Estudo sobre Apocalipse 8:7-9
Estudo sobre Apocalipse 8:7-9
Apocalipse 8:7-9
Com o primeiro flagelo principia aquele “acontecimento” explicado pelo excurso 5c: o primeiro anjo tocou a trombeta, e houve, como na sétima praga egípcia, saraiva e fogo (“um golpe de granizo e um fogo”). Contudo, diferentemente do que em Êx 9.33, não nos devemos deixar levar à ideia de uma chuva e, no caso do fogo, não devemos pensar em raios, como em Êx 9.24. Na presente passagem o contexto aponta para uma erupção vulcânica, que expele massas de lava, ou seja “granizo” em fogo (cf. Ez 38.22; Jl 2.30).
O adendo representa outra variação em comparação com Êx: misturado com sangue. Será que o reflexo das chamas da explosão de fogo avermelhou todo o ar? Ou será que o pó vermelho do Saara, agitado pela tempestade de areia, enche o ar (Lohmeyer)? No entanto, parece que aqui tem importância unicamente a associação de idéias com sangue. Mais que dar a conotação de cor, o sangue constitui um sinal de tragédia (cf. o comentário a Ap 6.12; 8.8; 11.6; 16.3,4). Anuncia-se algo de certa forma horrível: cidades ardendo em chamas, pessoas se esvaindo em sangue, juízo, vingança, tormentos. A impressão é apavorante. Em toda parte os vestígios pretos do fogo: Foi, então, queimada a terça parte da terra, e das árvores, e também toda erva verde. O espaço de habitação das pessoas e seu alimento foram duramente atingidos.361 Apesar disso trata-se apenas de um juízo parcial (excurso 5e). A terra ainda não ficou queimada, mas somente crestada.
O segundo anjo tocou a trombeta. Esse flagelo evoca a primeira praga egípcia. Lá, porém (Êx 7.20-25), foi um golpe com o cajado que causou a poluição da água e a mortandade dos peixes. Aqui lemos: e algo como que uma grande montanha ardendo em chamas foi atirada ao mar. Não foi o cume real de uma montanha que foi projetado na erupção vulcânica, mas sim uma bola de fogo do tamanho de uma montanha caiu na água.
Zahn encontra nesse texto alusões claras à erupção do Vesúvio no ano 79, que causou um impacto imenso sobre as pessoas daquele tempo e que foi interpretado pelos judeus como castigo pela destruição de Jerusalém. Uma parte da lava soterrou as cidades de Pompéia e Herculano (v. 7), outra parte correu para o mar e o porto (v. 9).
No AT não se registram correspondências exatas, ainda que seja bem conhecido o motivo da montanha em chamas e que estremece (Sl 46.3; 83.14; 104.32; Dt 32.22; Jr 51.25). As montanhas são as “colunas” do edifício cósmico, mas também expressão máxima do poder político, que muitas vezes se apoiava sobre fortalezas erguidas em montanhas. No final, porém, a ira de Deus queimará todas as seguranças desse mundo.
Mais importante, porém, que o meio é a finalidade a que ele serve. Cuja terça parte se tornou em sangue (“E um terço do mar tornou-se sangue”). De maneira muito significativa o texto diverge da ilustração drástica de Êx 7.17-20. Permanecem pouco concretos os detalhes dessa destruição do mar em uma terça parte (cf. nota 360). Inequívoco, porém, é o sentido de que o juízo sobre a terra e o ar (v. 7) agora também se estende ao mar. Mais um contexto vital do ser humano é atingido: e morreu a terça parte da criação que tinha vida, existente no mar, e foi destruída a terça parte das embarcações. A pesca e a navegação são submetidas a uma tragédia. Quanto ao juízo parcial, cf. novamente o excurso 5e.
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Apocalipse 8:7-9