Comentário de João 18:37-40
18:37 - Pilatos, portanto, disse-lhe,… Sobre essa livre e plena declaração de Cristo, com respeito a seu ofício, e a natureza de seu reino:
És um rei então? Ou, tu és rei então: pois, visto ter ele um reino, seria muito de se esperar que ele fosse um rei:
Jesus respondeu: tu mesmo dizes que eu sou um rei;… E que era muito próprio ele dizer isso; e Cristo por essas palavras afirma e confessa que ele era uma rei: acrescentano...
Para este fim nasci, e por esta razão eu vim ao mundo, para que desse testemunho da verdade. A finalidade do nascimento de Cristo, que foi de uma virgem, de uma forma muito miraculosa, e de sua vinda ao mundo, que foi por assumir a natureza humana, entre muitas outras coisas, era para dar testemunho da verdade em geral; ao seu inteiro Evangelho, a palavra da verdade, e para parte dele, que ele trouxe com ele, e constantemente pregou na vida, e confirmou pela sua morte; e particularmente para essa verdade, que ele era um Rei, e tinha um reino em um sentido espiritual:
Todos que são da verdade;… Que são de Deus, pertencem as ovelhas de Cristo, sabe da verdade que está em Jesus, e está do lado da verdade, e permanece firme ao lado dela:
Ouve a minha voz;… A voz do seu Evangelho; e isso não apenas externamente, mas internamente; de forma a provar dela, se alegrar com ela, e distingui-la; a voz de suas ordens, de forma a alegremente obedecê-las de um princípio de amor a ele.
18:38 - Pilatos diz-lhe, o que é verdade?... Isto é, em geral, ou o que Cristo falou em seguida, especialmente dela: muitas coisas podem ser observadas em resposta a esta pergunta, uma vez que existe a verdade e fidelidade de Deus na sua palavra e promessas, a verdade da graça no coração do seu povo, o próprio Cristo Jesus é a verdade, ele é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, a verdade de todas as transações do pacto, de todos os tipos, promessas e profecias, o que ele disse e ensinou era a verdade, e a verdade de toda doutrina provém dele. O Evangelho é a verdade, em geral, que vem do Deus da verdade; reside nas Escrituras da verdade, Cristo, que é a verdade em si, é a substância de sobre quem o Espírito da verdade tem sua mão, a leva e a torna efetiva; a totalidade do que é verdadeiro, e cada particularidade da doutrina da verdade, como a manifestação do Filho de Deus na natureza humana, a sua vinda ao mundo para salvar o pior dos pecadores, a justificação pela sua justiça, perdão pelo seu sangue, expiação por seu sacrifício, a ressurreição dos mortos, &c. A mesma questão é colocada no Talmude (p), מה אמת, “o que é verdade?” e é respondido, que Ele é o Deus vivo, e o Rei do mundo: nós não achamos que o nosso Senhor deu qualquer resposta a esta pergunta, pois ela parece ter sido dada de uma forma desprezadora, nem mesmo Pilatos esperava uma resposta.
Quando ele tinha dito isto, saiu novamente aos judeus: Logo que ele tinha colocado a questão sobre a verdade, não tendo uma grande inclinação para ouvir o que Cristo diria a ele, nem ele fez essas perguntas com a intenção de obter informações, ou como tendo qualquer opinião de Cristo, e que ele foi capaz de lhe responder, ele vai diretamente para fora da sala de julgamento, levando Jesus consigo, e aborda os judeus desta maneira:
E diz-lhes, eu não acho nele nenhuma culpa;... E, de fato, como deveria? Não havia pecado em sua natureza, nem iniquidade em seus lábios, nem qualquer maldade em sua vida, o próprio demônio não poderia encontrar nenhum nele. Esta confissão é, simultaneamente, a vergonha de Pilatos e dos Judeus; para condenação de Pilatos, que, depois dessa declaração, ainda assim ele iria condená-lo, e dos Judeus, que, após uma declaração completa e justa do juiz, insistiram na sua crucificação, que mostra, no entanto, que ele não morreu por qualquer um dos seus pecados, mas pelos pecados de outros.
18:39 - Mas vós tendes um costume,... Não uma lei, seja de Deus ou do homem, mas um costume, e que não foi observada inicialmente na festa da Páscoa e, talvez, não fosse mais observada; mas o que os governadores romanos, pela ordem de César, ou de seu próprio prazer, tinham introduzido para adquirir a aprovação e afeição do povo; e sendo repetida vez por outra, foi agora recorrida:
Que eu deva vos libertar alguém na Páscoa;… Que era essa a época; e mais de uma como parecia ser o costumeiro libertar:
Vós, pois, desejais que eu vos solte o Rei dos judeus? Que eles tinham chamado, ele mesmo disse isso, e foi assim considerado por outros, e que Pilatos diz, de uma forma sarcástica e irônica, embora ele estivesse disposto a libertá-lo de todo o coração, e estivesse na esperança de que teriam concordado com ele, uma vez que nada poderia ser provado contra ele, porém, ele propõe a eles, e deixa isso na sua deles.
18:40 - Então clamaram todos eles novamente,... Pois parece que Pilatos tinha feito essa proposta, uma vez antes, e que esta foi a segunda vez, embora não mencionada; ainda alguns exemplares, e as versões Siríaca, Árabe, Persa, e Etíope, omitem a palavra “de novo”: todos eles, sacerdotes e o povo, em uma maneira muito barulhenta, gritavam como um só homem, com uma voz unida, todos de uma só vez.
Dizendo, não esse homem, mas Barrabás; ora Barrabás era um ladrão,... Que foi um símbolo de Deus eleger aqueles em um estado de natureza, libertando-os e soltando-os quando Cristo foi condenado. Estes, assim como ele, muitos dos quais, pelo menos, são notórios pecadores, os principais pecadores, ladrões e assassinos, que roubam a glória de Deus, e destroem a si mesmos; são prisioneiros, impregnados de pecado e incredulidade, e presos na lei, e em um destino terrível, no seu estado natural; e foram, como esse homem, dignos da morte, e por natureza eram filhos da ira, e ainda filhos de Deus através da adoção de graça, assim como o seu nome significa Bar Abba, “o filho do Pai”: e estes, embora sejam criminosos e, por isso, merecedores de castigo, são deixados irem livres, ao passo que Cristo foi levado, condenado, e morto, e que estava de acordo com o sábio conselho de Jeová e secreto, e é uma grande descoberta da graça divina, e mostra que aqueles que são liberados estão sob a maior obrigação de viver com aquele que sofreu por eles, e em seu lugar como substituto.
___________
Notas
(p) T. Hieros. Sanhedrin, fol. 18. 1.