Significado de Números 4

Números 4

Números 4, fornece instruções e detalhes sobre as responsabilidades do clã coatita no Tabernáculo, que era um santuário portátil usado pelos israelitas durante sua jornada no deserto. Este capítulo enfoca os deveres específicos atribuídos aos coatitas e o processo que eles deveriam seguir ao transportar e manter os itens sagrados do Tabernáculo.

O capítulo 4 começa afirmando que todos os homens do clã coatita, com idade entre 30 e 50 anos, deveriam ser registrados para o serviço no Tabernáculo. Esses indivíduos eram responsáveis pelos objetos mais sagrados, incluindo a Arca da Aliança, a mesa dos pães da proposição, o candelabro, os altares e os utensílios usados para oferecer sacrifícios.

Os coatitas receberam instruções explícitas sobre como lidar com esses itens sagrados. Antes que o Tabernáculo fosse movido, Aarão e seus filhos deveriam entrar no santuário e cobrir cuidadosamente os objetos sagrados com várias coberturas e peles. Depois, os coatitas se aproximavam do Tabernáculo e carregavam esses itens nos ombros, usando longas varas, para garantir que não fossem tocados ou vistos por pessoas não autorizadas. Qualquer contato não autorizado com esses objetos sagrados era considerado uma ofensa grave punível com a morte.

Moisés atribuiu tarefas específicas a cada família dentro do clã coatita. A família do próprio Kohath foi responsável por carregar os itens mais sagrados, enquanto os clãs de Gershon e Merari foram designados para transportar outras partes do Tabernáculo, como as cortinas e componentes estruturais.

O capítulo também destaca a meticulosidade dos arranjos do acampamento dos israelitas. Moisés e Aarão foram instruídos a designar tarefas específicas para cada família dentro da tribo levita em relação à desmontagem, empacotamento e transporte do Tabernáculo e seus artigos associados. Essas instruções garantiram o movimento ordenado de toda a comunidade durante sua jornada pelo deserto.

O capítulo conclui afirmando que Moisés, Aarão e os líderes de cada clã verificaram que todas as tarefas foram realizadas corretamente. Cada família tinha um papel designado e era necessário seguir essas instruções com precisão. A fiel execução de suas responsabilidades pelos levitas demonstrou sua reverência pelos objetos sagrados e seu compromisso de servir ao Senhor.

Em resumo, o capítulo 4 de Números fornece um relato detalhado das responsabilidades do clã coatita no Tabernáculo. Enfatiza a natureza sagrada dos objetos que lhes foram confiados e os procedimentos estritos que tiveram que seguir para manter sua santidade. O capítulo também enfatiza a organização e ordem do acampamento israelita e a importância da adesão fiel às suas tarefas designadas.

Comentário de Números 4

4.1, 2 O livro de Números transcorre de uma maneira ordenada e planejada, seguindo o padrão do pensamento hebreu, que vai do geral ao específico, do inteiro até as partes. A numeração das tribos no capítulo 1 segue a ordem dos acampamentos no capítulo 2. A explicação geral dos deveres sacerdotais e das famílias levíticas e a questão do resgate dos primogênitos são os temas gerais do capítulo 3. Agora, no capítulo 4, são especificadas as funções das tribos levíticas. O fato de Coate ter precedido Gérson, que era provavelmente o irmão mais velho (veja a ordem em Nm 3.17), mostrava uma das marcas recorrentes da soberania de Deus: elevar os irmãos mais novos sobre os mais velhos (veja Abel e Caim, Isaque e Ismael, Jacó e Esaú, José e seus irmãos, Davi e seus irmãos, entre outros). O censo retratado neste capítulo foi diferente daquele no capítulo 3. Aqui, o recenseamento enumera aqueles com idades entre 30 e 50 anos, as pessoas que tinham capacidade de servir a Deus cuidando das coisas santas do tabernáculo.

4.3 De acordo com Números 8.4, os levitas deveriam ter 35 anos de idade, o que contradiz os 30 anos mencionados aqui. O trabalho dos levitas e dos sacerdotes, a quem os primeiros serviam, era complexo e exigente. È possível que nos cinco anos de idade a mais mencionados em Números 8.24 esteja incluído um período de aprendizagem que preparava os servos do Senhor para lidar com as tarefas que teriam de executar.

4.4 O cuidado e a preservação das coisas santíssimas foram dados aos coatitas (Nm 3.29-31). Os detalhes são citados nos versículos 4 a 20. Os coatitas não podiam tocar nos itens sagrados nem olhar casualmente para eles, senão morriam. A palavra Sagrado significa separado, afastado, distinto. Logo, a expressão coisas santíssimas faz referência aos itens e utensílios que foram separados do uso comum e destinados ao culto a Deus. Ao mesmo tempo, descrever Deus como sagrado, ou santo, faz alusão à Sua transcendência, ao fato de que Ele é inteiramente separado de Sua criação. Ele não está atrelado às coisas criadas, e tampouco pode ser confundido com estas.

4.5-20 Este trecho bíblico apresenta uma complexa amostra do serviço, no qual ordem e estrutura são elementos importantes. As cores, texturas e camadas são aspectos estéticos. O cuidado com os detalhes é planejado. A hierarquia e a responsabilidade de uma pessoa são bem posicionadas, e a seriedade dos propósitos é inevitável. Acima de tudo, é impressionante a quantidade e o volume das coisas materiais que faziam parte dos cultos de adoração no antigo Israel. Todo este sistema não era obsoleto, mas altamente sofisticado; não era simples, mas de grande complexidade. Tais deveres devem ter ocupado os servos, mas não de forma comum.

4.6 Os vários materiais usados no tabernáculo e seus móveis podem ter tido significados simbólicos para os antigos que não chegaram até nossos dias. Diante de nossos conceitos atuais, percebemos que os materiais eram valiosos e preciosos.

4.7-13 As cores — incluindo o azul, o vermelho e o roxo — tiveram importantes papéis na adoração israelita.

4.14,15 A forma de transportar as coisas sagradas do tabernáculo consistia em carregá-las a pé, segurando-as pelas barras de apoio. A triste história de Uzá, que tentou tocar na arca de Deus quando esta estava sendo carregada em um carro (2 Sm 6.6,7), é uma clara lembrança da importância da obediência total aos mandamentos e às leis de Deus.

4.16-20 Os sacerdotes, a exemplo de Ele-azar, exerciam funções que só podiam ser executadas por eles. Qualquer outra pessoa que tentasse fazê-las seria morta. Isto era um presente maravilhoso, e também um aviso. Por um lado, Deus misericordiosamente permitia que os sacerdotes se aproximassem dele e o servissem. Por outro, se os sacerdotes fossem infiéis, ninguém poderia servir de substituto para eles. Os israelitas deveriam chegar perto de Deus da maneira como o Senhor orientou.

4.21-28 Usando uma maneira de expressar parecida com a utilizada nas descrições das responsabilidades coatitas (v. 4-15), os gersonitas receberam seus deveres de forma mais detalhada do que a encontrada em Números 3.21-26. Eles eram os responsáveis pelas cortinas e por várias partes do sistema de adoração no tabernáculo. Permitia-se que estes homens tocassem nas coisas sagradas com as quais lidavam, mas não poderiam ser descuidados em seu trabalho. Itamar, o outro filho de Arão, foi nomeado o líder.

4.29-33 As tarefas de Merari, mencionadas em Números 3.33-37, são reiteradas aqui. Os meraritas cuidavam das armações, dos travessões, das colunas e das bases do tabernáculo. Não havia trabalho relativo ao cuidado e à manutenção do santuário que não fosse importante. Cada mera-rita recebia a designação dos itens que deveria carregar. Itamar também ficou com a responsabilidade de supervisionar o trabalho de Merari, assim como o de Gérson.

4.34-39 Conforme o mandado do Senhor. Esta expressão confirma a aceitação de Moisés às ordens divinas. Os números de cada família levítica podem ser observados de duas formas. Visto que estes números são menores do que os apresentados no capítulo 1, é possível que eles sejam arredondados para mais próximo de dez. Uma quantidade de levitas de cerca de 8.500 [2.750 dos coatitas (v. 36) + 2.630 dos gersonitas (v. 40) + 3.200 dos meraritas (v. 44) somam 8.580 (v. 44)] parece bastante adequada para uma população de 250 mil pessoas. Também é possível que estes números (como no caso dos números do censo tribal do capítulo 1) tenham sido multiplicados por 10, sendo o número total 858. Assim, a maior parte dos levitas seria consideravelmente ocupada.

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