Interpretação de Daniel 2

Daniel 2

Daniel 2 apresenta a interpretação do sonho do rei Nabucodonosor e revela informações proféticas importantes sobre futuros impérios mundiais. Aqui está uma interpretação dos pontos-chave em Daniel 2:

1. O sonho perturbador do rei (Daniel 2:1-3): O rei Nabucodonosor teve um sonho perturbador que o perturbou profundamente. Ele convocou seus mágicos, feiticeiros, feiticeiros e astrólogos para interpretar o sonho. No entanto, ele exigiu que eles não apenas fornecessem a interpretação, mas também descrevessem o sonho em si. Este pedido foi desafiador porque o rei não conseguia se lembrar dos detalhes do sonho.

2. O Fracasso dos Sábios (Daniel 2:4-13): Os conselheiros do rei protestaram contra a impossibilidade do seu pedido, mas Nabucodonosor estava determinado a encontrar uma interpretação. Irado, ele decretou que todos os sábios da Babilônia, inclusive Daniel e seus amigos, fossem executados. Quando Daniel soube do decreto, pediu tempo ao rei e, com seus amigos, buscou a misericórdia de Deus e revelou os detalhes do sonho em uma visão.

3. A Interpretação de Daniel (Daniel 2:14-30): Daniel e seus amigos tiveram uma audiência com o rei. Daniel explicou que nenhum ser humano poderia atender ao pedido do rei, mas existe um Deus no céu que revela mistérios. Daniel então descreveu o sonho de Nabucodonosor, que apresentava uma grande imagem com vários materiais representando diferentes impérios mundiais. A cabeça de ouro da imagem representava Babilônia, seguida por peito e braços de prata (representando o próximo império), barriga e coxas de bronze (o terceiro império), pernas de ferro (o quarto império) e pés de ferro e barro (um império dividido e mais fraco).

4. A pedra que esmaga a imagem (Daniel 2:31-45): No sonho de Nabucodonosor, uma pedra não cortada por mãos humanas atingiu a imagem nos pés, fazendo-a quebrar. A pedra cresceu até formar uma grande montanha que encheu toda a terra. Daniel interpretou isso como o reino de Deus, que destruiria todos os impérios terrestres e duraria para sempre. Esta profecia predisse a sucessão de impérios: Babilônia, Medo-Pérsia, Grécia e Roma, sendo o reino final o governo eterno de Deus.

5. A Resposta de Nabucodonosor (Daniel 2:46-49): Nabucodonosor reconheceu o poder do Deus de Daniel e recompensou-o com honra e autoridade na Babilônia. Os amigos de Daniel, Sadraque, Mesaque e Abednego, também foram promovidos. Daniel tornou-se chefe dos sábios e serviu como conselheiro do rei.

Em Daniel 2, o capítulo demonstra a soberania de Deus sobre os assuntos humanos, particularmente na revelação e interpretação dos sonhos. Revela uma profecia de sucessivos impérios mundiais, com o reino eterno de Deus triunfando finalmente sobre todos eles. O capítulo destaca a importância de buscar a sabedoria e a orientação de Deus em tempos de dificuldade, conforme demonstrado por Daniel e seus amigos. Também sublinha a humildade de reconhecer a supremacia de Deus, como fez Nabucodonosor depois de testemunhar a interpretação do sonho. Este capítulo prepara o terreno para novas revelações e desafios enfrentados por Daniel e seus companheiros nos capítulos subsequentes do livro.

Interpretação

Em linguagem e significado primário, Dn. 2:1-4a, que vem a seguir, pertence ao capítulo 1; pois esses versículos fazem parte da introdução do livro. Aqui o leitor é informado da situação precisa que levou Daniel a ocupar lugar de destaque na Babilônia. Esses versículos também servem de prólogo para a dramática narrativa profética do capítulo 2. São, portanto, examinados neste relacionamento dentro do Comentário.

Umas poucas observações sobre o significado prático da capítulo 1 não deveria ser omitidas. Para a instrução de uma centena de gerações, esta história apresenta os elementos do heroísmo moral. 1) Discernimento. Os quatro jovens perceberam com exatidão o que havia de errado em se comer o alimento prescrito. Onde o aprenderam? De pais piedosos (Dt. 6:4-9). 2) Resistência ao mal. A distância de uma observação crítica não enfraquece o fato (veja (Mt. 10:26-28; Tiago 4:7). Esta resistência ao mal também se desenvolveu muito cedo em seus lares piedosos. As crianças não resistem ao mal naturalmente; antes elas o aceitam de braços abertos. Elas devem ser ensinadas a odiarem o mal (veja Hb. 12:9-13; Pv. 3:11, 12; 13:24; cons. os filhos de Eli, I Sm. 2:12-30). 3) Poder para tornar conhecida a discordância. A juventude é uma idade de adaptação. Portanto este incidente dá forte evidência de graça especial nas vidas desses quatro. 4) Coragem física. O chefe dos eunucos estava certo. Tanto a sua cabeça como a deles estaria em jogo (cons. Dn. 2:5, a cova dos leões, a fornalha). 5) Perseverança. Quando não houve nenhuma ajuda da parte do eunuco, Daniel tentou o camareiro. 6) Determinação. Seu propósito estava no seu coração, o centro do seu ser. Não era um propósito frívolo. 7) Brandura. Sem nenhuma encenação de heroísmo, Daniel respeitosamente “pediu” ou “implorou” a seus superiores. 8) Bom senso. A prova sugerida era razoável e exequível. (Veja também Ez. 28:3; Pv. 2:23 no contexto).

Nesta parte conta-se que Nabucodonosor teve um sonho terrível (v. 1), que foi usado para experimentar a capacidade e disposição de seus conselheiros ocultos (vs. 2-6). O fracasso do principal grupo de “sábios” em reproduzir e interpretar o sonho põe em perigo as vidas de todos os sábios, inclusive os quatro hebreus (vs. 7-12). Mas Daniel, sustentado por intercessões suas e de seus amigos, reproduz o sonho (vs. 13-23). Ele conta o sonho a Nabucodonosor (vs. 24-35) e fornece uma interpretação divina (vs. 36-45). Como recompensa Daniel é feito “governador” sobre a província da Babilônia, no que ele garante promoções para os seus três companheiros (vs. 46-49). A interpretação do sonho fornece ao leitor um esboço da sucessão dos reinos mundiais desde o tempo de Nabucodonosor até a filial instauração visível do reino de Cristo na Sua segunda vinda. (Com relação aos diversos pontos de vista sobre este capítulo, veja observação no final do capítulo.)

2:1. No segundo ano do reinado de Nabucodonosor. Uma aparente contradição com os dados do capítulo 1. Nabucodonosor é chamado “rei” quando da tomada de Jerusalém (1:1). Contudo, depois de pelo menos três anos (1:5, 18), quando Daniel é chamado à presença de Nabucodonosor neste capítulo, o rei está no segundo ano do seu reinado.

Qualquer uma das diversas explicações possíveis está à nossa disposição. Nenhuma delas é certamente correta, embora diversas expliquem os fatos. Naturalmente um escritor verdadeiramente famoso como o autor do livro de Daniel não poderia ter incorrido em crassa discrepância. Seus primeiros leitores o entenderam. Há, naturalmente, a possibilidade da corrupção textual, frequente em se tratando de números no V.T. (Montgomery, ICC, apresenta diversas sugestões). Alguns sugerem um diferente começo da época mencionada em 1:1: seu reinado sobre todo o império, ou após saquear o Egito, etc.

Mestres mais atuais aceitam a aparente discrepância como uma simples questão de diferença entre os métodos hebraico e babilônio de contar os anos do reinado. Entre as sugestões deste tipo, o ponto de vista de Driver (apoiado por Young) é bom: “Não há, talvez, necessariamente uma contradição aqui com os ‘três anos’ de 1, 5, 18. Segundo o costume hebraico, frações de tempo eram reconhecidas como unidades integrais. Assina, dá-se que Samaria, cercada desde o quarto até o sexto ano de Ezequias, foi tomada no fim de três anos (II Rs. 18:9, 10) e em Jr. 34:14, ‘no fim do sétimo ano’ significa evidentemente que o sétimo ano tinha chegado (veja também Mc. 8:31, etc.). Se, entretanto, o autor, seguindo um costume que era certamente às vezes adotado pelos escritores judeus e que era generalizado na Assíria e Babilônia, ‘atrasou” os anos do reinado de um rei, isto é, contou como seu primeiro ano, não o ano de sua ascensão, mas o primeiro ano completo de reinado, e se depois Nabucodonosor deu ordens para a educação dos jovens no ano de sua ascensão, o fim dos ‘três anos’ ... poderia ser reconhecido como caindo dentro do seu segundo ano do seu reinado” (Driver, Daniel, CBSC, pág, 17). Como acontece com a maioria das dificuldades deste tipo, a questão quase sempre pode ser resolvida quando se esclarece o ponto de vista e a maneira de usar as palavras do autor.

Teve este sonho; o seu espírito se perturbou, e passou-se-lhe o sono. Nabucodonosor não era um neurótico trêmulo facilmente assustável como uma criança por meio de vagas impressões. Este versículo é apenas o primeiro de um grupo de evidências de que a E.R.C. não está correta ao sugerir que Nabucodonosor tenha esquecido o sonho (v. 5). Ele estava assustado exatamente porque não se esquecera dele.

2:2. Os magos, os encantadores, os feiticeiros e os caldeus. Sobre os magos e encantadores, veja observações em 1:20. Feiticeiros. No hebraico, mekashshepîm. Possivelmente de uma raiz semita significando “cortar”; daí, picar os elementos para poções mágicas e fórmulas. Consequentemente o grego pharmakoi, isto é, farmacêutico. Mestres modernos preferem uma ideia complementar de “recitadores de ditos mágicos, feiticeiros”. A mesma raiz aparece no acadiano em relação a feiticeiros e feiticeiras. A prática da feitiçaria é proibida pelo V.T. (Êx. 22:18, na Bíblia Hebraica, v. 17, feitiçaria, no feminino; Dt. 18:10; Is. 47:9). Caldeus. Não usado no amplo sentido etnológico de 1:4, mas no estreito sentido profissional, indicando a classe sacerdotal da religião babilônica. Embora seja usado neste sentido apenas em Daniel, dentro dos livros bíblicos, era comumente usado assim pelos escritores clássicos, dos quais o mais antigo é Heródoto (Histories 1, 181, c. 440 A.C.; veja Driver, op. cit., págs. 12-16 e Young, op. cit., págs. 271-273). A maioria das autoridades concorda que os quatro termos não foram usados indicativamente mas antes distributivamente para incluir todas as categorias de conselheiros reais.

2:4. Caldeus. Aqui, todas as categorias de sábios. Em aramaico. A linguagem do povo semita concentrado naqueles dias principalmente na Mesopotâmia Superior e na Síria. São os sinos do V.T. A ideia não é que os caldeus falassem o aramaico mas que, a partir daqui, o trecho de Daniel está em aramaico. Compare a frase “em aramaico” com Esd. 4:7.

2:5. Uma cousa é certa: se não me fizerdes saber, etc. Certa. Uma rara palavra de origem persa, agora de modo geral reconhecida ser um adjetivo e não um verbo, significando “certo”. Coisa. Antes, palavra. “Palavras” (v. 9) é uma tradução da mesma palavra. Portanto, traduza-se: a palavra é certa, se não me, etc.

O rei não se esquecera do sonho, mas antes, justamente por se lembrar dele, achava que os seus sábios, se fossem capazes de prever o futuro por meio da interpretação dos sonhos, deviam ser capazes de realizar a tarefa bem menor de reconstruir o passado, isto é, o sonho particular do rei. Esta interpretação da passagem encontra apoio não só no temor do rei (cons. comentários sobre o v. 1) e na tradução revista de 2:5, mas também no fato de que os sábios não elaboraram alguma coisa que passasse por ser o “sonho” do rei quando viram suas vidas ameaçadas. Teria valido a pena! Tudo indica que eles sabiam que o rei se lembrava do seu sonho e por isso não tentaram nada (veja também v. 8 abaixo).

2:8. Quereis ganhar tempo. Não que eles estivessem simplesmente adiando o momento fatal de sua execução (Driver, et al.), ou tentando ganhar tempo para inventar uma saída (H. C. Leupold, Exposition of Daniel, et al.); mas antes, no sentido primitivo de ‘idana’, “tempo”, a referência é a um tempo específico (cons. BDB). A interpretação dos sonhos era relacionada com a posição dos astros. Quando aquele arranjo particular do Zodíaco que afetara o sonho se passasse, eles se defenderiam dizendo que a interpretação era impossível. (Thomson, Pulpit Commentary, et al.).

2:10. A queixa de que o rei estava sendo injusto na sua exigência parece justa. Mas quando nos lembramos do gigantesco logro em que consistia todo o abracadabra da antiga astrologia, da adivinhação, seus vaticínios, etc, o decreto do rei, embora excessivamente severo, pois incluía também as “casas” (famílias? v. 5), não era injusto no que diz respeito aos “sábios” propriamente ditos. Eles reivindicavam ter poderes ocultos e não passavam de fraudes, dando lugar a uma boa porção de trapaça. Deus responsabiliza os homens pela ignorância obstinada (cons. Rm. 1:28).

2:11. Os deuses..., não moram com os homens. A vírgula depois de deuses torna a cláusula seguinte não restritiva, aplicável a todos os deuses. Se a vírgula for omitida, a cláusula será lida como se fosse restritiva, isto é, aplicando-se apenas a certa classe de deuses. Talvez seja melhor omitir a vírgula e entender que os sábios reivindicavam ter comunicação em sua “carne” com certos deuses do panteão, mas não com os maiores (Marduque), que eram capazes de controlar ou revelar o futuro.

2:13. O fato de Daniel e seus companheiros serem afetados pelo decreto destrutivo indica que eles estavam incluídos como conselheiros oficiais. Seria por causa do orgulho caldeu que os hebreus não foram consultados antes? Ou, será que supunham que os jovens exilados não tivessem nenhum conhecimento que não fosse comum aos seus companheiros de profissão mais antigos?

Daqui em diante a sabedoria e piedade de Daniel são destacadas. A mesma força de caráter demonstrada no capítulo 1 foi elevada um pouco mais, O valor da oração importuna e conjunta diante de perigo pessoal iminente é aprovado e exemplificado. A oração de ação de graças de Daniel (2:20-23) é um modelo eterno ao lado de outras orações modelos deste livro (veja também 9:3-19; cons. 6:9-11; 10:2-12).

2:25. Achei um (homem). Parece que Arioque era outro burocrata oportunista que estava desejoso de receber o crédito pelo bem que ele não tinha criado.

2:28. O que há de ser nos últimos dias. Este é o alcance da profecia a ser revelada pelo sonho e sua interpretação. É um erro restringi-la ao período do fim. Uma frase dentro da literatura profética geral, refere-se ao futuro desenvolvendo-se e consumado na era messiânica. Veja Is. 2:2; Mq. 4:1; Gn. 49:1 e segs. (no contexto) e Jr. 48:47. Incluindo os dois adventos de Cristo, além do período compreendido entre eles, envolve a presente dispensação. O estudante que investiga ficará satisfeito a esta altura se comparar At. 2:17 com Joel 2:28 e João 5:18 com Hb. 1:1, 2.

2:29. O que há de ser depois disto (lit.). Depois disto (‘ahe’rê denâ) não se refere à vida após a morte, nem ao futuro de maneira geral. Mas, antes, como a expressão grega equivalente, meta tauta ou meta touto (Ap. 4:1; 7:1), refere-se ao futuro que virá após algum item anteriormente mencionado no contexto. Aqui esse item parece ser o pensamento do rei sobre seu próprio reino e futuro. Portanto, sob um certo aspecto, o significado do sonho limita-se ao que o rei poderia entender. As “coisas” que viriam “depois disto” é o domínio mundial em seu aspecto político. Deveríamos esperar aqui, neste capítulo, a verdade sob um aspecto político externo, pois Deus está revelando a verdade em um nível ao alcance do entendimento de um rei pagão (“fez saber a ... Nabucodonosor”, Dn. 2:28; ‘‘..., te revelou”, v. 29; “para que entendesses as cogitasses da tua mente”, v. 30). Qualquer espiritualização da mensagem na direção da igreja neotestamentária ou do “Israel espiritual” está inteiramente fora de lugar.

A descrição do sonho e a narrativa das ações envolvidas são tratadas no comentário junto com a interpretação do sonho que se segue.

2:37. Rei dos reis. Um título geralmente aplicado aos imperadores medo-persas e babilônios, encontrado não só nos clássicos gregos mas também nos registros de países envolvidos e nas Escrituras (Ez. 26:7; Esdras 7:12), garante que a maior parte da literatura envolvida é posterior ao sexto século.

2:38. Onde quer que eles (os filhos dos homens) habitem ... para que dominasses sobre todos eles. O poder de Nabucodonosor é devido à providência divina (cons. Jr. 25:9; 27:5, 6; 28:14; Dn. 12:1). A expressão pode ser hiperbólica, pois Nabucodonosor não foi um governante universal. É possível, entretanto, que a referência seja a uma concessão divina universal, que Nabucodonosor jamais chegou a tomar posse. Tu és a cabeça de ouro. Veja Is. 14:4.

2:39a. Depois de ti se levantará outro reino, inferior ao teu. O peito e os braços de prata representam o reino conhecido na história e nas Escrituras como o reino dos “medos e persas” (veja Dn. 5:28, 31; cons. 6:8). Substituiu a Babilônia em 539 A.C. (cons. cap. 5). A dualidade do reino está obviamente representada pela dualidade do peito e braços.

2:39b. E um terceiro reino, de bronze, o qual terá domínio sobre toda a terra. A história e as Escrituras concordam que este foi o império grego (macedônio) de Alexandre e seus sucessores. Esta interpretação fica estabelecida por Dn. 8:20, 21. Este reino substituiu o dos medos e dos persas quando Alexandre, em uma série de avanços, começando em 334 A.C. , venceu os medos e os persas.

Embora dividido em pernas de ferro e pés e artelhos de ferro misturado com barro, era um reino. É a forma de domínio mundial, conhecido na Bíblia e na história por Roma, e que, através de progressiva ocidentalização da humanidade, parece prevalecer até o dia de hoje. Em Lucas 2:1 está mencionado historicamente (cronologicamente) em primeiro lugar.

2:40. Forte como ferro. De todos os quatro metais este é o mais forte. Considerado no contexto do seu próprio tempo, nenhum dos três reinos anteriores foi tão forte quanto Roma. E até o presente momento o governo tende cada vez mais a exercer o controle sobre todas as áreas das atividades humanas. Isto é uma circunstância concomitante necessária à progressiva industrialização da sociedade. Ele fará em pedaços. Roma fragmentou e reconstruiu – socialmente, culturalmente e politicamente – todos os povos, instituições, etc., que venceu. A única exceção notável foi o Cristianismo propriamente dito como movimento espiritual (embora verdadeiramente romanizado na perversão da Igreja Romana). Esmiuçará. “O império dos romanos encheu o mundo, e quando o império caiu nas mãos de uma só pessoa, o mundo veio a ser uma prisão segura e terrível para os seus inimigos. Resistir era fatal e era impossível fugir” (Gibbon). Alguns veem nas duas pernas uma profecia da divisão do império em dois impérios, com capitais em Roma e Constantinopla.

2:41. Será... um reino dividido. A palavra pelî-ga, embora cognata de um verbo hebraico comum que significa “dividir”, aparece só aqui no V.T. A sugestão de Young, de acordo com Buxtorf, de que deve ser traduzida para “composto” é boa, e parece consistente com o significado da prevalecente raiz semita.

2:42, 43. Em seu estágio final, este reino ficará quebradiço e será facilmente destrutível. Isto devido à mistura (em símbolo) do barro com o ferro. Misturar-se-ão. Esta cláusula, um simples particípio reflexivo no aramaico, significa aparentemente o barro e o ferro (como sugere a concordância gramática). Eu aceito que isto signifique que “a semente do homem”, isto é, a humanidade generalizada, intrometer-se-á no governo en masse. O governo romano veio a se transformar no governo da massa popular. Se aqui se prediz a história moderna, a sugestão da ditadura do homem comum, no socialismo, também é um pensamento aceitável.

Intérpretes de todas as escolas – reverentes cristãos, judeus e incrédulos racionalistas – concordam que isto se refere ao reino messiânico. O significado gramatical dos versículos não é obscuro. Discordância quanto à interpretação está enraizada nos diversos pontos de vista com os quais os leitores examinam a passagem. Deve-se tomar conhecimento aqui dos dois pontos de vista principais defendidos pelos cristãos evangélicos. Aqueles que identificam o reino do Messias totalmente com a Igreja (principalmente os pós-milenistas e amilenistas) veem o cumprimento desta profecia no primeiro advento de Cristo. Aqueles que, embora reconhecendo na Igreja um aspecto do reino de Cristo (Cl. 1:13; João 3:3; Atos 1:3; 20:25; I Pedro 2:9), esperam que ele seja finalmente manifesto sobre a terra somente por ocasião do Segundo Advento (quiliastas, pré-milenistas), veem o cumprimento nos dois adventos. Eles chamam a atenção para o fato de que a profecia é de domínio político externo conforme revelado à mente de um rei pagão (cons. Dn. 2:29, 30 e comentários), e assim liga a profecia ao Segundo Advento e ao estabelecimento de um “milênio” (cons. Ap. 20).

Os motivos principais apresentados para apoiar este- ponto de vista são os seguintes: 1) A profecia se refere à sorte política de importantes impérios da história. O quinto reino (messiânico) desta série aparentemente não difere neste aspecto dos outros. Contudo a Igreja (a não ser que se assuma o ponto de vista romano católico), não é uma instituição política. O Milênio tem um aspecto político. 2) De acordo com o sonho e sua interpretação, a destruição do quarto reino pelo Messias é súbita, violenta e catastrófica. Exatamente uma tal destruição costuma ser atribuída à inauguração do reino milenial messiânico (veja Ap. 19:11 e segs.). No que se refere às vitórias que a Igreja tem obtido neste mundo presente, elas têm sido de maneira completamente diferente. 3) Esta passagem prediz. a vitória completa do reino messiânico sobre os reinos do mundo. Exatamente uma vitória assina completa está destinada ao Milênio (por exemplo, Ap. 19; 20; Is. 2). A Igreja não tem conquistado o mundo e não o fará (Mt. 13:24-30, 36-43; II Tm. 3:1 e segs.). A atual dispensação terminará em grande apostasia e não na vitória da Igreja (II Ts. 2).

2:48. Governador de toda a província de Babilônia. Esta província evidentemente incluindo a cidade e suas cercanias, era aparentemente um território pequeno. Talvez fosse o mesmo “reino dos caldeus” (9:1). Chefe supremo de todos os sábios de Babilônia. “Quais as obrigações particulares deste oficial, não o sabemos. Que Daniel conseguiu abster-se da adivinhação, feitiçaria e astrologia, e da execução dos rituais pagãos, parece implícito na narrativa de seu comportamento que é dado no livro de Daniel” (Stuart, Comm.).

2:49. Na corte do rei. (A porta do rei.) Cons. Ester 2:19, 21. Uma importante posição de rápido acesso ao rei. Há muitos exemplos antigos e modernos de tais títulos concedidos aos cortesãos orientais. Talvez a palavra porta deva realmente ser traduzida corte (cons. BDB)

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