Estudo sobre Gênesis 12

Estudo sobre Gênesis 12

Estudo sobre Gênesis 12



Gênesis 12
II. OS PRIMÓRDIOS DE ISRAEL (12.1—50.26)
Abraão (12.1—25.18)
a) Chegada em Canaã (12.1-20) Embora Abrão tenha sido mencionado nos últimos versículos do cap. 11, não há dúvidas de que o cap. 12 começa uma nova grande seção em Gênesis. E agora que o leitor começa a conhecer o caráter e a personalidade de Abrão, à medida que ele se reveste de carne e sangue; é agora que finalmente a Palestina entra nessa história; e é agora que alguns dos grandes temas teológicos começam a se revelar claramente: a terra prometida, o povo prometido e a resposta da fé. Há um olhar para o futuro que marca toda a narrativa; não somente ocorre que eventos posteriores lancem suas sombras adiante deles, mas há também uma dimensão mais profunda e mais espiritual (cf. Hb 11.8-16).
12:lss. Abrão foi apresentado ao leitor no cap. 11 como alguém que não tinha descendentes e que residia em Harã, a muitos quilômetros ao norte da Palestina. Tudo isso iria mudar, mas não por acidente ou coincidência; ao contrário, como resultado dos planos do Senhor e da pronta obediência do patriarca. O chamado e as promessas constituem a eleição de Deus, embora esse termo não seja empregado; coube à soberana e imprevisível escolha de Deus destacar Abrão como o receptor da mensagem contida nos v. 2,3. A promessa diz pouco sobre a terra, que ele mesmo logo avistaria; mas o grande povo estava muito distante no futuro, e de fato ainda não havia sinal algum de um herdeiro. Abrão e a sua descendência vão desfrutar também de grande fama; esse nome dado por Deus é contrastante com a fama que os homens buscavam em Babel (11.4). Nesse contexto, é provável que a última frase do v. 2 signifique que o nome de Abrão “será usado em bênçãos” (NEB) e que o v. 3 termine com a afirmação: por seu intermédio todas as famílias da terra irão se abençoar. O último verbo hebraico é ambíguo, e a LXX entendeu que significava “serão abençoadas”; é a LXX que é citada em At 3.25 e G1 3.8. De qualquer forma, a bênção final para toda a humanidade, mesmo que não declarada, está subentendida.
12:4-9. A família escolhida chegou à terra prometida — a terra de Canaã (v. 5), como seria conhecida por muitos séculos ainda. A família podia ser considerada um clã (cf. 14.14), mas a atenção se volta para Abrão e os outros dois indivíduos que são proeminentes na história. A terra de forma nenhuma estava vazia, como reconhece a observação do v. 6, embora houvesse muito lugar para os recém-chegados. Além disso, havia um grande número de cidades e santuários, dos quais Siquém (v. 6) e Betei (v. 8) tinham significado especial. Não seriam menos importantes para Israel em anos posteriores, e vemos Abrão reivindicando-os simbolicamente para o Senhor, o Deus de Israel. No entanto, foi o extremo sul do país, a região do Neguebe, o mais interessante para os patriarcas em virtude de seus rebanhos e manadas.
A idade de Abrão a essa altura é de setenta e cinco anos (v. 4). Kidner chama atenção para o fato de que a expectativa de vida dos patriarcas era em torno do dobro do padrão atual; levando em conta essa informação, podemos ter uma ideia melhor da idade, do vigor físico ou da beleza sugeridos em vários pontos da narrativa.
12:10-20. Essa é a primeira de três narrativas muito semelhantes (v. cap. 20; e cf. 26.6 11). E importante tentar entender a função de cada uma no seu próprio contexto. Existe ironia dramática nesse capítulo; Abrão acaba de chegar à terra da promessa e já é obrigado a sair dela em virtude de circunstâncias naturais! Não há menção alguma de falta de fé ou mentira por parte dele. O que se conclui simplesmente é que ele estava à mercê dos eventos, das circunstâncias e de forças políticas que fugiam do seu controle; somente o Senhor (v. 17) poderia resgatá-lo de circunstâncias adversas. Foi ensinada aqui uma lição importante aos descendentes de Abrão, que por demasiadas vezes foram tentados ao orgulho e auto-suficiência (cf. Jz 7.2).