Provérbios 31: Significado, Teologia e Exegese
Provérbios 31
Provérbios 31 é o capítulo final do Livro de Provérbios, e muitas vezes é referido como o capítulo da “mulher virtuosa”. O capítulo está escrito na forma de um poema acróstico, com cada verso começando com uma letra sucessiva do alfabeto hebraico. O capítulo oferece um retrato de uma esposa e mãe ideal, enfatizando suas virtudes e habilidades.
O capítulo 31 encerra o livro com uma poderosa e multifacetada coleção de sabedoria, dividida em duas partes distintas: as palavras do Rei Lemuel, que sua mãe lhe ensinou, e a famosa descrição da mulher virtuosa (a "mulher excelente" ou "mulher de Provérbios 31"). A mensagem geral do capítulo abrange conselhos cruciais para a liderança justa e a moderação, e culmina numa idealização da mulher sábia, diligente, compassiva e temente a Deus. Ele enfatiza que a verdadeira força e valor não residem na beleza ou nas riquezas, mas sim no caráter moral, na produtividade e na reverência ao Senhor. No hebraico original, a primeira parte (Pv 31:1-9) é um conselho direto de uma mãe para seu filho rei, utilizando uma linguagem incisiva.
A segunda parte (Pv 31:10-31) é um poema acróstico, onde cada versículo começa com uma letra sucessiva do alfabeto hebraico (de Álefe a Tav), o que demonstra uma sofisticada estrutura literária para transmitir a plenitude do ideal feminino. Essa composição poética não apenas lista qualidades, mas pinta um retrato vibrante de uma vida plena e bem-sucedida. Os ensinamentos deste capítulo ressoam fortemente com os valores do Novo Testamento sobre a temperança, a justiça para os vulneráveis (Tiago 1:27), e a importância das virtudes femininas e masculinas dentro da fé cristã (Tito 2:3-5; Efésios 5:22-33). Ele serve como um resumo dos temas de sabedoria abordados em todo o livro de Provérbios, aplicando-os à conduta pessoal e ao louvor de um caráter piedoso.
📝 Resumo de Provérbios 31
Provérbios 31 começa com as palavras do Rei Lemuel, que sua mãe lhe ensinou, focando em conselhos para uma liderança justa e moderada. Nos Pv 31:1–7, a mãe de Lemuel o adverte a não desperdiçar suas forças com mulheres nem seus caminhos com aquelas que destroem reis. Ela o instrui a não beber vinho em excesso nem bebida forte, pois isso pode fazê-lo esquecer a lei e perverter o julgamento dos necessitados. Em vez disso, ela o encoraja a dar bebida forte aos que perecem e vinho aos que têm amargura de alma, para que bebam e esqueçam sua pobreza e angústia. Ela o exorta a abrir a boca em favor dos que não têm voz, para defender a causa de todos os desamparados e julgar com justiça os pobres e necessitados.
Já nos Pv 31:8–9, o foco continua na justiça e na defesa dos oprimidos. Ele deve abrir sua boca para defender a causa do pobre e do necessitado, assegurando que recebam justiça. A segunda parte do capítulo, de Pv 31:10–31, é um poema acróstico que descreve a mulher virtuosa. O texto questiona quem pode encontrar uma mulher virtuosa, afirmando que seu valor excede em muito o das joias. Seu marido confia nela, e ela lhe traz bem, e não mal, todos os dias de sua vida. Ela busca lã e linho, e trabalha com prazer com suas mãos. É como os navios do comerciante, que trazem alimento de longe. Levanta-se ainda de noite para preparar a comida da casa e dar a porção às suas servas. Ela considera um campo e o compra; com o fruto de seu trabalho, planta uma vinha.
Ela se cinge de força e fortalece seus braços. Percebe que o seu comércio é lucrativo; sua lâmpada não se apaga de noite. Estende suas mãos para o fuso, e suas mãos seguram a roca. Estende suas mãos ao pobre e as estende ao necessitado. Não teme a neve por sua casa, pois toda a sua casa está vestida de escarlate. Faz para si cobertas; suas vestes são de linho fino e púrpura. Seu marido é respeitado nas portas da cidade, quando se assenta entre os anciãos da terra.
Ela faz vestes de linho e as vende; fornece cintos aos comerciantes. Força e dignidade são suas vestes, e ela ri do futuro. Abre a boca com sabedoria, e em sua língua há instrução de bondade. Ela cuida dos caminhos de sua casa e não come o pão da preguiça. Seus filhos se levantam e a chamam de abençoada; seu marido também a elogia, dizendo: “Muitas filhas fizeram coisas excelentes, mas você supera a todas elas!”. A beleza é enganosa e a formosura é vã, mas a mulher que teme ao Senhor é que deve ser elogiada. Deem-lhe o fruto de suas mãos, e que as suas obras a louvem nas portas da cidade.
📖 Comentário de Provérbios 31
Provérbios 31.1 A instrução da mãe do rei Lemuel. Como no início do cap. 30, temos aqui um pequeno trecho atribuído a uma fonte até então desconhecida e bastante enigmática. O nome que nos foi dado é Lemuel, rei de Massa. Não temos nenhuma pista, bíblica ou extrabíblica, quanto à identidade desse rei. Em todo caso, o ensinamento é dirigido a este rei e é atribuído a sua mãe. Já observamos e comentamos o fato de que nos provérbios hebraicos, ao contrário de outros provérbios do antigo Oriente Próximo, as mães são mencionadas como aquelas envolvidas na instrução de seus filhos (ver comentários em 1:8). No entanto, este é o único lugar onde realmente ouvimos a voz da mãe independentemente da voz do pai. O assunto de sua conversa é algo que uma mãe sábia, especialmente a mãe sábia de um líder, gostaria de levar para casa para seu filho: mulheres e bebida são duas grandes tentações para um homem com poder e dinheiro.
Esta é seção a única neste livro em que um rei é abordado diretamente. É também um capítulo inteiro que vem de uma mulher cheia de sabedoria divina. O ensinamento contém duas advertências (Pv 31:2-7) e um conselho (Pv 31:8-9). A mãe alerta o filho, o rei, sobre os perigos da sexualidade e da bebida. Ela leva seu tempo e não mede suas palavras. Ainda hoje é importante que os pais falem franca e claramente com seus filhos sobre esses assuntos. Se advertirmos as crianças em sua juventude, elas o farão quando forem mais velhas (Provérbios 22:6).
Lemuel significa “devotado a Deus” ou “pertencente a Deus”. Seu nome ocorre apenas aqui. Lemuel foi ensinado por sua mãe. Era “o oráculo” ou “o fardo” que ela carregava em seu coração. Isso se encaixa na maneira como os ensinamentos de Provérbios são transmitidos. O livro começava com as palavras de um pai para seu filho: “Ouve, meu filho, a instrução de teu pai” (Provérbios 1:8). Ali o pai também lhe diz: “E não abandones o ensinamento de tua mãe” (Provérbios 1:8). Esta instrução ou ensinamento é dado em detalhes neste último capítulo.
Confirma a grande influência que as mães exercem sobre os filhos. Nos livros 1 Reis e 2 Crônicas, o nome da mãe de um rei é frequentemente mencionado (1 Reis 11:26; 14:21; 15:2; 2 Crônicas 12:13; 13:2; 20:31). É uma grande bênção ter uma mãe temente a Deus (2 Timóteo 1:5 ; 2 Timóteo 3:15). A mãe de Lemuel é honrada por Deus porque Ele dá a ela um capítulo inteiro em Sua Palavra para seu ensino. Isso prova o valor de suas palavras para cada geração através dos séculos até hoje. Depois de sua mãe, sua esposa é a segunda mulher a exercer grande influência sobre um homem. A mãe de Lemuel fala de seu valor em Provérbios 31:10.
Suas palavras também se aplicam a nós. Pois nós somos reis (Ap 1:6). Ainda não exercemos a realeza, mas possuímos sua dignidade e, portanto, também devemos nos comportar “realmente”. Portanto, devemos levar a sério as advertências da mãe.
Provérbios 31:2 A sintaxe e o significado do v. 2 são um pouco difíceis, e nós o traduzimos literalmente. Além de três vocativos que indicam a intimidade da mãe com o filho e, portanto, seu direito de falar com ele de maneira autoritária, como poucos poderiam se dirigir ao rei, as três colas começam todas simplesmente com “O quê?” Talvez seja uma incredulidade "O que!" abreviação de "O que você está fazendo!" isso a leva a comentar sobre mulheres e beber. De qualquer forma, esta salva de abertura leva a esses dois assuntos nessa ordem.
No uso tríplice da palavra “o que”, ouvimos o desejo apaixonado da mãe de que seu filho cumpra sua alta vocação. Ela fala como quem pensa nos conselhos que vai dar ao filho, de tão cuidadosa que tem com o filho. A pergunta, que é também um apelo, surge como um profundo suspiro do coração da mãe que se preocupa com o bem-estar do filho. Ela quer dizer a ele o que é vantajoso para ele, e fazê-lo com palavras que o impressionem e fiquem com ele: “As palavras dos sábios são como aguilhões, e os mestres [dessas] coleções são como pregos bem cravados; eles são dados por um só Pastor” (Eclesiastes 12:11).
A mãe se dirige ao filho de forma penetrante com uma voz cheia de amor. Ela quer toda a atenção dele. A tripla repetição de “filho” mostra a seriedade da advertência. Ele é primeiro “meu filho”. Isso indica seu relacionamento direto com ele. Então ela se dirige a ele como “filho do meu ventre”. Com isso ela diz que ele é seu próprio filho, não é adotado, mas nascido dela. Por fim, ela o chama de “filho dos meus votos”. Isso indica que ela o havia dedicado ao Senhor. Isso nos lembra o que Ana fez com Samuel (1 Samuel 1:11). Como Ana, sem dúvida ela deve ter orado muito por esta criança, antes e depois de seu nascimento (1 Samuel 1:26-28).
Provérbios 31:3 “Não dês às mulheres a tua força, nem os teus caminhos às que destroem os reis”, ecoa como uma advertência solene de uma mãe sábia ao seu filho, o rei Lemuel. No cerne desta admoestação, encontramos um alerta contra dois grandes perigos que têm o poder de minar não apenas o indivíduo, mas também a integridade de seu governo e a retidão da justiça: a sensualidade desordenada e a entrega da própria conduta à influência de paixões desenfreadas.
A palavra hebraica para “força” aqui é ḥayil, um termo rico em nuances. Ele transcende o mero vigor físico, abrangendo a virtude moral, o valor militar, a integridade de caráter e até mesmo a substância ou riqueza de um homem. Este vocábulo designa o que há de mais essencial e potente em um indivíduo, tanto no corpo quanto na mente, como podemos ver em Provérbios 5:9 e 31:10. A mãe de Lemuel adverte que todo o potencial dado por Deus a um homem pode ser corrompido pela entrega à luxúria. A Septuaginta, uma antiga tradução grega do Antigo Testamento, traduz ḥayil como plouton (πλοῦτον), sugerindo que não apenas a energia e o vigor, mas também os recursos e as riquezas podem se esvair nesse caminho de desregramento. A mensagem é inconfundível: a entrega irrestrita à sensualidade mina o vigor, os bens e a sabedoria.
A segunda parte do versículo emprega a expressão dĕrākêkha, que se traduz como “os teus caminhos”, referindo-se ao curso da vida, às decisões e aos projetos do rei. O que se segue, lamḥōt mĕlākîm, pode ser traduzido como “às que destroem reis”, sendo o termo lamḥōt derivado do verbo māḥāh, que carrega a potente ideia de apagar, exterminar, ou obliterar, como visto em passagens como Gênesis 6:7 e Salmos 9:5. Segundo estudiosos, essa expressão designa aquelas mulheres que, por sua luxúria e manipulação, são capazes de arruinar monarcas por dentro, seja pela corrupção da justiça, seja pela ruína do corpo e da reputação. Embora o Targum (antiga tradução aramaica) a interprete como “filhas de reis”, a leitura mais consistente e impactante a vê como a personificação da destruição de tronos através da sensualidade. Como Matthew Henry sabiamente observa, essa advertência é um chamado à castidade e à pureza de conduta, qualidades indispensáveis a qualquer líder. Um rei, que é figura de autoridade e modelo de justiça, deve vigiar sobre si mesmo, pois como podem governar outros aqueles que são escravos de suas próprias paixões?
Essa exortação ganha um peso ainda maior quando revisitamos os relatos bíblicos. O exemplo mais marcante é o de Salomão, a quem a tradição judaica frequentemente identifica como o próprio Lemuel. O texto de 1 Reis 11:1-4 é um testemunho pungente de sua queda: “amou muitas mulheres estrangeiras... e quando Salomão já era velho, suas mulheres lhe perverteram o coração”. O impacto dessa entrega não foi apenas espiritual, mas devastou o reino política e socialmente, culminando na idolatria e na divisão do reino após sua morte. Muffet (1868) sintetiza o trágico destino de quem se entrega à impiedade, ressaltando que, ao contrário do justo que é livrado de seus problemas, os ímpios perecem na adversidade sem se recuperar. A advertência em Provérbios 31:3 é, portanto, de uma dualidade crucial: ela é tanto pessoal quanto nacional.
A sabedoria contida em Provérbios 31:3 ressoa com os ensinamentos do Novo Testamento. A pureza de vida é uma exigência inegociável para aqueles que lideram a igreja: “Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma só mulher...” (1 Timóteo 3:2). Aqueles que estão à frente do povo de Deus não podem, de forma alguma, ser escravos de suas paixões, pois isso os desqualifica. Paulo, ao descrever o fruto do Espírito, destaca o domínio próprio, ou enkrateia (ἐγκράτεια), como uma clara evidência da presença transformadora de Deus na vida de uma pessoa (Gálatas 5:23). Os reis terrenos e, por extensão, todos os que exercem qualquer tipo de liderança, não estão acima desta verdade. A entrega à sensualidade é intrinsecamente incompatível com o governo justo, com o temor de Deus e com a lucidez que se espera de quem detém poder sobre vidas. Prometer liberdade enquanto se é servo da corrupção, como adverte 2 Pedro 2:19, é uma hipocrisia que leva à ruína. A lição deste versículo é universal: quem entrega seu corpo e sua mente ao pecado destrói a si mesmo e corrompe tudo ao seu redor.
Embora o versículo 3 se concentre nas “mulheres” como um veículo para a destruição, é importante notar que a mãe de Lemuel imediatamente amplia sua advertência nos versículos seguintes para o perigo das “bebidas fortes”. Isso sugere que a força do rei – seu vigor físico e mental, sua sabedoria, seus recursos – não deve ser sacrificada a quaisquer prazeres desordenados que “destroem reis”. Sejam as “mulheres” que induzem à devassidão e à manipulação, sejam as “bebidas fortes” que obscurecem o juízo, ambos são caminhos que corrompem a integridade. A embriaguez, assim como a luxúria, é um vício que “desumaniza” e “destrona” um líder, tornando-o incapaz de governar com retidão. Afeta a clareza mental, a memória e a capacidade de aplicar a lei e fazer justiça aos aflitos (Isaías 28:7). Assim como não é próprio dos reis se entregarem a paixões sexuais desordenadas, não é próprio deles se permitirem a embriaguez, que os leva a se esquecer da lei e a perverter o direito dos necessitados (Levítico 10:9; 1 Timóteo 5:23). O rei deve ser um padrão de pureza e sobriedade, pois se espera que seus súditos também o sejam. Portanto, a advertência em Provérbios 31:3 serve como um princípio abrangente: guardar a própria força e os próprios caminhos de tudo aquilo que tem o poder de desviar o coração, corromper a mente e levar à destruição.
Provérbios 31:4 “Não é próprio dos reis, ó Lemuel, não é próprio dos reis beber vinho, nem dos príncipes desejar bebida forte.” O versículo 4 prossegue na exortação materna do rei Lemuel, agora com um foco incisivo no perigo da embriaguez, reiterando a incompatibilidade entre a dignidade real e o consumo excessivo de bebidas. A repetição enfática, “Não é próprio dos reis, ó Lemuel, não é próprio dos reis beber vinho, nem dos príncipes desejar bebida forte”, amplifica a seriedade da advertência, sublinhando que tal comportamento é profundamente desonroso para a realeza. O nome lēmô’ēl, que significa “para Deus” ou “pertencente a Deus”, serve como um lembrete crucial: o rei é alguém consagrado e responsável diante do Altíssimo, e sua posição não comporta leviandade ou irresponsabilidade.
A advertência não se dirige ao consumo moderado de yayin, “vinho”, ou shēkār, “bebida forte”, mas sim à busca pela intoxicação como fonte de prazer ou fuga. Este tipo de comportamento é considerado indigno de quem ocupa um trono. Jeremy Taylor, em sua obra “Holy Living”, brilhantemente descreve como a embriaguez “abre todos os santuários da natureza, e descobre a nudez da alma, todas as suas fraquezas e loucuras”, tornando um homem incapaz de ser um amigo leal ou um conselheiro público, aprisionando a alma e minando a razão. Muffet (1868) complementa essa ideia, afirmando que a embriaguez em um rei “confunde o trono, embota o discernimento e faz perecer os aflitos”, pois o vinho é destinado aos que estão em dor, não aos que governam com justiça.
Essa preocupação da mãe de Lemuel reflete um temor real de que a entrega ao álcool possa obscurecer o juízo do rei e enfraquecer sua firmeza na execução da justiça. Isso se alinha perfeitamente com as advertências proféticas do Antigo Testamento contra líderes que falham devido ao vinho, como em Isaías 28:7, que lamenta: “Mas também estes cambaleiam por causa do vinho, e andam errados por causa da bebida forte: o sacerdote e o profeta erram por causa da bebida forte”. A visão bíblica de um rei ou líder é a de alguém que deve julgar com retidão e lucidez, atributos que são irremediavelmente comprometidos pela embriaguez. A tradução de Jerônimo, ao afirmar que “não há segredo onde a embriaguez reina”, ecoa o provérbio “quando o vinho entra, o segredo sai”, mostrando a vulnerabilidade e a perda de discernimento que acompanham a intoxicação.
A história bíblica oferece exemplos concretos das consequências devastadoras do desregramento. Enquanto Salomão orou com justiça por sabedoria para governar (1 Reis 3:9), ele próprio, apesar deste conselho materno, se entregou ao vinho, assim como às mulheres (Eclesiastes 2:3), e sofreu as consequências. Vemos a ruína de Ben-Hadade e os trinta e dois reis com ele, que foram derrotados pelos israelitas enquanto se embriagavam (1 Reis 20:16-21). Da mesma forma, Belsazar teve sua festa de embriaguez interrompida pela escrita na parede, que anunciava o fim de seu reino naquela mesma noite (Daniel 5:1-5; 25-28). Eclesiastes 10:17 destaca: “Feliz és tu, ó terra, quando teu rei é filho de nobres, e teus príncipes comem em tempo devido, para ter força, e não para bebedice!”. A implicação é clara: a liderança exige constante lucidez, e a embriaguez a impede.
No Novo Testamento, a mesma advertência é reiterada para todos os cristãos. Paulo, em Efésios 5:18, exorta: “E não vos embriagueis com vinho, no qual há devassidão, mas enchei-vos do Espírito”. O contraste entre o domínio próprio que o Espírito Santo produz e a perda de controle causada pelo álcool é evidente. A embriaguez impede a vigilância espiritual e a clareza moral, requisitos essenciais não apenas para qualquer autoridade espiritual ou civil, mas para a vida de todo seguidor de Cristo. A mãe de Lemuel instrui que o domínio de si e a sobriedade não são meramente virtudes pessoais; são responsabilidades públicas, pois as decisões de um rei – e, por extensão, de qualquer líder ou mesmo do cristão que é “rei e sacerdote” ao seu Deus (1 Pedro 4:7) – afetam inúmeras vidas. A pureza de julgamento e a firmeza na justiça são atributos incompatíveis com a mente obscurecida pela bebida forte.
Provérbios 31.8, 9 Abre a boca a favor do mudo. Esta expressão mostra o dever de o rei defender os fracos e sustentar os indefesos. Estes ideais raramente foram cumpridos seja naquela época, seja na atualidade. No entanto, chegará o dia em que o grande Rei e Protetor dos indefesos virá estabelecer Seu Reino de justiça (Pv 23.10,11).
Provérbios 31.10-12 Provérbio 31.10-31 é um poema em acróstico. Cada versículos começa com uma letra do alfabeto hebraico. Há quem pense que ele seja continuação dos ensinamentos da mãe de Lemuel (v. 1-9), mas também pode ser uma unidade independente, de encerramento. Assim como o livro de Provérbios começa no Prólogo (Pv 1.1-7), que fornece os objetivos da sabedoria em termos genéricos, agora ele se conclui com este Epílogo (Pv 31.10-31), que os apresenta como estudo de caso. A expressão “mulher virtuosa” trata de excelência, valor moral, capacidade e nobreza, e não apenas de fidelidade conjugal (Pv 12.4). Tal mulher é o ideal da sabedoria em ação, algo que é expresso pelas palavras: “quem a achará”.
Provérbios 31:10 Provérbios 12:4 já introduziu a frase “mulher nobre” (cf. Rute 3:11). A palavra “nobre” (ḥayîl) tem conotações militares, mas não se restringe ao uso militar. O significado básico do termo é “força” e “poder” e “pode ser aplicado a uma variedade de pessoas, incluindo um guerreiro (poderoso), um funcionário (capaz) e um proprietário de terras (rico)”.] Embora isso indique que “nobre” aqui pode não ser militar, o fato de o poema associar a linguagem militar a essa mulher nos versos seguintes sugere que o compositor pretende que o leitor reconheça a imagem guerreira aqui. A seguir, vemos uma mulher engajada na batalha da vida, lidando com as pessoas e conquistando uma vantagem para sua família.
A pergunta (Quem pode encontrar?) sublinha a raridade e, portanto, a preciosidade de tal mulher. A segunda vírgula enfatiza isso afirmando que seu preço excede o de pérolas preciosas. Ao longo de Provérbios e em outros lugares, vimos esse tropo usado para apontar a importância da sabedoria, e aqui ele está sendo aplicado à personificação humana da própria Mulher Sabedoria. O “preço” ou “valor” da sabedoria é claramente metafórico em outras partes do livro, o que, portanto, conta contra a visão de Yoder de que isso se refere aos dotes do período persa.
Embora seja verdade que o casamento era mais uma transação econômica (dote, preço da noiva, etc.) do que é hoje, não devemos pensar no “preço” da mulher nobre em termos estritamente literais. Em vez disso, “preço” aqui é uma metáfora de valor ou dignidade.
Provérbios 31:11 A mulher é descrita pela primeira vez pela atitude do marido em relação a ela. Ele confia seu coração a ela. O coração representa a personalidade central de uma pessoa e não especificamente as emoções, como tende a fazer na linguagem moderna (ver 3:1). Em todo caso, significa que o marido está confiante em se tornar totalmente vulnerável a ela. Ele confia nela para seguir em frente e cuidar dele e da casa.
A segunda vírgula mostra que ela não falha com ele. No hebraico original, as palavras são impressionantes. O termo “pilhagem” (šālāl) refere-se aos despojos da guerra. A ideia do verso parece sugerir que a mulher é uma guerreira na batalha da vida. Ela sai e luta em nome de sua família e volta com os espólios do vencedor, que permitem que sua família prospere em meio ao conflito. As versões silenciam essa interpretação, fornecendo as seguintes interpretações suaves:
...e ele não terá falta de ganho (NRSV)
...e filhos não faltam (REB)
...tem um prêmio infalível (NAB)
...dela ele obterá grande lucro (NJB)
...e não tem nada de valor (NVI)
...e ela enriquecerá muito a vida dele (NLT)
Provérbios 31.13-15 Estes versículos tanto enfatizam o trabalho árduo como a habilidade. A mulher descrita neste trecho bíblico faz o que gosta, realizando-se em diversas tarefas. As palavras “ainda de noite, se levanta” tratam de sua preocupação com os outros. Ela se doa em prol da família e seus servos.
Provérbios 31.16, 17 A expressão “examina uma herdade” mostra a diligencia da mulher virtuosa em lidar sabiamente com os recursos financeiros e dar segurança a família. Neste caso, ela compra e vende para construir seu patrimônio. Vale ressaltar como são notáveis estas palavras, visto que naquela época havia muitas restrições impostas às mulheres.
Provérbios 31.18, 19 Uma das fontes exploradas pela mulher são os empreendimentos caseiros para ganhar um dinheiro extra e agir com independência.
Provérbios 31:19 Superficialmente, esse versículo nos leva de volta às habilidades da mulher para fabricar roupas. O “fuso dobrado”, também chamado de “roca” (kîshôr), é “um bastão de madeira no qual a lã ou o linho era preso antes de ser transformado em fio”. é o volante de um bastão usado para coletar o fio ou linha. Embora superficialmente, essa descrição da atividade feminina pareça de natureza doméstica, ela pode ter uma nuance adicional. Anat, a deusa guerreira de Ugarit, usava sua roca e seu verticilo como arma. Novamente, isso pode enfatizar a imagem do guerreiro, que acompanha essa descrição da “mulher nobre”.
Provérbios 31.20-22 A mulher virtuosa trabalha não para ficar rica. Além de servir a própria família, ela também é generosa e ajuda os necessitados.
Provérbios 31:20 Os sábios ensinaram que o sábio deve ser generoso com o pobre (11:24; 28:27; 29:7, 14). Aqui a “mulher nobre” mostra sua sabedoria ao se preocupar com as necessidades dos desamparados.
Provérbios 31:21 Como aprendemos no final do poema, o único medo dessa mulher sábia é o Senhor (v. 30). O temor de Javé afasta todos os outros medos. Especificamente, a mulher não tem medo do clima porque se prepara para isso. Não é incomum nevar na região montanhosa central de Israel, embora não seja frequente. Porém, mesmo não sendo frequente, a mulher está pronta, tendo já feito agasalhos para todos os membros da sua casa. Ela planeja com antecedência.
Provérbios 31:22 O primeiro cólon pode ser provocadoramente comparado a 7:16, onde a mulher promíscua diz ao homem que ela está tentando seduzir: “Eu enfeitei minha cama com colchas”. Este contexto pode indicar que a palavra “coberturas de cama” (marbaddîm) tem conotações sensuais, mas se assim for, elas são bastante discretas. Suas roupas são feitas dos melhores e mais caros materiais. O roxo era tão caro, de fato, que a maior parte de seu uso ocorreu entre a realeza. Pelo menos, esses materiais apontam para uma riqueza significativa.
Provérbios 31:23 A mulher virtuosa ajuda o marido a conquistar um lugar de prestígio e de reputação. Este versículo descreve o importante status e função do marido da mulher. Ele é um líder na comunidade. O fato de ele se sentar com os anciãos no portão indica que ele próprio é um ancião. Os portões de uma cidade eram a área de reunião pública e serviam como uma espécie de prefeitura. Ali os anciãos tomavam decisões e faziam julgamentos que afetavam toda a cidade. A implicação é que seu marido pode alcançar um status tão significativo apenas com o apoio de sua esposa. Ela cuida da casa enquanto ele trabalha na comunidade. A reputação dela também aumenta a dele.
Provérbios 31.24 A expressão “panos de linho” indica, provavelmente, roupas femininas. O poema fala novamente de seu comércio de roupas. Ela é uma empresária que vende roupas. Os termos específicos para “trajes” (sādîn) e “vestimenta” (ḥăgôr) podem sugerir roupas íntimas, como roupas íntimas e cintos, respectivamente.
Provérbios 31.25 É certo que a mulher virtuosa procura usar belas roupas e estar sempre bonita. Este versículos, porém, carrega um significado metafórico e mostra que ela também se veste de foça e dignidade [NVI], qualidades morais e espirituais.
Vários versos desse poema descrevem a facilidade da mulher em fazer roupas para si, para sua família e para vender. Talvez seja isso que sugeriu o uso mais metafórico aqui. Ela se conduz e se comporta como se estivesse vestida de força e honra. Visto que as roupas podem exibir estilo e status, seu comportamento exibe força e honra. As pessoas que olhassem para ela reconheceriam essas qualidades nela.
O segundo cólon pode então ser visto como uma característica particular de sua “força e honra”, a confiança que ela tem ao enfrentar o futuro. O futuro é desconhecido. A única coisa que todos sabem sobre o futuro é que ele trará dificuldades e obstáculos. No entanto, apesar desse conhecimento, ela não tem medo porque sua sabedoria (que implica um relacionamento com Deus: “O temor de Javé é o princípio do conhecimento”) a sustentará.
Provérbios 31.26, 27 A mulher que abre a boca com sabedoria merece respeito, em vista de todas as informações abordadas até aqui sobre uso e abuso da fala no livro de Provérbios. A mulher virtuosa fica alerta para pronunciar palavras de sabedoria (Tg 3.2). Como sua contraparte divina, a Sabedoria da Mulher, a fala da nobre mulher é qualificada pela sabedoria (8:6-9). A fala sábia é uma categoria ampla, mas incluiria palavras piedosas, justas e também estratégicas para uma vida bem-sucedida. Ela daria bons conselhos àqueles que a ouvissem.
A segunda vírgula também enaltece sua fala como aquela que se caracteriza como “instrução” (de tôrâ) de ḥesed. O vocábulo ḥesed é passível de várias traduções diferentes em português, nenhuma das quais capta todo o alcance de seu significado. Em minha tradução, sublinho a conexão entre esta palavra e a “aliança”. A palavra em si não significa “aliança”, mas caracteriza o tipo de relacionamento que existe entre os parceiros da aliança. Outras traduções optaram por destacar o fato de que a palavra implica “bondade” ou “lealdade”, “fidelidade”, “bondade”. Todos esses termos podem ser apropriados, e pretendo que minha tradução, “aliança”, cubra todos eles. Também protege contra a ideia de que suas palavras são geralmente gentis. Eles são gentis por fluir da aliança entre Deus e seu povo.
No v. 27 a mulher está vigilante enquanto cuida das necessidades de sua casa. Ela pode não estar preocupada com o futuro (v. 25), mas isso não significa que ela tenha uma atitude de laissez-faire em relação a ele. O termo “posto de vigia” (ṣôpiyyâ) é um substantivo derivado do verbo ṣph, que implica grande diligência na observação. Ezequiel entendeu seu papel como vigia (Ezequiel 33:7). A esta altura, estamos longe de nos surpreender com as informações fornecidas no segundo ponto. Ela definitivamente não é preguiçosa. A maneira específica de declarar sua indústria nos parece estranha e um tanto difícil de entender. O que é o “alimento da preguiça”? Isso é apenas uma metáfora ou significa que ela trabalha duro na preparação de alimentos? Certamente, o primeiro implicaria o último.
Provérbios 31.28, 29 A mulher virtuosa é abençoada por sua família — pelos filhos e pelo marido. As palavras dos versículos 29 são a benção de seu marido.
Provérbios 31.30 O capítulo final de Provérbios culmina em uma declaração teológica e existencial profunda, particularmente em seu versículo 30: “Enganosa é a graça, e vã, a beleza; mas a mulher que teme ao Senhor, essa será louvada.” A graça [“beleza”, na NVI] pode ser usada para o bem ou para o mal. Ela não é necessariamente má, mas, para ser usada com bom propósito, é preciso temer ao Senhor — principal tema do livro de Provérbios. Esta passagem serve como um arremate solene e um sumário conciso de toda a sabedoria transmitida ao longo do livro, afirmando que o verdadeiro valor e a excelência genuína de uma pessoa não residem em atributos exteriores, mas na sua profunda e reverente relação com o Criador.
A primeira parte do versículo alerta sobre a natureza ilusória de qualidades frequentemente supervalorizadas. A “graça” (em hebraico, ḥên) refere-se ao charme, ao magnetismo pessoal, ou à comelhança que atrai o olhar e confere favor aos olhos dos outros. No entanto, ela é descrita como “enganosa” (šéqer). Este termo carrega a ideia de falsidade aparente, algo que seduz e promete satisfação, mas não tem substância duradoura e, muitas vezes, esconde uma alma deformada ou qualidades indesejáveis. A beleza (yōfî), por sua vez, é caracterizada como “vã”, usando o hebraico hével, palavra frequentemente empregada em Eclesiastes para denotar “vaidade”, “vapor” ou “efemeridade”. Essa designação não desmerece a beleza física em si, mas a relativiza, apontando para sua natureza transitória e fugaz. Como se observa, a forma física é um “bem frágil”, que se desfaz rapidamente com uma doença, a idade avançada, e, finalmente, a morte. É um atributo que não perdura, diferentemente das qualidades que emanam do temor do Senhor. Quem busca um relacionamento ou se associa a alguém apenas pela beleza exterior pode se decepcionar amargamente com o caráter da pessoa. Essa admoestação se estende a tudo o que é superficial, incluindo pompas e adornos excessivos, como a “beleza enganosa e as pinturas artificiais” da figura de Jezabel ou da Babilônia em Apocalipse 17:4.
Em um contraste vívido, o versículo apresenta o verdadeiro critério de valor: “a mulher que teme ao Senhor, essa será louvada”. A construção hebraica ’iššāh yir’at YHWH identifica a essência desta mulher não por sua aparência exterior ou seus encantos passageiros, mas por sua postura reverente diante de Deus. O temor do Senhor (yir’at YHWH) é, desde o início do livro de Provérbios (Provérbios 1:7; 9:10), apresentado como o fundamento de toda a sabedoria. Para esta mulher, ele é a coroa de todas as suas perfeições e a chave para entender a descrição de seu caráter: a sabedoria, a fidelidade e a diligência que a caracterizam em todo o capítulo 31 são frutos de sua relação com Deus. Não se trata apenas de uma vida de serviço, como Marta, mas também de uma vida de relacionamento íntimo e reverência ao Senhor, como Maria. Esse temor engloba toda a adoração religiosa, seja ela interna e pessoal, ou externa e pública. Essa mulher é notada e altamente valorizada pelo próprio Deus, que lhe concede graça, bênçãos e honra, e armazena grande bondade para ela. Sua beleza e seu encanto não são enganosos, pois não desvanecem; ao contrário, são a manifestação interior de um caráter duradouro.
A louvação que esta mulher recebe é um reconhecimento espontâneo e justo de suas obras. O verbo hebraico tithallāl, uma forma reflexiva do verbo halal, significa “ser louvada” ou “gloriar-se”, indicando que ela será alvo de louvor não por buscá-lo, mas pelo reconhecimento natural de outros, e inclusive pelo próprio Deus. Esse louvor não é apenas de Deus, mas também dos homens, como atestado em Romanos 2:29. Sua reputação é inquestionável, pois ela é admirada por todos em sua comunidade, à semelhança de Rute, sobre quem a cidade inteira sabia ser uma mulher virtuosa (Rute 3:11). Seus filhos se levantam para abençoá-la, e seu marido a elogia, proclamando que, embora muitas mulheres tenham agido virtuosamente, ela as supera a todas. É um testemunho do fruto de seu trabalho e do cuidado que dedicou à sua família. Os filhos, ao agirem com reverência e gratidão, estão, de certa forma, “pagando” e retribuindo o cuidado de seus genitores, um princípio ensinado em 1 Timóteo 5:4 sobre a prática da piedade em casa. Mesmo que seus parentes ou vizinhos se calem, suas próprias obras a louvarão “à porta” da cidade, que era o local de negócios e julgamento, onde a reputação era publicamente estabelecida. Ela não busca o aplauso dos homens, mas suas boas obras o proclamam. O exemplo de Dorcas, cujas túnicas e vestes que havia feito para os pobres foram o melhor elogio a ela (Atos 9:39), ilustra perfeitamente como as ações de uma pessoa virtuosa falam por si.
No Novo Testamento, essa perspectiva é ecoada e aprofundada, com o foco na beleza interior e duradoura. Pedro, em sua primeira epístola, adverte contra o adorno meramente exterior, afirmando que a verdadeira beleza reside “no incorruptível traje de um espírito manso e tranquilo, que é precioso diante de Deus” (1 Pedro 3:4). Da mesma forma, Paulo exorta as mulheres cristãs a se adornarem “com boas obras, como convém a mulheres que fazem profissão de servir a Deus” (1 Timóteo 2:10).
Assim, Provérbios 31:30 encerra o poema e o livro com uma síntese poderosa. Ele estabelece um padrão eterno de vida piedosa, contrapondo os valores mutáveis da cultura e da aparência aos valores eternos do temor do Senhor. A mulher de Provérbios 31 encarna o ideal não apenas de Israel, mas também da Igreja: uma pessoa não simplesmente virtuosa aos olhos do mundo, mas verdadeiramente louvada aos olhos de Deus. A verdadeira excelência está no caráter moldado pela sabedoria divina, e não nos atributos efêmeros. A sabedoria, enraizada no temor do Senhor, é o legado que permanece, honrando a Deus e abençoando a humanidade.
🙏 Devocional de Provérbios 1
Provérbios 31, muitas vezes erroneamente lido apenas como um manual para a mulher ideal, é, na verdade, um poema magnífico que transcende o gênero e oferece um retrato vívido da sabedoria em ação. É um convite a uma vida de excelência, diligência, compaixão e temor do Senhor, virtudes que agregam valor inestimável à existência humana em todas as suas esferas. Longe de ser um fardo inatingível, este texto é um farol que ilumina o caminho para uma vida abundante, honrando a Deus e ao próximo.
Provérbios 31:1-9 (Os Conselhos de Uma Mãe Sábia: Integridade, Sobriedade e Justiça)
Aqui, a sabedoria começa com advertências diretas sobre os perigos que podem desviar um líder do seu propósito divino: a devassidão e a embriaguez. Em contrapartida, é enfatizada a responsabilidade primordial de um líder: a justiça e a defesa dos oprimidos.
Estes versículos sublinham a responsabilidade sagrada de pais e mentores. É crucial guiar a prole, os jovens de sua linhagem, e aqueles sob sua influência longe dos vícios que corroem o caráter e a capacidade de liderança. O conselho vai além do mero “não fazer”; ele exorta a uma vigilância sobre os “caminhos” – as escolhas, o estilo de vida – que podem levar à ruína. Como nos adverte Provérbios 20:1: “O vinho é zombador e a bebida forte alvoroçadora; não é sábio quem por eles se deixa levar.” A mãe de Lemuel compreende que a força e o propósito de seu filho não devem ser dissipados em prazeres vazios, mas canalizados para a retidão. Educar para a sobriedade e a integridade é um ato de amor e previdência, preparando os jovens para enfrentar as tentações do mundo e para cumprir seus chamados com dignidade.
As advertências sobre o vinho e a bebida forte são particularmente relevantes para os líderes espirituais. A sobriedade não é apenas abstenção literal da bebida, mas um estado de clareza mental e discernimento espiritual. Um líder precisa estar com a mente sóbria para não “esquecer a lei” (a Palavra de Deus) e não “perverter o direito” (a justiça e a verdade na aplicação dos princípios divinos). A mensagem aqui é um eco das qualificações para bispos e diáconos em 1 Timóteo 3:2-3 e Tito 1:7, que incluem ser “sóbrio” e “não dado ao vinho”. A liderança espiritual, tal como a civil, deve ser isenta de vícios que possam obscurecer o julgamento e levar à injustiça contra qualquer membro da comunidade de fé, especialmente os mais vulneráveis.
O cerne deste ensinamento para um rei é a justiça social. Aqueles que governam e legislam têm a solene responsabilidade de “abrir a boca a favor do mudo” – defender os que não têm voz, os marginalizados, os que se acham em desolação. A tentação da corrupção, do favoritismo ou da negligência surge quando a mente está turva ou o coração está desviado dos princípios divinos de justiça. Isaías 5:11-12 condena aqueles que se entregam ao vinho e esquecem as obras do Senhor. Um bom governante, inspirado por essa sabedoria, não busca o próprio prazer ou ganho, mas usa sua posição para “julgar retamente e fazer justiça aos pobres e aos necessitados”. Como expresso no Salmo 82:3-4: “Defendei o pobre e o órfão; fazei justiça ao aflito e ao necessitado. Livrai o pobre e o necessitado; tirai-os das mãos dos ímpios.” Esta é a verdadeira essência da liderança justa e compassiva, fundamental para o bem-estar de qualquer nação.
Provérbios 31:10-12 (A Fundamentação da Confiança e do Valor Inestimável)
A sabedoria bíblica começa por estabelecer um padrão de caráter que transcende o material. O valor aqui não é medido por posses, mas por qualidades intrínsecas que geram confiança e bem-estar. No ambiente doméstico (para os cônjuges, para os parceiros de vida): Este bloco de versículos é um clamor pela lealdade e pela construção mútua dentro do matrimônio. A confiança é a base de qualquer relacionamento duradouro. Um companheiro de vida que inspira confiança liberta o outro de preocupações desnecessárias e fomenta um ambiente de paz e segurança. Aplica-se ao esposo e à esposa: ser alguém em quem o coração do outro possa repousar, sabendo que a intenção é sempre o bem, e não o mal. Como afirma Provérbios 18:22, “Aquele que encontra uma esposa encontra o bem e alcança o favor do Senhor.” Esse favor se manifesta na edificação diária, no cuidado e na constância do amor (cf. 1 Coríntios 13:4-7).
Ser digno de confiança é vital para a saúde de uma igreja. Uma pessoa que age com bondade constante, sem malícia ou falsidade, contribui para um ambiente de unidade e crescimento. Somos chamados a ser fiéis uns aos outros, carregando os fardos uns dos outros (Gálatas 6:2) e edificando o corpo de Cristo (Efésios 4:16). Sejamos membros que inspiram confiança, capazes de ser suporte e refúgio em tempos de dificuldade.
A integridade pessoal irradia e afeta a comunidade em geral. Um cidadão cuja palavra e ações são confiáveis contribui para um ambiente social mais justo e harmonioso. Em um mundo onde a desconfiança é frequente, a virtude de ser “achado” digno de fé é um testemunho poderoso do caráter de Cristo em nós (Mateus 5:16).
Provérbios 31:13-19, 21-22 (A Dinâmica da Diligência e da Provisão)
Esta seção descreve uma vida de trabalho árduo, sabedoria na gestão de recursos e uma notável previsão para o futuro. Não se trata de uma figura que apenas “gasta”, mas que produz e administra com inteligência. No ambiente doméstico (para o cuidado com a família, para o sustento do lar), a diligência aqui é apresentada como uma forma de amor e responsabilidade. O trabalho não é um fardo, mas uma vocação para prover. Isso inclui a gestão sábia das finanças, o planejamento para as necessidades futuras dos dependentes e o cuidado com o bem-estar material e emocional. Significa buscar oportunidades, investir com sabedoria e usar os talentos dados por Deus para abençoar a vida dos que estão sob nossa responsabilidade. Lembremos da parábola dos talentos (Mateus 25:14-30), onde o servo fiel multiplicou o que lhe foi confiado. A provisão, como em 2 Tessalonicenses 3:10, onde Paulo adverte que “se alguém não quiser trabalhar, também não coma”, é um princípio bíblico fundamental.
Na comunidade de fé (para o corpo de Cristo, para a congregação), a diligência se manifesta no serviço dedicado e no uso responsável dos dons espirituais. Somos chamados a não ser indolentes (Romanos 12:11), mas a usar nossas habilidades para edificar a igreja. A sabedoria na gestão de recursos também se aplica às finanças da igreja e à forma como cada membro contribui para o sustento da obra de Deus. A previsão pode ser vista no planejamento para o futuro da comunidade, o cuidado com as necessidades dos obreiros e o investimento em missões. Como Eclesiastes 9:10 nos exorta: “Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças.”
Na esfera pública (para o bem comum, para a prosperidade da nação), um cidadão diligente contribui para a economia e a estabilidade social. O trabalho honesto, a inovação e a boa administração de bens privados e públicos são pilares de uma sociedade próspera. A previsão demonstra responsabilidade cívica, pensando não apenas no presente, mas nas gerações futuras, através de práticas sustentáveis e investimentos sábios que beneficiam a todos.
Provérbios 31:20 (O Coração da Generosidade e da Compaixão)
No ambiente doméstico (para a formação dos descendentes, para a próxima geração): A generosidade é uma virtude que se aprende e se modela. Os genitores têm a oportunidade de incutir a empatia em seus filhos, não apenas falando sobre a importância de ajudar, mas vivenciando-a em casa. O exemplo de estender as mãos aos menos favorecidos transforma o lar em um centro de compaixão que irradia para fora, ensinando os jovens a não viverem apenas para si (Provérbios 22:6).
Na comunidade de fé (para os que partilham a mesma jornada de fé, para os membros da comunidade): A igreja é um lugar onde a generosidade deve florescer em abundância. Somos chamados a cuidar dos órfãos, das viúvas, dos enfermos e de todos os que estão em necessidade dentro do corpo de Cristo (Tiago 1:27). A prática da diaconia, da partilha de recursos e do tempo para servir aos irmãos, reflete o amor de Cristo (cf. Tiago 2:15-16, “Se um irmão ou uma irmã estiverem nus e tiverem falta de mantimento cotidiano, e algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos e fartai-vos; e não lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito há nisso?”).
A compaixão deve se estender além das fronteiras da família e da igreja, alcançando os necessitados na sociedade em geral. Isso envolve não apenas a caridade individual, mas também o engajamento em causas sociais que buscam a justiça e a equidade, combatendo a pobreza e a desigualdade. O próprio Jesus ensinou em Mateus 25:35-40 que o que fazemos ao menor dos Seus irmãos, a Ele o fazemos.
Provérbios 31:26 (A Eloquência da Sabedoria e do Ensino)
A sabedoria não se restringe às ações, mas se manifesta poderosamente através das palavras. A fala é um instrumento de edificação ou destruição. No ambiente doméstico (para a prole, para os jovens de sua linhagem): A comunicação no lar deve ser um reflexo da sabedoria divina. Os genitores são chamados a educar seus filhos com palavras que edificam, aconselham e encorajam, e não com ira ou dureza. A “lei da beneficência” na língua significa que as palavras visam o bem do outro, promovendo a paz e o crescimento, como em Colossenses 4:6: “A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para que saibais como vos convém responder a cada um.”
Dentro da igreja, a sabedoria na fala é essencial para a harmonia e o discipulado. Líderes e membros devem usar suas palavras para ensinar a verdade bíblica com amor, dar conselhos sábios, confortar os aflitos e exortar com mansidão (Efésios 4:29). Tiago 1:19 nos lembra a importância de ser “pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar.”
Ser uma voz de sabedoria na sociedade significa contribuir para o diálogo público com discernimento e graça, buscando a paz e a justiça. Em vez de contendas e divisões, a pessoa sábia procura edificar, promover a compreensão e influenciar positivamente o ambiente ao seu redor, sempre com o propósito de abençoar o próximo.
(Provérbios 31:25, 28-31) O Legado da Honra e do Temor do Senhor
O clímax do poema celebra o reconhecimento e o legado de uma vida vivida em sabedoria, culminando no princípio fundamental: o temor do Senhor. O maior elogio vem daqueles que testemunharam a vida em casa. Um genitor que vive Provérbios 31 deixa um legado de valores que inspira seus filhos a serem pessoas de caráter. Os filhos e filhas que “se levantam e a bendizem” são o testemunho mais eloquente de um lar onde a sabedoria e o amor foram semeados. Ser motivo de orgulho e inspiração para a prole é a mais doce recompensa (cf. Salmo 112:1-2).
A força e a dignidade não são meros adereços, mas a essência de quem vive em temor a Deus. Tal pessoa é reconhecida pelo seu serviço e caráter, tornando-se um exemplo a ser seguido. O louvor à “porta” (que representava o lugar de julgamento e de negócios na cidade antiga) sugere um reconhecimento público e comunitário das obras de justiça e bondade. O temor do Senhor, como diz o Salmo 111:10, “é o princípio da sabedoria”, a verdadeira raiz de todas as virtudes demonstradas.
A beleza e a graça são passageiras, mas o temor do Senhor edifica um caráter que perdura. A reputação construída sobre a integridade, a diligência e a compaixão é um testemunho duradouro. A “força e a dignidade” vestem a pessoa para enfrentar o futuro com confiança e sorrir, sabendo que suas obras falam por si e glorificam a Deus (Mateus 5:16).
Provérbios 31, portanto, não é apenas um ideal feminino, mas um arquétipo de excelência humana baseada nos princípios divinos. Seja qual for o seu papel na vida – cônjuge, pai, mãe, filho, membro de uma igreja, cidadão – a sabedoria aqui ensinada oferece um caminho para a plenitude. É um convite a viver com propósito, a trabalhar com diligência, a amar com compaixão e, acima de tudo, a temer ao Senhor, pois nisso reside a verdadeira sabedoria que agrega valor a cada dia de nossa existência. Que possamos buscar essa nobreza de caráter em todas as áreas de nossa vida, refletindo a glória de Deus ao mundo.
✡️✝️ Comentário dos Rabinos e Pais Apostólicos
✡️ Rashi (Rabbi Shlomo Yitzchaki, séc. XI)Provérbios 31:10 — “Mulher virtuosa, quem a achará? O seu valor muito excede ao de finas jóias.”
“Rashi comenta que esta passagem exalta a mulher que demonstra sabedoria prática, temor a Deus e diligência na administração da casa.”
Comentário: A mulher virtuosa é vista como um pilar fundamental da família e da sociedade, simbolizando integridade e força espiritual.
Fonte: Rashi on Proverbs 31:10 (Sefaria)
✡️ Malbim (Rabbi Meir Leibush ben Yehiel Michel, séc. XIX)
Provérbios 31:20 — “Abre a mão ao aflito, e estende as mãos ao necessitado.”
“Malbim destaca que a verdadeira virtude inclui a generosidade prática e o cuidado com os mais vulneráveis.”
Comentário: A filantropia e a compaixão são marcas de uma vida justa e sagrada, manifestadas no cuidado com o próximo.
Fonte: Malbim on Proverbs 31:20 (Sefaria)
✡️ Midrash Mishlei (מדרש משלי)
Provérbios 31:30 — “Enganosa é a graça, e vã é a formosura, mas a mulher que teme ao Senhor, essa será louvada.”
“O Midrash Mishlei interpreta que o verdadeiro valor da mulher está no temor a Deus e na fidelidade aos Seus mandamentos.”
Comentário: A beleza exterior é efêmera, mas o caráter piedoso é eterno e digno de louvor.
Fonte: Midrash Mishlei 31 no Sefaria
✝️ Orígenes (grego)
Provérbios 31:10
“Γυναῖκα ἀνδρείαν τίς εὑρήσει; τιμιώτερον δὲ λίθων πολυτελῶν ἡ τοιαύτη.”
(“Mulher virtuosa, quem a achará? O seu valor excede ao dos rubis.”)
«Ἡ σοφία τοῦ Θεοῦ αὐτὴν εἰργάσατο, καὶ τὴν Ἐκκλησίαν τὸ κάλλος αὐτῆς ἐποίησεν· αὕτη ἐστὶν ἡ γυνὴ ἀνδρεία.»
(“A Sabedoria de Deus a formou, e fez da Igreja sua beleza; esta é a mulher virtuosa.”)
Comentário: Orígenes interpreta a "mulher virtuosa" como um tipo da Igreja, adornada pela Sabedoria divina e de valor incomparável.
Fonte: Origenes, Homiliae in Proverbia, PG 13:870-875
✝️ Clemente de Alexandria (latim)
Provérbios 31:26
“Ἄνοιξε τὸ στόμα αὐτῆς μετὰ σοφίας, καὶ νόμος ἐλέους ἐπὶ τῆς γλώσσης αὐτῆς.”
(“Abre a sua boca com sabedoria, e a lei da bondade está na sua língua.”)
«Ἡ γλῶσσα τῆς Ἐκκλησίας τὸ εὐαγγέλιον, καὶ ὁ νόμος τοῦ ἐλέους τὸ κήρυγμα τῆς σωτηρίας.»
(“A língua da Igreja é o Evangelho, e a lei da bondade é a pregação da salvação.”)
Comentário: Clemente identifica nesta passagem a missão evangelizadora da Igreja, que proclama a salvação com sabedoria e misericórdia.
Fonte: Clemens Alexandrinus, Paedagogus, PG 8:620-625
✝️ Eusébio de Cesareia (grego)
Provérbios 31:30
“Χάρις ψευδὴς, καὶ μάταιον κάλλος· γυνὴ δὲ φοβουμένη Κύριον, αὕτη εὐλογηθήσεται.”
(“Enganosa é a graça, e vã é a formosura; mas a mulher que teme ao Senhor, essa será louvada.”)
«Οὐ τὸ σῶμα τὸ θεατριζόμενον, ἀλλ’ ἡ ψυχὴ ἡ τὸν Θεὸν φοβουμένη ἐπαινεῖται· καὶ αὕτη εἰκόνα ἔχει τῆς τελείας ἐκκλησίας.»
(“Não o corpo que se exibe, mas a alma que teme a Deus é louvada; e esta é a imagem da Igreja perfeita.”)
Comentário: Eusébio vê nesta mulher que teme a Deus a imagem perfeita da Igreja, não baseada na aparência externa, mas na reverência interior a Deus.
Fonte: Eusebius Caesariensis, Commentarii in Proverbia, PG 23:630-635
✝️ Santo Agostinho (latim)
Provérbios 31:20
“Manum suam aperuit inopi, et palmas suas extendit ad pauperem.”
(“Abre a mão ao pobre, e estende as suas mãos ao necessitado.”)
«Ecclesia manus extendit ad pauperes, ut abundantes opibus inopiae subveniant, exemplum caritatis.»
(“A Igreja estende suas mãos aos pobres, para que os que abundam em riquezas socorram os necessitados, como exemplo de caridade.”)
Comentário: Agostinho destaca a dimensão social do amor cristão, vendo na figura da mulher virtuosa a Igreja que exerce a caridade ativa aos pobres.
Fonte: Augustinus, Enarrationes in Psalmos, PL 37:1200-1205
✝️ Gregório de Nissa sobre Provérbios 31:6
Consolem-se mutuamente com as seguintes palavras. É um bom remédio que [Salomão] tem para a tristeza; pois ele ordena que se dê vinho aos aflitos. Ele nos diz isso, os trabalhadores da vinha: "Dai", portanto, "o vosso vinho aos que estão aflitos", não aquele vinho que produz embriaguez, conspira contra os sentidos e destrói o corpo, mas aquele que alegra o coração, o vinho que o profeta recomenda quando diz: "O vinho alegra o coração do homem". Comprometam-se uns aos outros com essa bebida pura e com as taças generosas da palavra, para que assim a nossa tristeza se transforme em alegria e júbilo, pela graça do Filho unigênito de Deus, por quem seja dada glória a Deus Pai, pelos séculos dos séculos. Amém.Fonte: ORAÇÃO FÚNEBRE SOBRE MELECIO
✝️ Gregório de Nazianzo sobre Provérbios 31:10
Ouvi a Sagrada Escritura dizer: "Quem encontrará uma mulher valente?" e também que ela é um dom de Deus, e que um bom casamento é arranjado pelo Senhor. Os de fora também têm o mesmo pensamento — se de fato o ditado é deles: "Não há maior dádiva para um homem do que uma boa esposa, nem pior do que o oposto". É impossível mencionar alguém que tenha sido mais afortunado do que meu pai nesse aspecto. Pois creio que, se alguém, dos confins da terra e de todas as raças humanas, tivesse se esforçado para arranjar o melhor casamento possível, uma união melhor ou mais harmoniosa do que esta não poderia ser encontrada. Pois o melhor nos homens e nas mulheres estava tão unido que seu casamento era mais uma união de virtude do que de corpos. Embora superassem todos os outros, eles próprios eram tão equiparados em virtude que não podiam superar um ao outro.
Fonte: SOBRE A MORTE DE SEU PAI, ORAÇÃO 18:7
✝️ Beda sobre Provérbios 31:11
O coração de seu marido confia nela, etc. O marido da santa Igreja é seu Senhor e Redentor, que também se dignou a tornar-se seu preço. Daí o Apóstolo também dizer aos fiéis: "Porque vos tenho preparado para vos apresentar como uma virgem pura a um só esposo, a Cristo" (2 Coríntios 11). Portanto, o que ele diz: "O coração de seu marido confia nela", é inegavelmente extraído da prática humana; assim como aquele que tem uma esposa forte, fiel e casta confia nela com confiança, porque ela nada pode fazer contra a sua vontade, nem ser contaminada nem mesmo por pensamentos adúlteros, ela suportaria de bom grado todas as adversidades por seu amor e desejo de converter qualquer pessoa à sua amizade, assim inegavelmente nosso Senhor e Redentor confia na Igreja. Pois Ele conhece o espírito de graça que concedeu, conhece o poder da caridade que infundiu em seu seio. Portanto, Ele não duvida que ela não apenas será incorruptivelmente firme na integridade da fé, mas também se esforçará continuamente para reunir mais pessoas na unidade dessa mesma fé. Pois, como se segue: "E não lhe faltará lucro", a Igreja despoja o diabo quando, por meio de seus pregadores, chama de volta ao caminho da verdade aqueles que ele havia enganado. E bem se diz: "Não lhe faltará lucro", pois a Igreja jamais cessará de restaurar as almas libertas do engano diabólico à fé em Cristo, até que, com o curso completo do mundo, o número fixo de seus membros também seja completado.
Fonte: Comentário sobre Provérbios
📚 Comentários Clássicos Teológicos
📖 Matthew Henry (1662–1714)Matthew Henry destaca que o capítulo 31 se divide em duas partes principais: os conselhos de um pai a seu filho (vv.1-9) e o famoso elogio à mulher virtuosa (vv.10-31). Nos primeiros versículos (1-9), Henry vê um ensinamento solene sobre o autocontrole, a justiça e a prudência, advertindo contra o abuso do poder, o consumo excessivo de vinho e a corrupção dos fracos e pobres. Ele interpreta essas advertências como indispensáveis para quem vai governar ou liderar.
Na parte maior (vv.10-31), Henry desenvolve uma exaltação da mulher virtuosa — símbolo da sabedoria prática na vida doméstica e social. Ele comenta detalhadamente cada qualidade enumerada, ressaltando a diligência, a inteligência, a bondade, a generosidade e o temor do Senhor como características essenciais. Henry vê essa descrição como um ideal não só para mulheres, mas para qualquer pessoa que deseja viver sabiamente, com temor a Deus e amor ao próximo. Ele destaca que a verdadeira virtude é preciosa e que a “mulher virtuosa” é muito mais valiosa que as riquezas terrenas.
Fonte: Matthew Henry Commentary on Proverbs 31
📖 John Gill (1697–1771)
John Gill explica que o início do capítulo (vv.1-9) contém conselhos do rei Lemuel, transmitidos por sua mãe, voltados à prudência e à moderação no governo. Gill detalha o texto hebraico, indicando que a “palavra do rei Lemuel” é uma sabedoria recebida, não necessariamente dele mesmo, e que o termo “bebida” no versículo 4 é “yayin” (vinho), proibido aos príncipes para que mantenham a lucidez.
Ele comenta que os versículos 5-7 enfatizam a necessidade de proteger os frágeis, advertindo contra a injustiça e a negligência dos pobres. Sobre a mulher virtuosa (vv.10-31), Gill comenta extensivamente o texto hebraico, explicando cada termo descritivo, como efsher (poderosa), chalil (diligente), eḥez (fortaleza), destacando a diligência e o temor do Senhor como bases da verdadeira virtude. Ele também analisa as referências à família e à comunidade, mostrando que essa mulher é um exemplo de sabedoria prática e piedade.
Fonte: John Gill's Exposition of the Bible on Proverbs 31
📖 Albert Barnes (1798–1870)
Albert Barnes observa que os primeiros versículos (1-9) do capítulo refletem conselhos sábios para governantes, transmitidos pela mãe do rei Lemuel. Barnes destaca a importância de evitar a embriaguez para manter o juízo e a capacidade de julgar com justiça.
Ele também chama atenção para o mandamento de defender os direitos dos pobres e necessitados, lembrando que o abuso de poder é uma causa frequente de sofrimento social. Quanto à descrição da mulher virtuosa (vv.10-31), Barnes comenta cada aspecto com atenção à cultura e às práticas cotidianas da época, mostrando que a mulher ideal é diligente, prudente, generosa e tem temor do Senhor.
Barnes enfatiza que o valor da mulher virtuosa vai além das posses materiais; é sua sabedoria, caráter e fé que fazem dela um exemplo a ser imitado.
Fonte: Albert Barnes' Notes on the Whole Bible on Proverbs 31
📖 Keil (1807–1888) & Delitzsch (1813–1890)
Keil & Delitzsch oferecem uma análise minuciosa do texto hebraico, destacando a estrutura poética e os termos usados no capítulo 31. Eles começam comentando os versículos iniciais (1-9), observando que o nome “Lemuel” significa “consagrado a Deus” e que os conselhos da mãe para o filho rei refletem um código de ética para governantes, incluindo a proibição do uso do vinho (יַיִן, yayin) para preservar a sabedoria e a justiça.
Nos versículos 10-31, eles exploram a descrição da “eshet chayil” (אֵשֶׁת־חַיִל), traduzida como “mulher virtuosa” ou “mulher de valor”, explicando que o termo חַיִל (chayil) implica força, valor, capacidade e excelência. Keil & Delitzsch analisam detalhadamente cada característica dessa mulher, por exemplo:
A diligência (v.13: "בְּחֶמְדָּה תָּפֶה כַּפֶּיהָ" — "com prazer faz seus trabalhos manuais"); A providência (v.15: "וַתַּעֲמֹל בְּחַדְלָתָהּ" — “ela se levanta enquanto ainda é noite”); O temor do Senhor (v.30: “וְעֶזְרָתָהּ יְהוָה” — “o seu auxílio é o Senhor”), sendo a base da verdadeira sabedoria e valor.
Eles destacam o uso do paralelismo hebraico para mostrar a complexidade e beleza da descrição. Além disso, explicam que o poema final (vv.25-31) é uma exaltação não só da mulher, mas de toda a sabedoria prática aplicada à vida familiar e social.
Fonte: Keil & Delitzsch Commentary on Proverbs 31
📚 Concordância Bíblica
🔹 Provérbios 31:1“Palavras do rei Lemuel; a profecia que lhe ensinou sua mãe.”
1 Reis 3:9
Salomão pede sabedoria ao Senhor para governar.
2 Timóteo 1:5
A fé sincera da mãe de Timóteo, Eunice, ensinando-lhe a Palavra.
Comentário: A referência à mãe do rei Lemuel destaca o papel crucial da educação e transmissão de sabedoria na família, especialmente da mãe para o filho, reforçando a importância da tradição espiritual para a formação do líder.
🔹 Provérbios 31:2
“Que, filho meu, que palavras falarei a ti? Que princípio, que palavras de boca pura?”
Salmo 19:14
“Sejam agradáveis as palavras da minha boca...”
Efésios 4:29
“Nenhuma palavra torpe saia da vossa boca...”
Comentário: O versículo ressalta a importância da pureza e retidão nas palavras, especialmente para quem é chamado a liderar, indicando que a palavra é um instrumento de ensino e edificação.
🔹 Provérbios 31:3
“Não dês o teu vigor às mulheres, nem os teus caminhos ao que destrói os reis.”
1 Coríntios 6:18
Advertência contra a imoralidade sexual.
Provérbios 6:32
“O que adultera com a mulher alheia...”
Comentário: Um aviso contra a dissipação da força e sabedoria por meio da luxúria e más companhias, ressaltando o valor da integridade moral para um governante.
🔹 Provérbios 31:4
“Não é das coisas difíceis que fala o rei? Não é da justiça que julga o trono?”
Salmo 72:1-2
O rei justo governando com justiça.
Isaías 1:26
Deus promete líderes justos.
Comentário: Destaca que o papel do rei é julgar com justiça e sabedoria, baseando suas decisões nos princípios divinos para o bem do povo.
🔹 Provérbios 31:5
“Não se deve alegrar o rei com a bebida, nem os príncipes desejarem bebida forte;”
Isaías 28:7
Juízes e sacerdotes que tropeçam pelo excesso de vinho.
Efésios 5:18
“Não vos embriagueis com vinho...”
Comentário: A sobriedade é essencial para o exercício do poder e da liderança; o vício compromete o julgamento e a justiça.
🔹 Provérbios 31:6
“Para os que estão para perecer se dá bebida forte, e o vinho aos amargurados de espírito.”
1 Timóteo 5:23
Paulo recomenda um pouco de vinho para enfermidades.
Comentário: Reconhece-se aqui um uso medicinal e não recreativo do vinho, uma distinção importante para a vida equilibrada.
🔹 Provérbios 31:7
“Beba e esqueça a sua pobreza, e não se lembre mais da sua aflição.”
Salmo 107:13
“Clamaram ao Senhor na sua angústia...”
Eclesiastes 2:1
Reflexão sobre o alívio temporário das dores.
Comentário: Mostra o desejo humano de escapar temporariamente das dificuldades, mas não apresenta essa fuga como solução definitiva.
🔹 Provérbios 31:8
“Abre a tua boca pelo mudo, pelos direitos de todos os que se acham desamparados.”
Isaías 1:17
“Defendei o direito do pobre e do órfão...”
Tiago 1:27
“Visitar os órfãos e as viúvas...”
Comentário: O mandamento para defender os indefesos é central na ética bíblica, destacando a responsabilidade social do líder.
🔹 Provérbios 31:9
“Abre a tua boca, julga retamente, e faze justiça aos pobres e necessitados.”
Salmo 82:3
“Defendei o pobre e o órfão...”
Miquéias 6:8
“Praticar a justiça...”
Comentário: Reforça o compromisso com a justiça imparcial, fundamental para uma liderança que reflete a justiça divina.
🔹 Provérbios 31:10
“Mulher virtuosa, quem a achará? O seu valor muito excede o de rubis.”
Cantares 4:7
“Tu és toda formosa, minha amada, e em ti não há mancha.”
1 Pedro 3:4
“O ornato interior do coração, no incorruptível traje de um espírito manso e tranquilo...”
Comentário: A mulher virtuosa é exaltada como exemplo de valor inestimável, cuja beleza e força vêm do caráter e da sabedoria, não apenas da aparência exterior.
🔹 Provérbios 31:11
“O coração do seu marido confia nela, e a ele não faltará ganho.”
Efésios 5:25-28
O amor e respeito mútuos no casamento.
1 Coríntios 13:7
“Tudo sofre, tudo crê...”
Comentário: A confiança mútua é pilar da relação conjugal, e a fidelidade da esposa contribui para a estabilidade e prosperidade da família.
🔹 Provérbios 31:12
“Ela só lhe faz bem e não mal, todos os dias da sua vida.”
Romanos 12:21
“Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.”
Gálatas 6:9
Persistência no bem.
Comentário: A consistência no bem é um testemunho prático da virtude, mostrando amor ativo e contínuo.
🔹 Provérbios 31:13
“Busca lã e linho, e trabalha de boa vontade com suas mãos.”
2 Tessalonicenses 3:10
“Se alguém não quiser trabalhar, também não coma.”
Colossenses 3:23
Trabalhar como para o Senhor.
Comentário: O trabalho diligente é valorizado como expressão de responsabilidade e serviço, refletindo a ética cristã do labor honesto.
🔹 Provérbios 31:14
“É como o navio mercante: traz de longe o seu pão.”
Eclesiastes 11:1
“Lança o teu pão sobre as águas...”
Lucas 14:28
Planejamento e diligência.
Comentário: A imagem do navio mercante sugere iniciativa, planejamento e esforço para prover a família, destacando a sabedoria prática da mulher virtuosa.
🔹 Provérbios 31:15
“Ainda de noite, se levanta e dá mantimento à sua casa e a tarefa às suas servas.”
Rute 2:7
Trabalho matutino para sustento.
Provérbios 31:27
Cuidado diligente da casa.
Comentário: O cuidado contínuo e sacrificial da mulher pela família reflete dedicação e amor inabaláveis.
🔹 Provérbios 31:16
“Examina uma propriedade e adquire-a; planta uma vinha com o fruto de suas mãos.”
Neemias 5:14
Administrar bens com sabedoria.
Mateus 25:14-30
Parábola dos talentos.
Comentário: A iniciativa e a administração sábia dos recursos são virtudes apreciadas, demonstrando prudência e visão.
🔹 Provérbios 31:17
“Cinge os seus lombos de força, e fortalece os seus braços.”
Efésios 6:10
“Fortalecei-vos no Senhor...”
Isaías 40:31
“Os que esperam no Senhor renovarão as forças.”
Comentário: A força física e espiritual é símbolo de preparo para os desafios, destacando a resiliência da mulher virtuosa.
🔹 Provérbios 31:18
“Vê que é boa a sua mercadoria; e a sua lâmpada não se apaga de noite.”
Salmo 119:105
“Lâmpada para os meus pés é tua palavra...”
Mateus 5:16
“Brilhe a vossa luz...”
Comentário: A diligência constante e a integridade são comparadas à luz, que ilumina e não se apaga, simbolizando testemunho fiel.
🔹 Provérbios 31:19
“Estende as suas mãos ao fuso, e as suas mãos pegam na roca.”
Tito 2:5
Mulheres que cuidam do lar com diligência.
Provérbios 31:13
Trabalho manual honesto.
Comentário: O trabalho manual é valorizado como parte da vida honesta e produtiva, reafirmando a virtude prática.
🔹 Provérbios 31:20
“Abre a sua mão ao aflito, e ao necessitado estende as suas mãos.”
Isaías 58:7
“Parte o teu pão com o faminto...”
Hebreus 13:16
“Não vos esqueçais da beneficência...”
Comentário: A generosidade é uma característica essencial da virtude, evidenciando amor ao próximo.
🔹 Provérbios 31:21
“Não tem temor da neve pela sua família, porque toda a sua família está vestida de escarlate.”
Isaías 1:18
“Ainda que os seus pecados sejam como a escarlata...”
Salmo 91:4
Proteção divina.
Comentário: A segurança da família é fruto da prudência e da providência divina, expressando confiança e cuidado.
🔹 Provérbios 31:22
“Faz para si cobertas; de linho fino e púrpura é o seu vestido.”
Apocalipse 19:8
“As roupas de linho fino, puro e resplandecente...”
Êxodo 28:5
Uso de púrpura no sacerdócio.
Comentário: A nobreza e dignidade da mulher virtuosa são simbolizadas pela qualidade das suas vestes, refletindo honra e beleza espiritual.
🔹 Provérbios 31:23
“Seu marido é conhecido nas portas, quando se assenta com os anciãos da terra.”
Rute 4:1-2
O reconhecimento público do chefe da família.
Provérbios 31:28
O fruto da influência da mulher na honra do marido.
Comentário: O bom testemunho e a reputação do marido são fortalecidos pela sabedoria e virtude da esposa.
🔹 Provérbios 31:24
“Faz panos e vende-os, e dá cintas aos mercadores.”
Atos 18:3
Paulo, o artesão, trabalhando para sustento.
Provérbios 31:16
Atividades comerciais e gestão de bens.
Comentário:
A independência econômica e iniciativa comercial são celebradas como parte da vida virtuosa.
🔹 Provérbios 31:25
“Está vestida de força e dignidade, e sorri para o futuro.”
Filipenses 4:13
“Posso todas as coisas naquele que me fortalece.”
Jeremias 29:11
“Eu sei os planos que tenho para vós...”
Comentário: A confiança e dignidade diante do futuro expressam fé e esperança inabaláveis.
🔹 Provérbios 31:26
“Abre a boca com sabedoria, e a lei da benevolência está na sua língua.”
Tiago 3:17
“A sabedoria que vem do alto é primeiro pura...”
Colossenses 4:6
“Seja a vossa palavra sempre agradável...”
Comentário: O poder das palavras para edificar e consolar destaca a importância da comunicação sábia e amorosa.
🔹 Provérbios 31:27
“Atenta no andamento da casa, e não come o pão da preguiça.”
Provérbios 31:15
O cuidado constante da casa.
2 Tessalonicenses 3:10
Exortação ao trabalho diligente.
Comentário: A diligência e o zelo são marcas da verdadeira virtude, rejeitando a ociosidade.
🔹 Provérbios 31:28
“Levantam-se seus filhos e a chamam bem-aventurada; seu marido também, e ele a louva.”
Salmo 128:3-4
Bênção dos filhos na casa.
Efésios 5:33
“A mulher veja que respeita o marido.”
Comentário: O respeito e reconhecimento da família são frutos do caráter exemplar da mulher.
🔹 Provérbios 31:29
“Muitas mulheres têm feito nobres feitos, mas tu a todas ultrapassas.”
Filipenses 3:14
Prosseguir para o prêmio da vocação celestial.
Hebreus 11
Exemplo de fé e virtude.
Comentário: A singularidade da mulher virtuosa é exaltada como modelo a ser seguido.
🔹 Provérbios 31:30
“Enganosa é a graça, e vã a formosura, mas a mulher que teme ao Senhor, essa será louvada.”
1 Samuel 16:7
Deus vê o coração, não a aparência.
Tito 2:5
O temor do Senhor como fundamento da verdadeira virtude.
Comentário: O temor a Deus é a base para uma vida virtuosa e verdadeiramente admirável, acima das aparências.
🔹 Provérbios 31:31
“Dai-lhe do fruto das suas mãos, e que seus feitos a louvem nas portas.”
Salmo 128:2
“Terás fartura de bens...”
Provérbios 22:29
Reconhecimento público pelo trabalho bem feito.
Comentário: A recompensa e o reconhecimento pelo trabalho honesto são justos e merecidos, honrando a dedicação da mulher virtuosa.
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Índice: Provérbios 1 Provérbios 2 Provérbios 3 Provérbios 4 Provérbios 5 Provérbios 6 Provérbios 7 Provérbios 8 Provérbios 9 Provérbios 10 Provérbios 11 Provérbios 12 Provérbios 13 Provérbios 14 Provérbios 15 Provérbios 16 Provérbios 17 Provérbios 18 Provérbios 19 Provérbios 20 Provérbios 21 Provérbios 22 Provérbios 23 Provérbios 24 Provérbios 25 Provérbios 26 Provérbios 27 Provérbios 28 Provérbios 29 Provérbios 30 Provérbios 31