Provérbios 17: Significado, Teologia e Exegese
Provérbios 17
Provérbios 17 mergulha profundamente nas dinâmicas dos relacionamentos humanos, tanto dentro da família quanto na sociedade, e na verdadeira natureza do coração. A mensagem central do capítulo enfatiza que o caráter, a integridade e a sabedoria valem muito mais do que a riqueza material ou o status social, e que a paz e a harmonia são resultados de atitudes corretas e uma língua controlada. No hebraico original, o texto continua a empregar o paralelismo antitético, que contrasta ideias opostas para sublinhar verdades morais (por exemplo, o tolo e o sábio, o justo e o perverso). Essa estrutura concisa é extremamente eficaz.Essa ênfase na importância do caráter, do autocontrole e da paz nos relacionamentos ecoa fortemente no Novo Testamento, onde a transformação interior e a conduta ética são pilares da vida cristã. Jesus ensinou sobre o perdão e a reconciliação (Mateus 5:23-24), e Paulo exorta os crentes a viverem em paz uns com os outros, controlando a língua e buscando a edificação mútua (Romanos 12:18; Efésios 4:29).
📝 Resumo de Provérbios 17
Provérbios 17 começa contrastando a paz no lar com a riqueza na contenda e a natureza da verdadeira pureza. Nos vv. 1–3, a sabedoria sugere que é preferível ter um pedaço de pão seco com tranquilidade e paz do que uma casa cheia de banquetes em meio a discussões e brigas. Um servo prudente, por sua inteligência, pode até superar um filho que envergonha sua família e terá parte na herança. O texto então usa metáforas de purificação: o crisol é para a prata e o forno para o ouro, mas o Senhor é quem prova e examina os corações.Já nos vv. 4–7, a sabedoria adverte sobre a fala perversa e a conduta do ímpio. O malfeitor presta atenção à língua maligna, e o mentiroso dá ouvidos aos lábios que maquinam o mal. Aquele que zomba do pobre insulta o Criador, e quem se alegra com a desgraça alheia não ficará impune. As crianças são a coroa dos avós, e os pais são a glória dos filhos. É enfatizado que a fala de um tolo é imprópria para um nobre, e que um lábio mentiroso é ainda mais inadequado para um príncipe.
No que se refere à eficácia do suborno e a importância da paciência, em Pv 17:8–10, o suborno é visto como uma pedra preciosa aos olhos de quem o oferece, funcionando como um amuleto que o faz prosperar em qualquer lugar. Aquele que encobre uma ofensa promove o amor e a reconciliação, mas quem insiste em um assunto separa amigos. A repreensão é mais eficaz em um sábio do que cem açoites em um tolo, indicando a receptividade à instrução.
Em seguida, nos vv. 11–13, a sabedoria adverte sobre a busca do mal e a retribuição da ingratidão. O rebelde busca apenas o mal, e um mensageiro cruel lhe será enviado. É melhor encontrar uma ursa roubada de seus filhotes do que um tolo em sua insensatez. Aquele que retribui o bem com o mal terá o mal nunca se afastando de sua casa, uma clara advertência contra a ingratidão.
A fuga da contenda e a imprudência de fianças são abordadas. Nos vv. 14–15, iniciar uma contenda é como abrir uma represa; portanto, é sensato abandonar a disputa antes que ela exploda. O texto declara abomináveis para o Senhor tanto aquele que absolve o culpado quanto aquele que condena o inocente. A falta de sabedoria é vista em Pv 17:16: para que serve o dinheiro nas mãos do tolo se ele não tem intenção de adquirir sabedoria?
Os provérbios seguintes, nos vv. 17–19, tratam da verdadeira amizade e da inclinação para o conflito. Um amigo ama em todos os momentos, e é como um irmão que nasce para o tempo da adversidade. O homem sem juízo compromete-se com dívidas alheias, tornando-se fiador para o próximo. Aquele que ama a contenda ama o pecado, e quem se exalta demais convida à destruição.
Finalmente, a perversidade do coração e a alegria da alma concluem o capítulo. Nos vv. 20–22, o perverso de coração não encontra o bem, e quem tem a língua enganosa cai em maldição. O pai de um tolo terá tristeza, e o pai do insensato não tem alegria. O coração alegre é um bom remédio e promove a saúde, mas o espírito deprimido seca os ossos.
A sabedoria então adverte sobre a corrupção e a conduta do tolo. Nos vv. 23–25, o ímpio aceita suborno secretamente para perverter a justiça. A sabedoria está diante do homem entendido, mas os olhos do tolo vagam pelos confins da terra. Um filho tolo é uma fonte de tristeza para seu pai e amargura para sua mãe. O provérbio final, nos vv. 26–28, reforça que multar o justo é errado, e ferir o nobre por sua retidão é injusto. Quem controla suas palavras demonstra conhecimento, e quem mantém a calma mostra discernimento. Até o tolo, quando se cala, é considerado sábio; e, quando fecha os lábios, é tido como prudente.
📖 Comentário de Provérbios 17
Provérbios 17.1 A expressão “um bocado seco” significa “pouquíssimo”, especialmente em comparação a um banquete com muitas vítimas (animais abatidos). Neste versículo, o banquete é maculado pela contenda. Vítimas também pode significar parte de um sacrifício a Deus, mas até mesmo esse tipo de banquete poderia ser arruinado por brigas iradas entre cristãos.Novamente, este provérbio melhor do que apresenta uma avaliação relativa. Festejar é melhor do que uma crosta seca, com certeza, mas paz e sossego são melhores do que festejar, tanto mais que seria melhor comer uma crosta seca do que suportar os problemas sociais implícitos no segundo cólon. Uma vez que apenas os ricos poderiam ter uma casa “cheia” de banquetes, este provérbio também avalia o valor relativo da riqueza e das boas relações sociais.
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A verdadeira riqueza: Paz e tranquilidade, um tesouro maior que a abundância com discórdia, como ensina Provérbios 17:1. |
Provérbios 17.2 Azares súbitos poderiam acontecer se o servo prudente fosse muito habilidoso e o filho e seus irmãos fossem indignos. Boa parte do livro de Genesis fala sobre a ascensão de um filho caçula inesperado em desfavor de seu irmão mais velho (Gn 25.23-34).
A forma desse provérbio fornece valores relativos de maneira semelhante aos provérbios “melhor que”. A suposição do provérbio fornecido pela cultura é que um filho é valorizado muito acima de um servo aos olhos do pai. No entanto, aqui a perspicácia do servo é suficiente para fazer pender a balança a seu favor, especialmente à luz da reputação vergonhosa do filho. Em outras palavras, a habilidade supera o direito de primogenitura, pelo menos em casos extremos.
A consequência da perspicácia sobre a desgraça (que implica falta de perspicácia) é que o servo será tratado como um filho quando se trata de herança. O propósito deste provérbio pode ser advertir os filhos a prestar muita atenção aos seus deveres filiais e a agir de tal forma que sua reputação traga honra e não vergonha para a família.
Provérbios 17.3 O refinamento da prata e do ouro e um processo penoso, que exige precisão e provoca muito calor e cansaço. O refino do povo por Deus muitas vezes também e trabalhoso. O provérbio estabelece uma comparação entre Deus, que refina os corações, e o refinamento de dois materiais preciosos. Os metalúrgicos separam a prata e o ouro das impurezas por um processo de aquecimento do metal até que a escória possa ser despejada. Da mesma forma, Deus coloca seu povo em situações difíceis que revelarão seu pecado (a impureza de seus corações). Uma vez que o cadinho não apenas expõe, mas também elimina a escória, a implicação pode ser que ele não apenas avalia os corações dessa maneira, mas também ajuda as pessoas a se livrarem de seus pecados. Para outros textos que usam a metáfora de refinamento, veja Sl. 12:6; Is. 1:24–26; Jr. 9:7 [6 MT]; Zac. 13:8–9.
Provérbios 17.4 Este versículo apresenta o malfazejo e o mentiroso como parodias do sábio. Enquanto que o justo ouve com atenção a instrução de um professor, o perverso inclina os ouvidos para a língua maligna do iníquo.
Este provérbio fornece uma observação que permite avaliar a si mesmo e aos outros. Lábios culpados, mais definidos no segundo cólon, atendem a pessoas que falam de uma maneira que prejudica os outros. Isso pode ser feito por meio de mentiras, calúnias, fofocas, boatos, falsas acusações, e a lista pode continuar. Frequentemente, em Provérbios, esse tipo de conversa tola é condenado; aqui vemos que ouvir tal conversa é igualmente condenado.
Provérbios 17.5 Fazer gozações sem princípios às custas dos desafortunados incita a ira de Deus (Pv 14.31). Deus não permitira que esta pessoa saia ilesa, pois, por um desígnio misterioso, quando a pessoa ridiculariza o pobre, ultraja o seu Criador.
Este provérbio é interessante especialmente à luz dos numerosos provérbios que ridicularizam os pobres (6:6-11; 10:4, 5). Um exame mais atento mostra que não é a pobreza deles que está sendo ridicularizada, mas o comportamento tolo e preguiçoso que os levou até lá. Os sábios reconheceram outras causas de pobreza além do controle dos pobres, como a injustiça (13:23). É por isso que é tão perigoso ridicularizar os pobres; eles podem ser pobres sem culpa própria. Afinal, os pobres também foram criados à imagem de Deus e, portanto, insultar os pobres é insultar o próprio Deus (veja também 22:2). Não é de admirar que essas pessoas não fiquem impunes. A segunda vírgula pode ampliar a ideia para incluir qualquer tipo de desastre, não apenas o que resulta da pobreza. Ruffle cita provérbios semelhantes do Egito e da Mesopotâmia que desaprovam aqueles que são cruéis com os menos afortunados:
Não ria de um cego nem despreze um anão
Nem estrague o plano de um coxo.
Não despreze um homem que está nas mãos de Deus
Nem seja feroz de semblante para com ele quando ele errar.
(Amenemope 24.9–12)
Não insulte os oprimidos e...Provérbios 17.6 Só um avô ou uma avó para apreciar este versículo como se deve. Ainda assim, todos nos podemos entender sua mensagem central: todo avô adora o neto, e os filhos adoram seus pais. Este forte laço familiar mantem unidas as gerações.
Não zombe deles autocraticamente.
Com isso, o deus de um homem está zangado.
Não é agradável a Shamash, que o retribuirá com o mal.
(Conselhos Babilônicos de Sabedoria 57–60)
Esta declaração notável mostra a importância da família. É também uma observação sobre como as famílias estão interligadas. A suposição é que todos os membros da família são sábios e não fazem coisas que envergonhem a si mesmos e à família (10:1). As ações dos membros da família refletem glória ou vergonha para os outros que estão ligados a eles. O fato de os idosos terem netos é testemunho de sua longa vida e fertilidade e, portanto, das recompensas (“coroa”) da piedade. Os pais podem ser a glória de seus filhos, pois pais piedosos ajudam seus filhos, direcionando-os no caminho certo. As Instruções de Any expressam uma ideia semelhante: “Feliz o homem cujo povo é numeroso; ele é saudado por causa de sua progênie.
Provérbios 17.7 É uma contradição o tolo falar bem ou o príncipe mentir. Não convém existir tal impropriedade. Os sábios tinham noção do que é certo e adequado, e este provérbio apresenta duas situações em que as coisas estão fora de ordem. Em primeiro lugar, um tolo não tem nada de bom a dizer. De fato, a fala de um tolo costuma ser destrutiva. Para um tolo ter uma maneira eloquente de falar só aumentaria a possibilidade de dano. O termo para “tolo” aqui (nābāl) não é usado com frequência em Provérbios (veja também 17:21; 30:22), embora seja impossível diferenciá-lo das outras palavras para “tolo” usadas no livro, como kĕsîl ou ʾĕwîl. Nabal na história de Davi pode ser tomado como uma ilustração do tipo de pessoa implicada (veja 1 Sam. 25). Por outro lado, é um oxímoro para uma pessoa honrada mentir. Mentiras não adequado o bocas de o sábio.
Provérbios 17.8 O valor de um presente pode ser incalculável para quem o recebeu. Valor significa mais do que o custo de um objeto; o valor está nos olhos de quem vê. Quem recebe um presente extraordinário (hb., sahad, presente, suborno) pode ter sucesso a partir da nova percepção de valor pessoal que recebeu junto a esse presente. Um ato generoso pode significar uma reviravolta na vida de alguém. Por outro lado, um presente a um ingrato pode até passar em branco.
Superficialmente, o provérbio parece positivo em relação a subornos e, de fato, sabe-se que os subornos abrem portas. No entanto, a chave para entender o tom é o fato de que a avaliação apresentada é a de quem suborna. A opinião do suborno não deve ser considerada como uma chave para a opinião dos sábios. O fato de um suborno também ser comparado a uma “pedra mágica” também pode ser pejorativo. Além disso, o propósito do suborno é levar uma pessoa a agir de forma contrária à justiça ou à situação real, propósito que está claramente em desacordo com a perspectiva da literatura sapiencial. Outras declarações no livro de Provérbios são ainda mais negativas sobre subornos (veja também Êxodo 23:8; Deuteronômio 16:19; 27:25; Isaías 1:23; 5 :23; Ezequiel 22:12; Salmos 15:5; Eclesiastes 7:7).
Provérbios 17.9, 10 O sentido de transgressão nesta sentença não pertence ao contexto do pecado e da salvação frente ao relacionamento da pessoa com Yahweh. O intuito deste versículo é falar do relacionamento entre amigos e dos problemas que podem destruir esta amizade. Deslizes observados podem ser corrigidos por aquele que os cometeu, mas a ofensa pela revelação deste deslize pode acabar com a amizade. Da mesma forma, revelar confidências pode causar o rompimento dos confidentes.
Provérbios 17:9 O amor cobre muitas transgressões. A amizade pensa o melhor dos outros e ignora as ofensas. Por outro lado, uma pessoa que insiste em problemas afastará outra, roubando de ambas a oportunidade de desenvolver um relacionamento. Os leitores cristãos serão lembrados de 1 Cor. 13, que descreve o amor como “não interesseiro,... não se irrita facilmente,... não guarda rancor” (v. 5 NVI). Este provérbio provavelmente não pretende promover a ideia de que amigos nunca se dividirão por causa de uma ofensa. É uma observação que pode servir de alerta. Não fique mencionando os defeitos dos outros se quiser desfrutar de um relacionamento íntimo com essa pessoa. A repetição de uma transgressão também pode envolver fofoca se a história for contada a terceiros.
Provérbios 17:10 O sábio ouve críticas, mesmo que sejam duras. Isso contrasta com a teimosia dos tolos, que zombam em vez de prestar atenção aos comentários negativos. De fato, os tolos são tão teimosos que nem mesmo uma centena de chicotadas poderiam romper e fazê-los ouvir e mudar seu comportamento errôneo. Essa linguagem exagerada serve para zombar dos tolos.
Provérbios 17.11 O objeto adequado do verbo hebraico “buscar” é a pessoa de Deus. Entretanto, o rebelde busca o mal. Enquanto o rebelde segue seu caminho desastroso, ele descobre que há outro que o segue, um mensageiro cruel (talvez o mensageiro da morte).
Com base na natureza sensível ao contexto do provérbio, seria errado interpretar essa declaração como uma condenação de toda rebelião contra a autoridade. A suposição seria que a autoridade em questão é sábia e piedosa. A segunda vírgula deixa claro que a rebelião imaginada é dirigida a uma instituição estabelecida; assume que alguém pode enviar um mensageiro para cuidar do “problema”. Qoheleth também adverte seus ouvintes sobre os perigos de se rebelar contra o rei (Ec 8:2–9).
Tanto Whybray quanto Van Leeuwen argumentam que a raiz mārâ (rebelar-se) e a forma específica da palavra aqui, mĕrî (rebelião), referem-se apenas a um ataque à autoridade divina. (Whybray, Proverbs, p. 257; Van Leeuwen, “Proverbs,” p. 167.) No entanto, continuo incerto, achando o segundo dois pontos mais naturalmente referindo-se ao tipo de vingança enviada por uma instituição humana.
Provérbios 17.12 Nada nas florestas se equipara a fúria de uma mãe ursa que foi separada de seus filhotes. Ainda assim, não há nada mais perigoso do que o louco em sua estultícia. O ponto da comparação é bastante óbvio. Um urso é bastante perigoso, mas aquele que sofreu perda de filhotes ficaria furioso e especialmente perigoso (veja também Oseias 13:8, onde o urso enfurecido representa o próprio Javé). Porém, mais perigoso do que isso é um tolo cujas decisões estúpidas causarão grandes danos. Os sábios costumavam usar exageros humorísticos para enfatizar um ponto. Este versículo certamente serviria como um alerta para não se associar com pessoas tolas.
Provérbios 17.13 O homem que retribuir a bondade e a gentileza com o mal verá sua casa e posteridade sofrerem por causa disso. Nunca é correto dizer palavras ou ações malignas, e responder a palavras ou ações gentis com pessoas más é particularmente flagrante. Mas o que vai, volta. Aqueles que tratam outras pessoas com malevolência descobrirão que eles e suas famílias nunca estarão longe de problemas. Paulo leva isso mais do que um passo adiante quando aconselha: “Nunca paguem mal por mal a ninguém” (Rom. 12:17 NLT).
Os dois primeiros pontos apresentam uma metáfora que implicitamente compara o início de uma luta com a saída da água. Depois que começa, é difícil controlar e terminar. A segunda vírgula fornece conselhos com base nesta observação: nem comece um conflito fazendo uma acusação. No mínimo, aquele que enfrenta outra pessoa deve estar disposto a pagar o preço do problema que isso iniciará.
Provérbios 17.14 Brigar e como água derramada. A briga não pode ser contida depois de começada. A sabedoria, portanto, está em represar a discórdia antes que seja tarde demais. Os dois primeiros pontos apresentam uma metáfora que implicitamente compara o início de uma luta com a saída da água. Depois que começa, é difícil controlar e terminar. A segunda vírgula fornece conselhos com base nesta observação: nem comece um conflito fazendo uma acusação. No mínimo, aquele que enfrenta outra pessoa deve estar disposto a pagar o preço do problema que isso iniciará.
Provérbios 17.15 Como Deus é o Deus da justiça, Ele detesta aqueles que a pervertem, tanto os que declaram a inocência dos culpados como os que declaram a culpa dos inocentes. Estes, abomináveis são para o Senhor (Pv 16.5). É tão errado julgar mal as pessoas no nível fundamental de retidão e iniquidade. Deus odeia ver os justos considerados ou tratados como se fossem maus e vice-versa. Julgar corretamente seria especialmente importante em um contexto legal, e talvez esse contexto esteja especificamente em mente. Deuteronômio 25:1 instrui os juízes a julgar os justos como justos e os ímpios como ímpios. Se o contexto legal for primário, então o versículo pode ser traduzido como:
Absolver o culpado e condenar o inocente -Provérbios 17.16 A riqueza na mão do insensato e um ultraje moral. Mesmo que ele tenha dinheiro, não poderá comprar aquilo que e incapaz de apreciar: a sabedoria. Não sabemos se o “preço” da sabedoria é literal ou metafórico, mas o princípio geral ainda é claro: os tolos não podem comprar sabedoria com dinheiro quando não têm desejo ou capacidade real para isso (“coração vazio”). Se literal, o “preço” pode se referir ao dinheiro da mensalidade que um aluno pagaria ao professor, mas não temos certeza sobre o contexto social da literatura sapiencial. Se metafórico, o ditado simplesmente questiona qualquer busca de sabedoria por parte de um tolo, que em virtude de ser um tolo é constitucionalmente incapaz de adquiri-la. Afinal, os tolos dizem em seus corações que Deus não existe (Sl 14:1; 53:1); como no mundo eles poderiam afirmar que o “princípio da sabedoria é o temor de Deus” (ver Provérbios 9:10)?
o Senhor detesta os dois. (NVI)
Provérbios 17.17 Este versículo enaltece a fidelidade. Ao contrário dos colegas inconstantes, o amigo verdadeiro é constante, é um irmão de verdade ajuda nas horas de aflição. O provérbio comenta sobre os relacionamentos fundamentais de alguém, particularmente aqueles com os quais se pode contar em tempos difíceis. A relação entre as duas colas é ambígua; não está perfeitamente claro se a intenção do provérbio é destacar o irmão sobre o amigo. Eu acho que não. A relação entre a cola parece ser de intensificação e particularização, mas não de contraste. O fato de um amigo amar o tempo todo incluiria momentos de adversidade. O fato de um irmão nascer para a adversidade não significa que seja ele quem está causando atrito, mas um irmão está lá nos bons e maus momentos para fornecer ajuda durante a adversidade.
Provérbios 17.18 Ser fiador de outra pessoa não é errado, mas este provérbio advoga a cautela nessas transações (Pv 11.15). O que realiza o empréstimo pode perder sua independência. O paralelismo desse provérbio vai do geral ao específico. Dois pontos 1 rebaixa uma pessoa que aperta a mão de outra para confirmar um acordo legal, mas a natureza exata desse acordo não é identificada até o segundo dois pontos. Lá é especificado como garantia de algum tipo de empréstimo ou outra transação para um amigo. Provérbios é consistente em seu conselho de não oferecer segurança, seja para um amigo ou para um estranho (cf. 6:1–5; 11:15; 20:16; 22:26; 27:13). É realmente bom ajudar o próximo, mas quando surgir uma situação de necessidade, então seja generoso (Pv 11:24; 28:27; 29:7, 14). No entanto, as pessoas devem evitar dar algo que precisam receber de volta. A expressão “falta de coração” é usada em outras partes de Provérbios e indica falta de caráter. Pode enfatizar um julgamento falho, uma ausência de inteligência ou talvez uma falta de coragem.
Provérbios 17.19 O que ama a exaltação e a rebelião pode descobrir que a rebelião só gera mais problemas e que quem se vangloria de sua força sempre será testado. Este provérbio é um dos mais difíceis do livro. Ambas as colas são enigmáticas. O primeiro cólon obviamente critica aqueles que gostam de lutar. No entanto, o que significa “amar uma ofensa”? Pode significar amar a ofensa de outra pessoa e apenas removê-la até que a outra pessoa não aguente mais e responda com raiva. Ou talvez esteja simplesmente dizendo que quem gosta de lutar gosta de ofender as pessoas.
Quaisquer que sejam as dificuldades do primeiro cólon, o segundo é mais difícil de entender. O que significa construir uma porta alta? E como isso se relaciona com o cólon 1? Algumas pessoas entendem a palavra traduzida como “alto” (gābah) como significando “arrogante” e para se encaixar na ideia de que a arrogância leva à queda. Isso parece improvável. Mais provavelmente, refere-se a um problema arquitetônico. Assim como as pessoas que gostam de criticar uma ofensa ou ofender os outros naturalmente levarão ao caos de uma briga, aqueles que constroem uma porta muito alta certamente a farão desabar.
Provérbios 7.20 Do coração perverso só pode surgir corrupção e perversidade. Estas se entranham tão profundamente que a pessoa deixa de saber até como buscar o bem. Este provérbio compara “corações” com “línguas”, o que não é incomum no livro, que reconhece que a fala das pessoas reflete sua personalidade central (16:23 e especialmente 3:1). O provérbio simplesmente observa que os ímpios sofrerão consequências terríveis.
Provérbios 17.21 O filho tolo é uma realidade das mais difíceis de aceitar-se (Pv 10.1). Não há dor pior para o coração do que perceber que o filho de alguém é tolo, de coração empedernido a Deus e inútil para a vida. Este provérbio expressa um sentimento frequentemente encontrado no livro, começando com o primeiro provérbio desta coleção (10:1). Provérbios tem um vocabulário variado para o tolo e aqui usa tanto “tolo” (kĕsîl) quanto “idiota” (nābāl). Nossa compreensão das nuances, no entanto, é limitada. Em outro lugar, traduzimos ambas as palavras simplesmente como “tolo”. No entanto, para uma ilustração histórica de uma nābāl, o leitor pode ler a história de um personagem com esse nome em 1 Sam. 25.
Provérbios 17.22 O papel da postura e dos sentimentos na saúde e no bem-estar físicos só tem sido levado em conta há pouco tempo pelos médicos ocidentais. Este provérbio afirma que há relação entre comportamento e saúde. Mais uma vez, os sábios mostram sua visão sobre o que hoje chamaríamos de psicologia de uma pessoa. O provérbio afirma que o bem-estar emocional de uma pessoa tem efeitos físicos.
Provérbios 17.23 Como o peso falsificado (Pv 16.11), a justiça pervertida pode destruir uma cultura. O termo “presente” foi traduzido literalmente de uma palavra que também significa “suborno”. No versículo 8, a mesma palavra hebraica se traduz positivamente como “presente”, mas neste versículo o sentido é negativo, porque o objetivo do presente é perverter a justiça.
Este provérbio claramente fala negativamente sobre subornos (veja “Subornos/Presentes” no apêndice, bem como Êxodo 23:8; Deuteronômio 16:19; 27:25; Salmos 15:5; Eclesiastes 7:7; Isaías 1:23; 5:23; Ezequiel 22:12), pelo menos em relação a subornos dados com a clara intenção de perverter a justiça. Dar suborno para perverter a justiça é um grande crime. A referência ao suborno vindo do seio provavelmente indica que os subornos são dados secretamente.
Não está absolutamente claro que o seio é do ímpio, que pode estar tirando-o do seio de outra pessoa. Em outras palavras, não temos certeza se os perversos neste provérbio são os que dão ou recebem o suborno. Em ambos os casos, está errado. A referência a “caminho” (ʾōraḥ) é uma reminiscência da teologia de dois caminhos particularmente prevalente nos primeiros nove capítulos, com ʾomraḥ como uma alternativa frequentemente usada para “caminho” (derek). A referência à “justiça” (mišpāṭ) pode indicar um contexto especificamente legal para este provérbio.
Provérbios 17.24 A sabedoria resulta em uma vida satisfatória. O louco continua a procura sem encontrar nenhuma satisfação. Este provérbio pode falar de concentração em um objetivo. A sabedoria é o foco das pessoas com entendimento, e é por isso que elas têm entendimento. Por outro lado, os tolos são distraídos. Seu foco é muito amplo e disperso. Qoheleth, o Mestre em Eclesiastes, pode estar respondendo à ideia por trás desse provérbio quando afirma: “‘Eu serei sábio!’ Mas estava longe de mim. Longe está aquilo que é, e profundo, profundo, quem pode encontrá-lo?” (7:23–24)
Provérbios 17.25 Como em Provérbio 17.21 (Pv 10.1), este versículo amplifica a capacidade do filho tolo de envergonhar os pais que amam e creem em Deus. Tanto o pai como a mãe sofrem. Se sofrem separados (ao invés de juntos), possivelmente perderão não apenas o filho teimoso como também um ao outro. Este é outro de uma série de provérbios que descrevem o desapontamento dos pais se um filho se revelar um tolo (veja também 10:1; mais recentemente 17:21). O objetivo desses provérbios pode ser, em parte, motivar os pais a trabalhar arduamente para inculcar sabedoria em seus filhos. Mas esse provérbio também pode ser dirigido às crianças, para motivá-las a não viver de uma maneira que irrite seus pais.
Provérbios 17.26 Só um povo perverso puniria o justo. Como vários outros provérbios, este descreve o que deve ser identificado como um ultraje. Este provérbio apresenta duas situações em que as consequências não correspondem corretamente ao caráter de uma pessoa. Os justos merecem recompensa, não punição, assim como uma pessoa honrada. Mais uma vez, é provável que o cenário principal desse provérbio seja legal e condene aqueles que dariam um veredicto impróprio em um processo judicial.
Provérbios 17.27 Refrear a língua é uma das marcas da sabedoria. Isso vai contra as nossas expectativas. Geralmente esperamos que o sábio fale, e não ouça. A ideia de sabedoria sugere uma pessoa que é parcimoniosa nas palavras e também cuidadosa na expressão emocional. Em outras palavras, os sábios estão no controle de si mesmos. Dessa forma, eles regulam como as outras pessoas os perceberão. Ao falar com moderação, o sábio consegue refletir sobre o que vai dizer.
Provérbios 17.28 Este provérbio é um complemento ao versículo 27 e fala do valor de refrear a língua, até mesmo no caso do tolo. Quando um tolo refreia os seus lábios, pode até haver gente que o considere sábio. Essa percepção se dissipara rapidamente quando o tolo começar a falar. Conectado em tema ao provérbio anterior, este versículo reitera o valor de falar apenas quando é necessário. Usando o humor no primeiro cólon, os sábios sugerem que a melhor chance de um tolo ser considerado inteligente é evitar falar.
🙏 Devocional de Provérbios 17
Provérbios 17:1-6 (A Prioridade da Paz e a Honra Genuína)Provérbios 17 inicia destacando a inestimável primazia da paz e da harmonia sobre a opulência material, quando há discórdia. O versículo 1 ressalta que um bocado seco, acompanhado de tranquilidade, é preferível a um lar farto de banquetes, mas permeado por contendas. A sabedoria do v. 2 aponta para a ironia de um servo prudente que pode até governar sobre um filho desonrado, e participar da herança entre os irmãos, mostrando que o caráter supera a linhagem. Os vv. 3-4 nos lembram da capacidade divina de discernir o coração: o crisol é para a prata e o forno para o ouro, mas é o Senhor quem prova os corações. Um malfeitor, por sua vez, dá ouvidos à iniquidade, e o mentiroso escuta a língua perversa, revelando a afinidade do ímpio com a corrupção. Finalmente, os vv. 5-6 admoestam contra o escárnio aos pobres e a alegria com a calamidade alheia, pois quem age assim não escapará do castigo. A honra da velhice, por sua vez, são os netos, e a glória dos filhos, seus pais.
A aplicação prática dessas verdades nos impele a valorizar o intangível sobre o material e a cultivar um coração que busca a integridade. Para o cristão, a paz no lar e na comunidade da fé deve ser um bem inegociável, superando o desejo por bens e o conforto que geram discórdia, pois o Reino de Deus “não é comida nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo” (Romanos 14:17). No ambiente familiar, pais podem, através de seus atos, demonstrar que a harmonia e o amor superam a abundância de bens. Eles devem ensinar seus filhos a respeitar a dignidade de cada pessoa, independentemente de sua condição social, cultivando a empatia e a compaixão.
Filhos, por sua vez, ao honrarem seus pais e avós, contribuem para um legado de respeito e sabedoria, compreendendo que a verdadeira herança não é material, mas de caráter e valores. No ambiente profissional, a integridade e a ética devem prevalecer sobre a ganância ou a fofoca, que podem gerar contendas e macular a reputação. Um profissional que age com justiça e compaixão, e que busca a paz com seus colegas, é valorizado por Deus e pelos homens. Como cidadãos, somos chamados a defender os mais vulneráveis, a combater a zombaria e a promover a justiça social, lembrando que a celebração da desgraça alheia é abominável. A valorização da sabedoria dos mais velhos e o cultivo de laços familiares saudáveis são pilares para uma sociedade mais forte e compassiva.
Provérbios 17:7-11 (A Natureza da Fala e a Consequência da Injustiça)
Este segmento de Provérbios 17 aborda a incongruência da fala e a inevitabilidade das consequências da injustiça. O versículo 7 observa a impropriedade de um discurso elevado para um tolo, assim como a inverdade em lábios nobres, indicando que a sabedoria da fala é contextual e depende do caráter. O v. 8 compara o suborno a uma pedra preciosa aos olhos de quem o oferece, prosperando para onde quer que se volte – uma constatação cínica, mas realista, da eficácia distorcida da corrupção. O v. 9 afirma que quem encobre uma transgressão busca o amor, mas quem a divulga separa os amigos mais íntimos. Os vv. 10-11 descrevem a eficácia de uma repreensão para o homem de entendimento, comparada a cem açoites no tolo. E, em sua obstinação, o perverso busca apenas a rebelião, mas um mensageiro cruel é enviado contra ele, indicando que a punição é certa para quem persiste no mal.
A aplicação prática dessas verdades nos impele a uma reflexão sobre a integridade de nossas palavras e a inevitabilidade da justiça divina. Para o cristão, a autenticidade na fala é essencial: as palavras devem refletir a verdade do coração e serem adequadas à situação e à pessoa, evitando discursos vazios ou lisonjas enganosas (Tiago 3:10-12). A tentação de usar meios ilícitos para obter vantagens, como o suborno, deve ser veementemente rejeitada, pois, embora possa trazer sucesso aparente, é uma abominação aos olhos de Deus e não constrói nada duradouro. No ambiente familiar, pais podem ensinar seus filhos sobre o poder da discrição e do perdão; encobrir uma falha por amor fortalece laços, enquanto a fofoca os destrói.
Por outro lado, a repreensão, quando necessária, deve ser aplicada com sabedoria, sabendo que o objetivo é a correção, não a humilhação. Filhos devem aprender a aceitar a correção e a evitar a rebelião, que só lhes trará prejuízo. No ambiente profissional, a ética e a transparência devem ser inegociáveis, combatendo a tentação de oferecer ou aceitar subornos que comprometam a reputação e a justiça. Um profissional sábio entende que a repreensão, embora dolorosa, é uma oportunidade de crescimento. Como membros da igreja, somos chamados a exercitar a discrição e a restauração (Gálatas 6:1), em vez de espalhar ofensas que dividem o Corpo de Cristo. No contexto cívico, a condenação da corrupção e da rebelião contra a justiça é imperativa, pois a teimosia no mal inevitavelmente atrai o castigo, seja pelas leis humanas ou pela intervenção divina.
Provérbios 17:12-15 (A Loucura da Malícia e a Injustiça do Favoritismo)
Este bloco de Provérbios 17 apresenta a natureza destrutiva da malícia e a abominação da injustiça nos julgamentos. O versículo 12 adverte que é mais seguro encontrar uma ursa roubada de seus filhotes do que um tolo em sua insensatez, ilustrando o perigo extremo de lidar com a obstinação irracional. O v. 13 estabelece uma lei moral clara: quem retribui o bem com o mal, nunca verá o mal se afastar de sua casa, indicando a retribuição inevitável da ingratidão e da maldade. O v. 14 compara o início de uma contenda a uma represa que se rompe; por isso, é sábio abandonar a disputa antes que ela se espalhe. Finalmente, o v. 15 condena veementemente a injustiça: aquele que justifica o ímpio e aquele que condena o justo são igualmente abomináveis ao Senhor.
A aplicação prática dessas verdades exige discernimento e um compromisso inabalável com a justiça e a paz. Para o cristão, é vital reconhecer e evitar a insensatez teimosa, seja em si mesmo ou nos outros, e nunca retribuir o bem com o mal, mas antes, “vencer o mal com o bem” (Romanos 12:21). A ingratidão e a malícia trazem maldição para o próprio lar. No ambiente familiar, pais devem ensinar seus filhos a valorizar a gratidão e a nunca pagar o bem com o mal, pois tal atitude corrói os laços afetivos e atrai consequências negativas. Eles devem também ser exemplos de como encerrar discussões antes que elas se tornem destrutivas, buscando a paz em vez da vitória a todo custo. Filhos são exortados a não iniciar contendas e a perdoar, evitando que pequenas desavenças escalem.
No ambiente profissional, a busca pela conciliação é essencial, evitando que pequenas diferenças se transformem em grandes conflitos que prejudicam a equipe. Além disso, a imparcialidade é crucial: justificar um erro por favoritismo ou condenar um acerto por inveja é uma abominação ética que mina a confiança e a justiça no local de trabalho. Na comunidade eclesiástica, justificar a iniquidade ou condenar a retidão por partidarismo é uma deturpação da fé e um tropeço para muitos. A igreja deve ser um baluarte da justiça, onde o bem é reconhecido e o mal é corrigido sem parcialidade (1 Pedro 1:17). Como cidadãos, somos chamados a clamar por um sistema judicial justo, onde os culpados não sejam justificados e os inocentes não sejam condenados por interesses escusos. A apatia diante da injustiça ou a complacência com a corrupção nos tornam cúmplices de abominações aos olhos de Deus.
Provérbios 17:16-21 (A Busca da Sabedoria e a Amizade Verdadeira)
Este segmento de Provérbios 17 aborda a falta de sabedoria naqueles que buscam superficialidades e a força da amizade leal. O versículo 16 questiona o propósito de ter dinheiro nas mãos de um tolo, se ele não tem intenção de adquirir sabedoria, apontando para a futilidade da riqueza sem discernimento. O v. 17 oferece uma definição tocante da amizade: o amigo ama em todo o tempo, e na angústia, ele se torna um irmão, destacando a lealdade e o apoio mútuo. O v. 18 adverte sobre a imprudência de fiança, um ato sem sabedoria que acarreta sérios riscos. O v. 19 mostra que amar a contenda é amar a transgressão, e quem busca engrandecer sua porta (sinal de arrogância) busca a ruína. Finalmente, o v. 20 afirma que o coração perverso não achará o bem, e a língua enganosa cairá em calamidade, revelando a inevitabilidade do juízo sobre a maldade. O v. 21 conclui que o pai de um filho insensato terá tristeza, e o pai do tolo não terá alegria.
A aplicação prática dessas verdades nos orienta a priorizar o crescimento interior sobre a acumulação material e a cultivar relacionamentos autênticos. Para o cristão, o investimento na sabedoria espiritual e no conhecimento de Deus é infinitamente mais valioso que qualquer fortuna, pois “melhor é adquirir sabedoria do que ouro, e adquirir entendimento, mais do que a prata” (Provérbios 16:16). A amizade verdadeira, construída sobre o amor leal e o apoio nas adversidades, é um tesouro que deve ser cultivado e valorizado, refletindo o amor de Cristo que “ama em todo tempo” (João 15:13). No lar, pais sábios ensinam seus filhos a investir em conhecimento e caráter, mostrando que a riqueza sem discernimento é inútil. Eles também devem ser modelos de amizade leal, ensinando a importância de estar presente para os amigos nas horas difíceis.
Filhos, por sua vez, aprendem a escolher amigos com sabedoria, buscando aqueles que os apoiam e que se tornam como irmãos. No ambiente profissional, a honestidade e a confiabilidade são mais valiosas do que o desejo de se exibir ou de buscar ganhos financeiros por meios arriscados, como a fiança irresponsável. A integridade na fala e a lealdade aos colegas constroem uma reputação sólida e relacionamentos duradouros. Na comunidade eclesiástica, o amor e o apoio mútuo entre os membros são a essência da verdadeira comunhão cristã, fortalecendo uns aos outros nas lutas e alegrias. O envolvimento em contendas e a arrogância são um veneno que deve ser evitado. Como cidadãos, somos chamados a ser fiéis aos nossos amigos e a exercer a sabedoria financeira, evitando riscos imprudentes. A condenação da perversidade e da engano é um pilar para uma sociedade justa e confiável, onde a honestidade e a lealdade são recompensadas, e a maldade, inevitavelmente, encontra sua própria calamidade.
Provérbios 17:22-28 (A Saúde do Coração, a Perversidade do Suborno e a Sabedoria do Silêncio)
Este segmento final de Provérbios 17 concentra-se na influência do estado de espírito na saúde, na condenação do suborno e na virtude da discrição. O versículo 22 declara que um coração alegre é um bom remédio, mas o espírito angustiado seca os ossos, destacando a íntima conexão entre o bem-estar emocional e a saúde física. O v. 23 condena veementemente o ímpio que recebe suborno por baixo do pano para perverter os caminhos da justiça, revelando a insidiosa natureza da corrupção. Os vv. 24-25 contrastam o homem de entendimento, que mantém a sabedoria diante de si, com os olhos do tolo, que divagam pelos confins da terra, demonstrando a falta de foco do insensato. Um filho tolo é uma tristeza para o pai e amargura para a mãe. Os vv. 26-28 condenam a punição do justo e a nobreza de espírito em reter as palavras. Finalmente, o v. 28 conclui que até o tolo, quando calado, é tido por sábio, e quem fecha os lábios, por entendido.
A aplicação prática dessas verdades é um convite à vigilância interior, à integridade inabalável e à valorização do silêncio. Para o cristão, cultivar a alegria no Senhor é um bálsamo para a alma e o corpo (Neemias 8:10), e a rejeição de qualquer forma de suborno ou injustiça é um testemunho da retidão divina que habita nele. A sabedoria reside em manter o foco nos princípios eternos, em vez de se dispersar em trivialidades. No ambiente familiar, pais devem incentivar um espírito alegre em seus filhos, ensinando-os sobre a importância da saúde emocional e a necessidade de combater a amargura. Eles devem também ser exemplos de integridade, repudiando a corrupção em todas as suas formas e ensinando o valor da honestidade.
Filhos aprendem a valorizar a sabedoria e a evitar a tolice que traz tristeza aos pais. No ambiente profissional, um colaborador sábio se mantém focado em suas responsabilidades e busca a excelência, evitando distrações e a tentação de desviar-se para práticas antiéticas. A discrição e a ponderação nas palavras são qualidades que conferem credibilidade e respeito. Na comunidade eclesiástica, a alegria do Senhor deve ser a força da congregação, e qualquer prática de injustiça ou favoritismo deve ser exposta e corrigida. O silêncio oportuno e a reflexão antes de falar são marcas de maturidade espiritual e contribuem para a paz da igreja. Como cidadãos, somos chamados a promover a alegria e a saúde mental em nossa sociedade, lutando contra o suborno e a corrupção em todas as suas esferas, pois eles pervertem a justiça. A sabedoria do silêncio, da ponderação e da discrição é uma virtude cívica essencial para construir uma sociedade mais reflexiva e menos precipitada, onde a integridade e a verdade prevaleçam.
✡️✝️ Comentário dos Rabinos e Pais Apostólicos
✡️ Rashi (Rabbi Shlomo Yitzchaki, séc. XI)Provérbios 17:1 — “Melhor é um bocado seco, com tranquilidade, do que a casa cheia de feitura de contendas.”
“Rashi explica que a paz e a tranquilidade em casa são mais valiosas do que abundância material acompanhada de brigas e conflitos familiares.”
Comentário: Rashi ressalta a importância da harmonia doméstica acima do conforto material. Um ambiente pacífico traz verdadeira satisfação, enquanto riqueza em meio à discórdia destrói o bem-estar.
Fonte: Rashi on Proverbs 17:1 (Sefaria)
✡️ Malbim (Rabbi Meir Leibush ben Yehiel Michel, séc. XIX)
Provérbios 17:9 — “O que cobre a transgressão busca a amizade, mas o que repete o assunto separa os maiores amigos.”
“Malbim observa que o perdão e a discrição são fundamentos para manter boas relações, enquanto expor continuamente erros e falhas gera divisão e afastamento.”
Comentário: Malbim enfatiza que cultivar o perdão é um ato sábio para preservar amizades. A insistência em lembrar os erros prejudica a convivência e promove hostilidade, contrariando a sabedoria social.
Fonte: Malbim on Proverbs 17:9 (Sefaria)
✡️ Midrash Mishlei (מדרש משלי)
Provérbios 17:17 — “Em todo tempo ama o amigo, e na angústia nasce o irmão.”
“O Midrash Mishlei interpreta que a verdadeira amizade é constante, mas é na adversidade que os laços de fraternidade e solidariedade se revelam plenamente.”
Comentário: O Midrash destaca a diferença entre amizades superficiais e relacionamentos profundos que resistem às dificuldades. A adversidade testa e confirma o verdadeiro amor fraternal.
Fonte: Midrash Mishlei 17 no Sefaria
✝️ Orígenes (grego)
Provérbios 17:3 — “Χωνευτήριον τῷ ἀργυρίῳ καὶ κάμινος τῷ χρυσῷ· δοκιμάζει δὲ καρδίας ὁ Κύριος.”
(“O crisol é para a prata, e o forno para o ouro; mas o Senhor prova os corações.”)
«Ὥσπερ τὸ πῦρ δοκιμάζει τὰ μέταλλα, οὕτως ὁ Θεὸς δοκιμάζει τὰς καρδίας τῶν ἀνθρώπων· πρὸς καθαρότητα καὶ ἀρετήν.»
(“Assim como o fogo prova os metais, assim Deus prova os corações dos homens para a pureza e a virtude.”)
Comentário: Orígenes interpreta que as provações divinas são como o fogo que purifica os metais, com o objetivo de levar os fiéis à santidade.
Fonte: Origenes, Commentarii in Proverbia, PG 13:710-715
✝️ Clemente de Alexandria (latim)
Provérbios 17:9 — “Qui celat delictum quaerit amicitias...”
(“Aquele que encobre a transgressão busca a amizade...”)
«Qui paratus est ignoscere et non prodere delicta proximi, verus est amicus et imitator Christi.»
(“Aquele que está pronto a perdoar e não a divulgar as faltas do próximo é um verdadeiro amigo e imitador de Cristo.”)
Comentário: Clemente enfatiza a virtude do perdão e da discrição como fundamento das verdadeiras amizades cristãs.
Fonte: Clemens Alexandrinus, Paedagogus, PG 8:395-400
✝️ Eusébio de Cesareia (grego)
Provérbios 17:17 — “Φίλος ἀγαπητὸς ἐν παντὶ καιρῷ...”
(“Em todo o tempo ama o amigo...”)
«Ἡ ἀληθινὴ φιλία οὐδὲν γινώσκει καιρὸν· μόνιμος γάρ ἐστιν ὡς ἡ τοῦ Κυρίου φιλανθρωπία.»
(“A verdadeira amizade não conhece tempo, pois é constante como a filantropia do Senhor.”)
Comentário: Eusébio compara a amizade verdadeira à constante benevolência divina, ressaltando seu caráter perene e fiel.
Fonte: Eusébios, Demonstratio Evangelica, PG 22:1180-1185
✝️ Santo Agostinho (latim)
Provérbios 17:22 — “Cor gaudens aetatem floridam facit...”
(“O coração alegre é bom remédio...”)
«Sanitas animae in gaudio est; tristitia vero conficit et corrumpit. Gaudium in Domino est fortitudo nostra.»
(“A saúde da alma está na alegria; mas a tristeza a consome e corrompe. A alegria no Senhor é a nossa fortaleza.”)
Comentário: Agostinho vê na alegria uma fonte de vigor espiritual, relacionando-a com o júbilo no Senhor como sustento da vida cristã.
Fonte: Augustinus, Enarrationes in Psalmos, PL 37:1010-1015
📚 Comentários Clássicos Teológicos
📖 Matthew Henry (1662–1714)Henry comenta que este capítulo trata das virtudes da verdadeira sabedoria nas relações interpessoais, destacando o valor da paz, da mansidão e da prudência em oposição à discórdia e à insensatez.
Ele ressalta que “Melhor é um pedaço de pão seco com tranquilidade, do que a casa cheia de carnes com contenda” (v.1) mostra que a paz e a tranquilidade valem mais que a abundância acompanhada de conflito.
Sobre o versículo 3, Henry vê na fornalha a imagem da prova e do refinamento moral, comparando a prova do caráter humano com o trabalho do oleiro sobre o barro para moldá-lo.
O comentário em 17:9 enfatiza o poder do perdão para manter a amizade e a paz, lembrando que “quem perdoa uma ofensa cultiva a amizade, mas o que insiste nela separa os melhores amigos”.
Ele destaca também a importância da sabedoria contida na linguagem, como em 17:27-28, onde o homem sábio é aquele que sabe controlar a língua e falar com ponderação.
Henry conclui que Provérbios 17 é uma coleção de máximas práticas que visam promover harmonia, justiça e autocontrole como expressão da verdadeira sabedoria cristã.
Fonte: Matthew Henry Commentary on Proverbs 17
📖 John Gill (1697–1771)
Gill destaca a ênfase do capítulo nas virtudes sociais e morais, onde a moderação, a mansidão e a prudência são exaltadas como características do justo.
Ele analisa o contraste do versículo 1, “Melhor é um pedaço de pão seco com tranquilidade do que a casa cheia de carnes com contenda”, como um aviso contra a contenda doméstica e a importância da paz no lar.
Gill discorre sobre o versículo 3, onde o oleiro simboliza Deus, que molda o caráter humano por meio das provações.
No versículo 9, Gill observa o valor do perdão, entendendo-o como um ato de graça que evita a dissensão entre amigos.
Para ele, o capítulo apresenta conselhos práticos que visam disciplinar a língua, o coração e as ações para uma vida de retidão e harmonia.
Fonte: John Gill's Exposition of the Bible on Proverbs 17
📖 Albert Barnes (1798–1870)
Barnes comenta que Provérbios 17 ressalta as consequências morais das ações humanas nas relações sociais, destacando a importância do autocontrole e da sabedoria na fala.
Ele afirma que o versículo 1 mostra o valor da paz e da simplicidade, preferindo uma vida tranquila mesmo que com poucas posses.
Sobre o versículo 3, Barnes destaca que as provações são comparadas ao fogo que purifica, aplicando a metáfora à formação do caráter.
No versículo 9, ele afirma que o perdão é essencial para restaurar relações e que a insistência em ofensas gera divisões.
Barnes também chama atenção para a importância da prudência ao falar (vv. 27-28), mostrando que o silêncio muitas vezes demonstra sabedoria.
Fonte: Albert Barnes' Notes on the Whole Bible on Proverbs 17
📖 Keil (1807–1888) & Delitzsch (1813–1890)
Keil & Delitzsch fornecem uma análise detalhada do hebraico para enfatizar os temas do capítulo: a importância da paz e do autocontrole nas relações interpessoais.
No versículo 1, eles destacam a palavra hebraica לֶחֶם (lechem, “pão”) contrastada com בָּשָׂר (basar, “carne”) simbolizando a simplicidade contra a opulência, valorizando a tranquilidade.
No versículo 3, o verbo יִתְנַסֶּה (yitnasseh, “provar” ou “refinar”) é comentado no contexto do oleiro (כּוֹחַ, koach, “força” ou “poder”) que molda o vaso, simbolizando a prova do caráter.
Eles analisam o termo מְחִלָּה (mechillah, “perdão”) no versículo 9, como virtude que preserva amizades, evitando a destruição pela rancorosa lembrança das ofensas.
Os versículos finais (27-28) são interpretados como uma exaltação do domínio sobre a língua, onde o silêncio e a ponderação são sinais de sabedoria verdadeira.
Para Keil & Delitzsch, este capítulo trata das virtudes sociais essenciais para a vida comunitária e da formação do caráter sob a orientação divina.
Fonte: Keil & Delitzsch Commentary on Proverbs 17
📚 Concordância Bíblica
🔹 Provérbios 17:1 – “Melhor é um bocado seco e com ele a tranquilidade do que a casa cheia de carnes com contenda.”📖 Eclesiastes 4:6 – “Melhor é uma mão cheia com descanso do que ambas as mãos cheias com trabalho e aflição de espírito.”
Comentário: A sabedoria valoriza a paz sobre a abundância conflituosa. O ideal bíblico é o contentamento com pouco, quando acompanhado de paz e harmonia.
🔹 Provérbios 17:2 – “O servo prudente dominará sobre o filho que procede indignamente e entre os irmãos repartirá a herança.”
📖 Mateus 25:21 – “Foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei.”
Comentário: A fidelidade e sabedoria superam privilégios de nascimento. Jesus ensina que quem é fiel, mesmo sem posição, será exaltado.
🔹 Provérbios 17:3 – “O crisol é para a prata, e o forno para o ouro, mas o Senhor prova os corações.”
📖 1 Pedro 1:7 – “Para que a prova da vossa fé... mais preciosa do que o ouro...”
Comentário: A purificação do coração é obra divina. Pedro aplica esse princípio à fé provada como ouro no fogo.
🔹Provérbios 17:4 – “O malfazejo atenta para o lábio iníquo; o mentiroso inclina os ouvidos à língua maligna.”
📖 João 8:44 – “Vós tendes por pai ao diabo... porque nele não há verdade.”
Comentário: O caráter corrompido se atrai por palavras malignas. Jesus associa a mentira ao diabo, como fonte última do engano.
🔹 Provérbios 17:5 – “O que escarnece do pobre insulta ao que o criou; o que se alegra da calamidade não ficará impune.”
📖 Tiago 2:6 – “Mas vós desprezastes o pobre.”
Comentário: Zombar do pobre é insultar a Deus. Tiago condena a parcialidade, lembrando que todos foram criados por Deus.
🔹Provérbios 17:6 – “Coroa dos velhos são os filhos dos filhos; e a glória dos filhos são seus pais.”
📖 Salmo 128:6 – “E vejas os filhos de teus filhos.”
Comentário: Há honra mútua entre gerações. A bênção multigeracional é sinal da graça de Deus.
🔹 Provérbios 17:7 – “Não convém ao tolo a fala excelente; quanto menos ao príncipe o lábio mentiroso!”
📖 Efésios 4:29 – “Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe...”
Comentário: Palavras e caráter devem corresponder. O tolo e o príncipe são julgados não só pelo que dizem, mas por sua integridade.
🔹 Provérbios 17:8 – “O presente é, aos olhos dos que o recebem, como pedra preciosa; para onde quer que se volte, serve de proveito.”
📖 Gênesis 32:20 – Jacó envia presentes a Esaú “para aplacar-lhe o rosto”.
Comentário: O dom pode abrir caminhos e favorecer reconciliações. A Bíblia reconhece o valor estratégico e simbólico do presente.
🔹 Provérbios 17:9 – “O que encobre a transgressão busca a amizade, mas o que revolve o assunto separa os maiores amigos.”
📖 1 Pedro 4:8 – “O amor cobre uma multidão de pecados.”
Comentário: A misericórdia preserva relacionamentos. Pedro repete a sabedoria do perdão como expressão do amor cristão.
🔹 Provérbios 17:10 – “Mais profundamente entra a repreensão no prudente do que cem açoites no tolo.”
📖 Hebreus 12:11 – “Toda disciplina, no momento, não parece ser motivo de alegria...”
Comentário: O sábio aprende com pouca correção, o tolo não aprende nem com dor. Hebreus reforça que a disciplina é proveitosa para quem a recebe bem.
🔹 Provérbios 17:11 – “Certamente o rebelde não busca senão o mal; por isso, mensageiro cruel se enviará contra ele.”
📖 2 Samuel 20:1
“Sucedeu ali um homem de Belial, por nome Seba, [...] e disse: Não temos parte com Davi [...]. Então todos os homens de Israel se separaram de Davi.”
📖 Romanos 13:2
“Por isso, quem resiste à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação.”
Comentário: Tanto Seba quanto os rebeldes mencionados em Romanos mostram que resistir à ordem divina e civil atrai juízo. Provérbios 17:11 ilustra essa verdade: o rebelde colhe destruição como resposta divina à sua rebeldia.
🔹 Provérbios 17:12 – “Melhor é encontrar-se com uma ursa roubada dos filhos do que com o insensato na sua estultícia.”
📖 2 Samuel 17:8
“Teu pai é homem valente [...] como uma ursa no campo roubada de seus filhos.”
📖 Mateus 7:6
“Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis vossas pérolas aos porcos [...]”
Comentário: A imagem da ursa simboliza fúria perigosa. Contudo, o insensato em sua loucura é mais destrutivo, pois corrói tudo ao redor com obstinação. Jesus também adverte contra os perigos de compartilhar o sagrado com os insensatos.
🔹 Provérbios 17:13 – “Quanto ao que paga o bem com o mal, não se apartará o mal da sua casa.”
📖 Salmo 109:5
“Deram-me mal pelo bem, e ódio pelo meu amor.”
📖 Romanos 12:21
“Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.”
Comentário: A reciprocidade de injustiça atrai juízo. O princípio espiritual é claro: fazer o mal a quem faz o bem traz maldição, como Davi lamenta e Paulo contrasta com o ideal cristão de vencer o mal com o bem.
🔹 Provérbios 17:14 – “O princípio de uma contenda é como o soltar das águas; portanto, deixa a questão antes que haja rixa.”
📖 Tiago 1:19–20
“Todo homem, pois, seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar. Porque a ira do homem não opera a justiça de Deus.”
Comentário: Contendas, como águas de uma represa rompida, se tornam incontroláveis. Tiago aconselha domínio próprio como antídoto à escalada do conflito, ecoando o conselho de Provérbios.
🔹 Provérbios 17:15 – “O que justifica o ímpio e o que condena o justo, ambos são igualmente abomináveis ao Senhor.”
📖 Isaías 5:23
“Aos que justificam o ímpio por suborno, e ao justo negam justiça.”
📖 Lucas 23:24
“Então Pilatos resolveu atender-lhes o pedido.”
Comentário: A injustiça judicial — inverter o bem e o mal — é uma abominação para Deus. Pilatos é exemplo supremo: condena o Justo (Jesus) e solta um criminoso (Barrabás).
🔹 Provérbios 17:16 – “De que serviria o dinheiro na mão do tolo para comprar sabedoria, visto que não tem entendimento?”
📖 Isaías 55:1–2
“Vinde, comprai sem dinheiro e sem preço [...] Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão?”
📖 Atos 8:20
“Pedro, porém, disse: O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois cuidaste que o dom de Deus se alcança por dinheiro.”
Comentário: Verdadeira sabedoria não é mercadoria. Como Simão, o mágico, o tolo pensa que pode comprar o que é espiritual. Deus rejeita essa pretensão.
🔹 Provérbios 17:17 – “Em todo tempo ama o amigo e na angústia nasce o irmão.”
📖 João 15:13
“Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a sua vida pelos seus amigos.”
Comentário: Jesus é o exemplo supremo de amizade verdadeira, demonstrando amor sacrificial. A amizade que resiste ao tempo e à provação revela um amor fraterno e espiritual.
🔹 Provérbios 17:18 – “O homem falto de entendimento compromete-se, ficando por fiador do seu companheiro.”
📖 Provérbios 6:1–3
“Filho meu, se ficaste por fiador do teu companheiro [...] livra-te.”
📖 Filemom 1:18–19
“Se te fez algum dano [...] põe isso na minha conta. Eu, Paulo, o escrevi de meu próprio punho.”
Comentário: A Escritura desaconselha compromissos imprudentes, mas mostra também o amor sacrificial de Paulo, que se oferece como fiador de Onésimo — um gesto que prefigura o evangelho.
🔹 Provérbios 17:19 – “O que ama a transgressão ama a contenda; o que exalta a sua porta busca a ruína.”
📖 1 Coríntios 13:4–5
“O amor não se ensoberbece, não se irrita, não suspeita mal.”
Comentário: Orgulho e provocação são portas abertas à ruína. O verdadeiro amor rejeita a contenda, buscando paz e humildade — o oposto do comportamento exaltado.
🔹 Provérbios 17:20 – “O perverso de coração jamais prosperará, e o que tem língua perversa cairá no mal.”
📖 Tiago 3:6
“A língua é fogo [...] contamina todo o corpo e inflama o curso da natureza.”
Comentário: A perversidade interna e a fala destrutiva conduzem ao juízo. Tiago retoma o princípio de Provérbios, ligando língua e coração como fontes do mal.
🔹 Provérbios 17:21 – “O que gera um tolo para sua tristeza o faz; e o pai do insensato não se alegrará.”
📖 Lucas 15:13–24
O filho pródigo traz tristeza ao pai — e depois alegria com seu retorno.
Comentário: A dor causada por filhos insensatos é tema universal. O pai do filho pródigo simboliza o coração divino, ferido pelo pecado e alegre com o arrependimento.
🔹 Provérbios 17:22 – “O coração alegre é bom remédio, mas o espírito abatido faz secar os ossos.”
📖 Filipenses 4:4
“Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo: alegrai-vos.”
Comentário: A alegria espiritual é força vital, saúde emocional. Paulo manda regozijar-se no Senhor, pois a alegria cristã cura a alma, como ensina Provérbios.
🔹 Provérbios 17:23 – “O perverso aceita suborno secretamente, para perverter as veredas da justiça.”
📖 Deuteronômio 16:19
“Não torcerás o juízo; não tomarás suborno [...]”
📖 Mateus 28:12–15
Os guardas aceitaram suborno para mentir sobre a ressurreição.
Comentário: O suborno corrompe a justiça. Desde a Lei de Moisés até os evangelhos, Deus denuncia esse pecado, como no caso da corrupção dos guardas do túmulo de Jesus.
🔹 Provérbios 17:24 – “Para o prudente, a sabedoria está diante do seu rosto; mas os olhos do tolo estão nas extremidades da terra.”
📖 Tiago 3:17
“A sabedoria [...] é, primeiramente, pura, depois pacífica, moderada [...]”
Comentário: O sábio foca no que edifica; o tolo se dispersa com fantasias. Tiago descreve a sabedoria como centrada no bem, enquanto o tolo busca em vão nas extremidades da terra.
🔹 Provérbios 17:25 – “O filho tolo é tristeza para seu pai, e amargura para quem o deu à luz.”
📖 Provérbios 10:1
“O filho sábio alegra a seu pai, mas o filho tolo é a tristeza de sua mãe.”
Comentário: A repetição do tema mostra a gravidade da insensatez filial. O comportamento de um filho afeta profundamente os pais, e isso reflete o impacto espiritual das escolhas humanas diante de Deus.
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