Significado de Números 13

Números 13

Números 13 descreve um evento importante na história dos israelitas durante sua jornada do Egito para a Terra Prometida. Moisés, por ordem de Deus, seleciona doze homens, um de cada tribo, para serem enviados como espiões para explorar a terra de Canaã.

Esses espiões foram escolhidos para avaliar a fertilidade, os recursos e os habitantes da terra que Deus havia prometido dar aos israelitas. Moisés dá-lhes instruções específicas e os exorta a serem corajosos. Os espiões embarcam em sua missão, explorando a terra por quarenta dias.

Depois de quarenta dias, os espias voltam ao acampamento de Israel e trazem consigo alguns dos frutos da terra, inclusive um cacho de uvas tão grande que são necessários dois homens para carregá-lo em uma vara. Eles confirmam que a terra realmente mana leite e mel, cumprindo a promessa de Deus. No entanto, eles também relatam que a terra é habitada por cidades fortes e fortificadas, com habitantes gigantes conhecidos como descendentes de Anaque. Esta informação causa medo e dúvida entre os israelitas.

Dez dos doze espias dão um relatório desanimador, enfatizando a força e o tamanho dos habitantes e afirmando que os israelitas não seriam capazes de conquistar a terra. Eles pintam um quadro da terra devorando seus habitantes. Este relatório negativo espalha medo e rebelião entre o povo, fazendo-os chorar e resmungar contra Moisés e Aarão, e até mesmo pensar em voltar para o Egito.

No entanto, dois dos espias, Josué e Calebe, trazem uma perspectiva diferente. Eles reconhecem os desafios, mas encorajam o povo a confiar na promessa de Deus. Eles insistem que os israelitas são capazes de superar os obstáculos e entrar na terra de Canaã. Eles lembram o povo do poder e da fidelidade de Deus, exortando-os a não se rebelarem contra Ele.

Apesar das palavras de encorajamento de Josué e Calebe, o povo se recusa a ouvir e até ameaça apedrejá-los. A glória de Deus então aparece no tabernáculo, e Ele expressa Seu desapontamento com a falta de fé e rebeldia do povo. Deus declara que nenhum dos adultos que haviam testemunhado Seus milagres no Egito e no deserto entraria na Terra Prometida. Ele determina que eles vagariam no deserto por quarenta anos, correspondendo aos quarenta dias que os espias passaram explorando Canaã.

Apenas Josué e Calebe, os dois espias que trouxeram um relatório positivo, estão isentos desse julgamento. Deus promete que eles e os filhos que ainda não eram maiores de idade entrariam na terra e a herdariam.

Números 13 termina com a punição dos dez espias que espalharam o relatório negativo. Eles morrem de praga diante do Senhor. Isso serve de lição e alerta sobre as consequências da incredulidade e rebelião contra as promessas de Deus.

Em resumo, Números 13 narra a missão dos doze espias enviados para explorar a terra de Canaã, seu retorno com relatos de sua fertilidade e desafios, o medo e a rebelião dos israelitas, o encorajamento fiel de Josué e Calebe, o julgamento de Deus sobre a geração infiel e a isenção de Josué e Calebe deste julgamento.

Comentário de Números 13

13.1-3 De acordo com Deuteronômio 1.21-23, o envio de espias foi ideia do povo. Os israelitas provavelmente pediram a Moisés que mandasse observadores até a Terra Prometida, a fim de descobrir a melhor maneira de conquistá-la. Ele foi então instruído por Deus a proceder conforme o plano. A localização em que se encontravam no deserto de Parã, ao sudeste de Canaã, era ideal para que os espias, e depois o exército de Israel, fizessem uma invasão pelo norte. (Nm 11.25; 12.5; Êx 24.16; Dt 31.15)

A palavra do Antigo Testamento para nuvem é derivada de um verbo que significa cobrir ou bloquear como um obstáculo (Gn 9.14). No Antigo Testamento, as nuvens geralmente estavam associadas às aparições de Deus (Êx 16.10; 1 Rs 8.10,11). Na verdade, o Senhor manifestou Sua presença e guiou os israelitas pelo Sinai com uma nuvem (Nm 9.15-23). Algumas vezes, no Antigo Testamento, Deus é descrito como Aquele que “cavalga" sobre as nuvens (Sl 68.4; 104.3; Is 19.1).

Na antiga Palestina, essa era uma comum descrição do poder de Baal sobre os ventos e a chuva. Entretanto, com tais palavras, os salmistas e os profetas proclamaram que apenas Deus tinha o verdadeiro controle sobre esses elementos. Outras passagens do Antigo Testamento usam nuvens como símbolos do julgamento divino associados ao Dia do Senhor(Jl 2.2; St 1.15).

13.4-15 A lista dos nomes dos homens de cada tribo não era uma cópia das listagens anteriores (cap. 1). Presumivelmente, consideravam-se esses indivíduos não apenas como os líderes de suas unidades tribais, mas também como homens que eram física e espiritualmente capazes de grandes feitos.

13.16 A troca do nome de Oséias por Josué indicava uma grande estima por parte de Moisés. Da mesma forma que Deus frequentemente mudava o nome das pessoas com quem tinha um relacionamento especial, assim fez Moisés com aquele que, por fim, tornar-se-ia seu sucessor como líder de Israel. Este era um ato de adoção ritual. Oséias significa salvação, e Josué quer dizer o Senhor salvará. Josué e Jesus são duas formas semelhantes do mesmo nome.

13.17-20 As instruções de Moisés para os espias foram amplas, porém precisas. Os homens deveriam examinar a terra, determinar o que poderiam fazer em relação a esta, observar as coisas relativas à produção agrícola e se havia florestas em torno. Feito isso, precisavam trazer alguns frutos da terra, pois era a época da primeira colheita de uvas. Após mais de um ano no deserto, desde a época do êxodo, o mero sinal de frutos frescos da terra indicaria que a Palavra de Deus é verdadeira e que Sua promessa estava prestes a ser cumprida. O fato de os espias terem trazido uvas é bastante relevante, tanto que Escol (cacho) é o símbolo judeu para a alegria e é usado frequentemente na decoração de lugares onde ocorrem eventos jubilosos. Também não é coincidência que o Ministério do Turismo de Israel ostente como símbolo dois homens carregando um grande cacho de uvas.

13.21-25 Embora os espias tenham ido em direção ao norte até a região da Síria, perto da entrada de Hamate, poucos detalhes são registrados acerca da jornada destes homens. É dada ênfase a Hebrom, onde viviam os descendentes de Anaque (v. 28), e ao vale de Escol, lugar em que um enorme cacho de uvas foi descoberto.

13.26 Os espias retornaram a Moisés e a toda a comunidade de Israel em Cades, no deserto de Parã, e o relatório que expuseram revelou uma terrível surpresa [a força de seus habitantes, a fortificação de sua cidade e o tamanho imenso dos descendentes de Anaque em Hebrom (v. 22)].

O nome Cades está associado à palavra hebraica kadosh, que significa sagrado. Se a história tivesse tido outro desfecho, este nome estaria ligado a uma lembrança positiva. Teria sido naquele lugar que eles se santificariam para o início de suas operações de conquista da terra.

13.27 Dar a Seu povo uma terra que mana leite e mel, em cumprimento à Sua promessa (Nm 14.8; 16.13,14; Êx 3.8,17; 13.5; 33.3; Lv 20.24; Dt 6.3; 11.9; 26.9,15; 27.3; 31.20), expressa a bondade de Deus e a grandiosidade da Sua redenção. A palavra leite provavelmente faz referência ao leite de cabra [comum devido ao numeroso rebanho de cabras na região]. Já o mel era abundante porque havia muitas abelhas nos campos e plantações cananitas. Em suma, a expressão terra que mana leite e mel passava a ideia de algo que traria satisfação das necessidades e sensação de plenitude aos israelitas. Canaã era uma boa terra, e o desfrute desta seria uma bênção para os fiéis a Deus.

13.28 Os espias enviados a Canaã logo destacaram os problemas que esta possuía — a força de seus habitantes, a fortificação de sua cidade e o tamanho imenso dos descendentes de Anaque em Hebrom (v. 22). Ao que tudo indica, esta era uma comunidade que tinha uma estatura hereditária lendária no antigo Oriente Médio.

13.29 Os espias listaram os amalequitas e os outros povos para sustentar o argumento de que a terra não estava vazia (Gn 15.18-21). Deus não prometeu um território nunca habitado, mas sim um lugar que estaria habitado por aqueles que cometeram iniquidades, e por isso mesmo eles seriam desapossados.

13.30 Apenas Josué e Calebe posicionaram-se contra a corrente de perspectivas negativas dos outros dez espias. Os dois desejavam o iminente ataque israelita, com base na grande fé que depositavam em Deus, que lutaria ao lado de Seu povo (Nm 10.35,36), assegurando-lhe a vitória de acordo com o que prometera.

13.31-33 Os outros dez espias mantiveram suas perspectivas negativas, baseadas num medo exacerbado, e não necessariamente na realidade. Assim, descreveram a terra como má. E o relatório pessimista deles desencorajou o povo a crer em Deus, o Doador da terra. Tal linguagem infame não poderia ser tolerada (Nm 14.36,37).

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