Contexto Histórico de Mateus 5

Mateus 5

5.1—7.29 O local do Sermão no Monte (ver também Lc 6.20-49) não é identificado nos Evangelhos. A tradição associa o local com Karn Hattin, perto de Cafarnaum, mas com pouquíssima base de fatos. A palavra “sermão”, nesse contexto, está iludindo a mente moderna. Mateus não disse que Jesus surgiu, dirigiu-se ao púlpito e entregou um sermão que havia preparado formalmente numa tranquila biblioteca. As multidões o estavam seguindo (Mt 5.1; Lc 6.17) para ver os milagres que ele fazia. Então ele subiu a montanha por um estreito caminho, de forma que seus seguidores imediatos estariam mais próximos que o restante da multidão, e conduziu-os a um lugar plano (Lc 6.17), ainda “na montanha”. Em determinado momento, ele se sentou e começou a ensinar, dando atenção especial aos discípulos que estavam mais perto. Os autores sagrados, obviamente, não usam aspas, e isso é importante para entendermos que ele não tinham a pretensão de registrar palavra por palavra o que Jesus falou, nem de incluir tudo que ele tenha falado em determinada ocasião. Sua intenção era deixar por escrito uma apresentação fidedigna da essência do que foi dito. O “sermão”, portanto, é o relatório de um estudante (Mateus), de uma palestra ou de um discurso. O fato de haver divagações num esboço formal (Mt 5.25,26,29,30), na realidade evidenciam a autenticidade do registro.

5.3-11 A palavra “bem-aventurança” (“beatitude”) não é encontrada na Bíblia. Significa 1) as alegrias do céu ou 2) uma declaração de felicidade, especialmente conforme as palavras pronunciadas por Cristo. As beatitudes são comuns no AT (e.g., SI 32.1,2; 41.1; 65.4), e os Evangelhos contêm beatitudes isoladas de Jesus (Mt 11.6; 13.16; 16.17; 24.46 com os paralelos de Lucas; Jo 13.17; 20.29). A palavra, porém, é mais utilizada na forma das declarações feitas por Jesus no discurso registrado aqui por Mateus, como também as relatadas por Lucas (Lc 6.20-22) — chamados, respectivamente, o Sermão do Monte e o Sermão da Planície. Se temos aqui dois registros diferentes do mesmo discurso ou o registro de dois discursos distintos, embora semelhantes, é algo que os estudiosos não conseguem precisar.

5.8 O coração era considerado o centro do ser da pessoa, incluindo mente, vontade e emoções (ver nota em Sl 4.7; ver também “Coração, fôlego, garganta e intestinos: antropologia hebraica antiga”, em Pv 6).

5.13 O sal era usado para dar sabor e preservar (ver também nota em Lv 2.13). O sal utilizado em Israel vinha quase todo do mar Morto e era cheio de impurezas, o que implicava perda do sabor.

5.15 Nos dias de Jesus, usavam-se pequenas lâmpadas de argila que queimavam um pavio embebido em óleo de oliva. A menção comum a lâmpadas no NT está relacionada ao seu uso doméstico (5.15; Mc 4.21; Lc 8.16; 11.33; 15.8). Pelo fato de emitirem uma luz não muito forte, as lâmpadas eram posicionadas estrategicamente, para o máximo proveito. Geralmente, eram colocadas numa “vasilha”, muitas vezes um nicho construído na parede. Parece que os hebreus eram acostumados a manter as lâmpadas acesas durante a noite em suas câmaras, talvez por medo da escuridão, porém mais provavelmente para manter os ladrões a distância. O uso de lâmpadas a óleo numa procissão de casamento é mencionado em Mateus 25.1. Considerando-se que tais lâmpadas só podiam conter algumas colheradas de óleo, uma reserva do combustível sem dúvida era necessária.

5.18 A palavra grega iota (traduzida aqui por “menor letra”) é o equivalente grego mais próximo do yod, a menor letra do alfabeto hebraico. A palavra grega traduzida aqui por “menor traço” significa “chifre” e era usada para designar o enfeite de pouco valor ou a extensão de certas letras do alfabeto hebraico (algo como o traço da letra “j”, que desce abaixo da linha).

5.20 Para mais informações sobre os “mestres da lei” no NT, ver nota em At 5.34. 5.22 “Racá”, possivelmente relacionada à palavra aramaica para “vazio”, pode significar “cabeça-oca!”. A palavra grega para inferno é ge(h)enna, que deriva seu nome de um profundo desfiladeiro ao sul de Jerusalém, o vale de Hinom ou dos Filhos de Hinom (Ben-Hinom, na NVI). Durante os reinados dos perversos reis Acaz e Manassés, eram oferecidos ali sacrifícios humanos para o deus amonita Moloque. Tornou-se um tipo de entulho da cidade e queimava permanentemente, tornando-se depois uma figura do lugar de castigo final (ver “Sacrifício humano no antigo Oriente Médio”, em Lv 20, e “Sheol, Hades, Geena, Abismo e Tártaro: imagens do inferno”, em SI 139).

5.26 O quadrante (ver nota da NVT) era a menor moeda de cobre romana. 5.32 A palavra grega traduzida aqui por “imoralidade sexual” indica atividade sexual ilícita — nesse caso, adultério.

5.33-37 Ver “O juramento na prática judaica e cristã”, em Hb 6; e “Ética da linguagem”, em Tg 3. 5.39 Golpear alguém na face era considerado mais um insulto que um ato de violência (Ver “Provérbios e insultos no mundo antigo”, em 1Sm 25).

5.40 A túnica era uma roupa de baixo, e a capa, uma peça solta usada sobre aquela. Uma vez que a roupa exterior era enrolada ao redor do corpo para dormir, a lei do AT proibia que ela fosse levada durante a noite como penhor (ver Êx 22.26,27; Dt 24.12,13; ver também “Antigas roupas e joias israelitas”, em Is 3; e “Vestuário e moda no mundo greco-romano”, em Tg 3).

5.43 O ódio aos inimigos de alguém era aceitável em alguns círculos, na ética dos judeus daquele tempo.

5.46 Tradicionalmente conhecidos como “publicanos”, os cobradores de impostos eram homens contratados pelos romanos para coletar impostos (ver “Impostos romanos”, em Rm 11). Pelo fato de trabalharem para Roma e não raro exigirem pagamentos injustos, a reputação dos cobradores de impostos era muito ruim. Eram odiados e considerados traidores pelo povo.

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