Comentário de João 13:3-5

13:3 - Jesus sabendo que o Pai,… Essas palavras expressam o sentido que Cristo tinha de sua própria grande dignidade como Mediador:comentario biblico, evangelho de joão, novo testamento

Tinha dado todas as coisas nas suas mãos;… Todas as pessoas dos eleitos, todas as benção tanto da graça como da glória para eles, e o poder e autoridade sobre todas as pessoas e coisas, para fazê-los subservientes a seus propósitos:

E que ele era vindo de Deus;… Tinha sua comissão e missão, como homem, de Deus; não veio de si mesmo, mas foi enviado por ele:

E ia para Deus;… Ou estava indo para ele em um tempo muito curto, para sentar à mão direita dele, ter um nome sobre todo nome, e ter anjos, autoridades, e poderes sujeitos à ele; o qual, como mostra a sua alta estima com o seu Pai, e o caráter exaltado dele como Mediador, assim grandemente ilustra a maravilhosa humildade dele debaixo de um sentido e consideração de tudo isso, ele deveria condescender para lavar os pés dos seus discípulos; de cujo relato é determinado nos versículos seguintes.

13:4 - Levantou-se da ceia,… Do meio da refeição, e que sem dúvida era considerável, sua mente estando preocupada com outra coisa; e sendo sua comida e bebida fazer a vontade de seu Pai,
[1] ele levanta-se e deixa seus discípulos sentados para terminar sua refeição; e quando eles ficavam discutindo sobre o desperdício do unguento que foi derramado em sua cabeça, e que estavam assim cheios de indignação, assim como todos eles estavam, veja Mat 26:8; ele se levanta para lavar seus pés, uma paciência e humildade incrível!

E colocou de lado suas vestes;… Não todas as suas vestes, apenas a veste superior, para que ficasse melhor para ele realizar a atividade que estava para realizar; e que era um emblema, como se por um tempo, ele tivesse colocado de lado sua glória e dignidade como o Filho de Deus, e assumido a forma de um servo.
[2]

E tomou uma toalha;… Ou “pano de linho”, λεντιον, o mesmo que לונטית no Talmude de Jerusalém (r):

E cingiu-se;… Com a toalha, ou o pano de linho, que servia tanto para cingir-se, e para que depois de ter lavado os pés dos discípulos, pudessem enxugá-los. Esse era um hábito servil; assim os servos costumavam ficar parados aos pés de seus mestres cingidos com o pano de linho (s); o que mostra, que o filho do homem não veio para ser ministrado mas para ministrar.
[3]

13:5 - Depois disso colocou água em uma bacia,… Isso também era uma obra servil, que pertencia apropriadamente a um servo fazer; veja João 2:5. A bacia para valar os pés, que os Judeus chamavam de רגלים עריבת, foi fixado com os doutores para conter “de dois a nove kabs” (t); não “de duas logs a dez”, como o Dr. Lightfoot tem vertido a passagem referida. Um “kab” suporta cerca de um quarto de nossa medida, e um “log” era uma quarta parte de um “kab”.

E começou a lavar os pés dos discípulos. Este costume de lavar os pés não era usado pelos judeus na Páscoa, nem em suas reuniões sociais privadas, ou refeições comuns, mas na recepção de estranhos ou viajantes que há pouco haviam chegado de uma viagem, por meio da qual eles tinham contraído sujeira, e isso era um trabalho servil, nunca executado por superiores aos inferiores, mas de inferiores para superiores; como pela esposa para o marido, pelo filho para o pai, e pelo criado para o seu mestre; e era um exemplo de grande humildade em qualquer outros, como em Abigail que disse a Davi: “permita a tua serva lavar os pés dos servos de meu Senhor", 1 Sa. 25:41, em qual lugar alguns Rabinos judeus (u) têm esta nota: "isto que ela disse, על צד הענוה, "por via de humildade", mostrar, que teria sido suficiente para ela, se ela se tornasse uma esposa de um dos servos de Davi, e lavado os seus pés, visto que era o costume de uma esposa fazer isso ao seu marido.''

Mas, que exemplo surpreendente de humildade e condescendência foi este, onde Cristo, o Senhor dos Senhores, lavou os pés dos seus discípulos, quando era o dever deles lavarem os seus pés? Embora Dr. Lightfoot diga que ele não se lembra que isto foi esperado do discípulo para com o seu mestre, a menos que incluísse naquela regra, que o discípulo deve honrar o seu mestre, mais do que o pai"; considerando que era um ponto fixo (w) com os judeus "que todos os trabalhos que um criado faz ao seu mestre, um discípulo faz ao seu amo, exceto desatar o seu sapato.''
[4] Portanto, visto que o trabalho de um criado era lavar os pés do seu mestre, um discípulo era obrigado a fazer isto igualmente ao seu amo:

E enxugar-lhes com a toalha com que ele estava cingido;… Ao passo que ele iniciou e terminou seu trabalho; e tendo lavado seus pés, e ele tendo-os deixado limpo; o que pode designar a pureza de suas vidas e conduta dos santos em geral, e dos ministros do Evangelho em particular, cujos pés estão sempre bonitos quando se acham na preparação do Evangelho da paz,
[5] e a conduta deles se tornando o que o Evangelho prega; ambas as coisas eles tem de Cristo.


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Notas

(r) Sabbat, fol. 3. 1. & 12. 1.
(s) Suetonius in Caligula, c. 26.
(t) Misn. Yadaim, c. 4. sect. 1. Vid. Misn. Celim, c. 20. sect. 2.
(u) R. Levi ben Gersom & R. Samuel Laniado in I Sam. xxv. 41. Vid. T. Bab. Cetubot, fol. 96. 1. & Maimon. Hilch. Ishot, c. 21. sect. 7.
(w) T. Bab. Cetubot, fol. 96. 1.
[1] Cf. João 4:34. N do T.
[2] Cf. Filipenses 2:6, 7. N do T.
[3] Cf. Mateus 20:28. N do T.
[4] Cf. João 1:27. N do T.
[5] Cf. Isaías 52:7. N do T.