Provérbios 28: Significado, Teologia e Exegese

Provérbios 28

Provérbios 28 apresenta uma série de contrastes nítidos entre o justo e o ímpio, destacando as consequências diretas da obediência à lei de Deus e da rebelião contra ela. A mensagem geral do capítulo enfatiza que a integridade e a honestidade levam à segurança e à prosperidade, enquanto a perversidade e a opressão resultam em ruína e instabilidade. Ele aborda temas como a oração, a sabedoria na liderança, a ganância, a disciplina e a importância de confessar os pecados.

No hebraico original, o capítulo faz uso extensivo do paralelismo antitético, que contrasta vividamente os caminhos e destinos do justo e do ímpio, tornando as lições morais particularmente impactantes e fáceis de assimilar. Essa estrutura clara serve para reforçar as verdades fundamentais sobre o bem e o mal. Esses ensinamentos encontram um eco profundo no Novo Testamento, que também ressalta a importância da justiça, da honestidade, da compaixão e da confissão de pecados (Mateus 5:6; 1 João 1:9; Tiago 5:16). A sabedoria aqui não é apenas sobre o que fazer, mas sobre o caráter que molda a vida de um indivíduo e as bênçãos ou maldições que dela decorrem.

📝 Resumo de Provérbios 28

Provérbios 28 inicia contrastando a segurança do justo com o medo do ímpio e a consequência da transgressão da lei. Nos Pv 28:1–2, o texto afirma que o ímpio foge sem que ninguém o persiga, mas o justo é corajoso como um leão. Quando uma nação transgride, muitos são os seus chefes, mas com um homem entendido e sábio, a ordem é mantida.

Já nos Pv 28:3–5, a sabedoria descreve o opressor e a capacidade de discernimento. Um homem pobre que oprime outros pobres é como uma chuva torrencial que não deixa alimento. Aqueles que abandonam a lei louvam os ímpios, mas os que guardam a lei lutam contra eles. Homens maus não entendem a justiça, mas aqueles que buscam o Senhor entendem tudo.

No que se refere à integridade, riqueza e sabedoria, em Pv 28:6–8, é melhor ser pobre e andar em integridade do que ser rico e andar em caminhos tortuosos. Quem guarda a lei é filho sábio, mas quem se associa com glutões envergonha seu pai. Quem aumenta sua riqueza com juros e usura ajunta para quem se compadece dos pobres.

Em seguida, nos Pv 28:9–12, a sabedoria aborda a rejeição da lei e as consequências da retidão. Quem desvia o ouvido para não ouvir a lei, até sua oração será uma abominação. Quem faz o reto errar por um mau caminho, cairá em sua própria cova, mas o íntegro herdará o bem. O rico se julga sábio, mas o pobre que tem entendimento o sonda. Quando os justos triunfam, há grande alegria; mas quando os ímpios sobem ao poder, os homens se escondem.

Ainda sobre a confissão, a disciplina e a opressão, em Pv 28:13–16, quem encobre suas transgressões jamais prosperará, mas quem as confessa e as abandona alcançará misericórdia. Feliz é o homem que teme continuamente, mas quem endurece o coração cairá na desgraça. Como um leão que ruge ou um urso que ataca, assim é o governante ímpio sobre um povo pobre. O príncipe sem entendimento é um grande opressor, mas quem odeia a ganância prolongará seus dias.

Os provérbios seguintes, nos Pv 28:17–20, tratam do assassino, do íntegro e da pressa para enriquecer. Um homem que é culpado de derramamento de sangue fugirá até a cova; que ninguém o detenha. Quem anda em integridade será salvo, mas quem segue caminhos tortuosos cairá de repente. Quem cultiva sua terra terá pão em abundância, mas quem persegue futilidades será pobre. O homem fiel terá muitas bênçãos, mas quem se apressa para enriquecer não ficará impune.

Finalmente, a sabedoria conclui com a imparcialidade, a ganância e a repreensão. Nos Pv 28:21–24, mostrar parcialidade não é bom, pois um homem pode pecar por um pedaço de pão. O homem com um olho cobiçoso se apressa para enriquecer, mas não sabe que a pobreza virá sobre ele. Quem repreende o homem achará mais favor do que quem o lisonjeia com a língua. Quem rouba seu pai ou sua mãe e diz “Não há transgressão”, é companheiro de um destruidor.

Os Pv 28:25–28 encerram o capítulo com a confiança no Senhor e o destino dos ímpios. O ganancioso incita a contenda, mas quem confia no Senhor prosperará. Quem confia em seu próprio coração é tolo, mas quem anda em sabedoria será salvo. Quem dá aos pobres não passará necessidade, mas quem fecha os olhos para eles terá muitas maldições. Quando os ímpios sobem ao poder, os homens se escondem; mas quando eles perecem, os justos prosperam.

📖 Comentário de Provérbios 28

Provérbios 28:1-3 Fogem os ímpios sem motivo (Sl 53.5), porque sentem culpa e medo de serem pegos.

Provérbios 28:1 O contraste entre os ímpios e os justos não poderia ser declarado de forma mais clara ou em termos mais contrastantes. Os ímpios têm medo e assim fogem do conflito, tanto que correm antes mesmo de haver uma luta. Isso pode indicar sua má consciência. Como muitos outros comentaristas apontam, a linguagem de fuga mesmo sem perseguição é encontrada também nas maldições da aliança de Lev. 26:17, 36. Eles sabem que não têm como se sustentar. Por outro lado, a confiança do justo é comparada a um leão. A comparação implica que eles estão bem preparados para cuidar de qualquer ataque que surja em seu caminho. eles não devem temer qualquer pessoa, apenas Javé (Pv 1:7).

Provérbios 28:2 A tradução do primeiro cólon é relativamente clara e seu ponto é quase tão transparente. Basicamente, a questão é que a ofensa a um terreno levará a uma proliferação de lideranças, o que não é bom. Governantes benevolentes de longa duração são a melhor circunstância para uma nação, fornecendo segurança. A ofensa pode muito bem ser uma rebelião, que por si só pode injetar instabilidade em um país. Os muitos líderes podem apontar para a fragmentação de uma terra anteriormente unida ou talvez para uma sucessão de líderes enquanto eles disputam violentamente o poder.

A segunda vírgula fornece a maior dificuldade neste provérbio. Embora todas as palavras nos dois pontos sejam facilmente reconhecidas, a sintaxe é difícil. Em particular, a dificuldade é saber a relação entre “compreensão” (mēbîn) e “saber” (yōdēaʿ). Murphy adota um entendimento diferente da sintaxe: “mas com uma pessoa inteligente, conhecedora - a estabilidade perdurará”. No entanto, esta tradução também implica entender kēn (traduzimos “assim”) como uma palavra que significa “estabilidade”, que o próprio Murphy chama de “duvidoso”. [Murphy, Proverbs, p. 212.]

De acordo com nossa tradução, o segundo dois pontos está simplesmente afirmando que as pessoas de entendimento sabem que uma “ofensa” levará a problemas e evitam ofender (ou se rebelar) e, assim, evitar as consequências destrutivas.

Provérbios 28:3 Aqueles que tentam tirar algo dos pobres estão tentando “tirar sangue de uma pedra”, como diz o ditado moderno. Este provérbio prevê uma cena particularmente lamentável quando os pobres oprimem os pobres, levando a resultados devastadores. Pessoas que não têm nada tentam obter algo de pessoas que não têm nada, o que não leva a nada. As chuvas que lavam os alimentos podem se referir às chuvas que destroem as plantações e arruínam a colheita (ver 26:1). Murphy acredita que a expressão “pessoas pobres” precisa ser entendida como referindo-se aos “ex-pobres” que ganharam algum dinheiro, mas mesmo assim não mostram misericórdia para com aqueles que estão nas mesmas circunstâncias que eles experimentaram anteriormente. Isso parece desnecessário, pois é muito possível imaginar uma circunstância em que um pobre possa oprimir outro. [Clifford, Proverbs, p. 243]

Provérbios 28:4, 5 Quando a pessoa abandona a Lei de Deus, ela perde toda a noção de certo e errado e segue o caminho do ímpio (Rm 1.28-32). Como o verdadeiro juízo provem de Deus, os ímpios não conseguem entender a justiça do Senhor. E por isso que temer ao Senhor é o principio da sabedoria (Pv 1.7).

Provérbios 28:4 O contraste é entre aqueles que rejeitam a instrução e aqueles que a afirmam. Um grupo cede à maldade, enquanto o outro não apenas resiste a ela, mas também a combate. O referente exato de “instrução” (tôrâ) não é claro. No mínimo, a instrução aponta para o ensino dos sábios no livro de Provérbios. No entanto, precisamos estar abertos à possibilidade, especialmente porque o livro agora está situado em um cânon maior, de que a palavra possa se referir à lei de Deus na Torá.

Provérbios 28:5 A primeira vírgula é claramente verdadeira. A compreensão envolve mais do que a mera consciência de um conceito de justiça. Isso implica que eles apreciam isso. Pessoas más não querem entender a justiça porque vivem vidas que estão em desacordo com a justiça. Por outro lado, aqueles que desejam ter um relacionamento com o Senhor entendem. Uma pergunta que podemos fazer é: O que o provérbio quer dizer com “tudo”? Pareceria uma arrogância estranha reivindicar compreensão completa de qualquer coisa no universo. Provavelmente é melhor delimitar o “tudo” a questões de justiça. Afinal, aqueles que buscam Javé são sábios e querem saber qual é a vontade de Javé. Javé define a natureza da justiça, então, ao buscar Javé, eles passam a saber o que a justiça implica. Clifford capta corretamente o sentido deste provérbio: “As pessoas inclinadas ao mal não são sábias; eles não conhecem o julgamento no sentido de que não veem a justiça divina que eventualmente os alcançará. Por outro lado, aqueles que buscam a Javé entendem ‘todas as coisas’, incluindo a recompensa de Javé e a punição dos ímpios.” [Ibid., 244.]

Provérbios 28:6 Os provérbios fazem considerações equilibradas a respeito do rico e do pobre. Em nenhum momento, presumem que a retidão leve a riqueza, nem que as pessoas ricas são necessariamente fieis a Deus. Conforme indicado por este versículo 6, é melhor padecer necessidades e ter riquezas espirituais, do que possuir muitos bens e ser uma pessoa ímpia.

Provérbios 28:6 Este provérbio melhor do que fornece um julgamento relativo entre integridade e riqueza. Nada há de errado com a riqueza em si, mas se uma decisão deve ser tomada, é claro que a integridade é mais importante e as riquezas devem ser sacrificadas. A metáfora de caminhar por um caminho, tão familiar nos caps. 1–9, fundamenta este provérbio. Existem dois caminhos, um bom (aqui descrito como “irrepreensível”) e um mau (aqui “torto/torto”). Provérbios 19:1 fornece uma idéia semelhante.

Provérbios 28:7 Ser companheiro dos comilões (Pv 23.20, 21) é desobedecer a Lei de Deus. Por isso que os inimigos de Jesus o acusavam de andar na companhia de glutões [comilões]; tais acusações eram ataques a Sua fidelidade a Deus (Mt 11.19).

Provérbios 28:7 O provérbio, presumindo um pai sábio, mede a sabedoria da criança se o pai se envergonha de suas ações. Como em 28:4, o termo “instrução” (tôrâ) poderia se referir hipoteticamente aos mandamentos de Deus na Torá ou ao conselho do pai. Em outra parte de Provérbios, o pai incentiva a moderação e a falta de controle na dieta é criticada (23:1-3). É possível que a instrução aqui se refira ao conselho que encontramos representado nos próprios Provérbios, mas também devemos nos referir a Dt. 21:18–21, onde um filho teimoso e rebelde é descrito como um “comilão e bêbado”. Lá a Torá permite o apedrejamento da criança. No presente provérbio, até mesmo a associação com glutões é condenada, embora a associação possa presumir a participação.

Provérbios 28:8, 9 O lucro obtido por meio da usura é injusto. Deus acabara por ajudar os pobres — às custas de seus exploradores.

Provérbios 28:8 A riqueza é boa e frequentemente considerada um sinal de sabedoria e bênção de Deus (3:9–10; 10:15, 22), mas nem sempre. Provérbios reconhece que algumas pessoas acumulam riqueza ilegitimamente (11:18; 21:6; 22:16), e uma dessas formas ilegítimas é cobrando juros. Cobrar juros de outros israelitas era contra a lei (Êx 22:25 [24 MT]; Dt 23:20). Aqui, a consequência é que a riqueza seria retirada e dada a alguém que fosse bom para os pobres. Provérbios frequentemente encoraja a generosidade para com os pobres (11:24; 28:27; 29:7, 14). No presente versículo, a suposição implícita pode ser que essas pessoas estão extorquindo os pobres cobrando-lhes juros, mas que qualquer material ganho por essa estratégia será devolvido aos pobres. O mecanismo de “juntar” essa riqueza adquirida de forma inadequada não é especificado, mas a suposição pode ser de que Deus cuidará para que isso aconteça.

Provérbios 28:9 Este provérbio fala novamente da importância da “instrução” (veja também 28:4, 7). Aqui ainda mais do que nos contextos anteriores, a questão do referente de “instrução” não é clara. No entanto, como achamos provável que vv. 4 e 7 incluíam tanto as instruções de sabedoria do livro de Provérbios quanto os mandamentos da Torá, podemos presumir com razão que o mesmo é verdade aqui. Não ouvir uma instrução implica em desobediência, e o ponto do provérbio é que Deus não ouvirá as orações daqueles que não ouvem suas instruções. Abominação é um forte negativo; para um explicação veja 3:22; 11:1; 20:23.

Provérbios 28:10-13 O que faz com que os retos se desviem. Estas palavras assemelham-se ao alerta de Jesus contra desviar Seus discípulos do caminho (Mt 18.6). Paulo capta vividamente este tipo de maldade: Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá (1 Co 3.17).

Provérbios 28:10 Já é ruim o suficiente ser perverso, mas é duplamente ruim fazer com que aqueles que estão andando no caminho reto se desviem. Aqueles que podem ser tentados a influenciar os justos a agirem iniquamente são advertidos de que são eles que sofrerão. Aqui e em outras partes de Provérbios, os ímpios são informados de que experimentarão a dor que desejam infligir aos outros. Por outro lado e em contraste, os íntegros, aqueles que agem com integridade e sabedoria, herdarão coisas boas. As coisas boas não são especificadas, mas pode-se imaginar coisas como riqueza, saúde, vitalidade espiritual e uma boa vida familiar.

Provérbios 28:11 Este provérbio ataca o fingimento. O contraste entre ricos e pobres é apenas para tornar ainda mais dramático o contraste entre aqueles que fingem e aqueles que podem ver através do fingimento. Em Provérbios, a riqueza é melhor do que a pobreza, mas como as pessoas usam a riqueza para se iludir e iludir os outros, a riqueza é pior do que a pobreza. A expressão “aos seus próprios olhos” é usada em vários lugares em Provérbios (3:7; 12:15; 26:5; 30:12) para se referir à presunção. A riqueza às vezes pode obscurecer a mente de modo que os ricos pensem que têm mais recursos do que eles. Pode gerar presunção e um sentimento de autoconfiança. Por outro lado, uma pessoa de entendimento, mesmo que pobre, pode ver através deste fingimento.

Provérbios 28:12 A justiça é o lado ético da sabedoria e a maldade o lado ético da loucura. O provérbio comenta sobre os benefícios comunitários da sabedoria versus a desvantagem da insensatez. Os justos se regozijam quando a sabedoria prevalece, e quando a sabedoria prevalece há sucesso, não apenas para o indivíduo, mas também para a sociedade como um todo. Muita glória se acumula para a comunidade onde a sabedoria faz sua influência ser sentida. Essa influência de sabedoria provavelmente é obtida pela presença de líderes sábios. A segunda vírgula descreve a reação das pessoas quando tolos perversos “se levantam” e assumem o controle. Eles se escondem por medo de que consequências ruins caiam sobre eles, seja por abuso ou negligência.

Provérbios 28:13 declara: “O que encobre as suas transgressões nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia.” Esse provérbio, único em todo o livro a exigir confissão (como observa Murphy, Proverbs, p. 216), oferece uma chave espiritual decisiva: prosperidade verdadeira — não apenas material, mas moral e espiritual — não pode coexistir com a tentativa de esconder o pecado. O verbo hebraico para "encobrir" é kāsáh, que implica esconder, disfarçar, mascarar; é a mesma raiz usada para "cobrir" os pecados dos outros com amor (Pv 10:12), mas aqui está sendo aplicada de forma negativa: é o homem tentando esconder a si mesmo da verdade.

Esse esconderijo, porém, é ilusório. Jesus afirma em Lucas 12:2-3: “Nada há encoberto que não venha a ser revelado; e oculto que não venha a ser conhecido.” A tentativa humana de se proteger com mentiras, omissões e desculpas sempre falha diante do olhar penetrante de Deus. A história de Acã (Josué 7) é um exemplo clássico: ele escondeu um tesouro proibido sob a tenda, pensando que escaparia, mas foi descoberto. Sua tragédia mostra que o que é escondido ao homem, Deus traz à luz. Não é por acaso que o Salmo 32:5 diz: “Confessei-te o meu pecado, e a minha iniquidade não encobri... e tu perdoaste.”

O provérbio também liga confissão à renúncia: “confessa e deixa”. A palavra hebraica para confissão está ligada ao verbo yādāh, que carrega a ideia de reconhecimento público e voluntário; não é apenas admitir, mas trazer à luz, expor-se à cura. Já o verbo “declinar” ou “deixar” é ʼāzav, que significa abandonar, repudiar, cortar relação com algo. Isso mostra que verdadeira confissão inclui arrependimento, mudança de vida. No Novo Testamento, essa mesma sequência aparece em 1 João 1:9: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.”

Muitos tentam se justificar como Adão fez no Éden, tentando cobrir-se com folhas e desculpas. Como explica o sermão citado: “Deus pode cobrir os pecados do homem, mas o homem não deve tentar cobrir os seus próprios. Sempre que o faz, acrescenta pecado ao pecado.” Isso não quer dizer que a pessoa deva expor-se publicamente de maneira desnecessária, mas que deve abrir o coração diante de Deus, e diante de quem foi diretamente afetado, se for o caso. Encobrir o pecado com mentiras, autoengano, tempo ou religiosidade exterior é o caminho certo para a culpa crescer em silêncio e corroer o coração. Como afirma o texto que comentamos, "quem encobre suas transgressões não prosperará": nem na alma, nem no corpo, nem nas relações. O pecado escondido é como um tumor interno: invisível, mas mortal.

Por outro lado, a segunda metade do versículo traz uma promessa surpreendente: “alcançará misericórdia”. O termo hebraico aqui é raḥam, que implica compaixão profunda, maternal, graciosa. Essa misericórdia é o ato de Deus cobrir o pecado com o sangue de Cristo, como nos lembra Romanos 4:7: “Bem-aventurados aqueles cujas iniquidades são perdoadas, e cujos pecados são cobertos.” Como destacou o sermão: “Antes de Deus cobrir um pecado, ele o revela ao pecador. E quando ele o reconhece e se arrepende, então Deus cobre o que foi confessado com a justiça de Cristo.”

Nada mais trágico que esconder um pecado debaixo do tapete e carregá-lo por anos, como quem esconde uma raposa faminta sob a camisa — e ela o devora por dentro. Mas nada mais doce do que experimentar a liberdade de dizer como o salmista: “Tu encobriste os meus pecados”. Jesus é o verdadeiro "assento da misericórdia" (cf. Rm 3:25), onde Deus não nos trata segundo nossos pecados, mas segundo sua graça.

Em resumo: quem tenta se cobrir com desculpas, tempo, ou justificativas, está perdido. Mas quem se desnuda diante de Deus, confessa e deixa, este sim, é coberto por Deus — e coberto pela graça é melhor do que qualquer capa humana. Confessar não é sinal de fraqueza, mas o primeiro passo da redenção. E a promessa é certa: esse alcançará misericórdia.

Confissão de pecados e o caminho para a misericórdia e prosperidade, segundo Provérbios 28:13.
Provérbios 28:13 nos lembra que, ao confessarmos e abandonarmos nossas transgressões, abrimos as portas para a misericórdia e a bênção de Deus. Um convite à transparência e à transformação em Sua luz.

Provérbios 28:14 Este versículo ressalta como é bem-aventurado aquele que reverencia o Senhor (Sl 1.1). A pessoa que nunca pensa em Deus enfrenta calamidades. Este é um provérbio interessante à luz dos desejos atuais de livrar a vida de todo estresse. Os sábios aqui aparentemente estão elogiando o medo sobre a insensibilidade. Não parece que o medo aqui referido seja especificamente “medo de Javé”, que normalmente usa o verbo yrʾ (1:7) em vez de pḥd, como temos aqui. O medo tem uma maneira de manter as pessoas alertas para problemas potenciais. Se alguém não experimenta um certo nível de estresse, é provável que a complacência se instale e, mais cedo ou mais tarde, consequências negativas resultarão. Afinal, é o medo de não conseguir pagar as contas que ajuda a motivar a maioria de nós hoje a acordar cedo e ir trabalhar. Na antiguidade, se não houvesse o medo da fome, provavelmente seria igualmente tentador ficar na cama em vez de acordar cedo e cuidar das plantações e dos animais. Em suma, a preocupação tem um valor redentor. Por outro lado, aqueles cujos corações são duros, no sentido de insensibilidade, sofrerão pelos motivos opostos.

Provérbios 28:15, 16 Como leão bramidor. Por meio desta expressão, o reinado opressivo do rei malévolo é comparado a animosidade do ataque de certas feras. Sem a verdadeira compreensão, o rei insensato não percebe que a segurança de seu trono está ligada ao bem-estar de seus súditos. O rei que detesta esse tipo de opressão descabida traz estabilidade e prolonga o seu reinado.

Provérbios 28:15 Este provérbio apresenta uma imagem de comparação simplesmente listando os objetos. O primeiro cólon apresenta dois animais, o leão e o urso, ambos conhecidos como perigosos. O perigo é intensificado pela adição dos modificadores “rosnando” e “espreitando”. São animais em busca de presas que possam consumir. No segundo cólon, o governante perverso é mencionado, e devemos entender o governante como o terceiro animal violento e cruel. A presa deste governante é seu próprio povo pobre. Tiranos no passado, assim como hoje, eram conhecidos por sugar o sangue vital de seu povo, tornando-se ricos enquanto seu povo era empobrecido. Essa comparação é uma observação, mas uma observação que serve como advertência sobre os governantes perversos. Os súditos de um governante iníquo geralmente pouco podiam fazer sobre a circunstância, mas isso os advertiria a andar com cuidado quando vivessem sob um governante iníquo.

Provérbios 28:16 Este provérbio não parece estar perfeitamente equilibrado em suas duas partes, mas ainda faz sentido sem recorrer a emendas. O provérbio está associado ao anterior de acordo com o tema do “governante do mal”. De qualquer forma, as duas colas contrastam governantes ruins e bons. Os primeiros dois pontos descrevem um governante cruel e opressor como alguém sem “entendimento”, uma palavra intimamente relacionada à sabedoria. No segundo cólon, lemos sobre “um”, isto é, um príncipe, que odeia um lucro injusto. Embora o termo não seja usado especificamente, esse príncipe obviamente é alguém que tem “entendimento”, isto é, sabedoria. A sabedoria é uma categoria ética e, ao não explorar as pessoas de forma econômica, esse príncipe está se mostrando sábio. Como é bem conhecido em Provérbios, a sabedoria conduz à vida.

Provérbios 28:17-19 A expressão “lavrar a sua terra” é um chamado ao trabalho árduo, uma promessa de recompensa e um alerta contra os ociosos.

Provérbios 28:17 Este provérbio defende a dignidade da vida humana. Se as pessoas tirarem uma vida, suas próprias vidas serão perdidas (Gn 9:5-6). Aqui, os dois primeiros pontos descrevem alguém que tirou a vida de outra pessoa e se sente oprimido ou atormentado por esse ato. De fato, o segundo dois pontos, reconhecidamente difícil de entender com certeza, parece sugerir que a pessoa é suicida. Isso é provavelmente o que sugere a declaração de que tal pessoa está em um vôo para o poço, com “poço” representando o submundo. [Johnston, Shades of Sheol.]

O provérbio não oferece conforto a tal pessoa — na verdade, muito pelo contrário. Os sábios aconselham o ouvinte a não oferecer ajuda à pessoa atormentada. Não encoraja uma pessoa a apressar a corrida do assassino para a morte, mas proíbe impedi-la.

Provérbios 28:18 A metáfora que impulsiona esse provérbio é a do caminho, tão difundida na primeira parte do livro, mas também encontrada esporadicamente nos capítulos. 10–31 também. Existem dois caminhos: retos e tortuosos. Os primeiros dois pontos pressupõem os primeiros. Aqueles que andam na inocência serão salvos. Isso levanta a questão “De quê?” Pelo menos, a pessoa será salva de problemas e de uma morte prematura. O oposto daqueles que andam pelos caminhos retos (implícitos) da inocência são aqueles que andam pelos caminhos tortuosos. Caminhos tortuosos presumem o mal. Em qualquer caso, tal cairá. Tropeçar no caminho significa encontrar problemas que não são superados. A dificuldade que acompanha o segundo cólon é o significado da frase preposicional “em um”. Os comentaristas lidam com isso de maneiras diferentes, mas, em última análise, não podemos ser dogmáticos.

Provérbios 28:19 Este provérbio é outra versão da advertência contra os perigos da preguiça. Trabalhadores esforçados ficam ricos; pessoas preguiçosas logo ficam pobres (veja “Preguiça e Trabalho Duro” no apêndice). Aqui, como em outros lugares (10:5), esta verdade é expressa em termos agrícolas. O ponto é óbvio. Se as pessoas saírem e fizerem o trabalho de plantar, cuidar de suas plantações e colher, terão bastante comida para si e suas famílias. Mas se, em vez de se concentrarem no importante trabalho de manutenção da colheita, desperdiçarem seu tempo com assuntos não essenciais, não terão nada na época da colheita. Como todos os provérbios, este é verdadeiro se todas as coisas forem iguais. Não pretende levar em conta todas as possibilidades. Uma tempestade ou uma seca podem minar até mesmo os esforços mais difíceis, mas se não fizermos o trabalho, não haverá chance de uma boa colheita. Veja 12:11 para um provérbio quase similar.

Provérbios 28.20 O homem fiel tem êxito. Ou seja, e a fidelidade a Deus, e não a ambição, que determina o sucesso na vida.

Provérbios 28:20 Provérbios se preocupa com aqueles que correm para ficar ricos (13:11). A experiência mostrou que isso levava a atalhos eticamente duvidosos. Em contraste com o apressado, este provérbio apresenta aqueles que são “confiáveis”. Esta palavra indica pessoas que são éticas e confiáveis. As consequências do comportamento confiável são as “bênçãos” bastante vagas. De acordo com o paralelo, essas bênçãos provavelmente incluíam riquezas, e certamente vários outros provérbios também associam ganho material com sabedoria (como em 3:15-16). No entanto, também é provável que as bênçãos pudessem ter sido compreendidas de forma ainda mais ampla para incluir coisas como felicidade relacional ou vida longa. A punição daqueles que correm para a riqueza também não é especificada. Isso pode incluir o profundo desapontamento da perda repentina dessas riquezas, uma vez que outros provérbios entendem que o ganho de esquemas de enriquecimento rápido é de curta duração.

Provérbios 28.21, 22 Existem pessoas que se deixam subornar por tão pouco para dar falso testemunho e prejudicar um inocente. De qualquer forma, qualquer ato que envolva suborno, egoísmo e insensatez vai de encontro a tudo que a Palavra de Deus ensina sobre justiça e sabedoria.

Provérbios 28:21 Os primeiros dois pontos são semelhantes, embora não idênticos, ao que se encontra em 24:23, onde é explicada a expressão “reconhecer a face”, traduzida como “mostrar favoritismo”. Lá, o contexto é mais explicitamente o tribunal, uma vez que a expressão “na justiça” é adicionada, mas o cenário do tribunal é o contexto primário mais natural para esse provérbio também. No entanto, o princípio é mais amplo e certamente abrangeria outras áreas, como mostrar favoritismo nas práticas comerciais. O segundo dois pontos fornece a motivação para aqueles que mostram favoritismo: ganho pessoal. Ele parodia aqueles que estão dispostos a mostrar favoritismo, apontando que eles se envolvem em tal prática antiética pelo menor tipo de suborno.

Provérbios 28:22 A expressão “mesquinho” é uma tradução de “mau olhado“ , para o qual veja a nota de rodapé da tradução para 23:6. Este provérbio, como 28:20 e outras passagens (21:6), mostra o desprezo dos sábios por aqueles que tentam encontrar atalhos para a riqueza. Aqueles que são mesquinhos com seu tempo e dinheiro não gostariam de investir muito na aquisição de mais. No entanto, o provérbio informa que eles têm uma surpresa esperando por eles: não mais, mas menos.

Provérbios 28:23 A crítica construtiva tem mais valor do que a lisonja, que procura apenas conquistar a afeição das pessoas.

Provérbios 28:23 Já fomos apresentados à ideia de que a crítica construtiva é melhor do que o elogio superficial e enganoso (13:1; 17:10). É também o assunto deste provérbio, com seu incentivo à repreensão sobre a lisonja. Embora seja verdade que inicialmente as pessoas provavelmente terão uma reação negativa daqueles cujas falhas estão destacando, esse provérbio indica que o favor, a gratidão pelo conselho, não virá imediatamente, mas “depois”. Provérbios está interessado em acabar com o fingimento e chegar à verdade de um assunto. Esse provérbio motiva honesto avaliação de outros.

Provérbios 28:24 Este provérbio condena o desrespeito ao quinto mandamento: “Honra a teu pai e a tua mãe” (Ex 20.12). O respeito pelos pais como dever a cumprir é tema comum no livro de Provérbios.
Provérbios insiste que os filhos mostrem o devido respeito por seus pais (20:20; 30:11–14, 17). Várias dessas passagens pressupõem que os pais são piedosos, e provavelmente esse provérbio também o faz. No entanto, o princípio de não roubar se aplica a ninguém, e aqueles que se rebaixam o suficiente para roubar seus pais, não importa como seus pais sejam, ganhariam o desprezo dos sábios. Suas ações destroem relacionamentos do tipo mais íntimo. O que é particularmente horrível em seu comportamento é que eles não sentem remorso. Talvez eles tenham um sentimento de propriedade de seus pais. O “destruidor” pode se referir a um tipo de crime particularmente perigoso (veja também 18:9). Essas crianças podem pensar que estão simplesmente pegando o que lhes pertence pelo fato de serem membros da família, mas, na realidade, não passam de um criminoso de fora da família. Tal provérbio pode ser visto como derivado do mandamento de honrar os pais (Êxodo 20:12). Se alguém os está roubando, certamente os está desonrando.

Provérbios 28:25 O contraste aqui é entre aqueles que são gananciosos e aqueles que confiam em Javé. Aqueles que confiam em Javé não precisam se agarrar às coisas para encontrar satisfação com sua sorte na vida. À medida que os gananciosos buscam mais, eles irritam e até enfurecem os outros de quem estão tentando agarrar as coisas de que precisam para alimentar seu desejo arrogante. Assim, as lutas começam. Por outro lado, aqueles que confiam em Javé estão contentes com a vida.

Provérbios 28:26 A sabedoria envolve o temor de Javé (1:7) e uma aversão à autoconfiança (3:5, 7; 26:12; 27:1; 28:11). Confiar no próprio coração (observe a ligação em contraste com a segunda vírgula do provérbio anterior) é o epítome da tolice porque o coração é limitado em seu conhecimento e também, fora do relacionamento com Deus, perverso. O sábio teria concordado com Jeremias, que em 17:9 afirma: “O coração humano é muito enganoso e desesperadamente perverso. Quem realmente sabe o quão ruim é?” (NLT). Como é ensinado em vários lugares em Provérbios, os tolos estão no caminho da morte (1:19, 32; 2:18; 8:36; 9:18; etc.), o que pode estar implícito aqui pela declaração explícita no segundo dois pontos que aqueles que caminham (uma metáfora sugestiva da teologia do caminho do livro) em sabedoria serão resgatados. Os provérbios normalmente deixam em geral o perigo do qual os sábios são resgatados, mas pelo menos incluiriam coisas como emaranhados relacionais e morte prematura. A leitura do texto sob a perspectiva do NT permitiria uma compreensão ainda mais rica desse resgate.

Provérbios 28:27 Provérbios ensina consistentemente que aqueles com recursos devem ser generosos com os pobres. Este provérbio motiva tal generosidade com a promessa de que nada faltará ao doador. Isso implicaria que Deus cuidaria de tal pessoa e eliminaria o medo primário por trás de não dar. Não dar é uma forma de controle e uma tentativa humana de se agarrar à segurança. Dar requer que o doador confie mais. Aqueles que não doam, de acordo com o segundo ponto, só aumentarão seus problemas. Permanece não especificado quem ou o que é a força motriz por trás das maldições, mas pode-se pensar em Deus como o referente final. Van Leeuwen comenta a respeito desse versículo: “O paradoxo de dar aos pobres e não ter falta é característico de quem confia em Deus”. [Van Leeuwen, “Proverbs,” p. 240.]

Provérbios não é a favor da caridade em massa, no entanto. À luz do extenso ensinamento sobre preguiça, é improvável que os sábios encorajem a dar ajuda àqueles que simplesmente não estão dispostos a trabalhar. Além disso, os Provérbios diriam que alguém deve dar o dinheiro ou não ajudar em nada. Empréstimos que deveriam ser reembolsados são fortemente desencorajados em vários pontos do livro (6:1–5; 11:15; 17:18; etc.).

Provérbios 28:28 O primeiro cólon é uma variante próxima de 28:12b, e o pensamento é essencialmente o mesmo. Quando pessoas iníquas estão em posições de poder e influência, o dano resultante é tal que as pessoas “se dirigem para os montes”, se puderem. As pessoas vão para a clandestinidade porque, se seus governantes forem perversos, é provável que eles abusem daqueles que estão sob seu poder. Por outro lado, quando esses líderes abusivos ou traficantes de influência são destruídos, os justos podem aumentar. Tal situação é um bom presságio para o bem público. Este provérbio, entre muitos outros, aponta que a sabedoria beneficia não apenas o indivíduo, mas também a comunidade.

🙏 Devocional de Provérbios 28

Provérbios 28:1-5 (A Covardia do Ímpio e o Discernimento do Justo)

Provérbios 28 inicia com um contraste marcante entre a audácia do justo e a covardia do ímpio, e a influência da sabedoria na governança. O versículo 1 declara: “O ímpio foge, sem que ninguém o persiga, mas o justo é ousado como um leão”, sublinhando a insegurança do perverso e a confiança do íntegro. O v. 2 aponta para a instabilidade política: “Pela transgressão da terra, muitos são os seus príncipes, mas por um homem de entendimento e conhecimento ela se prolongará”. O v. 3 descreve a opressão vinda dos próprios pobres: “O homem pobre que oprime os pobres é como chuva impetuosa que não deixa pão”. O v. 4 mostra a relação com a lei: “Os que abandonam a lei louvam o ímpio, mas os que guardam a lei contendem com ele”. Finalmente, o v. 5 conclui que “os homens maus não entendem o juízo, mas os que buscam ao Senhor entendem tudo”.

A aplicação prática dessas verdades nos impele à retidão, ao discernimento e à defesa da justiça. Para o seguidor de Cristo, a consciência limpa e a fé em Deus trazem ousadia e paz, enquanto o pecado gera medo e culpa, mesmo sem perseguição (Romanos 8:31). A sabedoria e o conhecimento são essenciais para uma liderança estável e justa. A opressão, independentemente de quem a comete, é condenável. A obediência à lei de Deus é um chamado à confrontação do mal e à defesa da verdade, e a busca por Deus é o caminho para o verdadeiro discernimento. No ambiente familiar, pais devem ensinar seus filhos a viver com integridade para que tenham paz e ousadia. Eles devem também instruí-los sobre a importância da justiça e do discernimento ao lidar com as pessoas, mostrando que a obediência aos princípios de Deus traz clareza. Filhos aprendem que a integridade traz segurança e que a busca por Deus é a fonte de todo o entendimento.

No ambiente profissional, a integridade confere confiança e resiliência. A liderança eficaz requer sabedoria e conhecimento para promover a estabilidade e a justiça. A condenação da opressão, seja de quem for, é um imperativo ético. Profissionais íntegros se opõem à injustiça e buscam o discernimento nas decisões. Na comunidade eclesiástica, a igreja deve exortar à ousadia na fé e à condenação do pecado. A liderança deve ser marcada pela sabedoria e pela justiça, e a defesa dos oprimidos é um de seus papéis. A busca constante por Deus e por Sua Palavra é a fonte de discernimento para a congregação. Como cidadãos, somos chamados a promover a justiça e a retidão em nossa sociedade, combatendo a opressão e a instabilidade política. A valorização de líderes sábios e íntegros, e a defesa da lei como baluarte contra o mal, são cruciais para o bem-estar de uma nação, onde o discernimento vem da busca por princípios divinos.

Provérbios 28:6-10 (A Retidão do Pobre e a Queda do Mau Caminho)

Este bloco de Provérbios 28 continua a contrastar a virtude da retidão com a insensatez do erro e a queda inevitável do perverso. O versículo 6 declara: “Melhor é o pobre que anda na sua sinceridade, do que o rico que anda pervertido nos seus caminhos”, sublinhando o valor superior da integridade sobre a riqueza ilícita. O v. 7 elogia a sabedoria filial: “O que guarda a lei é filho sábio, mas o companheiro de glutões envergonha a seu pai”. O v. 8 adverte sobre a riqueza acumulada injustamente: “O que aumenta a sua fazenda com usura e ganância, ajunta-a para aquele que se compadece dos pobres”. O v. 9 afirma a repulsa de Deus à oração do desobediente: “O que desvia os seus ouvidos de ouvir a lei, até a sua oração será abominável”. Finalmente, o v. 10 prevê a retribuição do que desvia os justos: “O que faz com que os justos se desviem para o mau caminho, ele mesmo cairá na cova que fez; mas os íntegros herdarão o bem”.

A aplicação prática dessas verdades nos impele à integridade, à obediência à lei de Deus, à cautela com as riquezas injustas e à rejeição de desviar os outros. Para o seguidor de Cristo, a honestidade e a pureza de coração são mais valiosas do que qualquer riqueza material. A obediência à Palavra de Deus é um sinal de sabedoria, e a má companhia traz vergonha. A riqueza acumulada de forma injusta não prosperará e será usada para a justiça divina. A oração de quem rejeita a Deus é vã. Aquele que tenta desviar o justo cairá em sua própria armadilha (Mateus 7:2). No ambiente familiar, pais devem ensinar seus filhos a valorizar a integridade acima de tudo, mesmo na pobreza. Eles devem também incentivá-los a obedecer às leis de Deus e a escolher boas companhias, alertando sobre as riquezas ilícitas e a oração sem arrependimento. Filhos aprendem que a integridade é o caminho para a bênção e que a desobediência traz consequências.

No ambiente profissional, a honestidade e a integridade são cruciais, pois a riqueza obtida por meios corruptos não trará satisfação duradoura. A obediência às leis e regulamentos é fundamental. Profissionais que tentam enganar ou prejudicar os colegas acabarão sofrendo as consequências de suas próprias ações. Na comunidade eclesiástica, a igreja deve pregar a integridade e a obediência à Palavra de Deus. A condenação da ganância e da corrupção é fundamental, e a advertência de que a oração sem arrependimento é ineficaz é um chamado à sinceridade. O cuidado com a influência de desviar os crentes para o mal é vital. Como cidadãos, somos chamados a valorizar a integridade em todos os níveis da sociedade, combatendo a corrupção e a usura. A promoção da obediência às leis e a condenação de quem tenta desviar os outros para o mal são cruciais para a justiça social, onde o mal se volta contra seus perpetradores e a integridade é recompensada.

Provérbios 28:11-15 (A Humildade do Sábio e a Confissão do Pecado)

Este bloco de Provérbios 28 contrasta a sabedoria da humildade com a cegueira da riqueza, e enfatiza a importância da confissão e do abandono do pecado. O versículo 11 afirma: “O rico é sábio a seus próprios olhos, mas o pobre que tem entendimento o examina”. O v. 12 fala da alegria com o triunfo dos justos: “Quando os justos se alegram, há grande glória; mas quando os ímpios sobem, os homens se escondem”. O v. 13 oferece um princípio fundamental sobre o pecado: “O que encobre as suas transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa e as abandona alcançará misericórdia”. O v. 14 louva o temor do Senhor: “Bem-aventurado o homem que continuamente teme ao Senhor; mas o que endurece o seu coração cairá no mal”. Finalmente, o v. 15 descreve o governante perverso: “Como leão que ruge, e urso faminto, assim é o príncipe ímpio sobre o povo pobre”.

A aplicação prática dessas verdades nos impele à humildade, à confissão do pecado, ao temor a Deus e à condenação da tirania. Para o seguidor de Cristo, a verdadeira sabedoria não está na riqueza, mas na humildade e no discernimento. O triunfo da justiça traz alegria e segurança, enquanto o governo ímpio gera medo. A confissão e o abandono do pecado são o caminho para a misericórdia e o perdão de Deus (1 João 1:9). O temor do Senhor é a fonte da bênção e da proteção contra a dureza de coração. O governante tirano é uma ameaça para o povo. No ambiente familiar, pais devem ensinar seus filhos a valorizar a humildade sobre a riqueza aparente e a confessar seus erros para receber perdão. Eles devem também incutir o temor a Deus como a base para uma vida abençoada e alertar sobre os perigos da tirania. Filhos aprendem que a humildade abre portas e que a confissão traz paz.

No ambiente profissional, a humildade e a capacidade de aprender são mais valiosas do que a presunção da riqueza. O triunfo da ética e da justiça no ambiente de trabalho traz um ambiente de respeito e colaboração. A confissão de erros e a disposição de corrigi-los são cruciais para o crescimento e a confiança. Líderes justos são valorizados, enquanto líderes tiranos causam descontentamento. Na comunidade eclesiástica, a igreja deve promover a humildade entre seus membros e a prática da confissão de pecados. O temor do Senhor é a base da vida cristã, e a condenação da tirania e da opressão (inclusive dentro da própria comunidade) é fundamental. Como cidadãos, somos chamados a combater a arrogância dos poderosos e a valorizar a humildade em nossos líderes. A defesa da confissão de erros e do temor a Deus na vida pública é crucial para a integridade nacional. A rejeição de governos opressores e a luta pela justiça são essenciais para o bem-estar de uma nação, onde o temor a Deus e a justiça trazem bênçãos, e a dureza de coração e a tirania resultam em mal.

Provérbios 28:16-20 (A Falta de Entendimento do Tirano e a Apressada Busca por Riqueza)

Este bloco de Provérbios 28 continua a denunciar a tirania e a ganância, enfatizando as consequências negativas da injustiça e da pressa em enriquecer. O versículo 16 afirma: “O príncipe falto de entendimento também é grande opressor; mas o que aborrece a avareza prolongará os seus dias”. O v. 17 descreve a condenação do assassino: “O homem carregado do sangue de qualquer pessoa fugirá até à cova; ninguém o detenha”. O v. 18 contrasta a integridade com a perversidade: “O que anda em sinceridade será salvo, mas o pervertido em seus caminhos cairá logo”. O v. 19 elogia a diligência: “O que lavra a sua terra fartar-se-á de pão, mas o que segue a ociosidade fartar-se-á de pobreza”. Finalmente, o v. 20 fala sobre a bênção da fidelidade e o perigo da pressa: “O homem fiel será cumulado de bênçãos, mas o que se apressa a enriquecer não ficará impune”.

A aplicação prática dessas verdades nos impele a valorizar a justiça, a buscar a integridade, a ser diligentes e a evitar a ganância. Para o seguidor de Cristo, a falta de entendimento e a opressão na liderança são condenáveis, e a aversão à avareza prolonga a vida e a influência. O assassinato traz culpa inescapável. A integridade é o caminho para a segurança e a salvação, enquanto a perversidade leva à queda. A diligência no trabalho traz prosperidade, enquanto a ociosidade leva à pobreza (2 Tessalonicenses 3:10). A fidelidade a Deus e aos princípios traz bênçãos abundantes, mas a pressa em enriquecer é uma armadilha. No ambiente familiar, pais devem ensinar seus filhos a valorizar a justiça e a não ser opressores. Eles devem também incutir a importância da integridade e da diligência no trabalho, alertando sobre os perigos da pressa em enriquecer, que pode levar a decisões antiéticas. Filhos aprendem que a justiça traz longevidade e que a diligência e a fidelidade trazem bênçãos.

No ambiente profissional, líderes que são opressores ou avarentos não prosperam a longo prazo. A integridade e a diligência são qualidades que levam ao sucesso sustentável. A busca por enriquecimento rápido, por outro lado, muitas vezes leva a práticas questionáveis e a consequências negativas. Na comunidade eclesiástica, a igreja deve pregar contra a tirania e a opressão, promovendo a justiça e a integridade em todas as relações. A diligência no serviço e o combate à ganância são fundamentais para o testemunho cristão. Como cidadãos, somos chamados a combater a falta de entendimento e a opressão em nossos líderes, e a valorizar a justiça e a integridade na vida pública. A promoção da diligência e a condenação da busca desenfreada por riquezas são cruciais para o bem-estar econômico e social de uma nação, onde a honestidade e a fidelidade são recompensadas, e a injustiça e a ganância trazem ruína.

Provérbios 28:21-28 (A Parcialidade, o Olho Maligno e o Governo do Justo)

Este bloco final de Provérbios 28 conclui o capítulo com advertências sobre a parcialidade, a avareza e a necessidade de um governo justo, reafirmando as consequências da maldade e da retidão. O versículo 21 condena a parcialidade: “Fazer acepção de pessoas não é bom, porque até por um bocado de pão o homem prevaricará”. O v. 22 descreve o avarento: “Aquele que tem olho mau corre atrás das riquezas, e não sabe que a pobreza o assaltará”. O v. 23 elogia a repreensão honesta: “O que repreende o homem achará depois maior favor do que aquele que lisonjeia com a língua”. O v. 24 fala da desgraça do que rouba os pais: “O que rouba a seu pai ou a sua mãe, e diz: ‘Não há transgressão’, é companheiro do destruidor”. O v. 25 contrasta o orgulho e a confiança no Senhor: “O que tem o coração altivo levanta contendas, mas o que confia no Senhor engordará”. Finalmente, os vv. 26-28 concluem sobre a tolice e a sabedoria da liderança: “O que confia no seu próprio coração é tolo, mas o que anda em sabedoria será salvo. O que dá ao pobre não terá necessidade, mas o que esconde os seus olhos terá muitas maldições. Quando os ímpios sobem, os homens se escondem, mas quando eles perecem, os justos se multiplicam”.

A aplicação prática dessas verdades nos impele à imparcialidade, à generosidade, à humildade e à confiança em Deus. Para o seguidor de Cristo, o favoritismo é um pecado grave que compromete a justiça, e a avareza é uma ilusão que leva à pobreza. A repreensão honesta, feita com amor, é mais valiosa do que a lisonja. O roubo aos pais é uma transgressão gravíssima que desestrutura a família. A soberba leva à contenda, enquanto a confiança em Deus traz paz e prosperidade (Provérbios 3:5-6). A autoconfiança excessiva é tolice, e a sabedoria vem de Deus. A generosidade para com os pobres é uma garantia de provisão. O governo dos ímpios traz opressão, enquanto o governo dos justos traz bênçãos e multiplicação. No ambiente familiar, pais devem ensinar seus filhos a tratar a todos com igualdade e a não roubar, mesmo que seja dos próprios pais. Eles devem também incutir a humildade, a confiança em Deus e a generosidade para com os necessitados, alertando sobre a tolice da autoconfiança. Filhos aprendem que a imparcialidade é justa e que a generosidade traz bênçãos.

No ambiente profissional, a imparcialidade nas decisões e a rejeição da ganância são cruciais. A capacidade de dar e receber feedback honesto é mais valiosa do que a lisonja. A integridade e a não apropriação indevida de recursos são fundamentais. Profissionais humildes e confiantes em seus princípios são bem-sucedidos. Na comunidade eclesiástica, a igreja deve praticar a imparcialidade, combater a avareza e promover a repreensão honesta. A condenação do roubo e a promoção da humildade e da confiança em Deus são fundamentais. A generosidade para com os necessitados e a alegria com o crescimento dos justos são marcas da igreja. Como cidadãos, somos chamados a promover a imparcialidade e a justiça em todas as esferas da sociedade, combatendo a avareza e a corrupção. A valorização da repreensão honesta e da generosidade para com os pobres é crucial para o bem-estar social. A rejeição de líderes orgulhosos e a busca por aqueles que confiam em Deus e andam em sabedoria são essenciais para a prosperidade de uma nação, onde a ascensão dos justos traz bênçãos e a queda dos ímpios, alívio.

✡️✝️ Comentário dos Rabinos e Pais Apostólicos

✡️ Rashi (Rabbi Shlomo Yitzchaki, séc. XI)

Provérbios 28:1 — “O ímpio foge, embora ninguém o persiga, mas os justos são corajosos como um leão.”

“Rashi explica que o ímpio vive em constante medo interior, enquanto o justo tem a coragem que vem da confiança em Deus.”

Comentário: Este versículo destaca a diferença entre o estado interior do justo e do ímpio, evidenciando a paz e a coragem como frutos da justiça.

Fonte: Rashi on Proverbs 28:1 (Sefaria)

✡️ Malbim (Rabbi Meir Leibush ben Yehiel Michel, séc. XIX)

Provérbios 28:13 — “Quem encobre as suas transgressões não prosperará, mas quem as confessa e se afasta alcançará misericórdia.”

“Malbim ressalta a importância do arrependimento verdadeiro para a restauração espiritual.”

Comentário: A confissão e o afastamento do pecado são fundamentais para a verdadeira prosperidade e favor divino.

Fonte: Malbim on Proverbs 28:13 (Sefaria)

✡️ Midrash Mishlei (מדרש משלי)

Provérbios 28:9 — “Quem desvia seus ouvidos de ouvir a lei, até sua oração será abominável.”

“O Midrash Mishlei interpreta que a obediência à Torá é essencial para que as orações sejam aceitas por Deus.”

Comentário: O compromisso com a lei divina é condição para que o relacionamento com Deus seja eficaz e pleno.

Fonte: Midrash Mishlei 28 no Sefaria

✝️ Orígenes (grego)

Provérbios 28:13 — “Ὁ καλύπτων τὰς ἁμαρτίας αὐτοῦ οὐ κατευοδωθήσεται· ὁ δὲ ἐξομολογούμενος καὶ ἀφιέναι αὐτὰς ἐλεηθήσεται.”
(“O que encobre as suas transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa e as deixa alcançará misericórdia.”)

«Οὐκ ἀρκεῖ τὸ ἐξομολογεῖσθαι μόνον, ἀλλὰ καὶ τὸ ἀφιέναι τὰς ἁμαρτίας· τότε μόνον τὴν θείαν ἐλεημοσύνην λήψεται.»
(“Não basta apenas confessar, mas também abandonar os pecados; só assim alcançará a divina misericórdia.”)

Comentário: Orígenes enfatiza a necessidade de dupla ação: confissão sincera e conversão efetiva, como caminho para a misericórdia divina.

Fonte: Origenes, Homiliae in Proverbia, PG 13:840-845

✝️ Clemente de Alexandria (latim)

Provérbios 28:1 — “Φεύγει ἀσεβὴς μηδενὸς διώκοντος· δίκαιος δὲ ὥσπερ λέων πεποιθώς.”
(“O ímpio foge sem que ninguém o persiga, mas o justo é intrépido como o leão.”)

«Τὸ καθαρὸν καὶ ἀκατάγνωστον συνείδησις τὴν παρρησίαν διδάσκει· ὥσπερ δὲ ὁ δίκαιος ἄφοβος, οὕτως ὁ ἁμαρτωλὸς αὐτοκατάκριτος.»
(“A consciência pura e irrepreensível dá ousadia; assim como o justo é destemido, o pecador é condenado por si mesmo.”)

Comentário: Clemente destaca a força da consciência: o justo é firme pela retidão; o ímpio, fraco pela culpa interna.

Sobre Provérbios 28:4

Os estoicos estabeleceram sua doutrina com base no fato de que o objetivo é viver de acordo com a natureza, usando a palavra natureza de forma imprópria em vez de "Deus", visto que a natureza se aplica a plantas, plantações, árvores e pedras. De qualquer forma, há a declaração clara: "Os canalhas não pensam na lei, mas aqueles que amam a lei a colocam diante de si como um muro". Pois "a sabedoria dos homens capazes compreenderá os caminhos da sabedoria, mas a insensatez dos tolos segue na direção errada".
Fonte: Clemens Alexandrinus, Stromata, PG 9:580-583, STROMATEIS 2:19.101.

✝️ Eusébio de Cesareia (grego)

Provérbios 28:6 — “Κρεῖττον πτωχὸς πορευόμενος ἐν ἀληθείᾳ, ἢ πλούσιος ψευδὴς ἐν λόγῳ αὐτοῦ.”
(“Melhor é o pobre que anda na sua integridade do que o rico de caminhos perversos.”)

«Τίμιον τὸ ἀληθὲς καὶ ἀρετῆς μεστόν· οὐ γὰρ ὁ πλοῦτος ἀξίαν παρέχει, ἀλλ᾽ ἡ εὐσέβεια.»
(“O que é honroso é a verdade cheia de virtude; não é a riqueza que dá dignidade, mas a piedade.”)

Comentário: Eusébio valoriza a integridade e a piedade como bens superiores à riqueza material.

Fonte: Eusebius Caesariensis, Commentarii in Proverbia, PG 23:600-605

✝️ Santo Agostinho (latim)

Provérbios 28:26 — “Qui confidit in corde suo stultus est; qui autem graditur sapienter ipse salvabitur.”
(“O que confia no seu próprio coração é insensato, mas o que anda sabiamente será salvo.”)

«Non sapientia carnis, sed divinae veritatis praecepta salutem tribuunt; stultus est qui sibi confidit.»
(“Não a sabedoria carnal, mas os preceitos da verdade divina concedem salvação; é insensato quem confia em si mesmo.”)

Comentário: Agostinho contrapõe a autoconfiança presunçosa à verdadeira segurança que provém da submissão à divina sabedoria.

Fonte: Augustinus, De Doctrina Christiana, PL 34:45-50

✝️ Cesário de Arles sobre Provérbios 28:9

O que está escrito no livro de Salomão, devemos ler com grande ansiedade e temor, não com indiferença: "Aquele que endurece os ouvidos para não ouvir a lei, sua oração será uma abominação". Uma pessoa deve primeiro estar disposta a ouvir a Deus, se quiser ser ouvida por Ele. De fato, com que ousadia ele quer que Deus o ouça, quando O despreza tanto a ponto de se recusar a ler os preceitos de Deus? Como é possível, meus irmãos, que alguns cristãos e, pior ainda, até mesmo clérigos, às vezes, quando estão prestes a fazer uma viagem, peçam pão, vinho, azeite e diversos outros itens para si mesmos, mas, enquanto se preparam tanto para sua jornada terrena, para que seu corpo possa viver, um homem não se dá ao trabalho de ler um único livro para refrescar sua alma, tanto aqui como para sempre?
Fonte: SERMÃO 7:3-4

✝️ Salviano, o Presbítero, sobre Provérbios 28:14

Alguém pergunta: "Não há, portanto, diferença entre santos e pecadores?" Certamente, há uma diferença grande e quase imensurável. A Escritura diz: "Bem-aventurado o homem que está sempre com medo". A mente de um sábio está sempre inquieta quanto à sua própria salvação. Embora haja uma grande diferença entre santos e pecadores, ainda assim pergunto a todos aqueles que professam uma religião: Quem, segundo sua própria consciência, é suficientemente santo; quem não treme diante da terrível severidade de um julgamento futuro; quem não se preocupa com sua salvação eterna? Se este não é o caso, assim como não deveria ser, peço que alguém me diga por que não se esforça com todo o poder de seus bens para redimir, por uma morte santa, quaisquer pecados que tenha cometido por transgressão durante sua vida.
Fonte: QUATRO LIVROS DE TIMÓTEO À IGREJA 2:3

✝️ Cesário de Arles sobre Provérbios 28:27

Sempre que fizer a colheita ou a vindima, calcule suas despesas e as de todos os seus bens e inclua o que você colocará em sua bolsa. Então, do que resta, porque não lhe foi realmente dado, como já foi dito, mas lhe foi transmitido para distribuição entre os pobres, reserve tudo ou o quanto Deus inspirar seu coração a dar. O resultado será como se você o tivesse colocado nas mãos de Deus. Se, como cremos, você estiver disposto a fazer isso devotamente, sua alma não apenas ficará exasperada e entristecida pelos cativos e pobres que vêm a você, mas também se alegrará e se alegrará. Com a maior disposição, você doará o que reservar para as necessidades dos pobres por amor a Deus, e se cumprirão em você as palavras "Deus ama o doador alegre" e "Aquele que dá aos pobres nunca terá falta".
Fonte: SERMÃO 30:6

✝️ Beda sobre Provérbios 28:28

"Quando os ímpios se levantam, os homens se escondem", etc. Os mesmos homens a quem ele chama de justos, que de fato mantêm a ordem justa e estabelecida da condição humana diante de Deus. Por isso, no livro do bendito Jó, diz-se de qualquer pessoa perversa e arrependida: "Ele olhará para os homens e dirá: 'Pequei'" (Jó 33). Isso equivale a dizer abertamente: "Ele olhará para aqueles que corretamente guardam a natureza da criação humana e se reconhecem como tendo sido comparados aos animais pelo pecado". Portanto, é claro o sentido de que, no fervor da ímpia perseguição, os fiéis frequentemente se escondem; ou não ousando ou não tendo permissão para sair publicamente; o Senhor diz: "Quando vos perseguirem nesta cidade, fugi para outra" (Mateus 10). Mas onde, após a destruição dos autores, a perseguição cessou, a glória dos fiéis brilha mais intensamente após as pressões. No entanto, muitos infiéis, tendo visto a condenação da infidelidade, recebem a graça da fé; como está escrito: "Quando a peste é açoitada, o simples se torna mais sábio" (Provérbios 19). Está provado que você está despido do ornamento das virtudes porque não conseguiu cumprir o que prometeu ao Senhor. No entanto, isso não é dito para que você não assuma o cuidado de governar as almas quando isso lhe é regularmente imposto, mas para que você não usurpe precipitadamente o papel de mestre e prelado, sem que ninguém o comande.
Fonte: Comentário sobre Provérbios

📚 Comentários Clássicos Teológicos

📖 Matthew Henry (1662–1714)

Matthew Henry destaca Provérbios 29 como um capítulo que aborda a disciplina, a justiça e as consequências da liderança corrupta e da insubordinação. Ele começa ressaltando que a falta de disciplina e correção provoca o caos social e pessoal (v.1), e que a perseverança em corrigir é fundamental para a formação do caráter.

Henry observa que a corrupção no governo traz confusão e que a justiça é o pilar para a estabilidade da nação (v.4, v.12). Sobre a importância do temor do Senhor, ele enfatiza que isso traz segurança e sabedoria, enquanto a arrogância e a insensatez conduzem à destruição (v.23, v.25).

Ele também comenta que a humildade e a mansidão são fundamentais para evitar contendas e que a sabedoria se manifesta na capacidade de ouvir e aprender com a correção (v.19). Por fim, Henry conclui que este capítulo exorta a cultivar uma vida disciplinada, piedosa e justa, tanto individualmente quanto coletivamente.

Fonte: Matthew Henry Commentary on Proverbs 29

📖 John Gill (1697–1771)

John Gill analisa Provérbios 29 destacando o contraste entre governantes justos e tiranos, além da importância da disciplina. Ele explica que o “homem que muitas vezes repreendido endurece o pescoço” (v.1) indica um espírito obstinado que rejeita a correção, o que leva à ruína.

Gill detalha a palavra hebraica para “governante” (נָגִיד, nagid) e como a justiça na liderança traz benefícios à nação (v.4). Ele enfatiza que o temor do Senhor é a base da sabedoria e da estabilidade social (v.18), e que a ausência dele leva à corrupção e ao pecado.

No versículo 23, a palavra “humildade” (עֲנָוָה, anavah) é interpretada como respeito e reverência que preserva a honra e a vida. Gill conclui que a obediência às leis divinas é fundamental para a prosperidade da sociedade.

Fonte: John Gill's Exposition of the Bible on Proverbs 29

📖 Albert Barnes (1798–1870)

Albert Barnes vê Provérbios 29 como um capítulo que trata das relações entre autoridade, disciplina e sabedoria prática. Ele comenta que a rejeição da correção (v.1) mostra uma perversidade que resulta em desgraça inevitável. Barnes destaca que a justiça no governo é essencial para a paz e que os governantes que governam com justiça estabelecem uma ordem que protege o povo (v.4).

Sobre o temor do Senhor, ele destaca que esse temor é a base para a verdadeira sabedoria e a chave para a longevidade e paz (v.18). Ele ainda ressalta a importância da humildade no versículo 23 para evitar a ruína, explicando que o orgulho precede a queda. Barnes aconselha que os leitores busquem a sabedoria para conduzir suas vidas de forma justa e com domínio próprio.

Fonte: Albert Barnes' Notes on the Whole Bible on Proverbs 29

📖 Keil (1807–1888) & Delitzsch (1813–1890)

Keil & Delitzsch oferecem uma análise profunda do hebraico e da estrutura do capítulo, destacando as palavras-chave que enfatizam a disciplina e a justiça. Eles explicam que o verbo usado em “endurece o pescoço” (v.1) reflete uma resistência obstinada à correção, trazendo consequências sérias para o indivíduo.

No versículo 4, eles analisam o termo מֶלֶךְ (melekh, “rei” ou “governante”), ressaltando que o governo justo assegura a proteção divina e o bem-estar da nação. Sobre o “temor do Senhor” no v.18, Keil & Delitzsch destacam que a expressão hebraica יִרְאַת יְהוָה (yirat Yahweh) é a raiz da verdadeira sabedoria, fundamental para a manutenção da ordem social.

Eles também explicam que a palavra para “humildade” (v.23) carrega o sentido de modéstia e autocontrole, que previnem a ruína moral e social. Finalmente, eles ressaltam que o capítulo é um chamado à liderança piedosa e à prática constante da disciplina e da justiça como fundamentos para a paz duradoura.

Fonte: Keil & Delitzsch Commentary on Proverbs 29

📚 Concordância Bíblica

🔹 Provérbios 28:1
“Os ímpios fogem sem que ninguém os persiga, mas os justos são ousados como o leão.”

📖 Levítico 26:17
“Porei o meu rosto contra vós, e sereis feridos diante de vossos inimigos; os que vos odeiam dominarão sobre vós, e fugireis, sem ninguém vos perseguir.”

📖 Romanos 8:31
“Se Deus é por nós, quem será contra nós?”

Comentário: O versículo descreve a culpa como fonte de medo paralisante, mesmo sem ameaça externa. Em contraste, o justo — livre da condenação — tem coragem e confiança. A ousadia do justo é fruto da paz interior que vem da retidão, como Paulo declara aos romanos.

🔹 Provérbios 28:2
“Por causa da transgressão da terra, muitos são os seus príncipes; mas por causa de um homem prudente e sábio, ela continuará.”

📖 Eclesiastes 10:16–17
“Ai de ti, ó terra, cujo rei é criança... Bem-aventurada tu, ó terra, cujo rei é filho de nobres...”

📖 Isaías 1:23–26
“Teus príncipes são rebeldes... voltarei minha mão contra ti... e te purificarei... e restituirei os teus juízes.”

Comentário: Um governo instável, com muitos líderes, é visto como sinal de corrupção generalizada. A estabilidade política, por outro lado, está ligada à liderança sábia e justa. O princípio é teológico: a desordem política reflete a desordem moral.

🔹 Provérbios 28:3
“O homem pobre que oprime os pobres é como chuva impetuosa que causa destruição.”

📖 Amós 2:6–7
“Vendem o justo por dinheiro, e o necessitado por um par de sandálias... pisam sobre a cabeça dos pobres.”

📖 Tiago 2:6
“Mas vós desprezastes o pobre. Porventura, não vos oprimem os ricos e não vos arrastam aos tribunais?”

Comentário: O versículo denuncia o paradoxo trágico de pobres oprimindo seus semelhantes. A Escritura condena repetidamente essa injustiça interna entre os necessitados. É a negação da solidariedade e o agravamento da opressão por aqueles que, ironicamente, deviam compreendê-la melhor.

🔹 Provérbios 28:4
“Os que deixam a lei louvam o ímpio, mas os que guardam a lei pelejam contra eles.”

📖 Salmos 94:20–21
“Poderá o trono de iniquidade associar-se contigo, o qual forja o mal por decreto?”

📖 João 3:20
“Porque todo aquele que faz o mal aborrece a luz, e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas.”

Comentário: Este provérbio mostra que há apenas duas posturas possíveis: cumplicidade com o mal ou oposição a ele. A fidelidade à lei divina conduz inevitavelmente ao conflito com os ímpios. Jesus ecoa esse princípio ao ensinar que quem ama a luz, confronta as trevas.

🔹 Provérbios 28:5
“Os homens maus não entendem o juízo, mas os que buscam o Senhor entendem tudo.”

📖 Salmos 111:10
“O temor do Senhor é o princípio da sabedoria; bom entendimento têm todos os que cumprem os seus preceitos.”

📖 1 Coríntios 2:14–15
“O homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus... mas o que é espiritual discerne bem tudo.”

Comentário: A verdadeira compreensão não vem da capacidade intelectual, mas da busca sincera por Deus. O ímpio está cegado pelo pecado, incapaz de entender o justo juízo de Deus. Paulo reafirma que só quem é guiado pelo Espírito pode discernir corretamente a realidade espiritual.

🔹 Provérbios 28:6
“Melhor é o pobre que anda na sua integridade do que o perverso nos seus caminhos, ainda que seja rico.”

📖 Salmos 37:16
“Vale mais o pouco do justo do que as riquezas de muitos ímpios.”

📖 1 Timóteo 6:6–10
“Grande fonte de lucro é a piedade com contentamento... os que querem ficar ricos caem em tentação...”

Comentário: A integridade moral vale mais que o sucesso financeiro obtido por meios corruptos. Paulo adverte contra o desejo de riqueza como armadilha espiritual. A Escritura inteira valoriza o caráter reto acima das posses materiais.

🔹 Provérbios 28:7
“O que guarda a lei é filho prudente, mas o companheiro dos comilões envergonha seu pai.”

📖 Deuteronômio 21:20
“Este nosso filho é rebelde e contumaz; não dá ouvidos à nossa voz; é comilão e beberrão.”

📖 Lucas 15:13–14
“O filho pródigo... desperdiçou os seus bens, vivendo dissolutamente.”

Comentário: A fidelidade à instrução moral e à sabedoria é sinal de maturidade. O provérbio contrasta o filho obediente com o insensato, que desperdiça sua vida com prazeres. A parábola do filho pródigo ecoa esse contraste, mostrando o fracasso e posterior arrependimento do insensato.

🔹 Provérbios 28:8
“O que aumenta os seus bens com usura e juros, ajunta-os para o que se compadece do pobre.”

📖 Êxodo 22:25
“Se emprestares dinheiro ao meu povo... não serás como o que impõe juros.”

📖 Lucas 19:23
“Por que, então, não puseste o meu dinheiro no banco, para que, ao voltar, eu o recebesse com juros?”

Comentário: O uso da riqueza com exploração é condenado. A lei de Moisés proibia usura contra os próprios irmãos. Mesmo Jesus, ao mencionar os juros, o faz no contexto de parábola — não como aprovação, mas como ironia. O provérbio afirma que o destino final da riqueza mal adquirida será a justiça social.

🔹 Provérbios 28:9
“O que desvia os ouvidos de ouvir a lei, até a sua oração é abominável.”

📖 Isaías 1:15–17
“Quando estenderdes as mãos, esconderei de vós os olhos... Lavai-vos, purificai-vos... cessai de fazer o mal.”

📖 Tiago 1:22
“Sede cumpridores da palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos.”

Comentário: Há uma conexão direta entre obediência e comunhão com Deus. Ignorar a Palavra torna até a oração inaceitável. Isaías declara que a prática do pecado torna o culto hipócrita. A obediência é a base da verdadeira espiritualidade.

🔹 Provérbios 28:10
“O que desvia os retos para o mau caminho cairá na cova que fez, mas os íntegros herdarão o bem.”

📖 Salmos 7:15–16
“Cavou um poço e o fez fundo, caiu na cova que fez. Sua maldade cairá sobre a sua cabeça.”

📖 Mateus 18:6
“Qualquer que fizer tropeçar um destes pequeninos... melhor lhe fora que lhe pendurasse ao pescoço uma grande pedra de moinho...”

Comentário: O provérbio reafirma o princípio da retribuição divina: quem arma ciladas para os justos acabará vítima de sua própria trama. Jesus adverte com severidade aqueles que causam escândalo ou desvio espiritual.

🔹 Provérbios 28:11
“O homem rico é sábio aos seus próprios olhos, mas o pobre que é entendido o examina.”

📖 Provérbios 18:11
“A fortuna do rico é sua cidade forte, e como um muro alto na sua imaginação.”

📖 Apocalipse 3:17
“Dizes: ‘Sou rico, estou abastado e não preciso de coisa alguma’, e nem sabes que és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu.”

Comentário: A riqueza pode levar à ilusão de autossuficiência e falsa sabedoria. O rico se julga sábio, mas o pobre com discernimento vê sua verdadeira condição. Em Apocalipse, Cristo denuncia essa arrogância espiritual, apontando a cegueira do coração confiante em bens.

🔹 Provérbios 28:12
“Quando triunfam os justos, há grande festividade, mas quando os perversos sobem ao poder, o homem se esconde.”

📖 Provérbios 11:10
“Quando os justos prosperam, a cidade se alegra; quando os perversos perecem, há júbilo.”

📖 Atos 12:1–5
“Naquele tempo, mandou o rei Herodes prender alguns da igreja... Pedro, pois, era guardado na prisão; mas a igreja fazia contínua oração por ele.”

Comentário: O governo dos justos gera segurança e alegria pública, enquanto o domínio dos ímpios produz opressão e medo. O esconderijo mencionado pode aludir ao medo social diante da tirania. A perseguição de Herodes é um exemplo claro do poder perverso diante do qual os fiéis oram e se refugiam.

🔹 Provérbios 28:13
“O que encobre as suas transgressões nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia.”

📖 Salmos 32:5
“Confessei-te o meu pecado... e tu perdoaste a culpa do meu pecado.”

📖 1 João 1:9
“Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar e nos purificar de toda injustiça.”

Comentário: A confissão e o arrependimento são caminhos para o perdão divino. Esconder o pecado leva à estagnação espiritual, mas a exposição humilde abre a porta da misericórdia. João ecoa esse princípio, ligando confissão ao perdão em Cristo.

🔹 Provérbios 28:14
“Bem-aventurado o homem constante no temor de Deus, mas o que endurece o coração cairá no mal.”

📖 Hebreus 3:12–13
“Tende cuidado... para que nenhum de vós endureça pelo engano do pecado.”

📖 Filipenses 2:12
“Desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor.”

Comentário: O temor do Senhor é fonte de bênção e sabedoria, enquanto a dureza de coração leva à ruína. Hebreus adverte contra o perigo do coração endurecido, que se afasta de Deus por causa do engano do pecado. A vida cristã requer vigilância constante.

🔹 Provérbios 28:15
“Leão que ruge e urso faminto é o perverso que domina sobre um povo pobre.”

📖 Daniel 7:4–5
“A primeira besta era como leão... a segunda como urso...”

📖 Mateus 20:25
“Sabeis que os governadores dos gentios os dominam, e os grandes exercem autoridade sobre eles.”

Comentário: A figura do leão e do urso representa a brutalidade dos governantes perversos, que oprimem os fracos com violência. Daniel utiliza essas imagens para descrever impérios cruéis. Jesus contrasta essa dominação com o modelo do Reino de Deus, baseado no serviço.

🔹 Provérbios 28:16
“O príncipe falto de inteligência multiplica as opressões, mas o que aborrece a avareza viverá muito.”

📖 Eclesiastes 5:8
“Se vires opressão do pobre e violência no lugar do juízo... não te maravilhes do caso.”

📖 Lucas 12:15
“Acautelai-vos e guardai-vos da avareza; porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui.”

Comentário: O governante insensato explora o povo por ganância e falta de discernimento. A Escritura denuncia a opressão dos pobres como consequência de corações tomados pela cobiça. Jesus aponta a avareza como raiz da alienação espiritual.

🔹 Provérbios 28:17
“O homem carregado do sangue de qualquer pessoa fugirá até a cova; ninguém o detenha.”

📖 Gênesis 4:10–12
“O sangue do teu irmão clama a mim desde a terra... serás fugitivo e errante.”

📖 Hebreus 10:26–27
“Se pecarmos voluntariamente... resta certa expectação horrível de juízo.”

Comentário: Quem derrama sangue inocente carrega a culpa como fardo inevitável, fugindo sem paz. Caim é o arquétipo desse fugitivo. Hebreus reforça a ideia do juízo inescapável sobre o pecado consciente e impenitente.

🔹 Provérbios 28:18
“O que anda sinceramente será salvo, mas o perverso em seus caminhos cairá de repente.”

📖 Salmos 15:2
“O que anda em sinceridade, e pratica a justiça... este jamais será abalado.”

📖 1 Tessalonicenses 5:3
“Quando disserem: Paz e segurança; então lhes sobrevirá repentina destruição...”

Comentário: A retidão oferece estabilidade e salvação, mas a malícia traz queda repentina. Paulo alerta que a autoconfiança falsa precede a ruína súbita dos ímpios. A sinceridade de vida é proteção contra a destruição.

🔹 Provérbios 28:19
“O que lavra a sua terra se fartará de pão, mas o que segue os ociosos se fartará de pobreza.”

📖 2 Tessalonicenses 3:10
“Se alguém não quiser trabalhar, também não coma.”

📖 Provérbios 12:11
“O que lavra a sua terra se fartará de pão, mas o que segue os levianos é falto de juízo.”

Comentário: O trabalho diligente é fonte de provisão e dignidade. Paulo reforça o princípio da responsabilidade pessoal como parte do testemunho cristão. A ociosidade e a companhia de tolos levam à escassez.

🔹 Provérbios 28:20
“O homem fiel será coberto de bênçãos, mas o que se apressa a enriquecer não ficará impune.”

📖 1 Timóteo 6:9–10
“Os que querem ficar ricos caem em tentação... porque o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males.”

📖 Tiago 5:1–3
“Vinde agora, ricos, chorai... o vosso ouro e prata estão enferrujados.”

Comentário: A fidelidade constante é mais valiosa que o enriquecimento apressado e desonesto. Paulo e Tiago denunciam a obsessão pelas riquezas como causa de ruína e juízo divino. A bênção recai sobre o fiel, não sobre o ambicioso.

🔹 Provérbios 28:21
“Fazer acepção de pessoas não é bom, porque até por um bocado de pão o homem prevaricará.”

📖 Deuteronômio 16:19
“Não torcerás o juízo... não tomarás suborno, porque o suborno cega os olhos.”

📖 Tiago 2:1–4
“Não tenhais a fé... com acepção de pessoas... fizestes diferença entre vós mesmos.”

Comentário: A justiça exige imparcialidade. Até uma pequena vantagem pode corromper quem favorece os poderosos. Tiago condena essa parcialidade na igreja como contrário ao caráter de Deus.

🔹 Provérbios 28:22
“O que tem olhos invejosos corre atrás das riquezas, mas não sabe que há de vir sobre ele a penúria.”

📖 1 Timóteo 6:9
“Os que querem ficar ricos caem em tentação e em laço.”

📖 Lucas 16:22–23
“O rico também morreu e foi sepultado. E no Hades, ergueu os olhos...”

Comentário: O desejo ganancioso cega para o juízo iminente. Paulo e Jesus mostram que os que buscam riqueza acima de tudo enfrentam a ruína, tanto terrena quanto eterna. A avareza é um caminho disfarçado de sucesso.

🔹 Provérbios 28:23
“O que repreende ao homem achará depois mais favor do que aquele que lisonjeia com a língua.”

📖 Provérbios 27:6
“Fiéis são as feridas feitas pelo que ama; mas os beijos do que aborrece são enganosos.”

📖 Gálatas 4:16
“Fiz-me, porventura, vosso inimigo, dizendo-vos a verdade?”

Comentário: A correção sincera, ainda que dolorosa, traz fruto duradouro. Paulo ecoa esse princípio ao confrontar a igreja com a verdade. A lisonja pode parecer mais agradável, mas não cura.

🔹 Provérbios 28:24
“O que rouba a seu pai ou a sua mãe e diz: Não é transgressão, companheiro é do destruidor.”

📖 Êxodo 20:12
“Honra teu pai e tua mãe…”

📖 Marcos 7:10–13
“Vocês anulam a palavra de Deus... dizendo: é Corbã...”

Comentário: Jesus condena quem racionaliza o desrespeito aos pais. Provérbios afirma que isso o torna cúmplice do destruidor, termo associado a Satanás (João 10:10). É uma violação direta da Lei e da natureza da piedade.

🔹 Provérbios 28:25
“O orgulhoso de coração levanta contendas, mas o que confia no Senhor prosperará.”

📖 Tiago 4:1–6
“De onde vêm as guerras e contendas entre vós? ... Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes.”

📖 Jeremias 17:7
“Bendito o homem que confia no Senhor…”

Comentário: O orgulho provoca divisão, enquanto a fé humilde traz estabilidade. Tiago mostra que a confiança em Deus é remédio contra disputas motivadas por desejos egoístas. A prosperidade aqui é vista como bênção divina.

🔹 Provérbios 28:26
“O que confia no seu próprio coração é insensato, mas o que anda sabiamente será salvo.”

📖 Jeremias 17:9
“Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas…”

📖 Mateus 7:24–27
“O homem prudente construiu sua casa sobre a rocha...”

Comentário: A autoconfiança cega o homem para seus próprios enganos. Jesus compara a sabedoria prática a uma vida firmada em obediência à Palavra, não em sentimentos instáveis.

🔹 Provérbios 28:27
“O que dá ao pobre não terá falta, mas o que esconde os olhos terá muitas maldições.”

📖 Isaías 58:7–10
“Reparte o teu pão com o faminto… então nascerá a tua luz.”

📖 Lucas 6:38
“Dai, e ser-vos-á dado…”

Comentário: A generosidade é sinal de justiça. Isaías e Jesus mostram que Deus recompensa o cuidado com o pobre, e que a negligência atrai juízo. A providência divina acompanha o coração compassivo.

🔹 Provérbios 28:28
“Quando os perversos se levantam, os homens se escondem; mas, quando eles perecem, os justos se multiplicam.”

📖 Salmos 12:8
“Os ímpios andam por toda parte, quando a vileza se exalta…”

📖 Atos 12:23–24
“Logo o feriu um anjo do Senhor… Mas a palavra de Deus crescia e se multiplicava.”

Comentário: A ascensão dos ímpios gera medo e retração dos justos. Mas sua queda permite que a justiça floresça. A morte de Herodes ilustra como o juízo divino sobre o ímpio abre caminho para o avanço do Reino.

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