Quem é o “Tolo” no Livro de Provérbios?

Quem é o “Tolo” no Livro de Provérbios?

Quem é o “Tolo” no Livro de Provérbios?



O livro de Provérbios ensina-nos como ser sábios, e uma parte do aprendizado sobre a sabedoria é reconhecer o oposto dela. É provável que o primeiro oposto, em meio ao elenco de personagens contrastantes, seja o tolo. Muitas pessoas, quando leem a palavra “tolo”, pensam que ela se refere a uma pessoa não muito inteligente. Todavia, não é disso que Provérbios fala. Não, há outras coisas que
tipificam o tolo que não a falta de inteligência.

De acordo com Provérbios, você pode dizer que alguém é tolo pelo que a pessoa pensa sobre a disciplina. A pessoa recebe bem uma censura, ou evita-a? O tolo faz muito pouco caso da disciplina. E esse pouco caso pela disciplina aponta apenas para a desatenção em relação à sabedoria. De alguma forma, pode-se dizer que esse pouco caso típico do tolo refere-se à falta de autocontrole (17.24). Você também sabe que alguém é tolo pelo que diz. As palavras dele testemunham sua falta de autocontrole. Ele fala como um tolo. Abraham Lincoln disse: “É melhor calar-se e deixar que as pessoas pensem que você é tolo, do que falar e acabar com essa dúvida”.Todavia, as palavras do tolo sempre revelam sua loucura. E incrível como ele até parece ostentá-la (13.16; 14.29). O tolo fica incógnito apenas se ficar calado (Provérbios 17.28). No momento em que ele abre a boca, acabam-se todas as dúvidas (15.2).

Provérbios também ensina que você sabe quem é tolo pelas pessoas ao redor dele. Os tolos gostam da companhia de outros tolos. Por isso, diversos provérbios não se dirigem apenas aos tolos, mas também às pessoas que têm de viver com eles. O que você faria se tivesse de trabalhar ou viver com um tolo? Parece que parte da sabedoria está em saber como responder a essa pergunta, e isso é uma coisa difícil de fazer. O tolo é uma companhia perigosa, na verdade, tão perigosa que é melhor o homem encontrar-se com “a ursa à qual roubaram os filhos, mas não o louco na sua estultícia” (17.12). Ele é bem perigoso!

Você também reconhece o tolo pelo que, no fim, acontece a ele. O que acontece? De acordo com Provérbios, no fim, a rejeição externa à correção e a falta de disciplina interior levam-no à morte (5.23; 9.13). Por fim, sua aversão à sabedoria torna-se indistinguível do amor à morte. Claro que Provérbios não é o único livro da Bíblia em que encontramos tolos e loucos. Davi observou: “Disseram os néscios no seu coração: Não há Deus” (Salmo 14.1; 53.1). Em essência, os tolos são ateus. Eles determinaram, em seu coração, viver como se não existisse Deus. Jeremias descreve os que adoram ídolos como “loucos” (Jr 10.8).

Parece que o povo de Deus também pode ser louco. Moisés advertiu o povo desobediente de Israel de que se comportavam como loucos (Deuteronômio 32.6). Israel respondeu ao profeta Oseias como se ele fosse tolo e, dessa forma, mostraram que eles eram os tolos (Os 4.6; 8.12; 9.7). O Senhor declarou por intermédio de Jeremias: “Deveras o meu povo está louco, já me não conhece; [...] sábios são para mal fazer, mas para bem fazer nada sabem” (Jeremias 4.22). E, por intermédio de Zacarias, Deus condenou os líderes de Israel por agirem como insensatos — como pastores que não se preocupam com o perdido, nem buscam o jovem, nem curam o doente, nem alimentam os sãos e, em vez de fazer essas coisas, devoram o próprio rebanho (Zc 11.15,16).

Todavia, não encontramos tolos apenas na Bíblia. Podemos nos transformar em tolos de acordo com as escolhas que fazemos. Assim, Provérbios põe diante de nós uma alternativa inflexível: seguimos o caminho do tolo ou o do sábio. E, em última instância, a distinção entre os dois é a diferença entre confiar em si mesmo ou em Deus. Tolo é aquele que, no fim, confia em si mesmo, em vez de confiar no Senhor (28.26). Se quisermos saber como é a vida devota bem-sucedida, temos de iniciar por ambicionar a sabedoria.

O livro de Provérbios exorta-nos a ter ambição por sabedoria.