Ester 3 — Comentário Devocional

Ester 3

Ester 3 serve como um lembrete sério das perigosas consequências do ódio e do orgulho descontrolados. A ascensão de Hamã ao poder e sua trama para aniquilar o povo judeu decorrem de sua vingança pessoal contra Mordecai. Este capítulo ilustra a natureza destrutiva do preconceito e como ele pode levar a ações e políticas prejudiciais. A coragem de Mordecai em se recusar a se curvar a Hamã, mesmo com grande risco pessoal, fala da importância de defender as próprias convicções diante da injustiça. Ao refletirmos sobre essa narrativa, somos levados a examinar nosso próprio coração em busca de preconceitos que possam existir e considerar como eles podem impactar negativamente nossas interações e decisões. Além disso, o capítulo mostra como as manipulações e enganos de Hamã levam ao decreto do rei Assuero, lembrando-nos das consequências de longo alcance das escolhas que fazemos. É um chamado para alinhar nossas ações com retidão e estar atento aos efeitos cascata que nossas decisões podem ter sobre os outros.

Devocional

3.2 A determinação de Mardoqueu vinha da sua fé em Deus. Ele não fez uma pesquisa antecipada para determinar o modo mais seguro e popular de agir; ele teve a coragem de resistir sozinho. Fazer o que é certo nem sempre o tomará popular. Os que fazem o que é certo sempre estão em minoria, mas obedecer a Deus é mais importante do que obedecer às pessoas (At 5.29).

3.2-4 Mardoqueu se recusou a curvar-se perante Hamã. Os judeus algumas vezes se curvavam para as autoridades governamentais, como sinal de respeito (Gn 23.7: 1 Sm 24.8), mas os ancestrais de Hamã eram inimigos antigos dos judeus. Israel havia recebido a ordem de Deus para destruir os amalequitas e apagar “a memória de Amaleque de debaixo do céu” (Dt 25.17-19; leia também Êx 17.16). Mardoqueu não se curva- ria diante do maligno Hama e. através desse ato, reconhecê-lo como um deus. Os três amigos de Daniel tiveram a mesma convicção (Dn 3). Devemos adorar somente a Deus. Nunca devemos permitir que qualquer pessoa, instituição ou governo ocupe o lugar de Deus. Quando as pessoas requererem lealdade ou algum tipo de serviço da sua parte que não honre a Deus, fique firme. Pode ser o momento de tomar uma posição.

3.5, 6 Por que Hamã queria destruir todos os judeus se apenas um homem o tinha desafiado? 1) Hamã era agagita (3.1), um descendente de Agague, rei dos amalequitas (1 Sm 15.20). Os amalequitas oram antigos inimigos dos israelitas (leia Êx 17.16; Dt 25.17-19). O ódio do Hamã estava direcionado não só a Mardoqueu como também a todos os judeus. 2) Como segundo no comando do Império Persa (3.1), Hamã adorava seu poder e autoridade e a reverência a ele demonstrada. No entanto, os judeus viam a Deus como sua autoridade máxima e não a um homem. Hamã percebeu que a única forma de satisfazer seus anseios egoístas era matar a todos os que negassem sua autoridade. Sua busca de poder pessoal e seu ódio pela raça judaica o consumia.

3.5, 6 Hamã adorava o poder e o prestígio da sua posição, e ficou enfurecido quando Mardoqueu não respondeu com a reverência requerida. A fúria de Hamã não era apenas contra Mardoqueu, mas contra o que ele defendia — a dedicação dos judeus a Deus como única autoridade digna de reverência. A atitude de Hamã foi preconceituosa: Ele odiava um grupo de pessoas por terem um credo ou cultura diferente. O preconceito é proveniente do orgulho pessoal — considerar-se melhor do que as outras pessoas. Ao final, Hamã foi punido por sua atitude arrogante (7.9,10). Deus julgará duramente os preconceituosos e aqueles cujo orgulho os leve a menosprezar as pessoas.

3.7 Hamã lançou sortes para escolher o melhor dia para executar seu plano. Mal sabia ele que estava jogando segundo a vontade de Deus, pois o dia da morte foi escolhido para quase um ano mais tarde, dando a Ester tempo suficiente para que pudesse fazer seu pedido ao rei. A palavra persa para “sorte'’ era Purim, que veio a ser o nome do feriado celebrado pelos judeus quando foram libertos. No dia escolhido por Hamá para o extermínio da raça judaica. Deus lhes deu um grande livramento.

3.9 Hamã devia estar esperando reunir uma enorme quantia de dinheiro, saqueando as casas e os negócios dos judeus que seriam mortos através desse decreto.

3.10-12 Governantes do mundo antigo usavam anéis com sinetes como assinaturas pessoais. A superfície do anel possuía uma impressão de metal, madeira ou osso; o de Assuero era provavelmente feito de prata ou ouro. Cada indivíduo possuía sua própria marca. As cartas eram seladas pressionando o anel na cera macia, e os documentos oficiais eram reconhecidos pelo uso do sinete real. Ao entregar a Hamã seu anel com sinete, Assuero deu a ele sua assinatura pessoal e com isso, a autoridade para fazer o que desejasse. Mal sabia o rei que seu próprio anel assinaria o decreto de morte para sua rainha, Ester.