A Sinagoga no Judaísmo
A Sinagoga no Judaísmo
- O Judaísmo sob o Domínio Romano
- Judaísmo na Idade Média
- O Judaísmo e o Nome de Deus
- Morte, Alma e Ressurreição no Judaísmo
- O Reino de Deus no Judaísmo
- Judaísmo e sua Teologia
- A Origem do Judaísmo
- A Literatura no Judaísmo
- A Educação no Judaísmo
- Festa das Luzes [Chanucá] — Judaísmo
- Festa dos Tabernáculos [Sucot] — Judaísmo
- A Festa das Trombetas [Rosh Hashanah] — Judaísmo
- Dia da Expiação [Yom Kippur] — Judaísmo
- O Pentecostes (Festa das Semanas) — Judaísmo
- A Páscoa no Judaísmo
Cada sinagoga tinha como seu diretor o “chefe da sinagoga” (Mc 5:22), que era provavelmente eleito de entre os anciãos por meio de voto. O diretor presidia aos cultos da sinagoga, atuava como instrutor em caso de disputa (Lc 13:14) e apresentava à assembléia os que apareciam de visita (At 13:15). O subalterno, ou Hazzan, atuava como conservador da propriedade e tinha a responsabilidade de cuidar do edifício e de tudo que dentro dele havia. Tinha ainda o dever de avisar o povo da comunidade do começo do sábado na sexta à tarde e dar-lhe também notícias do seu fim. O funcionário mencionado em Lucas 4:20, que levou o rolo das Escrituras de que Jesus pregou na sinagoga de Nazaré e que o tornou a colocar no seu nicho, quando Jesus acabara a leitura, era um deles. Em caso de necessidade, servia o Hazzan de professor da escola da sinagoga local.
As casas das sinagogas eram geralmente fortes edifícios de pedra, por vezes ricamente mobiladas, se a congregação ou empresa eram ricas. Cada sinagoga tinha uma arca em que o rolo da lei era guardado, um estrado com uma escrivaninha de onde a Escritura do dia era lida, luzes para iluminar o edifício e bancos ou assentos para a congregação. A maior parte do equipamento em uso nas antigas sinagogas aparece ainda nas partes que lhe compete nas modernas sinagogas.
O culto da sinagoga consistia na recitação do credo judaico ou Shema, “Ouve, ó Israel; Jeová nosso Deus é o único Deus. Amarás, pois, a teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças” (Dt 6:4,5), acompanhada por frases de louvor a Deus chamadas Bekarot, por começarem com a palavra “Bendito”. A seguir ao Shema, vinha uma oração ritual, concluída com uma oportunidade de oração individual silenciosa da parte dos membros da congregação. A leitura da Escritura, que vinha depois, começava com seções especiais da lei que estavam marcadas para dias Santos; mas, como o tempo, veio o Pentateuco interior a ser dividido em partes que davam um ciclo fixo de cento e cinqüenta e quatro lições que deviam ser lidas num período definido de tempo. Os judeus palestinianos liam o Pentateuco em cada três anos, enquanto que os judeus babilônicos completavam a leitura num ano. Liam-se também os profetas, como o mostra a leitura feita por Jesus na sinagoga (Lc 4:16 e seg.) . Nessa ocasião, foi provàvelmente o próprio Jesus que escolheu a Ieitura. A leitura da Escritura é seguida por um sermão explicativo da passagem lida. O sermão na sinagoga de Nazaré esteve inteiramente dentro do procedimento regular do dia. O culto era encerrado com uma benção pronunciada por algum membro sacerdotal da congregação. Não estando presente nenhum pessoal com qualificações sacerdotais, em vez da benção, havia uma oração.
A influência da natureza e ordem do culto da sinagoga sobre o método usado pelas igrejas do primeiro século é claramente óbvia. O próprio Jesus assitia regularmente ao culto da sinagoga e tomava parte nele. Os seus discípulos também tinham sido acostumados a êsse ritual. Paulo, nas suas viagens, em qualquer cidade que entrasse, fazia das sinagogas da Dispersão o seu primeiro ponto de contato, e pregava e disputava com os judeus e prosélitos que se reuniam para o ouvir (At 13:5, 15-43; 14:1; 17:3,10,17; 18:4,8; 19:8). As muitas íntimas semelhanças entre os usos da sinagoga e os da Igreja podem indubitavelmente explicar-se pelo fato de que a última absorveu ou seguiu em certo grau o procedimento da primeira. Realmente, alguns cultos cristãos primitivos puderam ser realizados dentro da sinagoga; a epístola de Tiago implica que as comunidades cristãs às quais era dirigida estavam ainda a ter os cultos dentro delas (Tg 2:1 e 2). Devido à sumária e persistente rejeição do evangelho de Cristo pelo povo judaico é que a igreja e a sinagoga se separaram. Hoje estão inteiramente separadas e estão, por razões profundas, em oposição. No entanto, na proeminência dada às Escrituras e ao uso da homília e sermão, ainda a sinagoga e a igreja mostram íntima relação.