Significado de Gênesis 23

Gênesis 23

Gênesis 23 é um capítulo que enfoca a morte de Sara e os esforços de Abraão para garantir um local de sepultura para ela. No capítulo, Abraão negocia com os hititas a compra de um campo e uma caverna para enterrar Sara. O capítulo descreve o profundo respeito e honra de Abraão por sua esposa e sua disposição de negociar com a população local para garantir um enterro adequado para ela.

Além disso, Gênesis 23 levanta questões importantes sobre a natureza do luto e da dor. Ele destaca o profundo impacto emocional da perda e a importância de honrar adequadamente o falecido. O capítulo também revela a importância dos costumes e tradições culturais no processo de luto e enterro.

Este é um capítulo significativo que enfatiza o tema de honrar os mortos e a importância dos costumes e tradições culturais no processo de luto e enterro. Descreve o profundo respeito de Abraão por sua esposa e sua vontade de negociar com a população local a fim de garantir um local de sepultamento adequado para ela. O capítulo também levanta questões importantes sobre a natureza do luto e da dor e fornece informações valiosas sobre as práticas culturais da época.

Gênesis 23 enfoca a morte de Sara e os esforços de Abraão para garantir um local de sepultura para ela. O capítulo destaca a importância de honrar os mortos e o significado dos costumes e tradições culturais no processo de luto e enterro. Ele enfatiza o tema do respeito e da honra pelo falecido e fornece informações valiosas sobre as práticas e crenças da época.

I. A Septuaginta e o Texto Hebraico

Gênesis 23 articula uma cena jurídico-funerária que costura fraseologia, sintaxe e léxico entre o hebraico massorético, a LXX e o Novo Testamento. O ponto de partida é a autodefinição social de Abraão diante dos bĕnê ḥēt: gēr wĕtōšāb ʾānōḵî ʿimmāḵem; tĕnû lī ʾăḥuzzat qeḇer ʿimmāḵem (“sou peregrino e residente entre vós; dai-me uma posse de sepultura entre vós”, 23:4). A LXX verte com precisão e já fornece o vocabulário que o Novo Testamento herdará: pároikos kai parepídēmos egō eimi meth’ hymōn; dote moi oun ktēsin mnēmeíou meth’ hymōn (23:4 LXX). É exatamente essa autocompreensão que o Novo Testamento retoma: “Todos estes morreram na fé... confessando que eram estrangeiros e peregrinos na terra.” (Hebreus 11:13); “exorto-vos, como peregrinos e forasteiros, que vos abstenhais das paixões carnais...” (1 Pedro 2:11). Assim, o par hebraico gēr/tōšāb → grego pároikos/parepídēmos estrutura a leitura cristã da condição patriarcal como paradigma da comunidade messiânica em trânsito.

A negociação inteira é narrada com fórmulas legais repetidas, mimetizando a solenidade da praça/porta: wayyištaḥû ʾAḇrāhām lip̄nê ʿam hāʾāreṣ (“Abraão prostrou-se diante do povo da terra”, 23:7, 12), que a LXX verte como anastās... prosekýnēsen tō laō tēs gēs; “em audiência pública” (bĕʾoznê bĕnê ḥēteis ta ōta tou laou), enquanto se especifica o objeto jurídico: meʿārat hammaḵpēlāh... ʾăḥuzzat qeḇerto spḗlaion to diploun... ktēsin mnēmeíou (23:8–9). O Novo Testamento, por sua vez, herda o termo mnēmeîon para “túmulo” no relato da sepultura de Jesus (“...no jardim havia um túmulo novo...”, João 19:41), mostrando como a LXX padroniza o léxico funerário que circula naturalmente nos evangelhos.

O preço e a pesagem da prata evidenciam outro feixe lexical. O hebraico registra: ʿōbēr lassoḥēr (“moeda corrente entre mercadores”, 23:16) e a fórmula de transferência: wayyaqom śĕdeh ʾeprōn... lĕmiqnāh (“levantou-se” o campo... por compra, 23:17–18), ecoada juridicamente na LXX: tetrakósia dídrachma argyríou dókīmou emporois... éstē ho agrós... tō Abraam eis ktēsin, enantíon tōn hyiōn Ḥet (23:15–18 LXX). O par dókimos/emporos (“prata aprovada entre mercadores”) realça a oficialidade do ato e ressoa no Novo Testamento no campo semântico de “aprovado” (dókimos) aplicado às pessoas (por exemplo, Romanos 14:18; 2 Timóteo 2:15), enquanto o verbo de “erguer/estabelecer” (wayyaqom // éstē) funciona como fórmula de consolidação do título. A tensão teológica permanece: “[Deus] não lhe deu nela herança, nem ainda o espaço de um pé.” (Atos 7:5) — ou seja, a ktēsis funerária de Gênesis 23 não é ainda a klēronomía prometida; é antes um penhor concreto, um túmulo adquirido em fé, “em público”, à vista da cidade.

A micro-onomástica reforça o enraizamento territorial e a esperança: meʿārat hammaḵpēlāh ʾašer lip̄nê mamrēʾ (hîʾ ḥebrōn) (“a caverna dupla... defronte de Mamré — esta é Hebrom”, 23:17, 19). A LXX explicita to spḗlaion to diploun... kata prósōpon Mambrē... en tē gē Chanaan e repete os marcadores de pólis/pýlē/polîtai (23:10–19), sublinhando que o rito de sepultar šel Sarah vincula o clã à terra pela via da memória (o “lugar dos pais”). O Novo Testamento lê o gesto em chave de peregrinação escatológica: “confessaram que eram estrangeiros e peregrinos... esperavam uma pátria melhor, isto é, a celestial” (Hebreus 11:13–16). Logo, o “primeiro pedaço” de terra possuído por Abraão é um túmulo — e, por isso mesmo, um sacramento narrativo de esperança na vida para além da morte; a gramática hebraico-grega (ʾăḥuzzat qeḇer / ktēsis mnēmeíou) fundamenta o símbolo que a pregação cristã explicita.

Do começo ao fim, notam-se pontes léxicas que tornam visível a coerência canônica: (i) status social: gēr / tōšābpároikos / parepídēmos → “estrangeiros e peregrinos” (Hebreus 11; 1 Pedro 2); (ii) objeto jurídico: ʾăḥuzzat qeḇerktēsis mnēmeíoumnēmeîon nos evangelhos; (iii) transferência pública: bĕʾoznê bĕnê ḥēteis ta ōta tou laou... enantíon pantōn tōn politōn → o testemunho público como critério de validade; (iv) preço e moeda: ʿōbēr lassoḥērdídrachmon argyríou... dókimos emporois → campo de dókimos/dokimázō na catequese apostólica; (v) tensão promessa/herança: miqnāh/ktēsis já, klēronomía ainda não (Atos 7:5). Em todos esses nós, a LXX não apenas “traduz” o hebraico: ela forja a língua grega em que o Novo Testamento pensa e fala, permitindo que a comunidade cristã, fortemente influenciada por essa tradução, leia a compra de Macpelá como um ato de fé pública, juridicamente sólido e teologicamente prenhe de esperança na pátria que virá.

II. Comentário de Gênesis 23

Gênesis 23.1 Os 127 anos de Sara permitiram que ela visse o seu filho Isaque chegar à idade adulta.

Gênesis 23.2 Quiriate-Arba significa vila de Arba, ou vila dos quatro (Js 14-15). Durante um período, Abraão viveu perto de Hebrom, junto aos antigos carvalhais (Gn 13.18; 18.1; 23.17). Nesta ocasião, Canaã era particularmente cruel para Abraão. Nada da terra pertencia a ele. Abraão teve de negociar água e pastoreio (Gn 21.22-34), pois os cananeus ainda tinham a posse da terra.

Gênesis 23.3 Os hititas habitavam a região de Anatólia (atual Turquia), mas havia alguns enclaves hititas (dos filhos de Hete) em Canaã (Gn 15.20). Aparentemente, Hebrom era um desses territórios. Foi com esse povo que Abraão negociou a compra de um lugar para sepultar a sua amada esposa Sara.

Gênesis 23.4, 5 Estrangeiro e peregrino sou. Abraão era um estrangeiro naquela terra. Suas palavras estabeleciam essa condição e também lhe proporcionavam uma posição adequada para negociar com os habitantes.

Gênesis 23.6 A resposta dos filhos de Hete foi muito gentil. A expressão príncipe de Deus remete a Elohim, em Gênesis 1.1. Em um ato de benevolência, os hititas permitiram que Abraão usasse a sepultura que escolhesse.

Gênesis 23.7-11 Então, se levantou Abraão e inclinou-se. A postura de Abraão seguia o costume da época (v. 12). Ele não pretendia enterrar Sara em uma sepultura emprestada. O patriarca desejava ter um lugar que pertencesse à sua família após a morte dele. Suas palavras pedindo aos hititas que intercedessem junto a Efrom indicam que Abraão queria adquirir uma propriedade: a cova de Macpela. Efrom atendeu generosamente ao pedido de Abraão e cedeu-lhe a cova e o campo próximo a ela.

Gênesis 23.12, 13 O preço do campo o darei. Abraão não estava interessado no campo, mas, como esse era o lugar onde ficava a caverna, e Efrom o incluiu nas negociações, Abraão anunciou sua intenção de comprar a área. (Talvez ele tenha pensado que um presente dado tão facilmente lhe poderia ser tomado com a mesma facilidade mais tarde.) Em todo caso, o preço que Abraão mencionou não era o dinheiro em espécie, como o conhecemos hoje. As moedas só seriam inventadas por volta de 650 a.C. Abraão estava oferecendo siclos de prata [um siclo equivalia a 12 gramas de prata].

Gênesis 23.14, 15 O diálogo que acontece neste capítulo é maravilhoso, pois descreve o processo de compra e venda de uma propriedade naquele tempo. Efrom disse o preço da terra, mas em seguida deu a entender que isso não tinha muita importância (que é isto entre mim e til).

Gênesis 23.16 Abraão pesou a Efrom a prata. O patriarca poderia ter recebido a propriedade sem nenhum custo, mas, a partir do momento em que pagou a quantia estipulada, não poderia haver nenhuma questão pendente em relação à posse da área numa data posterior.

Gênesis 23.17 Abraão obteve a posse não só da cova e do campo, mas também do arvoredo dessa região. Isso significa que ele tinha a responsabilidade de preservar a vegetação. Tudo foi oficializado de acordo com a forma legal da época. A leitura desse registro é fascinante, mas é imprescindível destacar que a única terra que Abraão realmente possuiu foi a do sepulcro de sua esposa.

Gênesis 23.18-20 Sepultou Abraão a Sara. Anos depois, Abraão seria sepultado na mesma cova (Gn 25.10).

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