Significado de 1 João 4

Significado de 1 João 4





1 João 4

4.1 — João fala dos espíritos dos mestres de forma semelhante ao que Paulo disse sobre os espíritos dos profetas em 1 Co 14.32. João não se refere, aqui, à possessão demoníaca, mas a mestres que induzem ao erro. Os cristãos possuem o Espírito Santo (1 Jo 3.24), mas os falsos profetas obedecem a espíritos malignos. O verdadeiro profeta recebe revelações diretas de Deus. O falso profeta alega ter recebido revelações diretamente de Deus, mas, na verdade, promove ideias errôneas.


4.2 — Nisto conhecereis o Espírito de Deus.teste para saber se a pessoa está sendo guiada pelo Espírito Santo é conferir se as crenças dela concordam com a verdade da Palavra de Deus (1 Jo 2.22; 1 Co 12.3). Jesus Cristo veio em carne. Esse teste parece ser direcionado aos docéticos, os quais ensinavam que Jesus não tinha corpo físico. O teste também poderia ter como alvo os seguidores de Cerinto, que alegavam que Jesus e Cristo eram seres independentes; um físico, e outro espiritual. Nessa carta, João tem o cuidado de empregar o nome e o título de Jesus Cristo juntos para expressar claramente que os dois títulos se reúnem numa única pessoa.

4.3 — Cerinto, um falso mestre do tempo de João, negava a encarnação do verbo, ensinando
que o Cristo divino desceu sobre o Jesus humano quando este foi batizado e, depois, deixou o corpo de Jesus antes de Sua crucificação (1 Jo 2.22). João ensina que Jesus não entrou num ser humano preexistente; antes, veio como ser humano. O tempo grego do verbo veio e o sentido do substantivo carne indicam que Jesus não só veio como ser humano, mas também ainda era um ser humano quando João escreveu esta epístola. Deus Filho possui eternamente a plena divindade e a plena humanidade. Ele é imortal e recebeu um corpo humano ressurreto que não envelhece nem morre. Negar a verdadeira e integral humanidade de Cristo prova que o mestre não é de Deus. 

4.4 — De Deus significa mais do que pertencente a Indica que a fonte da postura e das atitudes do leitor original era Deus (1 Jo 2.19). Nós nos identificamos necessariamente seja com Deus, seja com o diabo. Podemos vencer reconhecendo os falsos mestres e recusando-nos a segui-los. O que está em vós é o Espírito Santo. O que está no mundo é o diabo (1 Jo 5.19).

4.5 — A terceira pessoa do plural nesse versí­culo se refere aos falsos profetas (1 Jo 4.1), que possuem o espírito do anticristo (1 Jo 4.3). Os falsos mestres, integrando-se ao sistema do mundo governado por Satanás, são aceitos pelo mundo. O mundo crê em seus ensinamentos falsos e recebe-os em comunhão.

4.6 — Nós se refere aos apóstolos, que só encontram aceitação entre os que conhecem a Deus. Aquele que conhece a Deus (1 Jo 2.3) ouve o que os apóstolos têm a dizer. Essa passagem, então, oferece dois testes ao espírito: (1) a confissão de Jesus como o Cristo, o Filho de Deus que veio em carne (1 Jo 4.1-3); (2) a aceitação do ensinamento dos apóstolos.

4.7 — O amor de uns aos outros, que, aqui, significa pelos irmãos cristãos, prova nosso nascimento espiritual e nossa relação com Deus. Nascido de Deus remete à conversa de Jesus com Nicodemos em João 3.3-6. Conhece a Deus remete às palavras de Jesus em João 14.7.

4.8 — Não conhece a Deus. Conhecer a Deus aqui refere-se a um conhecimento íntimo, vivenciado (1 Jo 4.6; 2.3) de Deus, e não a mera informação sobre Deus. João nunca diz que quem não ama não é nascido de Deus (1 Jo 4-7). Mas é impossível conhecer a Deus com intimidade sem amar outras pessoas, porque Deus é caridade. Aquele em quem Deus está reflete Seu caráter. Afirmar conhecer a Deus e ao mesmo tempo não amar os outros é mentir (1 Jo 1.6).

4.9 —A caridade de Deus por Seus filhos ficou nitidamente demonstrada pelo suplício de Jesus na cruz em nosso favor.

Seu Filho unigênito exprime a noção da singularidade, não um nascimento literal (Hb 11.17). João é o único autor do NT que chama Jesus por esse título (João 1.18; 3.16,18). Em outras palavras, Jesus é o Filho único de Deus; nenhum outro é filho de Deus da forma como Ele o é.

4.10 — Propiciação. Leia 1 João 2.2. Deus preparou a provisão para nossas necessidades.

4.11 — Uma exortação a recordar quando estivermos tentados a não exercer o amor. Nosso amor não deve ser um mero sentimento. Deus pede para nos doarmos pelo bem dos outros, assim como Ele se doa.

4.12-16 — Amar os outros e professar a fé ortodoxa evidenciam uma relação viva com Deus, com Ele habitando em nós e nós, nele.

4.13 — Nisto remete ao trecho adiante, ao sinal do Seu Espírito, e não ao trecho anterior, sobre o sinal do amor (1 Jo 4.7-11), como comprovação de que estamos nele, e ele em nós (1 Jo 3.24). Habitar um no outro se refere à comunhão que temos com Deus como produto de nossa salvação. A prova de que Deus habita em nós e nós nele é a experiência do Espírito Santo em nós. No restante dessa passagem (1 Jo 4.12-16), João explica como o cristão pode saber que o Espírito está operando em sua vida (1 Jo 4.15,16).

4.14 — A primeira pessoa do plural se refere a João e às outras testemunhas oculares de Jesus (1 Jo 1.1; 4.6). Embora Jesus tenha vindo como Salvador do mundo, isso não quer dizer que todo mundo esteja automaticamente salvo, o que fica claro no versículo 15.

4.15 — A profissão sincera da fé indica que o que a professa está salvo. Está nele, nesse contexto, refere-se à salvação, e não à comunhão que resulta da salvação. Para ser cristã, a pessoa deve crer que Jesus é o Filho de Deus.

4.16 — E nós conhecemos faz paralelo com e vimos no versículo 14. Está em caridade significa que o cristão vive dentro da esfera do amor de Deus. Esse amor é vivenciado e expresso por intermédio da vida do cristão.

4.17-19 — Quando exprimirmos um amor maduro uns pelos outros e compreendermos o amor de Deus para conosco, vivenciaremos a certeza da salvação. 

4.17 — A expressão madura da perfeita caridade ou amor (1 Jo 4-12) produz confiança, já que o cristão está antevendo o Dia do Juízo, quando Jesus julgará o mundo. A pessoa que permanecer no amor não ficará envergonhada quando Jesus voltar (1 Jo 2.28; Jo 15.9-17).

4.18,19 — A compreensão madura da caridade de Deus remove todo temor do juízo de Deus.

4.20—5.5 — A falta de amor pelos demais cristãos desmente o amor por Deus. A comunhão com Deus se dá a conhecer por nossa confissão de Jesus como o Cristo e por nossa obediência a Ele e nosso amor aos irmãos.

4.20,21 — Se traduz uma construção da língua grega que indica que há alguns que pensam e dizem o que se segue. João usa alguém em vez de nós, apartando-se, assim, desse grupo. O pano de fundo da questão devia ser o fato de que os anticristos alegavam amar a Deus embora tivessem atitudes obviamente sem amor.


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