Estudo sobre Lucas 19
Zaqueu, o cobrador de impostos, recebe Jesus em sua casa
(19.1-10)
A história de Zaqueu, chefe
dos publicanos [...] um homem rico, é contada somente
por Lucas. Ele queria ver esse Jesus de quem havia ouvido falar tanto, mas
era tão baixo que a multidão o impedia de ver qualquer coisa. Por
isso, subiu nos galhos de uma árvore na rota em que o grupo passaria.
Jesus o viu na árvore e o chamou para que descesse, pedindo-lhe
hospitalidade. Ouvem-se as murmurações comuns de que Jesus vai comer com
um cobrador de impostos (cf. 5.29,30).
T. W. Manson chama o
incidente de “um apêndice adequado à parábola do fariseu e
o publicano. Na parábola, ele expõe ao ridículo a atitude dos fariseus
para com esses marginalizados; no caso de Zaqueu, ele mostra pelo seu
próprio exemplo um caminho muito melhor” (Sayings, p. 312).
v. 1. atravessava a
cidade. Agora estão de fato dentro da cidade, v. 2. chefe dos
publicanos-, ”O título não ocorre em nenhum outro lugar na
literatura grega remanescente, de modo que o seu significado preciso é
duvidoso. Ele pode ter sido um contratante que comprou « direitos de
taxação tributária local do governo romano” (Caird, p. 207). v. 3,4.
Não há sugestão alguma de que ele estava tentando se esconder; ele foi bem
franco nos seus esforços de ver Jesus. Quando Jesus falou com ele, desceu
rapidamente e o recebeu com alegria (v. 6). v. 8. A profissão de
Zaqueu parece ter sido lembrada pelos comentários ingratos do v. 7. Há um mundo
de diferença entre ele e o fariseu da parábola que apresentou todo o seu
catálogo de boas ações baseadas em pura autocongratulação. Com Zaqueu, não
foi assim; as esmolas e a restituição de que ele fala começam agora como
um sinal da mudança operada nele por seu encontro com Jesus; não deve
ser considerado, como na parábola, uma autojustificação, mas,
sim, uma declaração do que ele intenta fazer a partir desse momento. ‘Aqui
e agora, eu dou metade dos meus bens aos pobres’ — é um ato feito na mesma
hora, e não depois” (Plummer, p. 435). v. 10. o Filho do homem veio
buscar e salvar o que estava perdido: O critério no modo de Deus
tratar os homens não é o mérito do homem, mas sua necessidade.
(3) A parábola das dez
minas (19.11-27)
Jerusalém está finalmente à
vista, e, porque a expectativa geral é que as profecias concernentes ao reino
se cumpram quando chegarem à cidade, Jesus lhes conta mais
uma parábola.
Um homem de nobre
nasámento, tendo de ir a outro país para ser coroado rei, deixa dez
minas com dez de seus servos para que cada um possa negociar
até a volta dele. Ele não é um homem popular, e os cidadãos
mandam uma delegação numa tentativa malsucedida de obter a rejeição
da reivindicação dele. Na sua volta com a dignidade real desejada,
ele chama os seus servos para prestarem contas da sua administração;
os bem-sucedidos são recompensados de acordo com seu sucesso. O que
confessa que não fez nenhum esforço é censurado, e sua mina lhe é tirada;
os rebeldes que tentaram depor o seu senhor são mortos.
Mateus traz uma parábola
(dos talentos, 25.14-30) que tem semelhanças marcantes, mas as diferenças
são também tão destacadas que não há possibilidade de que os dois textos
sejam registros da mesma parábola.
Às vezes se diz que essa
história de Lucas é uma miscelânea tão grande que não pode ser genuína,
que ele introduziu na história simples e direta de Mateus a sua “subtra-ma”dos
cidadãos rebeldes. Alega-se que isso torna a história desequilibrada e sem
conse-qüências lógicas. Mas essas críticas não têm valor se, como parece
provável, Jesus estava relatando um evento real, pois a vida real nem
sempre é simétrica! Josefo conta como o testamento de Herodes dividiu os
seus territórios após a sua morte entre a sua família, e como, antes de
essa herança se tornar válida, tinha de ser confirmada pelo imperador
romano. Arquelau, filho de Herodes, foi a Roma para confirmação do seu
posto, e foi de fato acompanhado de uma delegação de judeus que
protestaram contra essa decisão. Nesse evento, Augusto tomou o partido de
Arquelau.
v. 12. Um nobre que viaja
para receber poderes de rei em Mt 25.14 se torna um homem que “[sai] de
viagem”, v. 13. Cada servo recebe uma mina, que, segundo a
nota da Bíblia de estudo NVI (Lc 19.13), valia cerca de três meses de
salário de um trabalhador braçal. Em Mt 25.15, valores diferentes — cinco, dois
ou um talento — são dados a cada receptor de acordo com sua habilidade. O
talento valia cerca de quinze anos de salário, mas o seu poder de compra
era muito maior. v. 16,18. Os servos bem-sucedidos fizeram a sua parte
render lucros de 1.000% e 500%; em Mt 25.16,17, cada um só
atingiu 100%. V. 17-19. mostra recompensas diferentes das de Mt
25.22,23.
VII. A SEMANA DA PAIXÃO
(19.28—22.13)
1) A entrada triunfal
(19.28-40)
Cf. Mc 11.1-10; Mt 21.1-9.
Agora eles estão entrando na cidade, como o profeta Zacarias (9.9) havia
predito muito tempo antes, com seu Rei sendo saudado pelo aplauso do povo
enquanto ele vem, e não como um conquistador militar num cavalo de batalha,
mas de forma mansa e humilde, sentado num jumentinho, como é
adequado a um embaixador de paz. Com verdadeira majestade, o Filho de Davi
avança para a sua Paixão. Ele tinha feito preparativos para o
jumentinho para que a profecia de Zacarias pudesse se cumprir; ele
vai cuidar de todos os detalhes para que as outras profecias também se
cumpram, mesmo que seja a sua própria morte que tenha sido profetizada.
v. 39,40. Somente Lucas
registra o pedido dos fariseus dirigido a Jesus para que silencie a multidão
que o saúda como o Messias, como também a resposta de que, se a multidão
silenciar, até as pedras clamarão.
V. detalhes no comentário
de Mc 11.110.
2) Como
Jesus vê a cidade (19.41-44)
Cf. Mc 11.11; Mt 21.10,11.
Jesus vê diante de si agora o que antes era apenas o seu objetivo distante
(13.34-38). O seu coração se entristece novamente, e ele chora sobre a
cidade. Se os seus seguidores não tivessem cantado elogios a ele, as
pedras teriam clamado. Essas pedras são agora testemunhas da cegueira e da
obstinação do povo; logo seus inimigos Não deixarão pedra
sobre pedra. Zacarias, o sacerdote (1.67), tinha louvado a Deus por
ter visitado o seu povo; você, diz Jesus ao povo de Jerusalém, você
não reconheceu a oportunidade que Deus lhe concedeu.
3) A
purificação do templo (19.45-48)
Cf. Mc 11.15-19; Mt
21.12,13. Acerca da relação entre o registro sinóptico da purificação do
templo, datada do início da Semana Santa, e o de João, que é situado no
início do ministério, v. comentário de Jo 2.13-17.) Jesus expulsa do
templo aqueles que estão transformando a casa de Deus num mero lugar de
auto-enriquecimento, que, como os ladrões da estrada de Jerico, têm um
santuário no qual podem se refugiar com seus saques após um ataque. Depois da
purificação do templo, Jesus gasta os últimos dias da sua liberdade
ensinando o povo ali. V. comentário de Mc 11.15-19.Índice: Lucas 1 Lucas 2 Lucas 3 Lucas 4 Lucas 5 Lucas 6 Lucas 7 Lucas 8 Lucas 9 Lucas 10 Lucas 11 Lucas 12 Lucas 13 Lucas 14 Lucas 15 Lucas 16 Lucas 17 Lucas 18 Lucas 19 Lucas 20 Lucas 21 Lucas 22 Lucas 23 Lucas 24