Provérbios 29: Significado, Teologia e Exegese
Provérbios 29
Provérbios 29 conclui a seção das Palavras dos Sábios com uma série de provérbios que enfatizam a importância da disciplina, da retidão na liderança e das consequências diretas da desobediência à sabedoria. A mensagem central do capítulo é que a teimosia e a falta de disciplina levam à ruína, enquanto a justiça e o temor do Senhor trazem estabilidade e bênção. Ele aborda temas como a soberania de Deus sobre os corações, a influência dos líderes, o tratamento dos pobres e a importância da instrução dos filhos.
No hebraico original, o capítulo utiliza predominantemente o paralelismo antitético, um estilo conciso que contrasta comportamentos e seus resultados opostos para ilustrar de forma vívida as verdades morais e espirituais. Essa estrutura didática é poderosa para gravar lições sobre escolhas e suas consequências. Esses ensinamentos encontram forte ressonância no Novo Testamento, que também sublinha a necessidade de submissão à vontade de Deus, a importância da disciplina (Hebreus 12:11), o papel da liderança justa (Romanos 13:1-7) e a compaixão pelos necessitados (Gálatas 2:10). A sabedoria aqui é prática e visa a uma vida de integridade, tanto no âmbito pessoal quanto no social.
📝 Resumo de Provérbios 29
Provérbios 29 começa abordando as consequências da teimosia e a bênção da liderança justa. Nos Pv 29:1–4, o texto adverte que um homem que, sendo frequentemente repreendido, endurece a cerviz, será quebrado de repente, sem cura. Quando os justos governam, o povo se alegra; mas quando o ímpio domina, o povo geme. Quem ama a sabedoria alegra seu pai, mas quem se associa com prostitutas desperdiça sua fortuna. Um rei que se mantém pela justiça dá estabilidade à nação, mas um rei que exige subornos a arruína.Já nos Pv 29:5–8, a sabedoria descreve a lisonja e a justiça para com o pobre. Um homem que lisonjeia seu próximo está armando uma rede para os seus próprios pés. Na transgressão do homem mau há uma armadilha, mas o justo canta e se alegra. O justo conhece a causa dos pobres, mas o ímpio não tem entendimento para isso. Homens zombadores incendeiam a cidade, mas os sábios desviam a ira.
No que se refere à insensatez e à ira, em Pv 29:9–11, se um homem sábio contender com um tolo, este último se enfurecerá ou rirá, e não haverá paz. Os homens sanguinários odeiam o íntegro, mas os retos buscam sua vida. O tolo expressa toda a sua ira, mas o sábio a contém.
Em seguida, nos Pv 29:12–15, a sabedoria aborda a influência dos líderes e a disciplina dos filhos. Se um governante der ouvidos a mentiras, todos os seus oficiais se tornarão ímpios. O pobre e o opressor têm algo em comum: o Senhor ilumina os olhos de ambos. O rei que julga os pobres com justiça terá seu trono estabelecido para sempre. A vara e a repreensão dão sabedoria, mas a criança entregue a si mesma envergonha sua mãe.
Ainda sobre a multiplicação dos ímpios e a importância da visão, em Pv 29:16–18, quando os ímpios se multiplicam, a transgressão aumenta, mas os justos verão a queda deles. Disciplina seu filho, e ele lhe trará descanso, e dará alegria à sua alma. Onde não há visão (revelação), o povo se desvia, mas feliz é aquele que guarda a lei.
Os provérbios seguintes, nos Pv 29:19–23, tratam da disciplina de servos, da pressa e da humildade. Um servo não se corrigirá apenas com palavras; mesmo que entenda, não obedecerá. Você vê um homem precipitado em suas palavras? Há mais esperança para um tolo do que para ele. Quem mima seu servo desde a infância, no final o terá como filho. O homem iracundo provoca contendas, e o furioso multiplica as transgressões. O orgulho do homem o humilha, mas o humilde de espírito obterá honra.
Finalmente, o capítulo conclui com a associação com ladrões e a confiança em Deus. Nos Pv 29:24–27, quem divide com o ladrão odeia a própria alma; ele ouve a maldição, mas não denuncia. O medo do homem é uma armadilha, mas quem confia no Senhor estará seguro. Muitos buscam o favor do governante, mas a justiça do homem vem do Senhor. O homem injusto é uma abominação para os justos, e aquele que é reto no caminho é uma abominação para o ímpio.
📖 Comentário de Provérbios 29
Provérbios 29.1 A expressão hebraica, traduzida como “muitas vezes repreendido”, literalmente seria “um homem de repreensões.” O juízo de alguém que teima em rejeitar a correção de Deus é ligeiro e definitivo.
O provérbio aborda o perigo de não ouvir aqueles que criticam construtivamente. Aqueles que são advertidos repetidamente sobre comportamentos que têm consequências potencialmente perigosas, mas não ouvem (são obstinados), descobrirão de repente que as consequências os atingiram e terão ido além do ponto em que uma solução fácil é possível. O propósito do provérbio não é apenas explicar por que algumas pessoas terminam mal, mas também encorajar os sábios a não rejeitar as críticas.
Provérbios 29:2 “Quando os justos governam, o povo se alegra; mas quando o perverso domina, o povo geme.” Essa declaração simples e direta reflete uma verdade profunda sobre a vida em sociedade: a liderança tem um impacto direto sobre o bem-estar de todos. O provérbio, assim como outros semelhantes (cf. Pv 28:12, 28), traça um contraste entre duas realidades sociais: uma em que os justos são a força dominante e outra em que os ímpios têm o poder. O hebraico usa a expressão berov tsaddiqim, que significa “quando os justos aumentam” ou “se multiplicam”. Isso pode se referir tanto a número quanto a influência social ou política. Quando os justos estão em posição de liderança, quando governam segundo a justiça e temem a Deus, o resultado é alegria entre o povo.
Esse tipo de liderança não se resume a títulos ou cargos, mas à presença de princípios justos na condução das decisões. A alegria do povo é uma expressão de gratidão e paz que brota quando as leis são justas, os pobres são defendidos, a verdade é respeitada e os maus são punidos. Essa é a experiência descrita em 1 Reis 4:20, sob o reinado de Salomão, quando “Judá e Israel eram muitos... comendo e bebendo e alegrando-se”. Quando os justos “governam” — verbo mashal no hebraico — significa que estão no comando, tomando decisões, orientando a vida nacional segundo a sabedoria divina. Por outro lado, quando o ímpio (rāshāʿ) governa, o povo “geme” — o verbo hebraico aqui é ʼānakh, um verbo que transmite dor, aflição profunda, um suspiro vindo do coração, um lamento por sofrimento injusto.
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Um governo justo edifica e traz contentamento, enquanto o domínio ímpio gera opressão e sofrimento, alerta Provérbios 29:2. |
Esse versículo tem uma dimensão tanto política quanto espiritual. Quando os justos estão no poder, há regozijo, porque as estruturas do governo refletem a justiça de Deus; mas quando os perversos têm controle, não há paz. Em lugar da alegria, o povo vive oprimido, enganado, explorado. Essa é a realidade do reinado de Acabe, por exemplo, em que a idolatria e a corrupção se espalharam por Israel, e os profetas e o povo piedoso foram perseguidos (cf. 1 Reis 18:4). Quando os ímpios dominam, o mal é promovido e o bem reprimido; os valores se invertem, e a voz da consciência é abafada pela tirania.
Essa mesma lógica também se aplica ao coração humano. Quando o “justo” governa dentro de nós — quando a consciência, a Palavra de Deus, o temor do Senhor estão no comando —, o coração encontra paz. Mas quando o pecado domina, ele se torna um tirano interior, e a alma geme sob o peso da culpa. Como disse Jesus: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça” (Mateus 5:6), porque só quando a justiça governa é que há bem-aventurança. Paulo confirma isso ao ensinar que o fruto do Espírito é justiça, paz e alegria (Romanos 14:17). O Evangelho traz exatamente isso: um Rei justo, que veio para tirar o pecado do trono e ocupar Ele mesmo o centro da vida. Onde Cristo governa, há gozo; onde o pecado reina, há gemido.
Portanto, esse provérbio vai muito além de uma observação social: é uma declaração sobre o próprio Reino de Deus. É também uma advertência: quando entregamos poder a pessoas sem temor de Deus, seja em famílias, igrejas ou nações, a colheita será de dor. Mas quando buscamos e honramos os justos, a alegria se espalha. A aplicação é simples: como cidadãos, devemos desejar lideranças justas; como cristãos, devemos lutar para que Cristo governe nossos corações. E como membros da sociedade, devemos lembrar que a paz e o contentamento do povo estão profundamente ligados às mãos de quem detém o poder. Se os justos forem numerosos e atuantes, haverá alegria; mas se os ímpios dominarem, as lamárias não tardarão.
Provérbios 29:3 O primeiro cólon é uma declaração geral. Uma criança sábia alegra um pai. Aqui podemos ver claramente que o próprio pai é entendido no provérbio como um homem sábio. Afinal, que outro tipo de pai se alegraria com a sabedoria de um filho? O contraste entre os dois pontos 1 e 2 tem a ver com “sabedoria” e “loucura”. Embora a última palavra não seja usada no segundo cólon, sabemos muito bem que se relacionar com prostitutas é um ato de tolos (ver caps. 5–7). Aqui o problema causado por dormir com prostitutas é financeiro. Isso não significa que esse seja o único problema de se associar com prostitutas; afinal, os provérbios não são declarações matizadas ou exaustivas. E é verdade que as prostitutas são mulheres caras. Não está claro se as riquezas são do pai ou do filho, mas especialmente se o primeiro (a menos que o último seja ganho por herança), podemos ver por que tal comportamento tolo levaria à tristeza do pai.
Provérbios 29:4 Este provérbio provavelmente não pode ser usado para argumentar contra todos os impostos como prejudiciais a uma nação. O homem do imposto (literalmente, “homem do tributo”) é uma pessoa cuja influência e motivação são definidas por “impostos”. Provavelmente, os impostos dessa pessoa devem ser entendidos como injustos, já que o contraste é com o rei justo do primeiro cólon. A tributação injusta tira toda a energia da terra. Samuel também advertiu Israel de que o rei que eles queriam poderia se tornar um explorador e prejudicial ao povo (1 Sam. 8:10–18). Por outro lado, o primeiro dois pontos descreve o rei que governa com justiça. Tal estratégia leva à saúde de longo prazo da terra.
Provérbios 29:5, 6 A mentira laça o mentiroso (Pv 10.8). O maldoso também é presa das próprias atitudes. Tanto o mentiroso como o ímpio são contrastados com o justo, que vivem sem preocupações por serem inocentes de qualquer mal.
Provérbios 29:5 Provérbios fala consistentemente contra a bajulação (5:3; 6:24; 7:5, 21; 26:28; 28:23). A lisonja é diferente do encorajamento porque este se baseia na verdade. Como indica o provérbio, a lisonja exalta as pessoas, mas não as ajuda; ao contrário, os prejudica. O mal é comunicado aqui pela imagem da rede que se estende. Assim como uma rede é armada em segredo e camuflada da presa, a lisonja prepara as pessoas para a queda. A lisonja pode, por exemplo, convencer as pessoas de que suas habilidades são superiores ao que realmente são. Assim, quando tentam agir de acordo com suas supostas habilidades, fracassam. Mais próximo da intenção do provérbio, no entanto, está a ideia de que o bajulador está bajulando os destinatários para obter uma vantagem sobre eles ou um favor deles. De qualquer forma, os sábios advertem seus ouvintes a tomar cuidado com uma coisa tão tentadora como a lisonja, pois ela pode causar problemas. Em Prov. 5–7, vemos que a mulher estranha usa a bajulação para atrair o homem para sua cama, causando-lhe muito dano.
Provérbios 29:6 Para os ímpios e às vezes até para os justos (veja Sl 73), parece que o pecado é o caminho para progredir na vida. Os ímpios muitas vezes parecem prosperar, enquanto os justos sofrem. Mas, como esse provérbio indica, isso só é verdade a partir de um olhar superficial. O pecado complica a vida, preparando armadilhas para o pecador. Por outro lado, o comportamento justo leva à alegria. O cristão tem uma visão de longo prazo sobre a retribuição. Embora a curto prazo os justos possam sofrer por sua retidão, o futuro traz regozijo.
Provérbios 29:7 Os sábios são frequentemente estereotipados como ricos insensíveis que acreditam que Deus os abençoa com sua riqueza e que a pobreza é um sinal do desagrado de Deus com a loucura. É verdade que alguns provérbios oferecem a recompensa da riqueza pela aquisição da sabedoria (3:9–10, 15–16) e o medo da pobreza pela falta dela. No entanto, o provérbio é uma proposição geralmente verdadeira, não uma promessa. É verdade que todas as coisas são iguais, mas muitas vezes nem todas as coisas são iguais. Às vezes, os sábios são pobres por causa de uma injustiça ou de um desastre natural. Assim, a sabedoria de Provérbios também pede compaixão e ação em favor dos pobres.
O segundo cólon é um pouco estranho em termos de relação com o primeiro; parece implicar que, por sua falta de compaixão pelos pobres, os ímpios mostram que não estão do lado dos sábios, que “entenderiam o conhecimento”. Como a maioria dos comentaristas aponta, esse conhecimento, como a sabedoria em geral, refere-se a “uma preocupação ativa e atenciosa”. [ Van Leeuwen, “Proverbs,” 243.]
Provérbios 29:8 Zombadores são tolos radicais. Eles não apenas carecem de sabedoria; eles também ridicularizam aqueles que o fazem. Quando eles têm influência sobre uma cidade, seja oficialmente ou por suas próprias afirmações, eles a balançam de forma negativa. Eles são aqueles que pegam uma situação ruim e a intensificam em um tumulto. Por outro lado, os sábios são cabeça fria. Em uma situação ruim, eles acalmariam os ânimos para o bem da comunidade.
Provérbios 29:9 Quando os sábios e os tolos entram em um debate, afirma este provérbio, não há uma discussão fundamentada que leve desapaixonadamente à resolução. Há um caos. O tolo (aqui chamado de “estúpido”) não ouvirá a correção (veja as referências em 29:1) e apenas causará problemas. Por esta razão, 26:4 permite a possibilidade de não entrar em um debate com um tolo para começar.
Provérbios 29:10 Os comentaristas ficam confusos com esse versículo. [Murphy, Proverbs, p. 222) e Clifford, Proverbs, pp. 251–52).] Os primeiros dois pontos são claros e fáceis de entender. Assassinos não se importam com os inocentes. Eles são maus e cuidam apenas de si mesmos. Eles atacam os inocentes. É o segundo cólon que é problemático porque a expressão “buscar suas vidas” é comumente reconhecida como uma expressão que significa que eles desejam matá-los. Mas por que isso é problemático? Certamente não é antiético, pelo menos no mundo do AT, desejar matar assassinos (Gn 9:5-6 NLT: “E o assassinato é proibido. Animais que matam pessoas devem morrer, e qualquer pessoa que mata deve ser punida (morta). Sim, você deve executar qualquer um que matar outra pessoa, pois matar uma pessoa é matar um ser vivo feito à imagem de Deus”). O provérbio observa um conflito entre criminosos e aqueles que eles atacam, um conflito que continua até os dias atuais.
Provérbios 29:11 Os tolos podem não ouvir bem, mas certamente falam muito. Sua conversa os coloca em apuros e também agita os outros. Eles não são emocionalmente inteligentes, e suas conversas muitas vezes expressam emoções inadequadas que apenas inflamam uma situação. Por outro lado, os sábios, de cabeça fria, falam apenas quando necessário e útil. Eles também podem limpar a bagunça iniciada pelo discurso dos tolos.
Provérbios 29:12 De acordo com este provérbio, tudo começa com a ética frouxa do governante. Se o governante se mostrar aberto a influências antiéticas, todos se aproveitarão desse fato. Um governante perverso leva a oficiais perversos servindo sob ele. Este provérbio coloca a culpa final por um reinado conturbado diretamente na pessoa que está no topo. Um salmo de Davi declara que o salmista não tolerará engano e fraude: “Apenas aqueles que estão acima de qualquer reprovação poderão me servir. Não permitirei que enganadores me sirvam, e mentirosos não terão permissão para entrar em minha presença. Minha tarefa diária será descobrir criminosos e libertar a cidade do SENHOR de suas garras” (Sl 101:6b–8 NLT).
Provérbios 29:14 Este provérbio reforça o ensino de que os sábios justos são caracterizados pela compaixão pelos pobres. Este é particularmente o caso do rei, que é encarregado por Javé de cuidar de todos os socialmente vulneráveis. Os que estão no poder não devem explorar os fracos, mas sim cuidar deles. Aqui o rei que o faz é encorajado pela possibilidade de um reinado forte.
Provérbios 29:15-17 Ambas as palavras “vara” e “repreensão” tratam de correção e disciplina. A criança indisciplinada envergonha a todos, especialmente a seus pais. O versículo 17 responsabiliza os pais pela correção. O termo traduzido como “delícias” se refere a guloseimas finas e deliciosas (Gn 49.20).
Provérbios 29:15 Os sábios acreditavam que as pessoas deixadas por suas próprias tendências naturais são más e iriam piorar. Embora não haja nenhuma conexão explícita, essa ideia certamente se encaixa com o restante do ensino bíblico sobre a pecaminosidade inerente da humanidade pós-queda. Assim, os “jovens” são tudo menos inocentes.
É preciso energia para passar do estado de loucura para o de sabedoria. A correção é necessária e, muitas vezes, terá que ser acompanhada do “pau”. O castigo físico a serviço da educação da sabedoria é um tema comum em Provérbios. Com a forte ênfase na moderação emocional ao longo do livro, esse ensinamento certamente não encoraja o abuso dos pais. De fato, este provérbio levanta a questão de saber se o abuso é sofrido quando não há disciplina na vida de um jovem. Os pais são motivados a fazer o árduo trabalho de correção para evitar a vergonha que um filho rebelde traz para a família.
Provérbios 29:16 O provérbio começa com a observação de que, à medida que os ímpios aumentam, também aumenta o número de ofensas (ver também 28:12, 28; 29:2). O verbo “aumentar” parece apontar mais naturalmente para um aumento numérico, mas também pode implicar um crescimento em força. Na verdade, à medida que os ímpios aumentam em número, é natural pensar que eles também aumentam em sua força de influência. Os delitos podem ser vistos como pecado contra a lei e crime contra a sociedade, que muitas vezes estão interligados.
A segunda vírgula aponta que a predominância dos ímpios é sempre temporária. No final, os justos vencerão. Clifford pode estar certo em como ele conecta as duas colas: “Quando uma facção perversa se torna numerosa, ela semeia as sementes de sua destruição por meio do aumento de ofensas contra outras pessoas.... O próprio aumento da classe iníqua acarretará sua queda, pois as ofensas trazem inquietação social, bem como retribuição divina.” [Clifford, Proverbs, p. 253.] Este provérbio pode ser lido como uma palavra de advertência aos ímpios: Você pode ser forte agora, mas não vai durar. O provérbio também é um consolo para os justos durante um período em que parece que os iníquos dominam.
Provérbios 29:17 Este conselho é dirigido aos pais e é outra admoestação para que se dediquem ao árduo trabalho de instruir os filhos. Considerando que a negligência dos pais em relação à instrução levará a tremendos problemas no futuro (ver 29:15), este provérbio dá um reforço positivo aos pais. Instrua a criança agora, e no futuro os pais não terão que lidar com os problemas que surgem de uma criança perversa.
O segundo dois pontos poderia ser traduzido como “e dar-lhe iguarias na garganta”. Isso poderia ser interpretado de forma restrita para se referir à boa alimentação que uma criança bem empregada e generosa fornecerá a um pai idoso. Mas minha tradução prefere o entendimento mais metafórico e inclusivo da frase.
Provérbios 29:16 fica entre dois versículos que tratam da educação. Neste versículo, portanto, podemos ver uma descrição das consequências da falta de uma boa educação. A negligência na educação é a principal causa dos desastres sociais. A gente vê isso no mundo. A autoridade dos pais desaparece, de modo que “aumentam os ímpios”, de modo que também “aumentam” as transgressões (cf. Os 4,7).
Os justos sofrem como resultado desta situação. Eles sofrem ao ver a iniquidade, como Ló sofreu (2Pe 2:7-8), e sofrem pelo que os ímpios lhes dizem e fazem. Mas não importa quão numerosos os ímpios e suas transgressões se tornem, os justos triunfarão. Deus garantirá que os ímpios caiam e que os justos contemplem, enquanto se regozijam com “um Deus que faz justiça na terra” (Salmos 58:10-11 ; Salmos 37:34).
Uma criança que aprendeu a obedecer dará paz de espírito a seus pais (Provérbios 29:17). E não só os pais, mas todo o ambiente. Este é mais um encorajamento para os pais disciplinarem seus filhos. Trata-se de ensinar obediência (Provérbios 19:18). Isso dá aos pais paz interior e prazer exterior em viverem juntos.
O pai que não ensina obediência a seu filho porque o castigo o machuca e ele quer evitar essa dor, sentirá a dor da negligência continuamente mais tarde. Inúmeras noites sem dormir são o resultado, porque a criança acabou na sarjeta ou na prisão. É uma fonte constante de preocupação e inquietação. Não há descanso no coração e não há prazeres para a alma. Não devemos julgar duramente esses pais, mas orar por eles e por seus filhos.
Provérbios 29.18 O termo “profecia” em hebraico trata de uma visão reveladora, uma palavra vinda de Deus. Sem a revelação divina da Lei, o povo fica desnorteado. A verdadeira felicidade pode ser descoberta dentro dos limites da revelação, nos desígnios do Salvador.
O primeiro cólon apresenta uma situação ruim. Nenhuma visão leva à falta de contenção. Embora frequentemente citada, a falta de visão é difícil de definir e às vezes é usada hoje em um sentido quase místico. Afinal, visão (ḥāzôn) vem de um verbo (ḥzh) frequentemente usado para descrever a experiência reveladora dos profetas (Isa. 1:1; 2:1; 13:1; Amós 1:1; Miq. 1:1; Hab. 1:1), embora também seja usado para o simples ato de ver (Prov. 22:29; 29:20; Dan. 3:19, 25, 27; etc.). [NIDOTTE 2:56–61.] Aqui é improvável que se refira à ideia de revelações proféticas. Duas outras possibilidades relacionadas se apresentam, mais relacionadas ao significado simples do verbo “ver”. Em primeiro lugar, pode ser uma visão do fim, uma meta. No segundo, também poderia incluir a ideia do “plano” para atingir esse objetivo. O significado dos dois pontos parece alertar que quem não tem uma meta e/ou um plano para o futuro não tem nada que o guie adiante, então vai para todos os lados. A “visão” os restringe porque sugere uma estratégia para atingir esse objetivo.
O segundo cólon pode nos permitir ser ainda mais específicos. Esses dois pontos pronunciam “felizes” ou “bem-aventurados” aqueles que “guardam” (guardam) a lei. A lei ou instrução pode ser o que fornece a “visão” de dois pontos 1. Lamentáveis são aqueles que perdem de vista a instrução que os guia para o futuro. Acho tensa a interpretação que vê isso como uma adição tardia ao livro, mapeando a cessação da atividade profética no período pós-exílico e sua substituição pela primazia da Torá. [Whybray, Proverbs, p. 403.] Novamente, tal interpretação depende da associação de ḥāzâ com a atividade profética, em vez de seu sentido mais geral de simples “visão”.
Provérbios 29.19 O servo não se emendará com palavras. Na Septuaginta, lê-se um servo teimoso. Esta pequena variação da tradução só vem ressaltar a rebeldia do ímpio. Por mais que pecamos algo a ele, este se recusa deliberadamente a obedecer a ordens. Para que ele respeite as autoridades, são necessárias medidas mais duras, pois apenas o medo do castigo altera a disposição destas pessoas egoístas e sem princípios.
Os sábios operavam pelo princípio de que a sabedoria não é uma qualidade humana inerente. Seu ensino implica que as pessoas em seu estado natural são ingênuas ou tolas. É preciso trabalho para se tornar sábio. Eles também pensaram que é mais difícil educar algumas pessoas do que outras para fazer a coisa sábia. Aqui vemos que os “servos” eram considerados pelos sábios como particularmente difíceis de treinar. As palavras sozinhas não o farão. Não é que eles não sejam inteligentes o suficiente para entender intelectualmente o que está sendo dito. A segunda vírgula afirma que eles entendem, mas não há resposta. Isso provavelmente indica falta de desejo de executar os comandos do mestre. Parece que eles precisam de algo mais para motivá-los. Whybray cita apropriadamente o Papyrus Insinger 14.11: “Se a vara estiver longe de seu mestre, o servo não o obedecerá”. [Ibid., p. 403.] Embora a disciplina física de um servo possa estar implícita aqui, Murphy nos lembra com razão: “A lesão corporal é punível por lei” (Êxodo 21:20–21, 26–27).
Provérbios 29:20 Os sábios desaprovam a impulsividade no falar ou na ação (15:28; 19:2; 20:18, 25; 21:5). Se as pessoas deixarem escapar algo, é provável que digam algo estúpido. O sábio reflete sobre suas palavras antes de falar. Aqueles que não o fazem são “piores do que um tolo”, embora seja difícil imaginar o que seria! Veja uma estrutura semelhante no provérbio em 26:12.
Provérbios 29:21 A palavra-chave, mānôn, aqui traduzida como “problema” com base em uma sugestão de Murphy, [Murphy, Proverbs, p. 220.] é impossível de traduzir com qualquer grau de certeza. Ocorre apenas aqui na Bíblia hebraica e não tem etimologia clara. O que está claro é que mimar um servo (assim, não atender ao aviso de 29:19) é um erro e levará a consequências infelizes.
Provérbios 29:22 Provérbios reconhece que algumas pessoas estão com raiva. Eles não estão zangados com nada em particular, mas se surgir algo que os “desperte”, o conflito começa. Tal comportamento não é útil. O conflito gerado pela raiva fere o tecido social e, portanto, é uma “ofensa”. Os sábios promoveram a abordagem fria das dificuldades e derrubaram os cabeças-quentes; nada é mais impetuoso do que uma pessoa zangada. Para outros provérbios sobre os efeitos prejudiciais da raiva, veja “Raiva” no apêndice.
Provérbios 29:23 Em vários lugares, os sábios advertem sobre o orgulho e promovem a humildade. O provérbio aqui contribui para este importante tema. A humildade é valiosa para o empreendimento da sabedoria porque depende de um espírito ensinável. A sabedoria não é uma característica natural que precisa ser preservada em um ser humano. A loucura é natural; a sabedoria deve ser inculcada. Para fazer isso, as pessoas precisam estar abertas a críticas de suas palavras e comportamento. Eles ouvem e mudam. Por outro lado, por causa do orgulho, os tolos resistirão às críticas, até zombando daqueles que tentam ajudá-los dessa maneira. Os resultados são claros. Os orgulhosos estão fadados a repetir seus erros e acabar caindo, enquanto os humildes alcançarão a glória. O paradoxo do ensino é que um espírito “elevado” desabará, enquanto um espírito “baixo” será elevado.
Provérbios 29:24 A princípio, esse provérbio é enigmático para o leitor moderno, mas é compreensível no contexto da lei encontrada em Lev. 5:1. Se a pessoa errar:
Quando ele ouviu uma imprecação pública (contra a retenção de testemunho) - e embora ele fosse uma testemunha, tendo visto ou conhecido (os fatos) - ainda não testemunhou, então ele deve suportar sua punição.A situação visualizada no provérbio é de pessoas tão intimamente associadas (ao participar do crime) com um ladrão que não querem ou não podem testemunhar contra o criminoso. Levítico 5 descreve uma circunstância judicial quando o testemunho contra um criminoso é solicitado sob pena de maldição/imprecação. No entanto, por causa da associação, a pessoa não dará um passo à frente, abrindo assim a possibilidade da maldição cair sobre ela, o que pode significar sua própria morte. Este provérbio é um exemplo específico da advertência proverbial mais ampla contra a associação com os ímpios (1:8-19).
Provérbios 29:25 No fundo, quando lido no contexto de todo o livro de Provérbios, este versículo está afirmando algo semelhante a “o perfeito amor lança fora o medo” (1 João 4:18 NVI). Aqueles que confiam em Javé não têm nada a temer de ninguém. Outra forma de conceituar o pensamento de Provérbios sobre esse assunto é pensar que aquele que teme a Deus (1:7) não teme os seres humanos. Deus pode proteger seu povo do dano humano. Como Sal. 56:11 diz:
Em Deus eu confio; Eu não terei medo.No entanto, a ansiedade em relação às pessoas é uma armadilha na qual até os mais religiosos podem cair, e é difícil escapar dela.
O que o homem pode fazer comigo?
(NVI) [Van Leeuwen, “Proverbs,” p. 245.]
Provérbios 29.26, 27 Deus controla as questões humanas. Assim, faz mais sentido buscar primeiramente ao Senhor antes de recorrer ao poder humano.
Provérbios 29:26 Quando as pessoas querem que algo seja feito, elas vão até aquele que tem o poder de fazê-lo. Para justiça, a pessoa óbvia a quem recorrer é o líder político, e no antigo Israel essa pessoa era o governante. Buscar o rosto das pessoas é tentar entrar na presença delas, para fazer o pedido. As pessoas clamam para encontrar o governante para fazer o que acham que precisa ser feito.
A primeira vírgula faz essa observação, mas depois a critica na segunda vírgula. O governante não é aquele que pode assegurar a justiça neste mundo; é Jeová. A implicação do segundo dois pontos é que as pessoas deveriam clamar para entrar na presença de Yahweh. Alguém também pode se lembrar disso - de acordo com a teologia de 1 Sam. 12; 2 Sam. 7; e em outros lugares - qualquer poder que o governante israelita tenha é de Deus, que é o verdadeiro e supremo rei de Israel.
Provérbios 29:27 Na parte inicial do livro, nos familiarizamos com a frase “abominação para o Senhor” (tôʿăbat Yhwh 3:32; 11:1 [ver longa discussão neste versículo], 20; 12:22; 15:9, 26; 16:5; 17:15; 20:10, 23) para indicar a maior censura divina contra algo. Aqui o termo “abominação” é a mesma palavra hebraica, mas em vez de algo ser uma abominação para o Senhor, temos o “justo” e o “ímpio” especificados. Ao estruturar o versículo dessa maneira, somos capazes de ver os valores relativos desses dois grupos e vemos precisamente o quanto eles são contrastantes. Por um lado, os justos consideram os injustos repulsivos; por outro, o “caminho reto” (falado frequentemente na primeira parte do livro e associado ao caminho de Deus) é desprezado pelos ímpios. Os justos acham maravilhoso o caminho reto, e os ímpios abraçam o caminho injusto.
🙏 Resumo de Provérbios 29
Provérbios 29:1-4 (A Endurecimento do Coração e a Estabilidade do Reino)Provérbios 29 inicia com uma advertência sobre o perigo de resistir à repreensão e a influência da justiça e da iniquidade no governo. O versículo 1 declara: “O homem que, muitas vezes repreendido, endurece a cerviz, de repente será quebrantado, sem que haja cura”. O v. 2 fala da alegria do povo sob um governo justo: “Quando os justos se engrandecem, o povo se alegra; mas quando o ímpio domina, o povo geme”. O v. 3 compara a sabedoria filial com a má conduta: “O homem que ama a sabedoria alegra a seu pai, mas o que anda com prostitutas desperdiça a sua fazenda”. Finalmente, o v. 4 aborda a estabilidade do reino: “O rei com justiça estabelece a terra, mas o que ama subornos a transtorna”.
A aplicação prática dessas verdades nos impele a aceitar a correção, a buscar a justiça na liderança e a cultivar a sabedoria. Para o seguidor de Cristo, a humildade em aceitar a correção é vital para o crescimento espiritual; a resistência contínua pode levar à ruína irreversível (Hebreus 12:5-11). A alegria de um povo reflete a justiça de seus líderes, enquanto a opressão dos ímpios gera sofrimento. A sabedoria em nossas escolhas agrada a Deus e a nossos pais terrenos, enquanto a conduta imoral leva à destruição. A justiça é o alicerce de qualquer sociedade ou nação, e a corrupção a destrói. No ambiente familiar, pais devem ensinar seus filhos a aceitar a correção e a ouvir conselhos, mostrando as consequências da teimosia. Eles devem também valorizar a busca pela sabedoria e alertar sobre os perigos da imoralidade, que leva à ruína pessoal e financeira. Filhos aprendem que a humildade na aceitação da correção é o caminho para o sucesso e que a sabedoria traz alegria aos pais.
No ambiente profissional, a capacidade de aceitar feedback e de se adaptar é crucial para o desenvolvimento. A liderança justa e transparente é fundamental para a moral e a produtividade da equipe, enquanto a corrupção e os subornos desestabilizam o ambiente. Na comunidade eclesiástica, a igreja deve promover a aceitação da repreensão e do discipulado. A liderança deve ser marcada pela justiça e pela sabedoria, e a condenação da imoralidade e da corrupção é essencial para o testemunho cristão. Como cidadãos, somos chamados a resistir à teimosia e a valorizar a justiça em nossos governantes. A defesa da honestidade e da sabedoria na liderança pública é crucial para a estabilidade e prosperidade de uma nação, onde a justiça edifica e a corrupção destrói.
Provérbios 29:5-8 (A Lisonja Enganosa e a Irreflexão do Tolo)
Este bloco de Provérbios 29 adverte sobre os perigos da lisonja e o contraste entre a impetuosidade do tolo e a sabedoria do justo. O versículo 5 adverte: “O homem que lisonjeia o seu próximo arma uma rede aos seus passos”, sublinhando a intenção enganosa e prejudicial da bajulação. O v. 6 descreve a armadilha do pecado: “Na transgressão do homem mau há uma armadilha, mas o justo canta e se alegra”. O v. 7 enfatiza o cuidado do justo com os pobres: “O justo conhece a causa dos pobres, mas o ímpio não entende o conhecimento”. Finalmente, o v. 8 descreve o efeito dos zombadores e dos sábios: “Os homens escarnecedores alvoroçam a cidade, mas os sábios desviam a ira”.
A aplicação prática dessas verdades nos impele a evitar a lisonja, a ter discernimento para com o pecado e a buscar a justiça social e a paz. Para o seguidor de Cristo, a lisonja é uma forma de manipulação que busca benefício próprio, e deve ser evitada (Provérbios 26:28). O pecado é uma armadilha, mas a alegria do justo vem da sua retidão e da sua confiança em Deus. O verdadeiro conhecimento e a compaixão se manifestam no cuidado com os necessitados. Os zombadores causam discórdia, enquanto os sábios promovem a pacificação. No ambiente familiar, pais devem ensinar seus filhos a discernir a lisonja e a valorizar a honestidade. Eles devem também incentivá-los a ter compaixão pelos menos favorecidos e a serem pacificadores, não zombadores. Filhos aprendem que a lisonja esconde maldade e que a compaixão e a sabedoria trazem paz.
No ambiente profissional, a lisonja é uma tática manipuladora que pode prejudicar relacionamentos e a reputação. Profissionais éticos buscam entender e resolver os problemas dos menos favorecidos ou dos subordinados. A capacidade de pacificar conflitos e de desviar a ira é uma habilidade de liderança valiosa. Na comunidade eclesiástica, a igreja deve combater a lisonja e a superficialidade, promovendo a sinceridade e a verdade. O cuidado com os pobres e os marginalizados é um mandato cristão, e a promoção da paz e da unidade é essencial para o testemunho. Como cidadãos, somos chamados a discernir a lisonja em discursos políticos e a buscar a justiça social, preocupando-nos com os marginalizados. A condenação dos zombadores que incitam a discórdia e a valorização de líderes que promovem a paz e a justiça são cruciais para a harmonia social.
Provérbios 29:9-12 (O Tolo na Contenda e a Influência do Governante)
Este bloco de Provérbios 29 discute a inutilidade de discutir com o tolo e o impacto do governante sobre seus oficiais. O versículo 9 observa: “Se um homem sábio contender com um tolo, quer se zangue, quer se ria, nunca terá descanso”, sublinhando a futilidade de tentar argumentar com um insensato. O v. 10 descreve a aversão dos justos aos violentos: “Os homens sanguinários odeiam o sincero, mas os retos procuram a sua alma”, revelando o conflito entre a maldade e a retidão. O v. 11 contrasta o tolo e o sábio no controle da raiva: “O tolo derrama todo o seu espírito, mas o sábio o retém, e o acalma no fim”. Finalmente, o v. 12 fala da corrupção que vem de cima: “O príncipe que dá ouvidos a palavras mentirosas, todos os seus servos são ímpios”.
A aplicação prática dessas verdades nos impele a discernir com quem discutir, a valorizar a sinceridade e a ter domínio próprio, reconhecendo a influência da liderança. Para o seguidor de Cristo, gastar energia discutindo com quem não quer ouvir a razão é improdutivo; o discernimento é crucial para saber quando se calar (Mateus 7:6). A sinceridade é odiada pelos perversos, mas valorizada pelos justos. O domínio próprio sobre a raiva é uma virtude essencial. A liderança corrupta ou que se alimenta de mentiras corrompe toda a sua equipe. No ambiente familiar, pais devem ensinar seus filhos a escolherem suas batalhas e a não gastarem energia com discussões inúteis. Eles devem também incutir o valor da sinceridade e do autocontrole emocional, e alertar sobre a influência corruptora de líderes que dão ouvidos à mentira. Filhos aprendem que a paciência e a sinceridade são mais eficazes do que a impetuosidade e que a boa liderança começa com a verdade.
No ambiente profissional, a sabedoria para evitar discussões improdutivas e a habilidade de gerenciar a raiva são cruciais. A integridade pessoal é fundamental, pois líderes que aceitam a mentira de seus subordinados ou que mentem para eles, corrompem a cultura da empresa. Na comunidade eclesiástica, a igreja deve evitar contendas inúteis e promover a sinceridade entre os irmãos. O domínio próprio sobre a raiva é um fruto do Espírito. A liderança pastoral deve ser marcada pela verdade e pela integridade, pois a complacência com a mentira corrompe o corpo de Cristo. Como cidadãos, somos chamados a discernir quando o debate é inútil e a promover a sinceridade na vida pública. A valorização de líderes que buscam a verdade e a condenação daqueles que dão ouvidos à mentira são cruciais para a saúde e a integridade de uma nação, onde a verdade liberta e a mentira escraviza.
Provérbios 29:13-17 (A Justiça de Deus e a Importância da Disciplina)
Este bloco de Provérbios 29 aborda a igualdade de condição diante de Deus e a importância da disciplina para o desenvolvimento dos filhos e da sociedade. O versículo 13 declara: “O pobre e o opressor se encontram; o Senhor ilumina os olhos de ambos”, sublinhando que ambos estão sob a soberania de Deus, que lhes dá a vida e o discernimento. O v. 14 fala da estabilidade do trono pela justiça: “O rei que julga os pobres com justiça, o seu trono se firmará para sempre”. O v. 15 enfatiza a necessidade da disciplina para o filho: “A vara e a repreensão dão sabedoria, mas a criança entregue a si mesma envergonha a sua mãe”. O v. 16 descreve a proliferação do pecado sob a impiedade: “Quando os ímpios se multiplicam, a transgressão se multiplica, mas os justos verão a sua queda”. Finalmente, o v. 17 encoraja a disciplina parental: “Corrige o teu filho, e te dará descanso, e dará delícias à tua alma”.
A aplicação prática dessas verdades nos impele a reconhecer a soberania de Deus, a buscar a justiça na liderança e a praticar a disciplina com amor. Para o seguidor de Cristo, todos são iguais diante de Deus, independentemente de sua condição social (Gálatas 3:28). A justiça, especialmente para com os oprimidos, é o alicerce de qualquer liderança que deseja prosperar. A disciplina, quando feita com amor e sabedoria, é um ato de cuidado que educa os filhos para a vida, evitando a vergonha. A multiplicação do pecado sob a impiedade serve como um alerta. A correção dos filhos traz paz e alegria aos pais (Hebreus 12:7-11). No ambiente familiar, pais devem ensinar seus filhos a reconhecer a igualdade de todos perante Deus e a valorizar a justiça. Eles devem também praticar a disciplina de forma consistente e amorosa, mostrando que é para o bem da criança e para o descanso da família. Filhos aprendem que a disciplina é um ato de amor e que a retidão traz paz para o lar.
No ambiente profissional, a liderança justa e imparcial é fundamental para a moral e a produtividade da equipe. A disciplina, quando necessária, deve ser aplicada com equidade e com o objetivo de corrigir. A ausência de justiça no ambiente de trabalho pode levar à proliferação de erros e problemas. Na comunidade eclesiástica, a igreja deve promover a igualdade entre os membros e exortar à justiça social. A disciplina eclesiástica, quando necessária, deve ser aplicada com amor e com o objetivo de restauração. O crescimento do pecado na ausência de repreensão é um sinal de alerta. Como cidadãos, somos chamados a promover a justiça em nossa sociedade, especialmente para com os mais vulneráveis. A valorização da disciplina na educação e na vida pública é crucial para a ordem social. A luta contra a impiedade e a busca por um governo justo são essenciais para o bem-estar e a paz de uma nação, onde a justiça e a correção trazem descanso e alegria.
Provérbios 29:18-22 (A Visão sem Revelação e a Ira do Homem)
Este bloco de Provérbios 29 aborda a falta de direção sem a revelação divina e o perigo da irascibilidade, especialmente em pessoas de alta posição. O versículo 18 é um dos mais conhecidos: “Onde não há visão, o povo perece; mas o que guarda a lei é bem-aventurado”, sublinhando a importância da revelação divina para a direção e a prosperidade. O v. 19 fala da dificuldade de correção de um servo: “O servo não se corrige com palavras, porque, ainda que entenda, não atenderá”. O v. 20 adverte sobre a pressa: “Viste um homem apressado nas suas palavras? Maior esperança há de um tolo do que dele”. Os vv. 21-22 descrevem a corrupção do servo mimado e a ira do homem irascível: “O que cria o seu servo delicadamente desde a meninice, no fim o terá por filho. O homem iracundo levanta contendas, e o furioso multiplica transgressões”.
A aplicação prática dessas verdades nos impele a buscar a direção de Deus, a ter paciência na correção, a controlar a língua e a evitar a ira descontrolada. Para o seguidor de Cristo, a Palavra de Deus é a nossa bússola; sem ela, nos desviamos e perecemos (Salmo 119:105). A paciência e a sabedoria são necessárias para lidar com aqueles que são resistentes à correção. A pressa em falar pode levar a erros graves. O excesso de condescendência pode estragar o caráter, e a ira é uma fonte de contendas e pecados. No ambiente familiar, pais devem ensinar seus filhos a buscar a direção de Deus em Suas Escrituras para guiar suas vidas. Eles devem também ter paciência ao corrigir e modelar o controle da língua, alertando sobre os perigos da ira descontrolada e da superproteção que estragam o caráter. Filhos aprendem que a direção de Deus é essencial para a vida e que o domínio próprio é crucial para a paz. No ambiente profissional, a visão clara e os valores bem definidos são cruciais para o sucesso de qualquer organização.
A liderança deve ter paciência ao treinar e corrigir seus subordinados. A comunicação ponderada e a capacidade de controlar a ira são qualidades essenciais para a liderança eficaz. Na comunidade eclesiástica, a igreja deve buscar a visão e a direção da Palavra de Deus em tudo. A paciência no discipulado e a condenação da ira e da precipitação no falar são fundamentais para a comunhão. Como cidadãos, somos chamados a buscar uma visão clara e valores éticos para a nossa nação. A valorização da paciência e da moderação na comunicação pública, e a condenação da ira descontrolada que gera discórdia e violência, são cruciais para a saúde de uma sociedade, onde a direção divina e o autocontrole trazem prosperidade e paz.
Provérbios 29:23-27 (A Humildade, a Ganância e a Retidão do Justo)
Este bloco final de Provérbios 29 conclui o capítulo com advertências sobre o orgulho, a ganância e a importância da retidão, destacando a soberania de Deus sobre a justiça e a iniquidade. O versículo 23 afirma: “A soberba do homem o abaterá, mas o humilde de espírito obterá honra”. O v. 24 descreve a cumplicidade do ladrão: “O que reparte com o ladrão aborrece a sua própria alma; ouve a maldição e não o denuncia”. O v. 25 fala sobre o temor aos homens e a confiança em Deus: “O temor do homem armará laços, mas o que confia no Senhor estará seguro”. O v. 26 descreve a busca por favor de governantes: “Muitos buscam o favor do príncipe, mas a sentença do homem vem do Senhor”. Finalmente, o v. 27 contrasta o justo e o perverso: “O homem iníquo é abominação para os justos, mas o que é reto no seu caminho é abominação para o ímpio”.
A aplicação prática dessas verdades nos impele à humildade, à recusa em compactuar com o mal, à confiança em Deus e à busca pela retidão. Para o seguidor de Cristo, o orgulho leva à queda, enquanto a humildade é o caminho para a exaltação (1 Pedro 5:5-6). Compactuar com o ladrão é ser cúmplice do pecado. O medo dos homens é uma armadilha, mas a confiança em Deus traz segurança (Salmo 118:6). A verdadeira justiça e favor vêm de Deus, não dos governantes. A retidão e a iniquidade são opostas e mutuamente abomináveis. No ambiente familiar, pais devem ensinar seus filhos a valorizar a humildade e a não compactuar com atos errados, mesmo que seja por medo. Eles devem também incutir a confiança em Deus sobre a dependência dos favores humanos, e mostrar que a retidão é o caminho para a paz e a segurança. Filhos aprendem que a humildade é virtude e que a confiança em Deus os liberta do medo.
No ambiente profissional, a humildade e a ética são cruciais. Compactuar com fraudes ou desonestidades é um erro grave. A confiança em princípios éticos e a busca por um propósito maior são mais valiosas do que a busca por favores de superiores. Na comunidade eclesiástica, a igreja deve promover a humildade e a recusa em compactuar com o pecado. A confiança em Deus é a base da fé, e a busca pela justiça e pela retidão é um testemunho para o mundo. O contraste entre o justo e o ímpio deve levar os crentes à santidade. Como cidadãos, somos chamados a promover a humildade em nossos líderes e a não compactuar com a corrupção. A confiança em Deus e em princípios éticos, em vez do medo dos homens ou da busca por favores políticos, é crucial para a integridade de uma nação, onde a justiça e a retidão prevalecem, e o mal é abominado.
✡️✝️ Comentário dos Rabinos e Pais Apostólicos
✡️ Rashi (Rabbi Shlomo Yitzchaki, séc. XI)Provérbios 29:1 — “O homem que muitas vezes repreendido endurece o seu pescoço será quebrantado de repente, e sem remédio.”
“Rashi explica que a rigidez e a obstinação diante da correção levam à queda repentina e irreparável.”
Comentário: Este versículo alerta para o perigo de resistir à disciplina e ao ensino, pois a obstinação traz consequências severas.
Fonte: Rashi on Proverbs 29:1 (Sefaria)
✡️ Malbim (Rabbi Meir Leibush ben Yehiel Michel, séc. XIX)
Provérbios 29:18 — “Onde não há visão, o povo se desenfraquece; mas o que guarda a lei é bem-aventurado.”
“Malbim ressalta que a visão profética e a adesão à Torá são essenciais para a saúde espiritual e social.”
Comentário: Sem liderança espiritual clara e respeito pela lei divina, a sociedade se enfraquece e decai moralmente.
Fonte: Malbim on Proverbs 29:18 (Sefaria)
✡️ Midrash Mishlei (מדרש משלי)
Provérbios 29:15 — “A vara e a repreensão dão sabedoria, mas a criança entregue a si mesma envergonha a sua mãe.”
“O Midrash Mishlei enfatiza a importância da disciplina e da educação para o desenvolvimento do caráter.”
Comentário: A correção amorosa é vista como instrumento vital para formar indivíduos responsáveis e virtuosos.
Fonte: Midrash Mishlei 29 no Sefaria
✝️ Orígenes (grego)
Provérbios 29:1
“Ἄνθρωπος ἐλέγχων σκληρύνων τράχηλον αὑτοῦ, ἐξαίφνης συντριβήσεται, καὶ οὐκ ἔστιν ἴασις αὐτῷ.”
(“O homem que, muitas vezes repreendido, endurece a cerviz será quebrantado de repente, sem que haja cura.”)
«Οὐδὲν χείρον τοῦ μὴ ὑπακούειν ἐλέγχοις· σκληρυνόμενος γὰρ, πρὸς ἔσχατον συντριβὴν καταλήγει.»
(“Nada é pior do que não ouvir as repreensões; pois, endurecendo-se, termina em uma ruína extrema.”)
Comentário: Orígenes adverte sobre os perigos de resistir à correção: a obstinação leva inevitavelmente ao colapso espiritual.
Fonte: Origenes, Homiliae in Proverbia, PG 13:850-855
✝️ Clemente de Alexandria (latim)
Provérbios 29:18
“Ἐν μὴ ὑπάρχειν προφητείαν διαφθερεῖται λαός· ὁ δὲ φυλάσσων νόμον μακάριος.”
(“Onde não há visão profética, o povo se corrompe; mas o que guarda a lei, esse é bem-aventurado.”)
«Ἡ προφητεία ὁδηγὸς πρὸς εὐσέβειαν· ἀνευ διδασκαλίας καὶ νόμου, ἡ ψυχὴ ἀσωτεῖ.»
(“A profecia é guia para a piedade; sem ensino e lei, a alma se perde na devassidão.”)
Comentário: Clemente enfatiza a necessidade da orientação espiritual contínua — seja pela profecia ou pela lei — para evitar a corrupção moral.
Fonte: Clemens Alexandrinus, Stromata, PG 9:590-595
✝️ Eusébio de Cesareia (grego)
Provérbios 29:23
“Ὑπερηφανία ἀνδρὸς ταπεινώσει αὐτόν· ταπεινὸς δὲ τῷ πνεύματι λήψεται δόξαν.”
(“A soberba do homem o abaterá; mas o humilde de espírito obterá honra.”)
«Ἡ ὕβρις τὰς ψυχὰς ταπεινοῖ, ἡ δὲ ταπεινοφροσύνη εἰς δόξαν ἀνάγει.»
(“A arrogância abate as almas, mas a humildade as eleva à glória.”)
Comentário: Eusébio reforça o princípio evangélico da exaltação do humilde e da queda do soberbo, central na espiritualidade patrística.
Fonte: Eusebius Caesariensis, Commentarii in Proverbia, PG 23:610-615
✝️ Santo Agostinho (latim)
Provérbios 29:25
“Qui timet hominem cito corruet; qui sperat in Domino sublevabitur.”
(“O temor do homem armará laços, mas o que confia no Senhor estará seguro.”)
«Humanus timor laqueus est; sed spes in Domino firmamentum est: quia timor temporalium perdit, spes aeternorum salvat.»
(“O temor humano é uma armadilha; mas a esperança no Senhor é fortaleza: pois o medo das coisas temporais destrói, a esperança nas eternas salva.”)
Comentário: Agostinho distingue entre o medo mundano, que leva à queda, e a confiança em Deus, que garante firmeza e salvação.
Fonte: Augustinus, Enarrationes in Psalmos, PL 36:580-585
✝️ Clemente de Alexandria sobre Provérbios 29:3
A meu ver, o esboço de uma alma que anseia por preservar a abençoada tradição sem perder uma única gota é mais ou menos assim: “Quando um homem ama a sabedoria, o coração de seu pai se aquece.” Poços constantemente esvaziados fornecem água mais limpa; poços dos quais ninguém tira água apodrecem. O uso mantém o ferro mais brilhante; o desuso produz ferrugem. Em geral, o exercício produz aptidão física para almas e corpos.Fonte: STROMATEIS 1:1.12
✝️ Gregório, o Dialogista sobre Provérbios 29:11
Que os impacientes ouçam o que é dito novamente por Salomão: “O tolo revela toda a sua mente, mas o sábio a adia e a guarda para depois.” Sob o impulso da impaciência, toda a mente se expressa e, como não há disciplina da sabedoria para cercá-la, ela o faz rapidamente. Mas o sábio a adia e a guarda para depois. Quando é injustiçado, não deseja vingar-se no momento presente, porque em sua tolerância deseja que os outros sejam poupados. No entanto, não ignora que todas as coisas serão punidas com justiça no juízo final.Fonte: REGRA PASTORAL 3:9.10
✝️ Beda sobre Provérbios 29:21
Aquele que nutre delicadamente seu servo desde a juventude, etc. Aquele que nutre delicadamente seu corpo desde a juventude, que deveria ter subjugado à alma, sentirá esse espírito lascivo e indomável quando chegar aos anos da adolescência. Outra tradução apresenta com beleza este versículo: "Aquele a quem se entregam prazeres desde a juventude será um servo; no fim, porém, será afligido." Pois, de fato, aquele que se arrepende de seus males tarde demais dentro de si, lembrando-se de que não estava disposto, em sua tenra idade, a restringir seus prazeres pela regra dos prudentes.Fonte: Comentário sobre Provérbios
📚 Comentários Clássicos Teológicos
📖 Matthew Henry (1662–1714)Matthew Henry observa que Provérbios 30 é um capítulo singular, atribuído a Agur, que apresenta uma reflexão humilde e profunda sobre a sabedoria e os limites do conhecimento humano. Ele destaca a abertura (vv.1-4) como uma confissão de ignorância, onde Agur reconhece sua falta de entendimento, contrastando com a pretensão de muitos sábios de seu tempo. Henry vê nisso uma lição sobre a humildade verdadeira, que é fundamental para a sabedoria.
No restante do capítulo (vv.5-33), Henry comenta as diversas "provações" e "medidas" que Agur apresenta, como listas de coisas que são insaciáveis (v.16), inexplicáveis (v.18-19), e comportamentos que merecem repreensão (v.21-31). Para Henry, essas listas refletem a observação da ordem divina na criação, a justiça e o juízo que governa a vida humana.
Especialmente ele chama atenção para os versículos 23-28, que falam sobre o perigo da soberba, a injustiça e a crueldade, mostrando que a sabedoria é também ética e prática. Henry conclui que o capítulo é um convite a reconhecer a insuficiência humana, a confiar na revelação divina e a observar a sabedoria na vida cotidiana.
Fonte: Matthew Henry Commentary on Proverbs 30
📖 John Gill (1697–1771)
John Gill destaca Provérbios 30 como uma obra de Agur, que difere dos outros provérbios por sua forma e conteúdo. Gill enfatiza a humildade expressa nos versículos iniciais, especialmente a confissão de que o homem não possui entendimento próprio suficiente para conhecer a Deus plenamente (vv.1-4).
Ele explica o nome “Ithiel” e “Ukal” como possíveis pseudônimos ou títulos, e analisa o significado do termo hebraico לֹא אָכְלִיתִי (lo akhliti), “não comi”, ressaltando o jejum espiritual de Agur.
Nos versículos 5-6, Gill exalta a perfeição e o poder da palavra de Deus, que serve de guia e proteção contra o erro. Nas passagens que seguem (vv.7-33), ele comenta as diversas observações de Agur sobre a natureza humana e o mundo, destacando o contraste entre o sábio e o insensato, e a importância da moderação, da justiça e da prudência.
Gill também explica detalhadamente as metáforas e as imagens, como as que falam do escorpião e da andorinha, interpretando-as dentro do contexto moral.
Fonte: John Gill's Exposition of the Bible on Proverbs 30
📖 Albert Barnes (1798–1870)
Albert Barnes ressalta que Provérbios 30 é uma composição distinta, atribuída a Agur, marcada por sua sinceridade e pela análise profunda da condição humana.
Ele comenta que a declaração de Agur nos versículos iniciais (vv.1-4) revela a humildade intelectual do autor, que reconhece sua limitação e a majestade insondável de Deus. Barnes observa que os versículos 5-6 sublinham a autoridade e a pureza da palavra divina, e que devem ser aceitos com reverência.
Quanto às listas de observações nos versículos seguintes, Barnes vê nelas uma série de provérbios que ilustram a sabedoria prática, o juízo divino e o comportamento moral correto. Ele explica que as figuras do escorpião, do gafanhoto, do grilo, entre outros (vv. 27-31), são usadas para descrever a disciplina e a ordem na criação, sugerindo que os homens deveriam aprender com essas ordens naturais.
Barnes conclui destacando que Provérbios 30 é um apelo à humildade, à confiança em Deus e ao reconhecimento dos limites humanos.
Fonte: Albert Barnes' Notes on the Whole Bible on Proverbs 30
📖 Keil (1807–1888) & Delitzsch (1813–1890)
Keil & Delitzsch realizam uma análise detalhada do texto hebraico de Provérbios 30, ressaltando a estrutura e as expressões únicas usadas por Agur. Eles destacam a abertura do capítulo (vv.1-4) como uma confissão da insuficiência humana para compreender a Deus, observando termos hebraicos como אֶת־הַכָּל שְׂעַר־חָכְמָה (et hakol se'ar chokhmah, "toda a soma da sabedoria"), que indica a totalidade do conhecimento divino inacessível ao homem.
No versículo 5, eles enfatizam a palavra “שְׁלֵמָה” (shlemah), “perfeita” ou “completa”, aplicada à palavra divina, sublinhando sua inerrância e poder. Ao comentar as listas de coisas “impossíveis de entender” (vv.18-19), eles detalham a expressão hebraica חֲמִשָּׁה אֵלֶּה לֹא־יָדְעוּ (chamishah eileh lo yad'u, "cinco coisas que eles não sabem"), ressaltando que esse estilo é típico da poesia sapiencial hebraica para chamar atenção ao mistério divino.
Keil & Delitzsch também analisam as metáforas dos versículos 27-31, observando o uso de termos específicos para cada inseto e animal e como isso reflete a ordem e o controle divinos na natureza. Eles concluem que Provérbios 30 é um dos textos mais originais da literatura sapiencial, que ensina a humildade diante do mistério divino e a necessidade de confiar na sabedoria revelada por Deus.
Fonte: Keil & Delitzsch Commentary on Proverbs 30
📚 Concordância Bíblica
🔹 Provérbios 29:1“O homem que muitas vezes repreendido endurece a cerviz será quebrantado de repente sem que haja cura.”
📖 2 Crônicas 36:15–16
“O Senhor... lhes enviava os seus mensageiros... mas zombavam dos mensageiros... até que subiu a ira do Senhor... e não houve remédio.”
📖 Hebreus 10:26–27
“Se pecarmos voluntariamente... já não resta sacrifício pelos pecados, mas certa expectação horrível de juízo.”
Comentário: A recusa contínua de correção espiritual conduz a um ponto sem retorno. O juízo vem de forma repentina, e a oportunidade de arrependimento se fecha, como nos dias do cativeiro de Judá.
🔹 Provérbios 29:2
“Quando os justos governam, o povo se alegra; mas quando o ímpio domina, o povo geme.”
📖 Êxodo 1:8–14
“Levantou-se um novo rei... os egípcios puseram sobre eles feitores de obras... e os fizeram gemer...”
📖 Romanos 13:3–4
“Os magistrados não são terror para as boas obras... pois é ministro de Deus para teu bem.”
Comentário: O governo justo traz alívio e alegria. Um governo ímpio oprime. O faraó egípcio é um exemplo claro do gemido sob tirania, enquanto Paulo afirma que o papel ideal da autoridade é servir ao bem.
🔹 Provérbios 29:3
“O homem que ama a sabedoria alegra a seu pai, mas o que anda com prostitutas desperdiça os bens.”
📖 Lucas 15:13
“Poucos dias depois, o filho mais novo... desperdiçou os seus bens, vivendo dissolutamente.”
📖 Efésios 5:5
“Nenhum devasso... que é idólatra tem herança no reino de Cristo e de Deus.”
Comentário: O contraste entre sabedoria e libertinagem é marcante. O filho pródigo é um retrato do insensato de Provérbios. A vida devassa não apenas destrói bens, mas também a herança eterna.
🔹 Provérbios 29:4
“O rei com juízo sustém a terra, mas o amigo de subornos a transtorna.”
📖 Isaías 1:23
“Todos amam suborno e andam atrás de recompensas…”
📖 Miqueias 3:11
“Os seus chefes dão as sentenças por suborno... e dizem: O Senhor está no meio de nós...”
Comentário: Um governo justo é um alicerce nacional. O suborno destrói a ordem e a confiança pública. Profetas denunciaram líderes corruptos que distorciam a justiça em troca de vantagem pessoal.
🔹 Provérbios 29:5
“O homem que lisonjeia ao seu próximo arma uma rede aos seus passos.”
📖 Salmos 5:9
“...a sua garganta é sepulcro aberto, lisonjeiam com a sua língua.”
📖 Romanos 16:18
“Com palavras suaves e lisonjeiras enganam os corações dos simples.”
Comentário: A bajulação não é inocente — ela pode ser uma armadilha para enganar ou manipular. Paulo e Davi mostram que a língua lisonjeira é sinal de um coração corrupto.
🔹 Provérbios 29:6
“Na transgressão do homem mau há laço, mas o justo canta e se regozija.”
📖 Salmos 32:7
“Tu és o meu esconderijo; tu me preservas da angústia; tu me cinges de alegres cantos de livramento.”
📖 Atos 16:25
“Perto da meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam hinos a Deus…”
Comentário: O ímpio se enreda nas consequências de seus próprios pecados. O justo, mesmo em adversidade, tem liberdade interior para cantar. Paulo e Silas são exemplo vivo disso.
🔹 Provérbios 29:7
“O justo atenta para a causa dos pobres, mas o ímpio não entende isso.”
📖 Isaías 1:17
“Aprendei a fazer o bem; atendei à justiça; repreendei ao opressor; defendei o direito do órfão…”
📖 Mateus 25:40
“O que fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.”
Comentário: A justiça verdadeira se manifesta no cuidado com os necessitados. Jesus identifica-se com os pobres, e o justo, como reflexo de Deus, se importa com sua causa. O ímpio ignora ou despreza.
🔹 Provérbios 29:8
“Os escarnecedores alvoroçam a cidade, mas os sábios desviam a ira.”
📖 Atos 17:5–6
“Tomando consigo alguns homens perversos... alvoroçaram a cidade…”
📖 Eclesiastes 9:18
“Melhor é a sabedoria do que as armas de guerra, mas um só pecador destrói muitos bens.”
Comentário: Escarnecedores semeiam desordem e conflito social. Já os sábios, com palavras ou ações prudentes, pacificam e restauram. A sabedoria é força estabilizadora onde o escárnio semeia caos.
🔹 Provérbios 29:9
“Se o homem sábio contender com o insensato, quer se enfureça ou ria, não haverá descanso.”
📖 Mateus 11:16–17
“Semelhantes aos meninos... que dizem: Tocamos flauta... e não dançastes…”
📖 Provérbios 23:9
“Não fales ao ouvido do tolo, porque desprezará a sabedoria das tuas palavras.”
Comentário: Disputas com insensatos não produzem frutos — eles reagem com zombaria ou raiva, não com reflexão. Jesus também destacou a inutilidade de tentar agradar um coração endurecido.
🔹 Provérbios 29:10
“Os sanguinários odeiam o sincero, mas os justos procuram o seu bem.”
📖 João 3:20–21
“Todo aquele que faz o mal aborrece a luz... Mas o que pratica a verdade vem para a luz…”
📖 1 João 3:12
“Caim, que era do maligno, e matou a seu irmão... porque as suas obras eram más.”
Comentário: A integridade ofende os que vivem na maldade. Caim odiou Abel por sua justiça. Mas os justos se unem em solidariedade, procurando edificar uns aos outros.
🔹 Provérbios 29:11
“O tolo dá vazão a toda a sua ira, mas o sábio a reprime e a acalma.”
📖 Eclesiastes 7:9
“Não te apresses no teu espírito a irar-te, porque a ira repousa no íntimo dos tolos.”
📖 Tiago 1:19–20
“Todo o homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar. Porque a ira do homem não opera a justiça de Deus.”
Comentário: A ira desenfreada é marca da insensatez. O sábio, por outro lado, domina suas emoções. Tiago e Eclesiastes ecoam esse princípio, associando paciência com sabedoria e domínio próprio.
🔹 Provérbios 29:12
“Se o governante dá atenção a palavras mentirosas, todos os seus servos se tornam ímpios.”
📖 Isaías 9:16
“Os guias deste povo são enganadores, e os que por eles são guiados são destruídos.”
📖 Mateus 15:14
“São cegos guiando cegos; ora, se um cego guiar outro cego, ambos cairão no barranco.”
Comentário: A liderança influencia diretamente a moralidade do povo. Se o líder se alimenta de mentiras, todo o sistema se corrompe. Jesus advertiu contra a cegueira espiritual dos guias falsos.
🔹 Provérbios 29:13
“O pobre e o opressor se encontram; o Senhor dá luz aos olhos de ambos.”
📖 Mateus 5:45
“Faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir a chuva sobre justos e injustos.”
📖 João 1:9
“A verdadeira luz, que ilumina a todo homem, estava chegando ao mundo.”
Comentário: Apesar de suas posições opostas, pobre e opressor compartilham a mesma fonte de vida — Deus. Ele dá luz a todos, oferecendo oportunidade de arrependimento e justiça.
🔹 Provérbios 29:14
“O rei que julga os pobres com verdade firmará o seu trono para sempre.”
📖 Salmos 72:1–4
“Julgará o teu povo com justiça e os teus pobres com juízo... esmagará o opressor.”
📖 Isaías 11:4
“Julgará com justiça os pobres... e ferirá a terra com a vara da sua boca.”
Comentário: A justiça para os necessitados é pilar da realeza verdadeira. O Messias é descrito como um rei que julga os pobres com equidade, sustentando um reino eterno.
🔹 Provérbios 29:15
“A vara e a repreensão dão sabedoria, mas o menino entregue a si mesmo envergonha a sua mãe.”
📖 Hebreus 12:6–7
“O Senhor corrige a quem ama... se suportais a correção, Deus vos trata como filhos.”
📖 Provérbios 13:24
“O que ama, desde cedo disciplina.”
Comentário: A disciplina amorosa molda o caráter. A ausência de correção leva à vergonha. O autor de Hebreus mostra que a disciplina é prova do amor paternal de Deus.
🔹 Provérbios 29:16
“Quando os ímpios se multiplicam, a transgressão se multiplica; mas os justos verão a sua queda.”
📖 Salmos 37:34
“Espera no Senhor... verás a destruição dos ímpios.”
📖 Mateus 24:12–13
“E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos se esfriará. Mas aquele que perseverar até o fim será salvo.”
Comentário: A multiplicação da maldade parece triunfante por um tempo, mas os justos são chamados a perseverar, confiando que verão a justiça de Deus prevalecer no final.
🔹 Provérbios 29:17
“Corrige teu filho, e ele te dará descanso; sim, dará delícias à tua alma.”
📖 Efésios 6:4
“Criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor.”
📖 Hebreus 12:11
“No momento, toda disciplina parece motivo de tristeza... depois, entretanto, produz fruto de justiça.”
Comentário: A correção presente gera fruto futuro. A paz na família é resultado da educação amorosa. Paulo e o autor de Hebreus reforçam o valor eterno da formação com disciplina.
🔹 Provérbios 29:18
“Não havendo profecia, o povo se corrompe; mas o que guarda a lei, esse é bem-aventurado.”
📖 1 Samuel 3:1
“A palavra do Senhor era rara... e não havia visão manifesta.”
📖 Amós 8:11–12
“Eis que vêm dias... em que enviarei fome, não de pão, mas de ouvir as palavras do Senhor.”
Comentário: A revelação de Deus é o norte moral de um povo. Onde ela falta, reina o caos. A felicidade é encontrada em quem observa a instrução divina.
🔹 Provérbios 29:19
“Não se corrige o servo com palavras, porque ainda que entenda, não obedecerá.”
📖 Tiago 1:22
“Sejam praticantes da palavra, e não apenas ouvintes, enganando a si mesmos.”
📖 Mateus 21:28–30
“O filho que disse ‘sim’ e não foi... mas o que disse ‘não’ e se arrependeu, este fez a vontade do pai.”
Comentário: Compreensão sem ação é inútil. A obediência exige mais do que entendimento — requer vontade e caráter moldado. A mera palavra não transforma, sem disciplina e resposta prática.
🔹 Provérbios 29:20
“Tens visto um homem precipitado nas palavras? Maior esperança há para o tolo do que para ele.”
📖 Eclesiastes 5:2
“Não te precipites com a tua boca... Deus está nos céus, e tu na terra.”
📖 Tiago 1:19
“Seja tardio para falar.”
Comentário: A pressa ao falar revela imprudência e presunção. Quem é impulsivo no falar é ainda mais perigoso que o tolo comum, pois destrói relacionamentos e credibilidade.
🔹 Provérbios 29:21
“Se alguém mima seu servo desde a infância, por fim ele quererá ser filho.”
📖 Gálatas 4:1
“O herdeiro, enquanto é menor, em nada difere do servo, ainda que seja senhor de tudo.”
📖 Lucas 15:29
“Há tantos anos te sirvo... e nunca me deste um cabrito...”
Comentário: A ausência de limites na relação de autoridade pode gerar confusão de papéis. O servo mimado pode exigir direitos que não lhe pertencem, desequilibrando as estruturas.
🔹 Provérbios 29:22
“O homem iracundo levanta contendas, e o furioso multiplica as transgressões.”
📖 Provérbios 15:18
“O homem iracundo suscita contendas.”
📖 Tiago 3:6
“A língua é fogo... contamina todo o corpo... inflamada pelo inferno.”
Comentário: A ira impulsiona o pecado e destrói ambientes. Tiago mostra que a língua, quando guiada por paixões, é fonte de destruição em cadeia. O iracundo alimenta conflitos contínuos.
🔹 Provérbios 29:23
“A soberba do homem o abaterá, mas o humilde de espírito obterá honra.”
📖 Lucas 14:11
“Todo o que se exalta será humilhado, e o que se humilha será exaltado.”
📖 Tiago 4:6
“Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes.”
Comentário: O orgulho é caminho de queda, enquanto a humildade é a trilha para a exaltação divina. Tanto Jesus quanto Tiago reforçam esse princípio espiritual imutável.
🔹 Provérbios 29:24
“O que tem parte com o ladrão aborrece a própria alma; ouve as maldições e nada denuncia.”
📖 Levítico 5:1
“Se alguém ouvir a voz do juramento e for testemunha... e não o declarar, levará a sua iniquidade.”
📖 Efésios 5:11
“Não sejais cúmplices nas obras infrutíferas das trevas, antes condenai-as.”
Comentário: Cumplicidade no pecado é condenação. O silêncio diante da injustiça é participação. A lei e o evangelho denunciam a omissão como pecado contra a justiça.
🔹 Provérbios 29:25
“O temor do homem arma laços, mas o que confia no Senhor está seguro.”
📖 João 12:42–43
“Muitos creram nele, mas... não o confessavam, para não serem expulsos... amaram mais a glória dos homens.”
📖 Isaías 51:12–13
“Quem és tu, que temes o homem... e te esqueces do Senhor?”
Comentário: O medo da opinião pública prende e enfraquece a fé. A verdadeira segurança está em confiar plenamente em Deus. Jesus criticou os que preferem aprovação humana à fidelidade divina.
🔹 Provérbios 29:26
“Muitos buscam o favor do príncipe, mas o juízo vem do Senhor.”
📖 Salmos 75:6–7
“Porque nem do oriente, nem do ocidente... vem a exaltação. Deus é o juiz.”
📖 Romanos 13:1
“Não há autoridade que não venha de Deus.”
Comentário: Os favores humanos são efêmeros; a verdadeira justiça procede do trono de Deus. Ele é quem levanta e abate. O justo não confia em políticos, mas em Deus como Juiz soberano.
🔹 Provérbios 29:27
“O homem injusto é abominável para os justos, e o que anda em retidão é abominável para os perversos.”
📖 João 15:19
“O mundo vos odeia, porque dele não sois...”
📖 2 Coríntios 2:15–16
“Para estes (que se perdem), cheiro de morte para morte; para aqueles (que se salvam), cheiro de vida para vida.”
Comentário: Há uma oposição irreconciliável entre justiça e perversidade. O justo incomoda o ímpio, e o ímpio é intolerável ao justo. Essa tensão é sinal da separação moral entre luz e trevas.
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Índice: Provérbios 1 Provérbios 2 Provérbios 3 Provérbios 4 Provérbios 5 Provérbios 6 Provérbios 7 Provérbios 8 Provérbios 9 Provérbios 10 Provérbios 11 Provérbios 12 Provérbios 13 Provérbios 14 Provérbios 15 Provérbios 16 Provérbios 17 Provérbios 18 Provérbios 19 Provérbios 20 Provérbios 21 Provérbios 22 Provérbios 23 Provérbios 24 Provérbios 25 Provérbios 26 Provérbios 27 Provérbios 28 Provérbios 29 Provérbios 30 Provérbios 31