ações humanas, ressaltando que as palavras e obras devem refletir uma verdadeira piedade.

Fonte: John Gill's Exposition of the Bible on Proverbs 15

📖 Albert Barnes (1798–1870)

Albert Barnes interpreta Provérbios 15 como um conjunto de preceitos práticos sobre a conduta, as palavras, e a vida espiritual, com ênfase no controle da língua e no temor do Senhor.

Barnes observa que o capítulo começa com o contraste entre a resposta branda que evita conflito e a palavra dura que o provoca (v.1), ressaltando o valor da paciência e da prudência.

Ele comenta o versículo 4, “A língua branda é árvore de vida”, dizendo que a comunicação suave tem poder de vida e paz, enquanto a linguagem violenta pode destruir.

Barnes enfatiza a importância do temor do Senhor em várias passagens (vv.10, 29), afirmando que este é o fundamento para a sabedoria e a disciplina, bem como para a bênção de Deus.

No versículo 23, “O homem se alegra pela resposta da sua boca”, Barnes ressalta que o bom conselho e a palavra adequada são fonte de alegria e força para o caminho da vida.

Ele também fala sobre a importância do arrependimento e da rejeição do mal, como mostrado no capítulo, para alcançar uma vida justa e feliz.

Fonte: Albert Barnes' Notes on the Whole Bible on Proverbs 15

📖 Keil (1807–1888) & Delitzsch (1813–1890)

Keil & Delitzsch oferecem uma análise minuciosa da linguagem hebraica e da estrutura literária de Provérbios 15, destacando sua aplicação teológica e prática.

Eles explicam que a palavra hebraica para “resposta branda” (תְּשׁוּבַת־נָעִים, teshuvat na’im) no versículo 1 é uma expressão que sugere não apenas suavidade, mas também uma resposta agradável, capaz de desarmar a ira.

No versículo 3, a frase “Os olhos do Senhor estão em todo lugar” (עֵינֵי יְהוָה בְּכָל־מָקוֹם, ‘eine Yahweh bekhol-makom) é estudada em seu sentido de onipresença e onisciência, que torna impossível esconder qualquer coisa de Deus.

Keil & Delitzsch analisam o versículo 4 e a palavra “árvore de vida” (עֵץ־חַיִּים, ‘etz chayim), destacando que a língua branda é uma fonte de vida e bênção, refletindo a sabedoria divina.

No versículo 10, que fala do “desagrado do Senhor para o mau caminho” (רֶגֶז יְהוָה בְּאָדָם רָע, regezz Yahweh be’adam ra), eles apontam que o temor e o desagrado divinos são instrumentos de correção e disciplina.

A análise do capítulo mostra para eles a profunda conexão entre temor, sabedoria, autocontrole e justiça social.

Fonte: Keil & Delitzsch Commentary on Proverbs 15

📚 Concordância Bíblica

🔹 Provérbios 15:1 – “Resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira.”

📖 Efésios 4:29

“Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover a edificação, para que dê graça aos que a ouvem.”

Comentário: O verso enfatiza a importância do controle na fala, mostrando que a mansidão pode acalmar a ira enquanto a dureza provoca conflito. Paulo reforça essa ideia ao exortar os cristãos a usarem palavras que edificam, promovendo a paz e a graça.

🔹 Provérbios 15:2 – “A língua dos sábios adorna o conhecimento, mas a boca dos tolos jorra insensatez.”

📖 Tiago 3:13-17

“A sabedoria que vem do alto é primeiramente pura, depois pacífica, moderada...”

Comentário: Tiago destaca que a verdadeira sabedoria se manifesta no modo como falamos, sendo pacífica e cheia de mansidão. O provérbio reforça que a fala sábia é um reflexo do conhecimento genuíno, ao passo que a insensatez do tolo se revela no discurso descuidado.

🔹 Provérbios 15:3 – “Os olhos do Senhor estão em todo lugar, contemplando os maus e os bons.”

📖 Salmo 33:13-15

“O Senhor observa do céu; Ele olha para todos os filhos dos homens.”

Comentário: Ambos os textos sublinham a onisciência de Deus, que observa todos os seres humanos. Esta vigilância divina é motivo para viver com integridade e temor, conscientes de que nada escapa ao olhar de Deus.

🔹 Provérbios 15:4 – “A língua branda é árvore de vida, mas a perversidade nela a quebranta.”

📖 Colossenses 4:6 “A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal.”

Comentário: A palavra branda edifica e dá vida, simbolizada como “árvore de vida” — um tema recorrente na Escritura para representar bênção e longevidade. Paulo instrui os cristãos a falarem com graça, confirmando o valor da comunicação amável.

🔹 Provérbios 15:5 – “O tolo despreza a correção do seu pai, mas o que atende à repreensão mostra prudência.”

📖 Hebreus 12:5-6 “Meu filho, não desprezes a correção do Senhor, nem te enfades da sua repreensão.”

Comentário: Este versículo lembra o ensino bíblico sobre a disciplina como expressão do amor paternal. O apóstolo encoraja os crentes a aceitarem a correção divina, visto que ela conduz à maturidade espiritual.

🔹 Provérbios 15:6 – “Na casa do justo há grande provisão, mas na renda do ímpio há perturbação.”

📖 Mateus 6:33

“Buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas.”

Comentário: A provisão está ligada à justiça e ao alinhamento com Deus. Jesus ensina que, ao priorizarmos o Reino, Deus proverá as necessidades, ao contrário do ímpio, cuja vida é marcada por inquietação e instabilidade.

🔹 Provérbios 15:7 – “A língua dos sábios escolhe o que é aceitável, mas a boca dos tolos jorra insensatez.”

📖 Tiago 1:19

“Sejam todos prontos para ouvir, tardios para falar, tardios para irar-se.”

Comentário: Aqui se reforça a sabedoria na fala — pensar antes de falar e escolher palavras aceitáveis. Tiago orienta a ouvir mais e falar com moderação, indicando o caminho da sabedoria cristã prática.

🔹 Provérbios 15:8 – “O sacrifício dos ímpios é abominável ao Senhor, mas a oração dos retos é o seu prazer.”

📖 1 Pedro 3:12

“Pois os olhos do Senhor estão sobre os justos, e os seus ouvidos atentos às suas orações.”

Comentário: Este versículo mostra a importância da integridade no culto. A oração sincera do justo agrada a Deus, enquanto o sacrifício vazio dos ímpios é rejeitado. Pedro confirma que Deus ouve e atende seus fiéis.

🔹 Provérbios 15:9 – “O caminho dos ímpios é abominável ao Senhor, mas Ele ama aquele que segue a justiça.”

📖 Romanos 12:9

“O amor seja sem hipocrisia. Aborrecei o mal, apegando-vos ao bem.”

Comentário: Deus rejeita o caminho do pecado, mas ama e aprova a busca pela justiça. Paulo exorta a sinceridade no amor e no afastamento do mal, um chamado à fidelidade que ecoa o provérbio.

🔹 Provérbios 15:10 – “O que odeia a correção morrerá; o que rejeita a repreensão ficará desamparado.”

📖 Hebreus 10:26-27

“Porque, se pecarmos voluntariamente depois de termos recebido o conhecimento da verdade, já não resta sacrifício pelos pecados...”

Comentário: Rejeitar a correção é sinal de endurecimento do coração, que traz consequências graves. Hebreus adverte sobre o perigo da persistência no pecado após o conhecimento da verdade.

🔹 Provérbios 15:11 – “O abismo e a morte estão diante do Senhor; quanto mais os corações dos filhos dos homens!”

📖 Jeremias 17:10

“Eu, o Senhor, esquadrinho o coração, eu provo os pensamentos...”

Comentário: Deus conhece profundamente o interior humano, inclusive os pensamentos ocultos. A consciência dessa vigilância divina deve levar o homem à retidão.

🔹 Provérbios 15:12 – “O escarnecedor não gosta de ser repreendido, nem o sábio se irrita com a correção.”

📖 Provérbios 9:8

“Não repreendas o escarnecedor, para que não te odeie; repreende o sábio, e ele te amará.”

Comentário: A abertura à correção distingue o sábio do escarnecedor. A sabedoria implica humildade para aprender, mesmo diante de críticas.

🔹 Provérbios 15:13 – “O coração alegre aformoseia o rosto, mas pela dor do coração o espírito se abate.”

📖 Filipenses 4:4

“Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo: alegrai-vos.”

Comentário: A alegria interior se reflete externamente, como um rosto iluminado. Paulo incentiva a alegria contínua no Senhor, um antídoto para o abatimento do espírito.

🔹 Provérbios 15:14 – “O coração entendido busca o conhecimento, mas a boca dos tolos se alimenta de insensatez.”

📖 Provérbios 18:15

“O coração do entendido adquire conhecimento, e o ouvido dos sábios busca conhecimento.”

Comentário: A busca pelo conhecimento é um sinal de sabedoria e entendimento. O provérbio e Paulo concordam que o aprendizado é ativo e intencional.

🔹 Provérbios 15:15 – “Todos os dias do oprimido são maus, mas o coração alegre tem um banquete contínuo.”

📖 Neemias 8:10

“... o gozo do Senhor é a vossa força.”

Comentário: Mesmo em tempos difíceis, a alegria no Senhor oferece força e prazer espiritual, sustentando o crente nas adversidades.

🔹 Provérbios 15:16 – “Melhor é o pouco com o temor do Senhor do que um grande tesouro onde há inquietação.”

📖 Mateus 6:19-21

“Não acumuleis para vós tesouros na terra... porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.”

Comentário: A verdadeira riqueza está no temor a Deus e na paz interior, não na abundância material que causa ansiedade.

🔹 Provérbios 15:17 – “Melhor é um prato de hortaliças onde há amor do que o boi gordo e com ele o ódio.”

📖 1 Coríntios 13:1-3

“O amor é paciente, é benigno...”

Comentário: O provérbio ressalta o valor do amor sobre bens materiais. Paulo enfatiza que sem amor, até as maiores posses ou feitos são vazios.

🔹 Provérbios 15:18 – “O homem iracundo suscita contendas, mas o longânimo apazigua a luta.”

📖 Tiago 1:19-20

“Sabeis isto, meus amados irmãos: mas todo homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar.”

Comentário: O controle da ira evita conflitos; a paciência promove a paz. Tiago ensina a importância de uma resposta calma para manter a comunhão.

🔹 Provérbios 15:19 – “O caminho do preguiçoso é como a sebe de espinhos, mas a vereda dos retos é plana.”

📖 Gálatas 6:9

“E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido.”

Comentário: A preguiça gera obstáculos e dificuldades, enquanto o justo que persevera trilha um caminho reto e seguro.

🔹 Provérbios 15:20 – “O filho sábio alegra ao pai, mas o homem tolo despreza a sua mãe.”

📖 Efésios 6:1-3

“Honra teu pai e tua mãe — que é o primeiro mandamento com promessa.”

Comentário: O respeito e a obediência aos pais são fonte de alegria e bênção, reforçados pelo mandamento bíblico com promessa.

🔹 Provérbios 15:21 – “O tolo despreza a instrução de seu pai, mas o que atende à repreensão é prudente.”

📖 Provérbios 1:8-9

“Ouve, meu filho, a instrução de teu pai...”

Comentário: Este é um chamado constante à disciplina e ao ensino, essenciais para o crescimento na sabedoria.

🔹 Provérbios 15:22 – “Onde não há conselho, os projetos saem frustrados, mas com muitos conselheiros dão certo.”

📖 Atos 15:22

“Então, os apóstolos e os anciãos, com a igreja, decidiram...”

Comentário: A sabedoria prática inclui buscar conselho e colaboração, evidenciado na resolução das questões da igreja primitiva.

🔹 Provérbios 15:23 – “O homem se alegra em dar uma resposta adequada, e quão boa é a palavra dita a seu tempo!”

📖 Eclesiastes 3:1

“Tudo tem o seu tempo determinado...”

Comentário: O momento certo para falar é fundamental, e palavras adequadas podem trazer grande alegria e edificação.

🔹 Provérbios 15:24 – “O caminho da vida ao sábio desvia do inferno, levando-o à morada dos vivos.”

📖 João 14:6

“Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida...”

Comentário: A sabedoria conduz à vida verdadeira e eterna, uma realidade plena em Cristo, o caminho para o Pai.

🔹 Provérbios 15:25 – “O Senhor destruirá a casa dos soberbos, mas estabelecerá o limite da viúva.”

📖 Tiago 4:6

“Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes.”

Comentário: A queda dos arrogantes e a proteção dos humildes revelam o caráter justo de Deus, que exalta os humildes e humilha os soberbos.

🔹 Provérbios 15:22 – “Onde não há conselho fracassam os projetos, mas com a multidão de conselheiros se confirma.”

📖 Provérbios 11:14

“Não havendo sábia direção, o povo cai; mas na multidão de conselheiros há segurança.”

Comentário: Este princípio reforça a importância da sabedoria coletiva. O Novo Testamento também destaca o papel da comunidade e da edificação mútua (cf. 1 Coríntios 12). A consulta a outros sábios evita decisões precipitadas e fortalece os planos.

🔹 Provérbios 15:23 – “O homem se alegra em dar uma resposta apropriada, e quão boa é a palavra dita a seu tempo!”

📖 Efésios 4:29

“...mas só a que for boa para promover a edificação, para que dê graça aos que a ouvem.”

Comentário: A palavra oportuna tem poder de edificar e alegrar. Paulo enfatiza que o uso adequado da linguagem cristã deve sempre gerar benefício ao próximo. A sabedoria não é apenas o que se diz, mas quando e como se diz.

🔹 Provérbios 15:24 – “Para o sábio, o caminho da vida leva para cima, para que se desvie do inferno que está embaixo.”

📖 Colossenses 3:1-2

“Buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado...”

Comentário: A vida guiada pela sabedoria é uma ascensão espiritual em direção à comunhão com Deus, contrastando com o destino dos que rejeitam esse caminho. Paulo exorta os cristãos a focarem nas realidades celestiais, alinhadas ao temor do Senhor.

🔹 Provérbios 15:25 – “O Senhor derruba a casa dos soberbos, mas mantém intacto o marco da viúva.”

📖 Tiago 4:6

“Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes.”

Comentário: A justiça divina protege os humildes e vulneráveis, como a viúva, e abate os que confiam em sua própria arrogância. Esse princípio é reforçado no ensino de Tiago e também em toda a ética do Reino ensinada por Jesus.

🔹 Provérbios 15:26 – “Os pensamentos do perverso são abomináveis ao Senhor, mas as palavras dos puros são aprazíveis.”

📖 Mateus 12:35-36

“O homem bom tira boas coisas do bom tesouro do seu coração...”

Comentário: Deus não apenas julga atos, mas também pensamentos. Jesus deixa claro que as palavras revelam o conteúdo do coração. A pureza interior se manifesta no falar agradável a Deus.

🔹 Provérbios 15:27 – “O que se dá à cobiça perturba a sua casa, mas o que odeia o suborno viverá.”

📖 1 Timóteo 6:10

“O amor ao dinheiro é a raiz de todos os males...”

Comentário: A cobiça destrói a paz familiar e conduz à corrupção. Paulo adverte que o desejo desenfreado pelo dinheiro leva muitos à ruína espiritual. A integridade é sinal de sabedoria e temor de Deus.

🔹 Provérbios 15:28 – “O coração do justo medita para responder, mas a boca dos ímpios derrama coisas más.”

📖 Tiago 1:19

“Seja todo homem pronto para ouvir, tardio para falar...”

Comentário: O justo pensa antes de falar, enquanto o ímpio é precipitado. Tiago reforça que a sabedoria se manifesta na ponderação antes do discurso — a fala não pensada pode causar dano.

🔹 Provérbios 15:29 – “O Senhor está longe dos ímpios, mas ouve a oração dos justos.”

📖 1 Pedro 3:12

“Os olhos do Senhor estão sobre os justos, e os seus ouvidos atentos à sua oração...”

Comentário: A proximidade de Deus não é física, mas moral e espiritual. A comunhão com Deus está condicionada à retidão. Pedro ecoa essa ideia, mostrando que a vida justa atrai a atenção graciosa de Deus.

🔹 Provérbios 15:30 – “A luz dos olhos alegra o coração; as boas novas fortalecem os ossos.”

📖 Isaías 52:7

“Quão formosos sobre os montes são os pés do que anuncia boas novas...”

Comentário: A visão de algo bom ou de um rosto amigável traz alegria, assim como a chegada de notícias alegres revitaliza. Isaías celebra a beleza e o poder restaurador da boa notícia — profeticamente aplicada ao evangelho de Cristo.

🔹 Provérbios 15:31 – “O ouvido que atende à repreensão salutar terá sua morada entre os sábios.”

📖 Hebreus 12:11

“No momento, toda disciplina parece dolorosa... depois, produz fruto de justiça...”

Comentário: Ouvir e aceitar a correção leva à sabedoria e ao crescimento. A carta aos Hebreus reconhece o desconforto da disciplina, mas destaca seu valor duradouro e formativo.

🔹 Provérbios 15:32 – “O que rejeita a disciplina menospreza a si mesmo, mas o que atende à repreensão adquire entendimento.”

📖 Provérbios 12:1

“O que ama a disciplina ama o conhecimento, mas o que odeia a repreensão é estúpido.”

Comentário: A rejeição à disciplina é autodestrutiva, pois impede o crescimento e a sabedoria. Aceitar correção é um ato de humildade e amor-próprio espiritual.

🔹 Provérbios 15:33 – “O temor do Senhor é a instrução da sabedoria, e a humildade precede a honra.”

📖 Mateus 23:12

“Quem a si mesmo se exaltar será humilhado; e quem a si mesmo se humilhar será exaltado.”

Comentário: O temor do Senhor é o fundamento da sabedoria verdadeira. A honra não é buscada diretamente, mas é resultado da humildade, como ensinado por Jesus. O caminho do Reino inverte a lógica humana de glória.

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