Interpretação de Mateus 14

Mateus 14

Mateus 14 contém uma série de eventos na vida de Jesus, incluindo a execução de João Batista, a alimentação de cinco mil e Jesus andando sobre as águas.

O capítulo começa com a notícia da execução de João Batista por Herodes Antipas, governante da Galileia. Herodes prendeu João devido à sua condenação do casamento de Herodes com Herodias, esposa de seu irmão Filipe. Durante a festa de aniversário de Herodes, a filha de Herodias apresenta uma dança que o agrada, levando-o a fazer uma promessa precipitada de conceder-lhe tudo o que ela deseja. Por insistência de sua mãe, a menina pede a cabeça de João Batista em uma bandeja, e Herodes obedece relutantemente, levando à execução de João.

Depois de ouvir sobre a morte de João, Jesus se retira para um lugar deserto para ficar sozinho, mas uma grande multidão o segue. Movido pela compaixão, Jesus cura seus enfermos e então realiza o milagre de alimentar cinco mil pessoas com apenas cinco pães e dois peixes. A alimentação milagrosa destaca o poder divino de Jesus e a compaixão pelas necessidades físicas das pessoas.

Em seguida, Jesus dispensa a multidão e envia seus discípulos à frente em um barco para o outro lado do mar, enquanto Ele permanece para orar em uma montanha. Durante a noite, o barco dos discípulos enfrenta ventos fortes e ondas fortes. Jesus aparece para eles, caminhando sobre as águas, e Pedro, a convite de Jesus, sai do barco, mas começa a afundar quando duvida. Jesus resgata Pedro e acalma a tempestade, revelando Sua autoridade sobre a natureza e Sua capacidade de trazer conforto e segurança aos Seus seguidores.

Depois de chegar ao outro lado do mar, Jesus e Seus discípulos continuam seu ministério, e muitas pessoas vêm a Ele para serem curadas. O capítulo termina com Jesus curando os enfermos e aflitos, com as pessoas até mesmo procurando tocar na orla de Seu manto para receber a cura.

Em termos gerais, Mateus 14 retrata uma série de eventos, incluindo a execução de João Batista, a alimentação de cinco mil e Jesus andando sobre as águas. Esses eventos demonstram o poder divino, a compaixão e a autoridade de Jesus sobre os elementos físicos e naturais. O capítulo também destaca a oposição e os desafios enfrentados por Jesus e Seus seguidores durante seu ministério, bem como a busca persistente das multidões por Jesus por cura e milagres.

Interpretação

14:1-36 O interesse de Herodes em relação às notícias sobre Jesus foi considerado pelo nosso Senhor como sinal para afastar-se. A ordem de Mateus, que antes era comumente por tópicos, agora começa a ficar cronológica até o fim.

14:1-12 O interesse culposo de Herodes. O tetrarca Herodes. Herodes Antipas, filho de Herodes, o Grande, e governador da Galileia e Pereia. Sua ignorância a respeito de Jesus antes desses acontecimentos deve ser por causa de sua ausência do país, ou devido aos seus hábitos de luxo, que o impediam de se interessar nos movimentos religiosos.

14:2 Este é João Batista. Esta explicação, antes sugerida por outros (Lc. 9:7), foi finalmente adotada por Herodes, que atribuiu o milagre a um João ressuscitado, embora João não realizasse milagres em vida.

14:3, 4. Herodias. Filha de Aristóbulo, um meio irmão de Antipas. Fora esposa de seu tio, Herodes Filipe, dando-lhe uma filha, Salomé. Antipas, entretanto, persuadiu-a a deixar seu marido para casar-se com ele, ainda que ele já fosse casado com a filha do Rei Aretas (que fugira para a casa de seu pai, dando lugar a uma guerra). Tal casamento era adúltero e incesto.

14:5. E, querendo matá-lo. Herodes sentiu-se dilacerado por emoções mistas (veja também v. 9). A pressão feita por Herodias foi contrabalançada por considerações políticas e mesmo pessoais (Lc. 6:20), e a disposição rural da pessoa de João foi adiada.

14:6, 7 A implacável Herodias não sossegou, entretanto, e a celebração do dia natalício de Herodes forneceu-lhe a oportunidade para a vingança. Humilhando sua própria filha e enviando-a para dançar sugestivamente diante de Herodes e sua corte, ela extorquiu de seu governador fantoche uma promessa grandiosa mais adequada a um governador persa (Mc. 6:23; conf. Et. 5:3).

14:8-11. Instruída por sua mãe localiza a fonte da conspiração. Dá-me, aqui, num prato, a cabeça de João Batista. Aproveitando a oportunidade, ela fez o seu sangrento pedido, que não dava lugar a evasivas ou delongas. Esse banquete devia ter-se realizado em Maquerus, onde João encontrava-se prisioneiro (Josefo, Antig. xviii. 5.2).

14:12 E vieram os seus discípulos, os quais depois de sepultar o seu corpo sem cabeça, contaram a Jesus o que tinha acontecido. O problema dos primeiros dias fora satisfatoriamente resolvido (11:2-6) e agora os discípulos de João voltaram-se logicamente para Jesus. Com toda probabilidade aliaram-se a ele.

14:13,14. Alimentando os cinco mil. O único milagre de Jesus registrado nos quatro Evangelhos. Aconteceu por ocasião da Páscoa (Jo. 6:4), portanto um ano antes da morte de Cristo.

14:13,14. E Jesus, ouvindo isto, retirou-se. O assassinato de João cometido por Herodes e consequente notícia das atividades de Jesus deram motivo a esse afastamento. Outro motivo foi a volta dos Doze de sua missão (Mc. 6:30; Lc. 9:10), que precisavam de um descanso das multidões e mais instruções da parte de Jesus. Logo, entretanto, Jesus interrompeu seu recolhimento para servir à multidão, que o seguiu a pé.

14:15. Ao cair da tarde. Os judeus consideravam dois períodos distintos na tarde, começando o primeiro cerca das três horas da tarde, e o segundo ao pôr-do-sol (conf. Êx. 12:6). O primeiro período é o do versículo 15; e o segundo no versículo 23. A harmonização exige que Jo. 6:5-7 seja compreendido antes. Mas embora Jesus tenha confrontado Felipe com o problema antes, durante o dia, nenhuma solução foi encontrada pelos discípulos a não ser a de despedir a multidão (despede as multidões). Já não havia mais possibilidade de encontrarem comida e pouso, (Lc. 9:12), nessa região pouco habitada, pois a hora era adiantada.

14:16-18. Dai-lhes vós mesmos de comer. Colocando essa responsabilidade sobre os discípulos, Cristo pretendia despertar neles a consciência de que a associação com ele incluía provisão para todas as necessidades. André mencionou o rapaz com os cinco pães e dois peixes, mas ele parecia completamente inconsciente das possibilidades divinas (Jo. 6:8, 9).

14:19 Jesus, entretanto, mandou que a multidão se assentasse em ordem sobre a erva, e depois de abençoar os pães e os peixes (equivalente a "dar graças", Jo. 6:11), distribuiu-os entre a multidão através dos discípulos.

14:20. Pedaços. Pedaços que não foram comidos (não simples migalhas). Doze cestos cheios. Pequenas cestas de vime (diferentes dos cestos grandes como canastras mencionadas em 15:37), usadas para carregar coisas em viagem. Talvez pertencessem aos apóstolos, e os pedaços nelas recolhidos talvez fossem para as necessidades dos apóstolos.

14:21. Quase cinco mil homens, além de mulheres e crianças. A proximidade da Páscoa sugere que estivessem se reunindo na Galileia para a viagem à Jerusalém.

14:22. E logo a seguir, compeliu Jesus a seus discípulos. A urgência dessa ação foi devido à tentativa do povo de transformar Jesus em seu rei pela força (Jo. 6:15).

14:23. Monte. Um lugar solitário para oração, separado dos distúrbios da multidão não espiritual. O significado dessa situação, semelhante à terceira tentação de Satanás (4:8, 9), forçou Jesus a orar, para que o seu propósito permanecesse firme. Desse monte Cristo podia também observar os seus discípulos no barco (Mc. 6:48). A tarde. Com comentário sobre o versículo 15.

14:24 Manuscritos antigos diferem entre no meio do mar e muitos estádios da praia. João 6:19 mostra que a distância da praia deveria ser de três a três milhas e meia.

14:25. Quarta vigília da noite. Isto é, das 3 às 6 da manhã. Os homens remaram desde logo após o pôr-do-sol e estavam quase exaustos. O mar encapelado e o vento contrário prejudicavam o avanço. Embora os discípulos tivessem presenciado o poder de Jesus sobre uma tempestade (Mt. 8:23-27), dessa vez ele não estava com eles. A nova lição que iam aprender era que o poder de Cristo podia sustentá-los em todas as tarefas que lhes fossem entregues, quer ele estivesse presente em corpo, quer não. Andando por sobre o mar. Para fazer isto era preciso ser o senhor da gravidade, do vento e das ondas. Os discípulos frenéticos deram lugar à superstição. Talvez pensassem que era um arauto da morte que lhes aparecia.

14:27. Sou eu. Em meio a noite tão escura e tempestuosa, o som da voz familiar devolveu a segurança onde a visão não era suficiente.

14:28-33 Só Mateus fala de Pedro andando sobre as águas.

14:28, 29. Se és tu, Senhor. Com impulsividade característica ele esperou que lhe fosse dada uma ordem para ir ter com Jesus por sobre as águas. Mas acusar Pedro de ostentação seria acusá-lo mais do que Jesus acusou.

14:30 Reparando, porém, na força do vento, isto é, seus efeitos. Embora o vento estivesse tão forte quanto antes, toda a atenção estivera centralizada em Jesus, e o Senhor honrou a sua fé concedendo-lhe poder sobrenatural. Quando a concentração na fé foi interrompida, Pedro retornou ao controle dos poderes naturais.

14:31. Jesus, estendendo a mão. Uma nova exibição de poder sobrenatural, não apenas salvamento físico por meio de força humana. Homem de pequena fé. O milagre foi concedido para mostrar, em primeiro lugar, que a fé completa em Jesus como divino Messias é suficiente para todas as tarefas recebidas, e em segundo lugar, que a recusa de Jesus em aceitar a proposta política da multidão (Jo. 6:15) não deveria desiludi-los.

14:32, 33. Verdadeiramente és o Filho de Deus. Equivalente ao Libertador Divino, o Messias, ou Cristo. Embora essa identificação fosse feita anteriormente pelos discípulos (Jo. 1:41, 49), havia uma percepção cada vez maior da parte dos Doze do que esses termos significavam.

14:34, 36. Chegaram à terra de Genesaré. Uma planície fértil várias milhas ao sul de Cafarnaum. Considerando que o discurso na sinagoga de Cafarnaum aconteceu provavelmente no dia seguinte à multiplicação milagrosa (Jo. 6:22, 59), este parágrafo pode ser uma descrição geral dos acontecimentos de diversos dias ou semanas, antes e depois da visita a Cafarnaum. O desejo dos doentes de tocar na orla de sua veste foi provavelmente motivado pela notícia da cura da hemorragia que tempos atrás ocorreu naquela região (9:20).

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