Estudo sobre Romanos 7:21-23
Romanos 7:21-23
Como introdução, uma breve referência ao que acabou de ser exposto: Então… encontro a lei, i. é, uma determinação, um transcurso regular, (de que) ao querer fazer o bem… o mal reside em mim. Sempre de novo sucede assim: a vontade de querer o que é certo instantaneamente descamba para o agir carnal, “de maneira que nem se pode mais distinguir momentos do querer puro dos instantes do agir errado”63. A “carne”, no sentido negativo (cf o exposto sobre o v. 18), há tempo enviou suas “metástases” cancerígenas aos meus membros, i. é, em todos os meus atos práticos, mas também de raciocínio. Não há mais o que possa funcionar. O caminho para a morte (v. 24) está traçado, como seguindo uma lei. O quadro objetivo do “paciente” é desesperado, por mais contente que ele subjetivamente possa sentir-se em determinados momentos.
A lei de Deus está assistindo como espectadora impotente. Porque, no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus; mas vejo, nos meus membros, outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente, (cada vez) me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros. Paulo torna suas formulações mais vivas. Concordar objetivamente, como disse no v. 16, torna-se agora uma adesão alegre à boa lei de Deus. Em lugar do “eu” abstrato aparece agora o “homem interior”64, arrastado para um guerra ferrenha entre o bem e o mal.
De um lado está a “lei da minha mente”, comparável à “consciência” de Rm 2.15. Ela não é idêntica à lei de Deus, mas de um modo qualquer, embora questionável, sabe do mandamento e da proibição de Deus. Em todo caso, a consciência se apresenta como advogada de Deus. A tensão da qual se trata aqui, portanto, não consiste de uma metade boa e outra má dentro de mim, mas de Deus por um lado (mediado pela razão ou pela consciência) e, por outro lado, de mim, o ser humano rebelde. Esse ser humano vive predominantemente a partir de seus membros. Certamente o pensamento refere-se às suas funções físicas, porém, além da corporalidade intensa, estão sendo abarcadas todas as ações e omissões do ser humano (cf o exposto sobre Rm 6.12,13). É ali que a outra lei, a anti-lei, a lei do pecado, fixou residência presidencial. É de lá que procedem seus argumentos, com esmagadora autoconfiança, contra a razão perceptiva (Rm 1.20). Cercam-na e pisam-na ao chão. Depois carregam consigo o ser humano como prisioneiro, para dentro de um agir irracional. Tudo acontece sem que se perceba um debater-se. Ele simplesmente é levado embora.
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