Provérbios 23: Significado, Teologia e Exegese

Provérbios 23

Provérbios 23 continua a seção das Palavras dos Sábios, oferecendo conselhos práticos e advertências severas sobre a moderação, a honestidade e os perigos do vício e da má conduta. A mensagem geral do capítulo enfatiza a importância do autocontrole diante da tentação, a necessidade de um coração íntegro e as consequências devastadoras de ceder à cobiça, à embriaguez e à má companhia. No hebraico original, o texto mantém o uso de paralelismos, variando entre o antitético para contrastar caminhos e resultados, e o sintético para expandir ou complementar ideias.

Essa estrutura didática é empregada para gravar lições morais profundas na mente do ouvinte ou leitor. Esses ensinamentos encontram um eco notável no Novo Testamento, que também adverte contra a ganância e a imoralidade (Colossenses 3:5-6; 1 Coríntios 6:9-10), e exorta à sobriedade e ao domínio próprio (Tito 2:12; 1 Pedro 4:7). A preocupação com a educação dos filhos e o alerta contra os excessos demonstram a atemporalidade da sabedoria que busca moldar o caráter e promover uma vida virtuosa.

📝 Resumo de Provérbios 23

Provérbios 23 inicia alertando sobre os perigos da cobiça e da ostentação. Nos vv. 1–3, a sabedoria aconselha a ter discernimento quando se está à mesa de um governante, controlando o apetite. Adverte a não cobiçar suas iguarias, pois podem ser um alimento enganoso, com segundas intenções.

Já nos vv. 4–8, o texto instrui a não se esforçar para ficar rico, pois a riqueza é passageira e desaparece como uma águia voando para o céu. Não se deve comer o pão do invejoso nem desejar suas iguarias, pois ele pensa de um jeito e fala de outro. Ele diz "coma e beba", mas seu coração não está com você. Você vomitará a pequena porção que comeu e terá desperdiçado suas palavras amigáveis.

No que se refere à sabedoria na fala e a justiça divina, em Pv 23:9–11, a sabedoria adverte a não falar aos ouvidos do tolo, pois ele desprezará suas palavras inteligentes. Não remova os marcos antigos da propriedade nem invada as terras dos órfãos, pois o Redentor deles é forte e defenderá a causa deles contra você.

Em seguida, nos vv. 12–16, a sabedoria exorta à recepção da disciplina e à alegria dos pais. O conselho é dedicar o coração à instrução e os ouvidos às palavras do conhecimento. Não se deve poupar a disciplina da criança; bater nela com a vara não a matará. Pelo contrário, bater com a vara a livrará da morte. O pai se alegrará quando o filho tiver um coração sábio, e suas entranhas se regozijarão quando ele falar o que é reto.

Ainda sobre a retidão e as consequências do pecado, em Pv 23:17–21, a sabedoria aconselha a não invejar os pecadores, mas sim a temer o Senhor continuamente. Haverá um futuro recompensador para você, e sua esperança não será frustrada. É um chamado para ouvir e ser sábio, dirigindo o coração para o caminho certo. Não se associe com bebedores de vinho nem com glutões, pois tanto o bêbado quanto o glutão empobrecerão, e a preguiça os vestirá de trapos.

Os provérbios seguintes, nos vv. 22–25, tratam da relação com os pais e o valor da verdade. Ouça seu pai, que lhe deu a vida, e não despreze sua mãe quando ela envelhecer. Compre a verdade e não a venda, e também a sabedoria, a instrução e o entendimento. O pai do justo terá grande alegria, e quem tem um filho sábio se regozijará nele. Que seu pai e sua mãe se alegrem, e que aquela que o deu à luz se regozije.

Finalmente, a sabedoria conclui com a advertência sobre a mulher sedutora e os perigos do álcool. Nos vv. 26–28, o convite é para dar seu coração e seus olhos se deleitarem nos caminhos da sabedoria. A mulher adúltera e a prostituta são como um poço profundo e um poço estreito, respectivamente; elas armam ciladas como ladrões e aumentam o número de traidores entre os homens.

Os vv. 29–35 descrevem vividamente as consequências terríveis da embriaguez. Questiona-se quem tem “ai”, “quem tem dor”, “quem tem contendas”, “quem tem queixas”, “quem tem feridas sem motivo” e “quem tem olhos vermelhos”. A resposta é: aqueles que se demoram no vinho, que vão em busca de bebida misturada. Adverte a não olhar para o vinho quando ele brilha e desce suavemente, pois no final ele morde como uma serpente e pica como uma víbora. Seus olhos verão coisas estranhas, e sua mente proferirá coisas perversas. Você se sentirá como se estivesse deitado no meio do mar ou no topo de um mastro, dizendo: “Bateram em mim, mas não senti; chicotearam-me, mas não percebi. Quando acordarei para ir beber mais uma vez?”.

📖 Comentário de Provérbios 23

Provérbios 23.1-3 Boa parte do treino do cortesão era de boas maneiras para jantares e ocasiões formais. O comentário põe uma faca a tua garganta existe por causa de duas preocupações: (1) a conduta rude devia ser evitada a todo custo, e (2) iguarias reais em excesso poderiam fazer o convidado passar mal.

Este ditado proverbial é composto de três admoestações relacionadas e parece ser mais relevante para aqueles que estão a serviço, ou pelo menos têm acesso, a um governante poderoso. No entanto, uma aplicação mais ampla pode ser derivada deste ensinamento.

Este provérbio particular dá conselhos a um cortesão sobre boas maneiras à mesa. Pode parecer uma coisa banal, mas jantar é na verdade uma oportunidade para as pessoas manifestarem o tipo de autocontrole que demonstra sabedoria. Assim como os sábios devem controlar suas expressões emocionais e a frequência e o conteúdo de sua fala, eles também não devem permitir que seus apetites os controlem. Em nenhum lugar isso seria uma tentação maior do que na suntuosa mesa de um governante. Se o governante vê o apetite de um conselheiro em potencial levá-lo embora, então como o governante poderia confiar nele? Dessa forma, a comida é “falsa”: é uma armadilha em potencial que faria com que o futuro cortesão perdesse uma oportunidade.

A imagem da faca na garganta é vívida, sugerindo que seria melhor cortar a própria garganta do que cair na armadilha de comer demais na presença do governante.

Embora não exatamente iguais, Amenemope também alerta para os perigos de jantar na presença de um superior poderoso:

Não coma na presença de um funcionário
E então coloque sua boca diante (dele);
Se estiver saciado finja mastigar,
Contente-se com sua saliva.
Olhe para a tigela que está diante de você,
E deixe-o atender às suas necessidades.
Um oficial é ótimo em seu escritório,
Como um poço é rico em tiragens de água. (23.13–20)
[Traduzido por M. Lichtheim, COS 1:121.]
Este tipo de ensinamento também é encontrado em outros textos egípcios, como demonstrado pela seguinte citação do antigo Kagemni:
Quando você se senta com companhia,
Evite a comida que você ama;
A contenção é um breve momento,
A gula é vil e é reprovada.
Um copo de água mata a sede,
Um bocado de ervas fortalece o coração;
Uma coisa boa significa bondade,
Um pouco significa muito.
Vil é aquele cuja barriga cobiça quando (refeição) - o tempo passou,
Ele se esquece daqueles em cuja casa vagueia seu ventre.
[Tradução por M. Lichtheim, Ancient Egyptian Literature, 1:59–60]
E finalmente também Ptahotep:
Se você é um entre os convidados
Na mesa de alguém maior que você,
Pegue o que ele der, pois está diante de você;
Olhe para o que está diante de você,
Não atire muitos olhares para ele,
Molestá-lo ofende o ka. (119–26)
[Ibid., 65]
Provérbios 23.4, 5 Estes versículos conclamam moderação no trabalho. Se por um lado os provérbios difamam a preguiça (Pv 22.13), por outro desestimulam trabalhar demais com vistas a ajuntar grandes posses. Este provérbio é frequentemente citado como aquele que tem um paralelo bastante específico em Amenemope:
Não se esforce para buscar aumento,
O que você tem, deixe-o bastar.
Se as riquezas chegam até você por roubo,
Eles não vão passar a noite com você.
Chega o dia em que eles não estão em sua casa
Seu lugar é visto, mas eles não estão lá;
A Terra abriu a boca. Nivelou-os, engoliu-os,
E os fez afundar nisso.
Eles fizeram um buraco tão grande quanto seu tamanho,
E afundou no submundo;
Fizeram para si asas como gansos,
E voou para o céu. (9,14–10,5)
[Tradução de M. Lichtheim, in COS 1:118.]
O texto egípcio é mais extenso; fica-se impressionado com o sentimento semelhante e também com a imagem do pássaro voando para capturar a ideia da transitoriedade da riqueza. Mesmo com esses paralelos, certamente não é certo que algum tipo de empréstimo direto esteja envolvido aqui, pois certamente se poderia imaginar que os provérbios se desenvolveram independentemente ou que ambos os textos dependem de outro texto ou textos ainda desconhecidos.

De qualquer forma, o provérbio, no contexto do livro de Provérbios, é bastante marcante. Afinal, há um número considerável de provérbios que defendem o trabalho árduo (veja “Preguiça e Trabalho Duro” no apêndice) e implicam que a riqueza virá para aqueles que são sábios (3:9–10; 10:22; 14: 24). Mas esses provérbios não estão dando toda a verdade, já que os provérbios não pretendem fazê-lo. Há momentos e circunstâncias em que as pessoas podem trabalhar com os dedos crus e ainda assim ter um retorno insuficiente de seu trabalho. Chega um momento em que basta, de acordo com nosso ditado atual. E, de qualquer forma, a riqueza, quando chega, muitas vezes não fica. Em suma, esse provérbio ajuda as pessoas a colocar as riquezas em uma perspectiva adequada. Assim como a pobreza, há perigos que também fazem parte de ser rico (30:7–9; veja também Eclesiastes 5:13–17). Os leitores cristãos notarão um sentimento semelhante em relação à transitoriedade das riquezas em Mateus. 6:19, que fala de “tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem consomem e onde os ladrões arrombam e roubam” (NRSV).

Provérbios 23.6-9 “Não comas o pão daquele que tem os olhos malignos.” Esta expressão alerta para não comer o alimento servido pelo homem egoísta.

Provérbios 23:6–8 Considerando que 23:2-3 deu conselhos sobre boas maneiras à mesa com um rei, aqui temos conselhos sobre jantar com uma pessoa mesquinha. Uma conexão específica pode ser vista no aviso em ambas as passagens para não desejar suas iguarias. Em ambos os casos, embora a comida seja tentadora na superfície, deve-se resistir a ela. Pessoas mesquinhas (lit., “mau-olhado”) são aquelas que parecem encorajar sua participação na refeição, mas na realidade não estão interessadas em seu bem-estar ou diversão. A interpretação que defendemos aqui é que as iguarias são realmente uma farsa. Afinal, os anfitriões são mesquinhos e, portanto, serão baratos nas provisões. A comida (ela) realmente tem um gosto horrível, “como um fio de cabelo na garganta”, então será vomitada. O convidado desperdiçaria palavras com um pão-duro tão mesquinho, que serve uma comida tão repugnante.

Provérbios 23:9 O conselho mais sábio vai ricochetear nos ouvidos dos tolos. Pior ainda, isso trará sua hostilidade. Os tolos são contra a sabedoria, especialmente se essa sabedoria envolve algum tipo de crítica de seu comportamento. Jesus faz um comentário semelhante nos Evangelhos quando admoesta seus discípulos: “Não dê o que é santo a pessoas profanas. Não dê pérolas aos porcos! Eles pisarão as pérolas, depois se virarão e atacarão você” (Mateus 7:6 NLT).

Provérbios 23.10, 11 A tendência dos homens maus de todas as eras é de tirar vantagem dos indefesos. Porém, o destruidor precisa saber que a viúva e o órfão tem um Redentor, um protetor dos direitos da família — e Seu nome é Jesus Cristo.

Este provérbio tem a ver com a justiça social. Os primeiros dois pontos são idênticos aos de 22:28, e a discussão sobre terras e limites ali deve ser consultada. A segunda vírgula aplica a proibição de invadir a propriedade alheia a um grupo específico: os órfãos. Junto com as viúvas, os órfãos são um grupo socialmente impotente, não tendo pais que os defendam. Este provérbio empresta a autoridade do ensino de sabedoria por trás do encargo de não tirar vantagem da fraqueza dos órfãos.

Esta proibição é apoiada por uma forte sanção. A palavra para “redentor” é gōʾēl e é encontrada nas leis do pentateuco (Lev. 25:25–30, 47–55; cf. Rute 3; Jer. 32:1–15). É mais provável que as obrigações do gōʾēl se estendam além do especificado nas leis do pentateuco e “abrangem uma variedade de deveres em apoio a parentes enfraquecidos”. [R. L. Hubbard Jr., The Book of Ruth, New International Commentary on the Old Testament (Grand Rapids: Eerdmans, 1988), p. 52.] Neste caso, o redentor sem nome é certamente o próprio Javé, e a parte enfraquecida é uma referência àqueles cujos limites são adulterados, particularmente os órfãos.

Provérbios 23.12 A palavra hebraica traduzida como “disciplina” também pode ser traduzida como orientação.

Provérbios 23:12–14 Esta passagem se encaixa com outras que também falam da necessidade de instruir os jovens. O fato de a vara ser mencionada indica que os sábios não tinham ilusões sobre os jovens. Não é uma questão de tentar extrair o melhor das crianças. A sabedoria tinha que ser incutida neles, às vezes literalmente.

Depois de uma advertência inicial para se colocar em uma postura de aprendizado, sujeitando-se à disciplina e à instrução, o texto volta-se para o tema dos jovens. Reter a disciplina, mesmo a disciplina física, é questão de negligência. Coagi-los à instrução é um ato que salva vidas. Mais uma vez, o ensino é baseado em um paradoxo. Se alguém não bater em um jovem, esse jovem morrerá porque ele ou ela não crescerá em sabedoria, mas se tornará um tolo. Bata nas crianças no contexto da instrução e elas viverão. O sábio não está falando de uma surra rigorosa, mas de algo equivalente a uma surra. Isso pode ser inferido a partir da declaração prática “Eles não morrerão”, bem como da ênfase geral deste livro na moderação, bondade e gentileza.

Embora esse ensinamento não seja encontrado em Amenemope, é interessantemente descoberto no conto aramaico de Ahiqar: “Não poupe seu filho da vara; caso contrário, você pode salvá-lo (da maldade)?” (dizendo 3).

Provérbios 23.13-16 O versículo 13 alerta os pais que hesitam em disciplinar os filhos e são muito permissivos a aplicarem o castigo adequado e implementar limites as crianças. De forma alguma, este provérbio faz alusão a violência. A disciplina com amor não mata a criança birrenta; mas sim, educa.

Provérbios 23:15–16 A alegria do professor depende da demonstração de sabedoria do aluno. Afinal, esse é o propósito por trás dos esforços do professor na instrução. Esses dois versículos demonstram novamente (ver 16:23 também) a conexão entre a pessoa interior e a fala. Um coração sábio levará a palavras de integridade e, a partir das palavras de integridade, o ouvinte pode deduzir um coração sábio. Talvez esta passagem deva ser tomada como palavras de inspiração para os alunos que podem fazer seu professor feliz buscando sabedoria e falando com integridade. Como aponta Van Leeuwen, o desejo é que o filho fale como a Mulher Sabedoria (8:6). [Van Leeuwen, “Proverbs,” p. 206.]

Provérbios 23.17, 18 O versículo 17 contrasta fortemente a inveja dos pecadores com o temor do Senhor, um assunto sempre presente nos provérbios (Pv 1.7). O versículo 18 provê a perspectiva de que todos precisamos: o sucesso atual [ou a ausência dele] não é um resultado definitivo. A expressão “um fim bom” também pode ser traduzida como “futuro glorioso” (Nm 23.10). Este futuro está reservado a todos os justos que depositam sua fé em Cristo.

O Salmo 73 (ver também Salmo 37) é um exemplo clássico de uma pessoa que lutou contra a inveja dos pecadores e pode servir para dar um exemplo sólido ao princípio expresso aqui. O salmista olhou para os ímpios e viu que eles pareciam levar uma vida muito mais agradável do que ele, uma pessoa piedosa, desfrutava. Ele “os viu prosperar apesar de sua maldade” (Sl 73:3 NLT). Eles pareciam ricos, saudáveis e felizes, enquanto ele lutava. Como resultado, ele começou a questionar a Deus. O salmo foi escrito, porém, depois da luta. Ele havia percebido que a prosperidade dos pecadores era apenas aparente e de curta duração. Eles realmente estão “em um caminho escorregadio,... deslizando sobre o penhasco para a destruição” (v. 18 NLT).

Ele viu que seu raciocínio até este ponto teria levado à sua própria destruição. Em outras palavras, isso teria tirado sua esperança para o futuro. Ele percebeu que “minha saúde pode piorar e meu espírito pode enfraquecer, mas Deus continua sendo a força do meu coração; ele é meu para sempre” (v. 26 NLT). Assim, ele pode começar seu poema com “Verdadeiramente Deus é bom para Israel, para aqueles cujo coração é puro” (v. 1 NLT). Assim, esta passagem proverbial encoraja aqueles a adotarem a perspectiva final do salmista. Não é superficialmente aparente que seja verdade que aqueles que temem a Deus (para o qual veja Provérbios 1:7) têm um futuro, mas essa é a realidade última. Ver também 24:1–2, 19–20.

Provérbios 23.19-23 O beberrão e o comilão não têm autocontrole, um problema que representa um verdadeiro fardo para eles. O alcoolismo e a glutonaria são pecados, e ambos os vícios tendem a pobreza. Além das despesas causadas, tornam as pessoas improdutivas, sonolentas, desequilibradas e desprovidas de qualquer autoestima, o que é um constante sinal de pobreza.

Provérbios 23:19–21 Esta passagem começa com uma exortação para ser sábio. É seguido por outro imperativo admoestando o filho a marchar no caminho de seu coração. O que é surpreendente nisso é que em outros lugares se supõe que a inclinação natural de uma pessoa, particularmente de um jovem, é negativa. Acho que a melhor compreensão da dinâmica desse versículo é que ele pressupõe que o filho está no caminho da sabedoria ao assumir o compromisso de seguir o caminho certo. Uma vez tomada a decisão de ser sábio, então a exortação torna-se uma para continuar assim.

Nesse ponto, a passagem se transforma em uma proibição de excessos em termos de álcool e comida. A embriaguez e a gula são aqui castigadas. Em outro lugar, a justificativa para criticar a embriaguez tem a ver com obscurecer a capacidade de pensar e tomar decisões. Em outras palavras, isso perturba a sabedoria da pessoa. O mesmo pode se aplicar a comer demais, o que levaria a um comportamento letárgico, não ao tipo de trabalho diligente tão frequentemente incentivado no livro. No entanto, o motivo explícito dado aqui contra beber e comer demais é que tal excesso levaria à pobreza. Gastar muito dinheiro com muita comida e muita bebida seria tolice, não sábio. Para outro ensino contra beber demais, veja 20:1; 23:29–35; 31:1–9.

Provérbios 23:22–25 Esta passagem nos lembra das admoestações da primeira parte de Provérbios, e a conexão entre o bem-estar emocional dos pais e o quociente de sabedoria dos filhos nos lembra vários provérbios (por exemplo, 10:1). Tudo começa com a disposição de prestar atenção às instruções que os pais sábios transmitem aos filhos. A ênfase do texto em “gerar”/”dar à luz” sublinha a base da responsabilidade que as crianças têm para com aqueles que querem instruí-las. Afinal, a própria vida do filho é fruto da união entre pai e mãe. Além do apelo ao nascimento, o v. 22 também especifica a idade avançada da mãe. Essa referência à idade não é um apelo à piedade, mas se encaixa na ideia de sabedoria de que a idade avançada tem como consequência uma experiência adicional e, portanto, a mãe é uma fonte de grande sabedoria. Este é um recurso que não deve ser ignorado, muito menos desprezado.

Provérbios 23:23 Este versículo adota uma metáfora comercial para enfatizar a importância da sabedoria e suas qualidades associadas de verdade, disciplina e compreensão. O filho deve comprar (adquirir) sabedoria, mas não vendê-la. Afinal, como vimos em muitos lugares em Provérbios, não há riqueza que valha a pena separar-se da sabedoria.

O versículo está dividido em duas partes: primeiro, uma ordem positiva — “compra”; depois, uma negativa — “não vendas”. A palavra hebraica para “comprar” aqui é qanāh (forma imperativa miqneh), que quer dizer adquirir com esforço, custo ou sacrifício. O termo “verdade” é ʾĕmet, uma palavra muito rica em significado, que envolve lealdade, firmeza e confiabilidade — não é só “dizer a verdade”, mas viver de maneira verdadeira. Quando o texto diz “compra a verdade”, está dizendo: “faça de tudo para obtê-la, mesmo que isso te custe algo.”

Já a segunda parte, “e não a vendas”, usa o verbo mākar (timmōk no hebraico), que significa vender, ceder ou trocar algo por outro bem. O ensino é claro: nunca abra mão da verdade, mesmo que te ofereçam algo aparentemente melhor. Isso também vale para os três elementos que vêm a seguir: ḥokhmāh (sabedoria), mūsār (disciplina, correção moral) e ḇînāh (entendimento, discernimento). Todos esses termos juntos formam a espinha dorsal da vida sábia segundo Provérbios. A sabedoria (ḥokhmāh) é a capacidade de viver de modo justo e sensato; o ensino (mūsār) aponta para a correção que recebemos para amadurecer; o entendimento (ḇînāh) é o dom de perceber o que está por trás das aparências, o discernimento das coisas profundas.

A importância de adquirir e reter a sabedoria, a verdade e o entendimento em Provérbios 23:23
O caminho para uma vida próspera:
buscar sempre a verdade, a sabedoria e o entendimento em Provérbios 23.

Este versículo resume muito bem o espírito de Provérbios 23, que gira em torno da ideia de não se deixar seduzir por aparências ou vantagens imediatas (como riqueza fácil, prazeres do vinho ou relações destrutivas). Todo o capítulo apela à sabedoria que vem de dentro, que não se negocia por prestígio ou prazeres externos. O versículo 23, no coração desse discurso, funciona como um grito de resistência: “Valorize aquilo que é eterno, e não troque o essencial pelo passageiro.” Ele também ensina que buscar a sabedoria, o entendimento e a instrução na Palavra de Deus tem mais valor do que qualquer riqueza ou prazer carnal — é um investimento que supera todo o ouro e toda a prata deste mundo (cf. Provérbios 3:14-15). A mensagem é clara: conhecimento espiritual e verdade divina não podem ser comprados com bens terrenos, mas devem ser buscados como tesouros celestiais. Jesus reforça esse princípio em Mateus 13:44–46, quando compara o Reino dos Céus a um tesouro escondido ou a uma pérola de grande valor, pelos quais vale a pena abrir mão de tudo. Assim, Provérbios 23:23 não é apenas uma lição prática de sabedoria: é um chamado profundo para dar prioridade ao que tem valor eterno, mesmo que isso custe renúncias no presente.

Provérbios 23.24, 25 O pai alegra-se em ver seus filhos vencer na vida. Entretanto, a maior alegria dele reside em saber que seus filhos são justos e fieis ao Senhor. Isso parece ser apresentado como um motivo para o filho. Supõe que o filho gostaria que os pais fossem felizes. A conexão entre a busca de sabedoria do aluno/filho e a alegria do pai/professor também é o assunto de 23:15-16.

Provérbios 23.26-28 Os sábios de Israel não paravam de alertar contra a prostituta e a “estranha” [“pervertida”, na NVI] (Pv 7.24-27). Advertências contra atos de desvios sexuais, como adultério e prostituição, são comuns em Provérbios.

Mais uma vez, o pai apela ao filho para que preste atenção aos seus ensinamentos. Ele deseja que seu filho siga suas instruções e, assim, permaneça no caminho certo. O caminho é uma metáfora para o curso da vida de alguém e deriva da ideia de que a vida é uma jornada, com começo, meio e fim. Essa metáfora é amplamente usada em Provérbios, mas particularmente nos capítulos. 1–9.

A passagem continua com outro tema que permeia os capítulos. 1–9 (particularmente 5–7), embora também seja encontrado em 10–31: O pai adverte o filho sobre os perigos que cercam mulheres sedutoras e promíscuas. Para a descrição da mulher como “estrangeira”, veja 5:10, 20; 6:24; 7:5. O que é interessante aqui é a metáfora do “poço profundo” e do “poço estreito”. Superficialmente, essas são metáforas de perigo. Se alguém cair em um poço profundo ou em um poço estreito, o resultado seria ferimentos ou até mesmo a morte. Em referência ao perigo sexual, no entanto, não se pode perder a provável alusão a uma vagina. Pode ter múltiplas alusões, lembrando-nos também do “mundo inferior (Seol), ao qual conduz a casa da mulher estranha (2:19; 5:5; 7:27)”. [Van Leeuwen, “Proverbs,” p. 207.]

No último verso da passagem, a mulher promíscua é descrita como a iniciadora. Ela embosca como um ladrão. Não é que o homem que se apaixona por suas seduções seja inocente, mas é um pouco desconcertante pensar que o sábio só pensa na mulher que avança. O provérbio fornece apenas um instantâneo. A descrição é um aviso não para qualquer macho, mas para machos que estão no caminho certo, não para machos predadores, que seriam descritos como tolos. A passagem então pode reconhecer que as relações sexuais ilícitas são uma tentação particularmente difícil, mesmo para aqueles que têm os olhos postos no caminho certo.

Provérbios 23.29-35 Além da famosa descrição sobre a devassidão de Isaías (Is 19.11-15), este trecho bíblico é um dos ataques mais severos a bebedeira em toda a Bíblia (Pv 23.19-21; 20.1). Este provérbio adverte contra os perigos do alcoolismo, fornecendo uma imagem assustadora das garras do vício. A passagem começa com uma série de perguntas que são facilmente respondidas pela leitura do restante do texto, particularmente o v. 30. Os alcoólatras choram “ai” e “ai” por causa da dor e angústia que a compulsão traz para suas vidas. Os alcoólatras se metem em conflitos e brigas que produzem contusões porque, sob a influência da bebida, perdem todo o senso de decoro. Eles dizem a coisa errada e fazem a coisa errada na hora errada, e isso os coloca em apuros. O álcool traz um brilho literal aos olhos, mas isso também pode falar metaforicamente de uma incapacidade de ver as circunstâncias corretamente. Eles não veem com clareza, não pensam com clareza e não agem corretamente sob a influência.

Seria um erro ver isso como uma passagem que condena qualquer uso de bebidas alcoólicas. No início do livro, tonéis cheios de vinho foram mencionados como consequência da honra a Javé (3:10). De fato, o banquete da Mulher Sabedoria apresenta vinho misturado (9:2, 5). Como acontece com muitas coisas boas, porém, existe o perigo do vício, e as advertências em Provérbios devem ser vistas como destacando o perigo do alcoolismo, aqui identificado como demorar-se no vinho e procurar o recipiente de mistura. Para outras passagens que advertem contra o alcoolismo, veja também 20:1; 21:17; 31:4, 6.
A advertência vem no v. 31 quando o sábio diz aos alcoólatras para ficarem longe da bebida: Nem olhem para isso! Como uma mulher promíscua (veja os capítulos 5–7), parece tão atraente e a bebida desce pela garganta tão suavemente, mas as consequências são desastrosas. O álcool é como a picada venenosa de uma cobra. Isso pode matar.

Mas antes de matar, desorienta. Isso embaça a visão, então o bêbado vê coisas que não existem. Como alguém pode reagir com sabedoria se não conhece a realidade de uma situação? Além disso, a boca começa a falar coisas ofensivas. Novamente, isso vai contra o empreendimento da sabedoria. As metáforas do v. 34 captam bem a repugnante falta de equilíbrio de um bêbado. Em certo sentido, a pessoa até perde a capacidade de se orientar fisicamente. Ameniza a dor de uma forma inútil. Se a pessoa não sente dor, então não há motivação para se afastar da fonte da dor. Em tais circunstâncias, haverá muita dor assim que o efeito do “anestésico” passar.

A tragédia do vício, no entanto, é que, apesar da terrível experiência de estar bêbado, uma vez que a pessoa fica sóbria, há uma busca frenética pela próxima bebida. Como paralelo, Clifford cita a seguinte passagem da Instrução de Ani (4.7-10), um texto de sabedoria egípcia:

Não entrar em beber cerveja,
Para que você não pronuncie palavras malignas
E não sei o que você está dizendo.
Se você cair e machucar seu corpo,
Ninguém estende a mão para você:
Seus companheiros na bebida
Levante-se dizendo: “Fora com os bêbados!”
Se alguém vier procurá-lo e falar com você,
Alguém te encontra deitado no chão,
Como se você fosse uma criança.
[Clifford, Proverbs, p. 214.]
É em contraste com esse aviso mais direto que a descrição de Whybray da passagem de Provérbios como “estilo jocoso, para não dizer burlesco” faz sentido. [Whybray, Proverbs, p. 340.]

🙏 Devocional de Provérbios 23

Provérbios 23:1-5 (A Prudentia no Banquete e a Ilusão das Riquezas)

Provérbios 23 inicia com conselhos sobre a prudência ao lidar com pessoas influentes e a efemeridade das riquezas. O versículo 1 adverte: “Quando te assentares a comer com um potentado, considera atentamente o que está diante de ti”. O v. 2 sugere uma medida drástica de autocontrole: “E põe uma faca à tua garganta, se és homem de grande apetite”, sublinhando o perigo da intemperança e da falta de domínio próprio em situações delicadas. O v. 3 alerta para não desejar seus manjares finos, pois “são comidas enganosas”, indicando a superficialidade dos prazeres que podem esconder armadilhas. Os vv. 4-5 desaconselham a busca incessante por riquezas: “Não te canses para enriquecer; não apliques a tua sabedoria a isso”. “Pois as riquezas certamente criam asas como a águia e voam para o céu.”

A aplicação prática dessas verdades nos impele à moderação, ao discernimento e a uma visão correta sobre a riqueza. Para o seguidor de Cristo, a prudência é vital em todas as interações sociais, especialmente com aqueles em posição de poder, evitando a ganância ou a busca por favores. O autocontrole é um fruto do Espírito (Gálatas 5:23), e a intemperança pode levar a situações embaraçosas ou comprometedoras. A busca desenfreada por riquezas é uma armadilha, pois os bens materiais são passageiros e não garantem a verdadeira segurança (Mateus 6:19-21). No ambiente familiar, pais devem ensinar seus filhos sobre a importância do autocontrole e da moderação, seja à mesa ou em outras áreas da vida. Eles devem também alertar sobre a vaidade das riquezas e a futilidade de se desgastar apenas para acumulá-las, incentivando uma ética de trabalho saudável e o foco em valores duradouros.

Filhos aprendem que a busca por prazeres imediatos e a ganância podem esconder perigos, e que a verdadeira segurança não está na riqueza material. No ambiente profissional, a ética e o profissionalismo são cruciais ao interagir com superiores ou clientes poderosos. A moderação em festas e eventos corporativos é essencial para manter a reputação. A busca por enriquecimento rápido, por sua vez, muitas vezes leva a atitudes antiéticas e ao fracasso a longo prazo. Na comunidade eclesiástica, a moderação e o discernimento são esperados dos crentes em todas as suas interações. A igreja deve pregar contra a idolatria do dinheiro e a busca desenfreada por riquezas, lembrando que a verdadeira satisfação vem de Deus. Como cidadãos, somos chamados a praticar a temperança e o discernimento em nossas interações sociais, especialmente com figuras públicas. A crítica à ganância e à ostentação é um convite a valores mais profundos, pois a prosperidade de uma nação não se mede apenas pela riqueza, mas pela virtude e pela sabedoria de seus cidadãos.

Provérbios 23:6-8 (A Hipocrisia do Pão Ingrato e as Consequências da Falsidade)

Este bloco de Provérbios 23 adverte contra a hipocrisia e a falsidade nas relações sociais, especialmente em questões de hospitalidade. O versículo 6 aconselha: “Não comas o pão daquele que tem olho mesquinho, nem cobices os seus manjares finos”. O v. 7 explica a razão por trás dessa advertência: “Porque, como ele pensa em sua alma, assim ele é; ‘Come e bebe!’, te dirá ele, mas o seu coração não está contigo”. Isso revela a dissimulação e a falta de sinceridade de quem oferece algo com avareza ou má intenção. Finalmente, o v. 8 prevê a amargura das consequências: “O bocado que comeste, vomitá-lo-ás, e terás desperdiçado as tuas suaves palavras”.

A aplicação prática dessas verdades nos impele a buscar a autenticidade nas relações e a ser cautelosos com aqueles que agem com falsidade. Para o seguidor de Cristo, a sinceridade e a generosidade de coração são mais importantes do que as aparências. É vital discernir a motivação por trás das ações das pessoas e evitar se associar com aqueles que oferecem com uma mão, mas guardam o coração com a outra. A reciprocidade nas relações deve ser baseada na genuinidade, não em interesse. No ambiente familiar, pais devem ensinar seus filhos a reconhecer a falsidade e a evitar a hipocrisia, seja em si mesmos ou nos outros.

Eles devem modelar a hospitalidade genuína e a sinceridade nas interações, mostrando que o que importa é a intenção do coração, não apenas a aparência. Filhos aprendem a não se deixar enganar por ofertas que vêm de um coração mesquinho e a valorizar a honestidade nas amizades. No ambiente profissional, é crucial discernir as verdadeiras intenções dos colegas e parceiros de negócio, evitando aqueles que se apresentam com um sorriso, mas têm segundas intenções. A construção de relacionamentos baseados na confiança mútua é mais valiosa do que qualquer ganho momentâneo obtido por dissimulação. Na comunidade eclesiástica, a exortação à sinceridade e à pureza de intenções é fundamental.

A igreja deve ser um lugar onde a hipocrisia é exposta e onde a verdadeira comunhão se baseia no amor desinteressado. Como cidadãos, somos chamados a promover a honestidade e a transparência nas relações sociais e comerciais, combatendo a falsidade e a mesquinhez que corroem a confiança e o bem-estar coletivo. A sabedoria nos alerta que a convivência com a hipocrisia pode trazer amargura e arrependimento.

Provérbios 23:9-14 (A Futilidade da Instrução ao Tolo e a Necessidade da Disciplina)

Este bloco de Provérbios 23 aborda a futilidade de tentar instruir o tolo e a importância da disciplina parental. O versículo 9 aconselha: “Não fales aos ouvidos do tolo, porque desprezará a sabedoria das tuas palavras”, revelando que o insensato é incapaz de receber a instrução. O v. 10 adverte: “Não removas os marcos antigos, nem entres nos campos dos órfãos”, condenando a violação de limites e a exploração dos vulneráveis. O v. 11 justifica essa advertência: “Porque o seu Redentor é forte; Ele defenderá a causa deles contra ti”, sublinhando a proteção divina para os oprimidos. O v. 12 é um chamado à sabedoria: “Aplica o teu coração à instrução e os teus ouvidos às palavras do conhecimento”. Finalmente, os vv. 13-14 oferecem um conselho direto sobre a disciplina: “Não retires a disciplina da criança; se a ferires com a vara, não morrerá. Tu a ferirás com a vara e livrarás a sua alma do inferno”.

A aplicação prática dessas verdades nos impele a discernir a quem direcionamos nossa sabedoria, a defender os vulneráveis e a exercer a disciplina com amor e propósito. Para o seguidor de Cristo, nem toda pessoa está pronta para receber a sabedoria espiritual; há momentos para a discrição. A proteção dos órfãos, das viúvas e dos oprimidos é um mandamento direto de Deus, que se posiciona como o seu defensor (Tiago 1:27). A disciplina parental, quando aplicada com amor e com o objetivo de correção, é um ato de cuidado e um meio de guiar os filhos para a vida e para longe de caminhos destrutivos. No ambiente familiar, pais devem reconhecer quando é inútil argumentar com uma criança teimosa e devem, em vez disso, aplicar a disciplina de forma consistente e amorosa.

Eles devem também ensinar seus filhos a respeitar os limites e a proteger os mais fracos, mostrando que Deus é o defensor dos aflitos. Filhos aprendem que a instrução é para o seu bem e que a disciplina, embora dolorosa, os protege de consequências piores. No ambiente profissional, a discrição é essencial; nem todos os colegas ou clientes estão abertos a conselhos. A exploração de qualquer tipo de vulnerabilidade é antiética e trará consequências negativas, pois a justiça divina não falha. A capacidade de ouvir e aprender é fundamental para o crescimento na carreira. Na comunidade eclesiástica, a igreja deve ser um espaço de instrução e aprendizado, mas também de discernimento sobre a aplicação da Palavra.

A defesa dos pobres e dos desamparados é uma prioridade, e a disciplina eclesiástica, quando necessária, deve ser aplicada visando a restauração e o crescimento espiritual dos irmãos. Como cidadãos, somos chamados a respeitar os direitos dos mais fracos e a lutar contra a injustiça social em todas as suas formas, sabendo que Deus pleiteia a causa dos oprimidos. A valorização da disciplina na educação e na formação do caráter é crucial para o bem-estar e a ordem de uma sociedade, pois ela visa proteger e guiar para um futuro melhor.

Provérbios 23:15-18 (A Alegria da Sabedoria Filial e a Esperança do Justo)

Este bloco de Provérbios 23 celebra a alegria que os pais sentem ao verem seus filhos seguindo o caminho da sabedoria e reitera a certeza da esperança para o justo. O versículo 15 expressa o regozijo paterno: “Meu filho, se o teu coração for sábio, o meu coração se alegrará em mim, sim, em mim mesmo”. O v. 16 aprofunda essa alegria: “E as minhas entranhas exultarão quando os teus lábios falarem coisas retas”, conectando a sabedoria interior à fala íntegra. O v. 17 adverte contra a inveja dos pecadores: “Não tenha o teu coração inveja dos pecadores; antes, sê tu no temor do Senhor todo o dia”. Finalmente, o v. 18 oferece uma promessa de esperança: “Porque deveras haverá um bom fim, e a tua esperança não será frustrada”.

A aplicação prática dessas verdades nos impele a cultivar a sabedoria e a retidão, evitando a inveja e confiando na esperança que vem do Senhor. Para o seguidor de Cristo, a maior alegria é ver outros (sejam filhos ou discípulos) crescendo em sabedoria e falando a verdade (3 João 1:4). A inveja do aparente sucesso dos ímpios é uma armadilha que deve ser evitada, pois o temor do Senhor é a fonte da verdadeira prosperidade e da esperança inabalável (Salmo 73). A promessa de que a esperança do justo não será frustrada é um encorajamento para perseverar na fé. No ambiente familiar, pais devem incentivar seus filhos a buscar a sabedoria e a verdade, mostrando que o verdadeiro sucesso não está na riqueza material, mas no caráter e na retidão.

Eles devem também alertar contra a inveja, que é um veneno para a alma, e incutir a confiança na providência divina. Filhos aprendem que a alegria dos pais vem do seu bom caráter e que a esperança em Deus é uma âncora segura em meio às incertezas da vida. No ambiente profissional, a ética e a integridade devem prevalecer sobre a tentação de invejar o sucesso ilícito de outros. O profissional que age com retidão e sabedoria, falando a verdade, construirá uma reputação duradoura e terá uma esperança sólida para o futuro de sua carreira. Na comunidade eclesiástica, a alegria da comunhão se manifesta no crescimento espiritual uns dos outros.

A igreja deve combater a inveja e a cobiça, ensinando seus membros a temerem ao Senhor e a depositarem sua esperança Nele, que garante um bom fim para os Seus. Como cidadãos, somos chamados a valorizar a sabedoria e a retidão em nossa sociedade, combatendo a inveja e a cobiça que levam à criminalidade e à desordem social. A promoção da esperança e da confiança em princípios éticos e morais é crucial para o bem-estar de uma nação, pois a fé em um “bom fim” impulsiona o progresso e a perseverança em meio aos desafios.

Provérbios 23:19-25 (O Perigo da Embriaguez e o Valor da Sabedoria Paterna)

Este bloco de Provérbios 23 continua a advertir sobre os perigos da intemperança e a exortar à escuta da sabedoria dos pais. O versículo 19 faz um apelo direto: “Ouve tu, filho meu, e sê sábio, e dirige no caminho o teu coração”. Os vv. 20-21 condenam a embriaguez e a glutonaria: “Não estejas entre os bebedores de vinho, nem entre os comilões de carne. Porque o bebedor e o comilão cairão em pobreza, e a sonolência os vestirá de trapos”. O v. 22 enfatiza a honra aos pais: “Ouve a teu pai, que te gerou, e não desprezes a tua mãe, quando ela envelhecer”. O v. 23 aconselha a investir na sabedoria: “Compra a verdade e não a vendas; também a sabedoria, a instrução e o entendimento”. Finalmente, os vv. 24-25 expressam a alegria dos pais ao verem a retidão dos filhos: “Grandemente se regozijará o pai do justo; e o que gerar um filho sábio se alegrará nele. Que se alegrem teu pai e tua mãe; e que se regozije a que te deu à luz”.

A aplicação prática dessas verdades nos impele à moderação, à honra aos pais e a uma busca incessante pela verdade e pela sabedoria. Para o seguidor de Cristo, a temperança é uma virtude essencial, pois os excessos na comida e na bebida levam à pobreza e à degradação. A honra aos pais é um mandamento fundamental com promessa (Efésios 6:2-3). A busca pela verdade e pela sabedoria deve ser uma prioridade, algo a ser adquirido e nunca negociado, pois “conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8:32). A alegria dos pais é um reflexo do caráter e da sabedoria dos filhos.

No ambiente familiar, pais devem ensinar seus filhos sobre os perigos dos vícios e dos excessos, promovendo um estilo de vida de moderação e equilíbrio. Eles devem também incutir o profundo respeito e a honra devida aos pais, independentemente de sua idade. O incentivo à busca pelo conhecimento, pela verdade e pela sabedoria é um legado inestimável. Filhos aprendem que a intemperança leva à miséria e que a honra aos pais e a busca pela sabedoria são fontes de alegria para toda a família. No ambiente profissional, a moderação e a sobriedade são qualidades que promovem a produtividade e a reputação. A valorização da experiência e do conhecimento dos mais velhos e a busca constante por aprendizado são cruciais para o crescimento.

Na comunidade eclesiástica, a temperança e a sobriedade são esperadas dos crentes. A igreja deve promover a honra aos idosos e a busca pela verdade e pela sabedoria bíblica como um tesouro inegociável, celebrando o crescimento espiritual de seus membros. Como cidadãos, somos chamados a promover a moderação e a combater os vícios que destroem vidas e famílias. A valorização da experiência e da sabedoria dos mais velhos, e a busca pela verdade em todas as áreas da vida pública, são cruciais para a saúde de uma nação. A alegria que uma sociedade sente ao ver suas gerações mais jovens prosperando em sabedoria e retidão é um sinal de um futuro promissor.

Provérbios 23:26-35 (O Perigo da Mulher Estranha e as Consequências da Embriaguez)

Este bloco final de Provérbios 23 encerra o capítulo com fortes advertências contra a sedução da mulher imoral e os devastadores efeitos do alcoolismo. O versículo 26 faz um apelo direto: “Dá-me, filho meu, o teu coração, e os teus olhos guardem os meus caminhos”. Os vv. 27-28 alertam sobre a mulher imoral: “Porque a prostituta é uma cova profunda, e a estranha é um poço estreito. Sim, ela, como um salteador, espreita, e multiplica os pérfidos entre os homens”. Os vv. 29-30 descrevem os sinais do vício em álcool: “Para quem são os ais? Para quem os pesares? Para quem as contendas? Para quem as queixas? Para quem as feridas sem causa? Para quem os olhos vermelhos? Para os que se demoram no vinho, para os que vão provar misturas de vinho”.

Os vv. 31-32 descrevem a beleza enganosa do vinho e suas consequências finais: “Não olhes para o vinho quando se mostra vermelho, quando resplandece no copo e desce suavemente. No fim, como serpente morderá e como víbora picará”. Os vv. 33-35 detalham os efeitos do álcool: “Os teus olhos verão coisas estranhas, e o teu coração proferirá coisas perversas. E serás como o que se deita no meio do mar, e como o que se deita no alto do mastro. E dirás: ‘Espancaram-me, e não doeu; bateram-me, e não o senti; quando despertarei para tornar a beber?’”

A aplicação prática dessas verdades nos impele a proteger nosso coração e nossos olhos das tentações imorais e a fugir do vício da embriaguez. Para o seguidor de Cristo, a pureza de coração e a vigilância sobre os olhos são cruciais para evitar as armadilhas da imoralidade, que leva à destruição (Mateus 5:28). A embriaguez é condenada, pois tira o discernimento, causa sofrimento e dependência, e impede a liberdade espiritual. A moderação e a temperança são virtudes essenciais para uma vida plena em Cristo. No ambiente familiar, pais devem alertar seus filhos sobre os perigos da imoralidade sexual e do alcoolismo, mostrando as consequências devastadoras que esses vícios trazem para a saúde, os relacionamentos e a reputação.

Eles devem modelar a sobriedade e a pureza, incentivando um estilo de vida de autocontrole. Filhos aprendem a guardar seu coração das tentações e a reconhecer os sinais e os perigos do vício, que causa sofrimento e vergonha. No ambiente profissional, a sobriedade e a integridade moral são essenciais para a reputação e a produtividade. A imoralidade e o alcoolismo podem destruir carreiras e relacionamentos de trabalho. Na comunidade eclesiástica, a pureza sexual e a sobriedade são valores fundamentais para a saúde da igreja. A igreja deve exortar seus membros a fugir das tentações e a buscar auxílio para aqueles que lutam contra vícios, promovendo a restauração e a santidade.

Como cidadãos, somos chamados a proteger a juventude dos perigos da imoralidade e do alcoolismo, promovendo campanhas de conscientização e oferecendo apoio para a recuperação. A conscientização sobre as consequências da imoralidade e do vício é crucial para o bem-estar da sociedade, pois eles causam sofrimento individual e desestrutura familiar e social. A sabedoria nos chama a escolher a vida e a pureza, fugindo das armadilhas que, embora pareçam atraentes, conduzem à dor e à ruína.

✡️✝️ Comentário dos Rabinos e Pais Apostólicos

✡️ Rashi (Rabbi Shlomo Yitzchaki, séc. XI)

Provérbios 23:4 — “Não te fatigues para enriqueceres; deixa de aplicar a tua inteligência a isso.”

“Rashi interpreta que este versículo adverte contra a busca obsessiva por riquezas materiais, que pode causar desgaste e afastar o homem da verdadeira sabedoria.”

Comentário: Rashi enfatiza o equilíbrio na vida, recomendando que a pessoa não desperdice sua energia somente para acumular bens, mas sim para cultivar virtudes mais duradouras.

Fonte: Rashi on Proverbs 23:4 (Sefaria)

✡️ Malbim (Rabbi Meir Leibush ben Yehiel Michel, séc. XIX)

Provérbios 23:12 — “Aplica o teu coração à instrução, e os teus ouvidos às palavras do conhecimento.”

“Malbim destaca a necessidade de uma disposição ativa para aprender, ouvindo atentamente e incorporando os ensinamentos com dedicação.”

Comentário: O aprendizado é um processo que exige não apenas audição passiva, mas envolvimento do coração e da mente, garantindo transformação pessoal.

Fonte: Malbim on Proverbs 23:12 (Sefaria)

✡️ Midrash Mishlei (מדרש משלי)

Provérbios 23:20 — “Não estejas entre os beberrões de vinho, nem entre os comilões de carne.”

“O Midrash Mishlei aconselha evitar excessos e vícios que levam à perdição, defendendo a moderação como caminho para a sabedoria.”

Comentário: Este versículo alerta contra o comportamento desregrado, que pode afastar o indivíduo da vida virtuosa e da comunhão com Deus.

Fonte: Midrash Mishlei 23 no Sefaria

✝️ Orígenes (grego)

Provérbios 23:12 — “Ἐπίβαλε παιδείᾳ καρδίαν σου καὶ τὰ ὦτα σου εἰς λόγους γνώσεως.”
(“Aplica o teu coração à instrução e os teus ouvidos às palavras do conhecimento.”)

«Ἡ καρδία τοῦ ἀνθρώπου δεῖ εἶναι πρόθυμος πρὸς παιδείαν· εἰ δὲ μή, ἡ ἀκοὴ αὐτοῦ μάτην κόπτονται.»
(“O coração do homem deve ser pronto para a instrução; caso contrário, sua audição se fatiga em vão.”)

Comentário: Orígenes insiste na necessidade de disposição interior para acolher a sabedoria: ouvir não basta sem uma entrega do coração.

Fonte: Origenes, Homiliae in Proverbia, PG 13:785-790

✝️ Clemente de Alexandria (latim)

Provérbios 23:4 — “Μὴ φιλοπόνει πλοτεῖν· σοφίαν δὲ ἄρξαι σεαυτῷ.”
(“Não te fatigues para enriqueceres; sê sábio o suficiente para desistir.”)

«Ὁ πλοῦτος πολυπόνος καὶ ἀσταθής· ἡ δὲ σοφία ἀνάπαυσιν καὶ σωτηρίαν παρέχει.»
(“A riqueza é trabalhosa e instável; mas a sabedoria oferece repouso e salvação.”)

Comentário: Clemente contrasta a fadiga incessante da busca por riquezas com a serenidade da verdadeira sabedoria, adequada para o ideal cristão de desapego.

Fonte: Clemens Alexandrinus, Stromata, PG 9:540-545

✝️ Eusébio de Cesareia (grego)

Provérbios 23:20-21 — “Μὴ γίνου οἰνοπότης... οἱ γὰρ μεθύοντες καὶ δοῦλοι γαστρὸς πτωχεύσουσιν...”
(“Não sejas companheiro dos que se entregam ao vinho... os que se embriagam e se entregam à glutonaria acabarão na pobreza.”)

«Ἡ μέθη καὶ ἡ γαστριμαργία, πηγαὶ φθορᾶς καὶ πενίας· ὁ δὲ σωφρονῶν πλουτίζει τὰς ἀρετάς.»
(“A embriaguez e a glutonaria são fontes de corrupção e pobreza; mas quem é sóbrio enriquece em virtudes.”)

Comentário: Eusébio relaciona a disciplina do corpo com a abundância espiritual, valorizando a sobriedade como virtude essencial ao cristão.

Fonte: Eusebius Caesariensis, Commentarii in Proverbia, PG 23:550-555

✝️ Santo Agostinho (latim)

Provérbios 23:13-14 — “Noli subtrahere a puero disciplinam: si percusseris eum virga, non morietur... animam ejus de inferno liberabis.”
 (“Não retires a disciplina da criança; se a corrigires com a vara, não morrerá... livrarás a sua alma do inferno.”)

«Disciplina non est odium, sed caritas; flagellatur corpus, ut anima salvetur.»
(“A disciplina não é ódio, mas caridade; corrige-se o corpo, para salvar a alma.”)

Comentário: Agostinho interpreta a correção como ato de amor, que visa a salvação da alma, e não como violência ou crueldade.

Sobre Provérbios 23:26:

Se você não se entregar, você se perderá. A própria caridade fala através da sabedoria e lhe diz algo para salvá-lo do pânico ao ouvir: "Dê-se". Se alguém quisesse lhe vender uma fazenda, diria: "Dê-me seu ouro", e se fosse outra coisa: "Dê-me suas moedas de cobre", "Dê-me sua prata". Agora ouça o que a caridade lhe diz, falando pela boca da sabedoria: "Dê-me seu coração, filho. Dê-me", diz ela. Dê a ela o quê? "Seu coração, filho". Ele estava doente quando estava com você, quando você o guardava para si. Você estava sendo puxado para todos os lados por brinquedos, ninharias e amores lascivos e destrutivos. Tire seu coração de tudo isso. Para onde você vai arrastá-lo, onde você vai colocá-lo? "Dê-me seu coração", ela diz. "Que seja meu, e não se perderá."

Fonte: SERMÃO 34:7, Augustinus, Enarrationes in Psalmos, PL 36:400-405

✝️ Bede sobre Provérbios 23:1

Quando te sentas para comer com um governante, etc. Tudo é dito por alegoria: Quando te sentas para ler com um mestre, para te revigorares com o pão da palavra, compreende diligentemente o que está escrito e mantém o discernimento da leitura sagrada em tua fala, se, no entanto, és tal e tão erudito que tenhas em teu poder a tua alma, e não como um iletrado na mente do teu ensino. Pois ele colocou a garganta para a fala, porque a voz está na garganta; a faca, para o discernimento, como preparamos a comida com uma faca cortante quando estamos revigorados. E, sentando-se para comer, ele coloca uma faca em sua garganta, quando aquele que medita diligentemente nas palavras divinas produz palavras de discernimento de sua boca, e não frequentemente revolve em sua língua palavras que não sejam as do oráculo celestial. Isto, porém, é feito por aquele que tem a alma em seu poder, isto é, que aprendeu a manter o estado de uma mente sábia inabalável entre os erros dos enganadores.

Fonte: Comentário sobre Provérbios

✝️ João Crisóstomo sobre Provérbios 23:1

“Se te sentares à mesa de um príncipe, entende com prudência o que te é proposto.” Cristo é antecipado aqui como o príncipe. Sua mesa e alimento são as palavras de sua doutrina e seus bens eternos que ele preparou para aqueles que o amam. Cada cristão se senta à sua mesa. Aquele que compreende com prudência o que Jesus ensinou com suas obras e palavras estende a mão, o que significa que com suas obras começa a mostrar que é um imitador de Cristo, feito humilde, um amante pacífico de todos e paciente nas tribulações. Aquele que não faz isso, mas, em vez disso, contempla com avidez os prazeres do mundo, deve renunciar a qualquer desejo por bens eternos que, de qualquer forma, nunca possuirá. Os prazeres do mundo são característicos de uma vida falsa, e aqueles que os amam jamais desfrutarão de bens eternos.

Fonte: COMENTÁRIO SOBRE OS PROVÉRBIOS DE SALOMÃO, FRAGMENTO 23:1

✝️ Constituições Apostólicas sobre Provérbios 23:29

Visto que vocês são presbíteros e diáconos de Cristo, devem ser sempre sóbrios, tanto entre si quanto entre os outros, para que possam advertir os indisciplinados. Ora, a Escritura diz: "Os homens em poder são impetuosos. Mas não bebam vinho, para que, bebendo, não se esqueçam da sabedoria e não sejam capazes de julgar corretamente." Portanto, [os bispos], os presbíteros e os diáconos são aqueles com autoridade na Igreja, depois de Deus Todo-Poderoso e seu Filho amado, Jesus Cristo, e do Espírito Santo. Dizemos isso, não que eles não devem beber de forma alguma, caso contrário, seria uma vergonha para o que Deus criou para a alegria, mas para que não se descontrolem com vinho. Pois a Escritura não diz: "Não bebam vinho"; mas o que diz? "Não bebam vinho até a embriaguez".

Fonte: CONSTITUIÇÕES DOS SANTOS APÓSTOLOS

📚 Comentários Clássicos Teológicos

📖 Matthew Henry (1662–1714)

Matthew Henry aborda Provérbios 23 como um capítulo repleto de conselhos práticos contra a ganância, a gula, a bebida excessiva e o desejo insaciável por riqueza. Ele começa com a advertência do versículo 1 para não se sentar com um homem irascível, pois sua raiva pode causar dano e perda financeira. Henry destaca a sabedoria de controlar o apetite, especialmente em banquetes, como sinal de temperança e prudência.

No versículo 4, ele adverte contra o esforço desmedido para enriquecer, pois a riqueza obtida com pressa pode ser efêmera e ilusória. Henry enfatiza a importância de buscar o autocontrole e contentamento em Deus, ao invés de apenas perseguir bens materiais.

Sobre o cuidado para com os filhos (versículos 13-14), Henry ressalta a importância da disciplina amorosa, que evita a ruína do jovem, sendo uma prova do cuidado dos pais.

Na parte final, Henry discorre sobre os perigos da embriaguez (versículos 20-21), observando que a bebida excessiva leva à pobreza e ao desespero. Ele também comenta sobre o orgulho e a arrogância (versículos 5 e 6) como causas de destruição pessoal.

Por fim, ele incentiva a busca da sabedoria e do entendimento, e adverte contra os falsos amigos e companhias desonestas, que são temas recorrentes neste capítulo.

Fonte: Matthew Henry Commentary on Proverbs 23

📖 John Gill (1697–1771)

John Gill interpreta este capítulo como um conjunto de conselhos morais detalhados, começando pelo cuidado com pessoas irascíveis para evitar prejuízos (v.1). Ele ressalta que o temperamento do homem é mais importante que o banquete, e que a moderação é essencial para uma vida sábia.

Sobre a riqueza, Gill comenta que a advertência contra o esforço desesperado para enriquecer mostra que a verdadeira segurança está na providência divina, não nas riquezas voláteis.

No que tange à educação dos filhos (vv. 13-14), ele destaca que a correção não deve ser negligenciada, pois é um meio legítimo para preservar o caráter e a moral do jovem.

Gill também dedica atenção aos efeitos nocivos da bebida, associando a embriaguez com desgraças pessoais e sociais (vv. 20-21).

Ele discorre ainda sobre o perigo da inveja e da invejosa busca por riquezas, exortando o leitor a evitar caminhos tortuosos que levam à perdição.

Fonte: John Gill's Exposition of the Bible on Proverbs 23

📖 Albert Barnes (1798–1870)

Albert Barnes enfatiza no início do capítulo a prudência para evitar más companhias e temperamentos violentos, porque estes podem acarretar prejuízos financeiros e pessoais.

Ele destaca a advertência para não desejar ou perseguir riquezas de maneira ansiosa e desordenada (v.4), lembrando que a verdadeira riqueza é a paz e o contentamento com o que se tem.

Barnes observa que os pais devem disciplinar os filhos com firmeza e amor (vv. 13-14), porque isso evita consequências ruins no futuro.

No que concerne à embriaguez e gula, Barnes considera essas práticas como caminhos seguros para a ruína, enfatizando que a bebida em excesso destrói a saúde, a reputação e os bens.

Além disso, ele comenta sobre a importância da integridade e do domínio próprio como base para uma vida sábia e próspera.

Fonte: Albert Barnes' Notes on the Whole Bible on Proverbs 23

📖 Keil (1807–1888) & Delitzsch (1813–1890)

Keil & Delitzsch oferecem um comentário profundo, começando pelo termo “sentar-se com um homem irascível” (וְשַׁבְתָּ אֶל-אִישׁ קָנָא, v’shavta el-ish qanah), interpretado como entrar em uma situação perigosa, sujeita a explosões de ira e perdas (v.1). Eles destacam o vocábulo חָרָה (charah, “irritar-se”), ligado à ideia de perda financeira e dano pessoal.

No versículo 4, eles explicam a expressão “não te fatigues para enriqueceres”, indicando que o esforço ansioso pode levar a trabalhos infrutíferos. O verbo עָמַל (amal, “trabalhar arduamente”) é discutido em sua conotação de desgaste sem garantia de sucesso.

Sobre a disciplina na educação dos filhos (vv. 13-14), Keil & Delitzsch analisam a raiz יָכַח (yakah, “repreender, corrigir”), mostrando que a correção deve ser aplicada com firmeza, mas em amor, para evitar que a criança “morra prematuramente”.

A crítica à embriaguez (vv. 20-21) é detalhada a partir das palavras רְוָיִים (revayim, “bebedores”), e שָׁכְרִים (shakhrim, “embriagados”), indicando os extremos do abuso da bebida que levam à pobreza e ruína.

Keil & Delitzsch também exploram o significado do “olhar altivo” e “coração arrogante” (vv.5 e 6), discutindo termos hebraicos como גַּאֲוָה (ga’ava, “orgulho”), que traz consequências graves para o indivíduo.

Eles concluem que o capítulo é um alerta contra os excessos da vida — da raiva, da gula, da sede por riqueza — enfatizando a sabedoria prática de viver com moderação, respeito e temor a Deus.

Fonte: Keil & Delitzsch Commentary on Proverbs 23

📚 Concordância Bíblica

🔹 Provérbios 23:1 – “Quando te assentares a comer com um governador, atenta bem para o que é posto diante de ti.”

📖 Lucas 14:7–10
“Quando por alguém fores convidado às bodas…”

Comentário: Jesus ensina sobre prudência e humildade ao ser convidado por pessoas importantes, alinhando-se ao conselho de sabedoria de Provérbios para quem se senta à mesa de um poderoso.

🔹 Provérbios 23:2 – “E se és homem glutão, põe uma faca à tua garganta.”

📖 Filipenses 3:19
“O deus deles é o ventre…”

Comentário: O domínio próprio, especialmente quanto aos desejos físicos, é essencial. Paulo denuncia os que vivem para os apetites da carne, em consonância com o alerta de Provérbios.

🔹 Provérbios 23:3 – “Não cobices as suas iguarias, porque são comidas enganosas.”

📖 Daniel 1:8 – “Daniel propôs no seu coração não se contaminar…”

Comentário: As iguarias reais podem representar sedução e compromisso indevido. Daniel se abstém delas por fidelidade a Deus, exemplificando o princípio aqui ensinado.

🔹 Provérbios 23:4 – “Não te fatigues para seres rico; dá de mão à tua própria sabedoria.”

📖 Mateus 6:19
“Não ajunteis tesouros na terra…”

Comentário: A obsessão pela riqueza é futilidade. Jesus adverte que o verdadeiro tesouro está no céu, refletindo a advertência de Provérbios contra o esforço desmedido por riquezas.

🔹 Provérbios 23:5 – “Porventura fitarás os olhos naquilo que não é nada? Porque certamente criará asas e voará ao céu como a águia.”

📖 1 Timóteo 6:7
“Nada trouxemos para este mundo…”

Comentário: A transitoriedade das riquezas é enfatizada tanto por Salomão quanto por Paulo. A avareza é vã porque os bens materiais são instáveis e passageiros.

🔹 Provérbios 23:6 – “Não comas o pão daquele que tem o olhar maligno, nem cobices as suas iguarias gostosas.”

📖 1 Coríntios 5:11 – “Com tal pessoa, nem ainda comais.”

Comentário: Comer com alguém de intenções perversas pode implicar em cumplicidade. Paulo orienta a evitar comunhão com pessoas de conduta corrompida.

🔹 Provérbios 23:7 – “Porque como imagina em sua alma, assim é ele; ele te diz: Come e bebe; mas o seu coração não está contigo.”

📖 Mateus 15:8
“Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim.”

Comentário: A duplicidade entre palavras e intenções é condenada tanto por Provérbios quanto por Jesus. O verdadeiro caráter reside no interior, e não nas aparências.

🔹 Provérbios 23:8 – “Vomitarás o bocado que comeste, e perderás as tuas suaves palavras.”

📖 Apocalipse 3:16
“Vomitar-te-ei da minha boca.”

Comentário: A imagem do vômito representa rejeição e repulsa. Tal como Jesus rejeita o morno em Apocalipse, aqui há rejeição do engano e da adulação falsa.

🔹 Provérbios 23:9 – “Não fales aos ouvidos do tolo, porque desprezará a sabedoria das tuas palavras.” 

📖 Mateus 7:6
“Não deis aos cães o que é santo…”

Comentário: Há sabedoria em discernir onde lançar a semente da verdade. Jesus e Provérbios alertam contra o desperdício da sabedoria diante dos obstinados.

🔹 Provérbios 23:10 – “Não removas os limites antigos, nem entres nos campos dos órfãos.”

📖 Isaías 5:8
“Ai dos que ajuntam casa a casa…”

Comentário: A ganância territorial à custa dos fracos é condenada. Isaías denuncia quem viola os direitos do próximo, ecoando a sabedoria de Provérbios.

🔹 Provérbios 23:11 – “Porque o seu Redentor é poderoso; e pleiteará a causa deles contra ti.”

📖 Salmo 68:5
“Pai dos órfãos e juiz das viúvas é Deus.”

Comentário: Deus é o defensor dos desamparados. Quem oprime o fraco se coloca em conflito com o próprio Redentor.

🔹 Provérbios 23:12 – “Aplica o teu coração à instrução, e os teus ouvidos às palavras do conhecimento.”

📖 Hebreus 2:1 – “Convém-nos atentar com mais diligência…”

Comentário: A sabedoria exige atenção constante. O autor de Hebreus adverte que é perigoso negligenciar o conhecimento recebido.

🔹 Provérbios 23:13–14 – “Não retires a disciplina da criança; pois, se a fustigares com a vara, nem por isso morrerá. Tu a fustigarás com a vara, e livrarás a sua alma do inferno.”

📖 Hebreus 12:6
“O Senhor corrige a quem ama.”

Comentário: A correção amorosa visa a salvação e formação do caráter. Tanto Provérbios quanto Hebreus entendem a disciplina como expressão de amor e cuidado.

🔹 Provérbios 23:15 – “Filho meu, se o teu coração for sábio, alegrar-se-á o meu coração, sim, o meu próprio.”

📖 3 João 1:4
“Não tenho maior alegria do que esta…”

Comentário: A sabedoria dos filhos é fonte de alegria para os que os ensinam. João ecoa essa emoção paternal espiritual na igreja.

🔹 Provérbios 23:16 – “E se os teus lábios falarem coisas retas, os meus rins também se alegrarão.”

📖 Efésios 4:29
“Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe…”

Comentário: A retidão das palavras revela a retidão do coração. Paulo enfatiza que os lábios devem edificar e agradar a Deus, assim como alegra o justo.

🔹 Provérbios 23:17 – “O teu coração não inveje os pecadores; antes permanece no temor do Senhor todo dia.”

📖 Salmo 73:3
“Pois eu tinha inveja dos soberbos…”

Comentário: As aparências do sucesso dos ímpios podem seduzir. O salmista e o sábio alertam para confiar no temor do Senhor, não no aparente êxito do ímpio.

🔹 Provérbios 23:18 – “Porque certamente haverá bom futuro; e a tua esperança não será frustrada.”

📖 Romanos 5:5
“A esperança não traz confusão…”

Comentário: A promessa de recompensa futura é certa para quem teme a Deus. Paulo afirma que a esperança cristã é segura, pois está fundada no amor de Deus.

🔹 Provérbios 23:19 – “Ouve tu, filho meu, e sê sábio; e guia o teu coração pelo caminho.”

📖 Tiago 1:5
“E, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus…”

Comentário: A sabedoria não é automática — exige atenção e escolha. Tiago reforça que a verdadeira sabedoria vem de Deus, e deve ser buscada com fé e obediência.

🔹 Provérbios 23:20 – “Não estejas entre os beberrões de vinho, nem entre os comilões de carne.”

📖 Romanos 13:13
“Andemos honestamente… não em glutonarias e bebedeiras…”

Comentário: A vida moderada é marca do justo. Paulo e Salomão denunciam os excessos que corrompem o caráter e desagradam a Deus.

🔹 Provérbios 23:21 – “Porque o beberrão e o comilão acabarão na pobreza; e a sonolência os faz vestir-se de trapos.”

📖 Lucas 15:13–16
“Gastou tudo… começou a padecer necessidades.”

Comentário: O filho pródigo é um exemplo prático do provérbio: o estilo de vida desregrado conduz à ruína física e espiritual.

🔹 Provérbios 23:22 – “Ouve a teu pai, que te gerou, e não desprezes tua mãe, quando vier a envelhecer.”

📖 Efésios 6:2
“Honra a teu pai e a tua mãe…”

Comentário: O mandamento da honra filial é reafirmado por Paulo, com promessa. O cuidado com os pais é um traço essencial da piedade.

🔹 Provérbios 23:23 – “Compra a verdade, e não a vendas; também a sabedoria, a instrução e o entendimento.”

📖 Mateus 13:45–46
“Achando uma pérola de grande valor, vende tudo o que tem e a compra.”

Comentário: A verdade tem um valor inestimável, digno de qualquer sacrifício. Jesus e Salomão convergem na ideia de que a sabedoria vale mais que bens terrenos.

🔹 Provérbios 23:24 – “Grandemente se regozijará o pai do justo; e o que gerar um sábio se alegrará nele.”

📖 3 João 1:4
“Não tenho maior alegria do que esta: a de ouvir que meus filhos andam na verdade.”

Comentário: A alegria dos pais piedosos se cumpre quando seus filhos vivem com retidão. João expressa esse mesmo sentimento pastoral e espiritual.

🔹 Provérbios 23:25 – “Alegrem-se teu pai e tua mãe, e regozije-se a que te deu à luz.” (Provérbios 23:25)

📖 Lucas 1:58 – “Seus parentes e vizinhos… se alegraram com ela.”

Comentário: A alegria no nascimento e crescimento de filhos justos é uma bênção divina, visível na vida de Isabel com João Batista e reiterada aqui.

🔹 Provérbios 23:26 – “Dá-me, filho meu, o teu coração; e os teus olhos observem os meus caminhos.”

📖 João 14:23 – “Se alguém me ama, guardará a minha palavra…”

Comentário: O pedido do pai em Provérbios ecoa o desejo de Cristo: entrega interior, confiança, e obediência voluntária aos caminhos justos.

🔹 Provérbios 23:27 – “Porque cova profunda é a prostituta, e poço estreito é a estranha.”

📖 Apocalipse 17:5 – “A mãe das prostituições…”

Comentário: A imagem da mulher sedutora como armadilha espiritual culmina no símbolo da Babilônia, que representa todo o sistema corrupto que desvia da fidelidade a Deus.

🔹 Provérbios 23:28 – “Ela também espreita como um ladrão, e multiplica entre os homens os pérfidos.”

📖 2 Pedro 2:14 – “Tendo os olhos cheios de adultério… enganam os corações inconstantes.”

Comentário: O poder sedutor do pecado, sobretudo por meio da sensualidade, é apresentado como um laço ativo que conduz à perdição.

🔹 Provérbios 23:29–30 – “Para quem são os ais? para quem os pesares?… Para os que se demoram perto do vinho.”

📖 Isaías 5:11 – “Ai dos que se levantam pela manhã para correr após a bebida forte.”

Comentário: O lamento que segue o vício é repetido pelos profetas. A embriaguez traz dor, confusão e ruína.

🔹 Provérbios 23:31 – “Não olhes para o vinho quando se mostra vermelho…”

📖 Efésios 5:18 – “E não vos embriagueis com vinho, no qual há devassidão…”

Comentário: O atrativo visual do vinho é enganoso. Paulo, como Salomão, adverte contra os perigos espirituais e morais da embriaguez.

🔹 Provérbios 23:32 – “No fim morderá como a cobra, e picará como o basilisco.”

📖 Números 21:6
“Então o Senhor enviou serpentes ardentes…”

Comentário: Assim como as serpentes simbolizavam juízo, o vinho aqui assume um papel de destruição lenta e venenosa.

🔹 Provérbios 23:33 – “Os teus olhos olharão para as mulheres estranhas, e o teu coração falará perversidades.”

📖 Gênesis 19:33
“Beberam vinho… e não soube quando se deitou com ela.”

Comentário: O vinho distorce a percepção e conduz à imoralidade. Como Ló, o embriagado perde o controle e a consciência do pecado.

🔹 Provérbios 23:34 – “E serás como o que dorme no meio do mar, ou como o que dorme no topo do mastro.”

📖 Atos 27:15–20
“Fomos levados pela tempestade…”

Comentário: A imagem de instabilidade e perigo iminente remete ao naufrágio espiritual que se segue à vida sem vigilância, ilustrado literalmente por Paulo.

🔹 Provérbios 23:35 “Espancaram-me, e não me doeu; bateram-me, e não senti; quando acordarei? então tornarei a buscá-lo ainda.”

📖 Oséias 7:9 – “Estrangeiros lhe devoraram a força, e ele não o soube…”

Comentário: O vício causa entorpecimento moral e espiritual. Mesmo após sofrer, o insensato volta ao erro, revelando o ciclo autodestrutivo do pecado.

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