Gênesis 19 — Interpretação Bíblica
Gênesis 19
19:1-5 O texto muda da conversa de Abraão para a jornada dos anjos a Sodoma, e imediatamente vemos um contraste na “hospitalidade” oferecida a esses anjos. Sim, Ló preparou um banquete e assou pão sem fermento para eles (19:3), mas não demorou muito para que os homens da cidade de Sodom, jovens e velhos, começassem a bater à porta de Ló (19:4), exigindo a libertação dos homens para que pudessem fazer sexo com eles (19:5). O clamor contra Sodoma, ao que parece, levou apenas algumas horas para provar suas reivindicações. Sodoma havia caído em tal antro de pecado que os visitantes da cidade não podiam ficar sozinhos em público nem mesmo por algumas horas sem medo de serem estuprados (19:3, 5).19:6-8 Inicialmente, podemos ver Ló com simpatia. Afinal, ele viu dois homens em perigo e os trouxe. Ele correu um grande risco ao fazer isso. O que ele faz a seguir, no entanto, mostra o quanto da cultura perversa de Sodoma ele havia absorvido. Em sua tentativa de proteger seus convidados angelicais, Ló se ofereceu para dar à multidão lasciva e desenfreada suas duas filhas para que pudessem ser estupradas (19:8). Sentimos (e deveríamos sentir) repulsa por tal oferta, que revela os laços morais de Ló com Sodoma, bem como sua incapacidade de acreditar que Deus o protegeria. Esse contraste se torna ainda mais claro quando os próprios anjos atingem a multidão com cegueira (19:10-11), felizmente impedindo Ló de seguir seu plano repugnante.
19:9-14 Com a multidão batendo na porta de Ló, os anjos decidiram revelar o plano de Deus a Ló. Estamos prestes a destruir este lugar, eles avisaram (19:13). Se você tem mais alguém aqui - alguém que deseja resgatar - agora é a hora de tirá-lo (19:12). Ló tentou, mas foi recebido com confusão e gargalhadas dos futuros maridos de suas filhas quando ele estendeu o convite para que eles deixassem a cidade com ele (19:14). Não há lugar mais perigoso para se estar do que ouvir as advertências de Deus e ignorá-las como se fossem uma piada.
19:15-29 Os potenciais genros recusaram-se a deixar Sodoma porque não acreditavam que a ira de Deus fosse real. Mas mesmo Ló, o motivo dessa missão de resgate, hesitou em partir quando chegou a hora (19:16). Os anjos tiveram que arrastá-lo, sua esposa e suas filhas para fora da cidade manualmente, porque eles eram muito apegados a ela. Eles se sentiram confortáveis em uma sociedade que rejeitava Deus e suas leis. A esposa de Ló mostrou a maior hesitação - e recebeu a devida punição por isso. Embora os anjos os advertissem estritamente: Não olhem para trás e não parem em lugar algum na planície (19:17), a esposa de Ló parou para olhar para trás e instantaneamente se tornou uma estátua de sal (19:26). Assim, ela se tornou um monumento permanente das consequências da desobediência e do mundanismo. Somente por causa da promessa de Deus a Abraão, Ló e suas duas filhas — apenas três pessoas de toda a cidade — foram salvos da destruição (19:29).
A história da destruição de Sodoma, embora mostre claramente o julgamento de Deus contra a homossexualidade, oferece uma advertência muito maior. Em Lucas 17:32, Jesus nos exortou a não nos lembrarmos dos homens perversos de Sodoma, mas da “esposa de Ló”, porque nossa principal tentação é nos apegarmos demais a este mundo. Jesus nos ensina a estar no mundo, trabalhando pelo bem do próximo, mas não apegados ao mundo de maneira pecaminosa, contaminados por sua rebelião contra Deus. 19:30-38 A conclusão da história de Ló é lamentável. Suas filhas, com seus noivos agora mortos, estavam tão preocupadas com suas perspectivas de casamento que planejaram um esquema para embebedar Ló e fazer sexo com ele (19:31-32). O plano funcionou e as duas filhas de Ló ficaram grávidas de seu pai (19:36). No entanto, como acontece com todo esquema forjado na mente do homem pecador, esse “sucesso” acabaria se tornando um desastre. Os dois filhos que essas filhas produziram, Moabe e Ben-Ami, se tornariam os patriarcas dos moabitas e amonitas, inimigos permanentes do povo de Deus. Quando tentamos resolver os “problemas” de Deus para ele, apenas criamos mais problemas para nós mesmos.
Notas Adicionais:
19.1-11 A exemplo do que Abraão havia feito (18.2-8), Ló recebe bem os dois anjos quando estes chegam a Sodoma. Quando os homens de Sodoma querem ter relações com os dois, Ló protesta; são seus hóspedes, e ele tem o dever de protegê-los (v. 8). Proteger hóspedes era mais importante do que proteger a honra das próprias filhas (Jz 19.23-24).
19.1 os dois anjos: Gn 18.22. perto do portão de entrada da cidade: Um espaço aberto onde os moradores da cidade se reuniam para tratar de negócios e resolver problemas entre pessoas (Gn 23.10; 34.20; Rt 4.1).
19.5 queremos ter relações com eles: A Lei de Moisés condena as práticas homossexuais (Lv 18.22), dizendo até que se trata de um pecado que merece a morte (Lv 20.13). O NT fala sobre relações vergonhosas que são contra a natureza e excluem a pessoa do Reino de Deus (Rm 1.26-27; 1Co 6.9; Jd 8).
19.12-22 Ló foi salvo, porque, ao contrário dos homens que iam casar com as filhas dele (v. 14), sabia que as ameaças do Senhor não eram brincadeira. Mas Ló acabaria por demorar-se para sair de Sodoma, e os anjos praticamente tiveram de arrastá-lo para fora da cidade (v. 16). No final, em sua grande compaixão, o Senhor permitiu que o medroso Ló (v. 19), em vez de fugir para a montanha, corresse para a cidadezinha de Zoar.
19.14 pensaram que Ló estivesse brincando: Por não acreditarem em Ló, esses homens acabaram morrendo, quando Sodoma foi destruída.
19.22 Zoar: Em hebraico, Zoar soa parecido com a palavra que quer dizer “pequena”.
19.23-29 A destruição de Sodoma e Gomorra é um acontecimento muitas vezes citado na Bíblia, especialmente quando o assunto é a maldade das pessoas e se quer chamar a atenção para o castigo que Deus vai mandar (Is 1.9-10; Jr 23.14; Lm 4.6; Ez 16.48-50; Mt 10.15; 11.23-24; Lc 10.12; 17.28-29; 2Pe 2.6; Jd 7; Ap 11.8). Em Dt 29.23, aparecem os nomes das quatro cidades que foram destruídas (Os 11.8).
19.29 Deus... pensou em Abraão: Isto é, na conversa que tinha tido com ele (Gn 18.23-33).
19.30-38 Os moabitas e os amonitas, povos que moravam na região que fica a leste do mar Morto (ver mapa), eram inimigos ferrenhos dos hebreus (Dt 23.3-4; Jz 3.12-14,26-30; 10.6—11.33). Esta história conta a origem desses dois povos. Rute, a bisavó do rei Davi, era moabita (Rt 1.4; 4.17-18).
19.31 O nosso pai já está ficando velho: O significado desta afirmação parece ser o seguinte: Ló está ficando velho, isto é, não vai mais casar nem ter filhos e, com isto, termina a história da família dele.
19.32 teremos filhos dele: Naquele tempo, quando a mulher se realizava como pessoa e era reconhecida na medida em que tinha filhos (Gn 16.1-4; 30.1-24; 38.6-26), ficar sem filhos era uma grande vergonha e humilhação. Isso explica a atitude das filhas de Ló. No entender delas, o que decidiram fazer era um mal menor para evitar um mal maior.
19.37 Moabe: Em hebraico, “Moabe” soa parecido com a palavra que quer dizer “do meu pai”. de hoje Isto é, da época em o Gênesis foi escrito.
19.38 Ben-Ami: Em hebraico, quer dizer “filho do meu parente” e soa parecido com a palavra que quer dizer “amonita”.
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