Significado de Números 14

Números 14

Números 14 fornece um relato histórico da jornada dos israelitas do Monte Sinai à Terra Prometida. O capítulo 14 do livro de Números é um capítulo central e significativo que destaca as consequências da falta de fé e desobediência dos israelitas.

Em Números 14, os israelitas chegaram à fronteira da Terra Prometida, Canaã, e doze espias foram enviados para explorar a terra. Dez dos espias voltaram com um relatório enfatizando a força e o tamanho das cidades e habitantes cananeus, fazendo com que os israelitas ficassem com medo e perdessem a fé na promessa de Deus de entregar a terra a eles. No entanto, dois dos espias, Josué e Calebe, encorajaram o povo a confiar em Deus e asseguraram-lhes que seriam vitoriosos.

O povo, dominado pelo medo e pela dúvida, começou a reclamar contra Moisés e Arão, chegando a sugerir a escolha de um novo líder e o retorno ao Egito. Essa rebelião desagradou muito a Deus, que havia realizado inúmeros milagres e libertado os israelitas da escravidão no Egito. Deus considerou a falta de fé como uma rejeição direta de Seu poder e promessa.

Moisés e Arão intercederam em nome do povo, implorando a Deus que mostrasse misericórdia e perdão. Eles O lembraram de Seu caráter, enfatizando Seu amor, paciência e perdão. Apesar de sua intercessão, Deus declarou que a geração de israelitas que havia testemunhado Seus milagres no Egito e no deserto não entraria na Terra Prometida.

Deus pronunciou uma punição de que os israelitas vagariam no deserto por quarenta anos, simbolizando um ano para cada dia que os espias haviam explorado a terra. Apenas Josué e Calebe, os dois espias que demonstraram fé, foram isentos dessa punição. O restante do povo, de vinte anos ou mais, morreria no deserto e seus descendentes herdariam a Terra Prometida.

Percebendo a gravidade de sua desobediência, alguns dos israelitas se arrependeram e tentaram entrar na Terra Prometida contra a ordem de Deus, mas foram derrotados pelos amalequitas e cananeus.

Números 14 serve como uma advertência sobre a importância da fé e da obediência. A falta de confiança dos israelitas e a rebelião contra Deus resultaram em graves consequências para toda uma geração. Ele destaca a importância da fé nas promessas de Deus e a necessidade de obediência, mesmo diante de circunstâncias desafiadoras.

No geral, Números 14 fornece um relato sério da falha dos israelitas em confiar no poder e na fidelidade de Deus, ressaltando a importância da fé, obediência e as consequências da descrença.

Comentário de Números 14

14.1 Após o difamador relatório dos espias, o povo temeu e começou a chorar em alta voz. Isso aconteceu não apenas por causa da atitude ofensiva dos espias, mas especialmente pela frustração de um sonho. Os israelitas sentiram como se tivessem cometido um erro ao sair do Egito.

14.2-4 Naquela noite de murmuração, as pessoas começaram a conspirar em desespero. Elas se queixavam contra Moisés e Arão. Os israelitas consideraram a possibilidade de que teria sido melhor morrer no deserto ou no Egito. Então, concordaram em escolher um líder que os levaria de volta à terra dos egípcios. Entretanto, o que fizeram de pior foi maldizer a Deus ao falar que Ele os fizera ir a um lugar onde morreriam com suas esposas e filhos.

14.5-10 A resposta de Moisés, Arão, Josué e Calebe contrastou notavelmente com o tolo terror que tomou conta do povo. Eles também choravam, mas por causa dos pecados das pessoas contra Deus e Sua misericórdia. Os dois fiéis observadores, Calebe e Josué, transmitiram um bom relatório da terra no contexto da grande fé que possuíam no Senhor. Eles sabiam que o fiel Deus vivo lhes daria a terra. Esses homens disseram que, se o Senhor se agradasse deles, Ele os faria entrar naquela terra. Essas palavras de encorajamento foram seguidas por palavras que transmitiam um vigoroso aviso. Agir como as pessoas haviam agido indicava uma atitude de rebelião e covardia. O povo não estava confiando em Deus.

APROFUNDE-SE

Em lugar a nordeste do Sinai onde provavelmente havia um poço, ou uma fonte, e um assentamento. Estava localizado entre o deserto de Zim e o deserto de Parã, a aproximadamente 72 km do sudoeste de Hebrom e a 80 km de Berseba.

Também chamada de Cades-Barnéia (Nm 32.8; Dt 1.2). Conhecida como En-Mispate (fonte do julgamento) nos dias de Abraão, quando os reis guerrearam.

Acampamento do qual Moisés enviou os 12 espias para observar Canaã (Nm 13.3,26), e o lugar onde se deu a recusa do povo de marchar e conquistar a terra.

• Local onde aconteceu a rebelião de Corá contra Moisés (Nm 16.1-3).
• Área em que fgi enterrada a irmã de Moisés, Miriã (Nm 20.1).
• O lugar onde Moisés desonrou Deus ao bater com sua vara na rocha para produzir água. Ele deveria ter falado com a rocha, como ordenara o Senhor. Assim, as águas foram chamadas de águas de Meribá(disputa ou luta, em Cades, Dt 32.51; compare com Nm 20.1-13; 27.14).
• O marco da fronteira sul com Edom (Nm 34.3,4), cujo rei se recusou a deixar os israelitas atravessarem para conseguirem chegar à Terra Prometida (Nm 20.14-21).

EM FOCO
As palavras de Josué e Calebe — tão-somente não sejais rebeldes contra o Senhor e não temais o povo desta terra, porquanto são eles nosso pão — eram uma maneira positiva de falar da vitória visualizada por eles, linguagem oposta àquela usada pelos outros dez espias (Nm 13.33).

A palavra traduzida como rebelde quer dizer revoltoso ou desobediente flagrante de uma autoridade. Deus considera a rebeldia uma questão muito séria. Ele não tolera quando Seu povo rejeita Suas palavras. No Antigo Testamento, a rebelião é comparada aos terríveis pecados de feitiçaria (1 Sm 15.23).

Israel, que presenciou a bondade de Deus em sua libertação do Egito, frequentemente se rebelou contra o Criador, apesar dos inúmeros avisos divinos para que não fizessem isso (Dt 1.26,43; 9.23,24). Aquele que se revolta contra o Senhor se distancia de Seus preceitos e recusa-se a acatar Suas ordenanças (Dn 9.5, 6).

As Escrituras nos dão muitos exemplos de rebeldia e ilustram suas consequências—os castigos divinos (Is 1.20). Tudo isso deve servir como aviso aos fiéis.

A expressão retirou-se deles [dos cananitas] o amparo aponta para a paciência de Deus, que, por 400 anos, tolerou a maldade dos habitantes de Canaã. Agora, a perversidade desse povo tinha atingido seu nível máximo; a promessa que Deus havia feito a Abraão estava prestes a ser cumprida (Gn 15.16).

14.10 As valentes palavras dos espias corajosos tiveram duas consequências: 1) o povo cogitou apedrejar Josué e Calebe; 2) a glória de Deus apareceu subitamente, com o objetivo de salvar a vida de Seus servos fiéis.

14.11, 12 Exatamente como fariam os lide -res de Israel nos tempos de Jesus, o povo rejeitou os sinais miraculosos de Deus. Por isso, Ele desprezou totalmente a nação. Os israelitas haviam claramente duvidado do Senhor e dos sinais que Ele lhes dera. O Senhor novamente consideraria a hipótese de destruir os israelitas.

14.13-19 Em Gênesis 22, está registrada a provação da fé de Abraão; em Números 14, o teste de Moisés. Este poderia ter aceitado a sugestão do Senhor de exterminar os israelitas rebeldes e suscitar outro povo descendente de Moisés. Mas, em vez disso, este intercedeu pelos israelitas, alegando que esse drástico juízo comprometeria a reputação do Senhor, pois as outras nações poderiam dizer que Ele tirou Israel do Egito apenas para a destruição; para matar esse povo no deserto. Moisés apelou também para a grande misericórdia de Deus (Ex 14.18; 34.6,7), clamando a Ele que perdoasse a iniquidade do povo.

14.20-25 O dramático apelo que Moisés fez a Deus foi atendido. O Senhor prometeu: Conforme a tua palavra, lhe perdoei. Contudo, Ele não deixou de repreender os que ignoraram as muitas evidências da presença divina e dos sinais de que Ele os protegia, guiava e provia-lhes o sustento. Eles duvidaram dele e desobedeceram-lhe dez vezes.

Pode ser que a expressão dez vezes seja um número redondo que exprima a completa rejeição do povo. Este significado simbólico é outra forma de utilização dos números neste livro. No entanto, também é possível enumerar os dez casos de murmuração e desobediência por parte dos israelitas: (1) diante do mar Vermelho, quando parecia que o exército de faraó iria destruí-los (Êx 14.10-12); (2) em Mara, quando se depararam com águas amargas (Ex 15.22-24); (3) no deserto do Sinai, quando tiveram fome (Ex 19.1-3); (4) no deserto de Sim, quando não prestaram atenção ao que Moisés dissera acerca do armazenamento de maná até o dia seguinte (Ex 16.19,20); (5) no deserto de Sim, quando eles não consideraram o aviso acerca do recolhimento de maná no sétimo dia (Êx 16.27-30); (6) em Refidim, quando se queixaram por causa da água (Ex 17.1-4); (7) no monte Sinai, quando Arão autorizou o grupo rebelde a confeccionar o bezerro de ouro (Ex 32.1-35); (8) em Taberá, quando os israelitas reclamaram do Senhor (Nm 11.1-3); (9) em Quibrote-Hataavá, quando foram dominados pela murmuração e pela gula (Nm 11.4-34); (10) em Cades, no deserto de Pará, quando se recusafâm a aceitar a boa perspectiva transmitida por Josué e Calebe e desejaram voltar ao Egito.

A punição de Deus consistiu em não permitir que toda aquela geração de pessoas rebeldes e incrédulas entrasse na Terra Prometida. Todos os israelitas, exceto Josué e Calebe, estavam incluídos neste julgamento.

A despeito do juízo, o amor e a bondade do Senhor podem ser vislumbrados pelas medidas que Ele tomou ao perdoar os rebeldes, permitir que vivessem (ainda que no deserto) e ordenar que os israelitas não passassem pela região onde habitavam os amalequitas, para não serem exterminados pela guerra.
Além disso, ao anunciar que atendera a petição de Moisés, Deus assinalou algo tremendo: a glória do Senhor encherá toda a terra. Jesus foi a manifestação máxima da glória e do caráter de Deus (Jo 1.14). E, um dia, na era vindoura, quando Ele voltar a terra e estivermos para sempre com Ele, vamos vê-lo como Ele de fato é; em glória e poder. [Essa glória é tão grande e tremenda que supera a luminosidade do sol. Atente para a descrição da Nova Jerusalém em Apocalipse 21.23-25: E a cidade não necessita de sol nem de lua, para que nela resplandeçam, porque a glória de Deus a tem alumiado, e o Cordeiro é a sua lâmpada. E as nações andarão à sua luz, e os reis da terra trarão para ela a sua glória e honra [...] ali não haverá noite.

14.26-38 Neste trecho bíblico, vemos mais detalhes sobre a resposta de Deus à petição de Moisés (v. 13-19). Esta declaração contém alguns elementos novos. Em primeiro lugar, os únicos que sobreviveriam à peregrinação de 40 anos pelo deserto e entrariam na Terra Prometida, seriam os jovens de 20 anos para baixo. Os 40 dias em que os espias tiveram a oportunidade de investigar a Terra Prometida, por causa da incredulidade que demonstraram em relação à promessa do Senhor, corresponderiam a 40 anos de peregrinação daquela geração pelo deserto.

Por fim, uma distinção foi feita entre os dez espias e Josué e Calebe: apenas estes permaneceriam vivos após 40 anos e entrariam em Canaã. Quando observamos a preservação da vida dos que creram e permaneceram fiéis a Deus e o trágico destino dos desobedientes incrédulos, podemos perceber o senso de justiça do Senhor e Sua misericórdia.

14.39-45 Aqui, há o registro da tentativa de invasão da terra feita pelos rebeldes à Palavra do Senhor. Esse grupo, mesmo admitindo seu pecado, demonstrou não acreditar no julgamento divino que recaíra sobre ele e não aceitá-lo. Apesar do aviso de Moisés, dizendo que o Senhor não estaria com eles, os mesmos decidiram partir para a batalha. O resultado, naturalmente, foi desastroso. O grupo de desobedientes se deparou com os amalequitas e os cananeus, e estes últimos o derrotaram e o perseguiram até Hormá. Apenas essa derrota desoladora e infeliz poderia convencer os rebeldes de que tudo o que o Senhor fala se cumpre. O nome Hormá significa destruição completa.

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