Provérbios 25: Significado, Teologia e Exegese
Provérbios 25
Provérbios 25 inicia uma nova seção distintiva, atribuída aos provérbios de Salomão copiados pelos homens de Ezequias, o rei de Judá. Este prefácio aponta para um período posterior de compilação e organização da sabedoria salomônica. A mensagem geral do capítulo destaca a natureza insondável de Deus e dos reis, a importância da humildade e da prudência nas relações sociais, e as consequências de um comportamento imprudente, seja na fala ou nas ações. O texto enfatiza a necessidade de sabedoria ao lidar com autoridades, vizinhos e até inimigos.
No hebraico original, a estrutura dos provérbios mantém o uso predominante do paralelismo, que serve para contrastar ideias, reforçar ensinamentos ou expandir conceitos de forma concisa e memorável. Essa seção, embora antiga, ressoa com princípios éticos universais e encontra eco no Novo Testamento, que também valoriza a humildade, a sabedoria na fala e a compaixão, inclusive para com os adversários (Mateus 5:44; Romanos 12:17-21; Tiago 1:19). O foco na importância da discrição e da moderação reflete uma sabedoria prática para a vida cotidiana e as interações humanas.
📝 Resumo de Provérbios 25
Provérbios 25 inicia uma nova seção, especificamente os provérbios de Salomão copiados pelos homens de Ezequias, o rei de Judá. Nos Pv 25:1–3, o texto afirma que é a glória de Deus ocultar as coisas, mas a glória dos reis é investigá-las. A altura do céu, a profundidade da terra e a mente dos reis são insondáveis.
Já nos Pv 25:4–7, a sabedoria aconselha a pureza e a humildade na presença dos poderosos. Remova a escória da prata, e o ourives terá material puro para a taça. Remova o ímpio da presença do rei, e seu trono se estabelecerá na justiça. Não se exalte na presença do rei nem ocupe o lugar dos grandes, pois é melhor que lhe digam: “Suba para cá!”, do que ser humilhado diante de um príncipe.
No que se refere à prudência na contenda e ao valor do conselho, em Pv 25:8–10, a sabedoria adverte a não se apressar em entrar numa disputa no tribunal, pois o que você fará no final se seu próximo o envergonhar? Resolva sua causa com seu próximo em particular, e não revele o segredo de outra pessoa, para que quem o ouvir não o envergonhe e a sua má reputação nunca mais se apague.
Em seguida, nos Pv 25:11–15, o texto compara a palavra oportuna e a doçura da sabedoria. Uma palavra dita no momento certo é como maçãs de ouro em incrustações de prata. Como um brinco de ouro e um ornamento de ouro puro, assim é a repreensão do sábio para um ouvido atento. Como o frio da neve na época da colheita, assim é o mensageiro fiel para quem o envia, pois ele reanima a alma do seu senhor. Como nuvens e vento sem chuva, assim é o homem que se gaba de presentes que não dá. Pela paciência um príncipe pode ser persuadido, e uma língua suave quebra ossos.
Ainda sobre o excesso e a contenda, em Pv 25:16–18, a sabedoria aconselha que, se você encontrar mel, coma apenas o suficiente, para não se empanturrar e o vomitar. Não visite a casa do seu próximo com muita frequência, para que ele não se canse de você e passe a odiá-lo. Quem dá falso testemunho contra seu próximo é como um martelo, uma espada ou uma flecha afiada.
Os provérbios seguintes, nos Pv 25:19–23, tratam da confiança em tempos de angústia e das consequências da fofoca. Confiar em um traidor no tempo da angústia é como um dente quebrado ou um pé que escorrega. Cantar canções a um coração aflito é como tirar a roupa no frio ou derramar vinagre sobre o bicarbonato. Se o seu inimigo tiver fome, dê-lhe pão para comer; se tiver sede, dê-lhe água para beber; pois, fazendo isso, você amontoará brasas sobre a cabeça dele, e o Senhor o recompensará. O vento norte traz chuva, e a língua caluniadora causa a ira.
Finalmente, o capítulo conclui com a preferência pela paz e a decadência do justo que cede. Nos Pv 25:24–28, é melhor morar no canto de um telhado do que dividir a casa com uma mulher briguenta. Boas notícias vindas de uma terra distante são como água fresca para uma alma sedenta. Como uma fonte turva ou uma nascente poluída, assim é o justo que cede ao ímpio. Não é bom comer mel em excesso, nem buscar a própria glória em demasia. Como uma cidade com suas muralhas derrubadas e sem defesa, assim é o homem que não tem domínio próprio sobre seu espírito.
📖 Comentário de Provérbios 25
Provérbios 25.1-5 A prata só tem valor depois que as impurezas são removidas. Da mesma forma, a perversidade precisa ser removida de um rei para que seu trono seja de fato legítimo.Provérbios 25:1 Este é o quinto cabeçalho (veja também 1:1; 10:1; 22:17–21; 24:23) do livro. Começa outra seção de provérbios salomônicos (o que implica que o que vem antes não é salomônico) que continuará até o final do cap. 29, mas desta vez outros estariam envolvidos. O mistério do versículo tem a ver com a natureza do envolvimento dos homens de Ezequias.
No entanto, antes de mais nada, devemos mencionar que Ezequias foi rei de Judá de 715 a 687 AC. Embora tivesse lapsos de bom senso, ele era essencialmente um rei conhecido por sua devoção a Deus (2 Reis 18–20; 2 Crônicas 29–32; Isaías 36–39). É provável que junto com outros atos de reforma e renovação do culto após a destruição do reino do norte em 722, ele também tenha iniciado mais cuidado na transmissão da literatura sagrada.
A tradição representada aqui, de que as pessoas associadas a ele tiveram algo a ver com a composição e transmissão dos Provérbios, certamente está de acordo com o que sabemos sobre esse rei a partir dessas outras fontes. No entanto, a referência bastante geral a “homens de Ezequias” não nos permite ser mais específicos na identificação de quem são exatamente: sábios empregados pela corte? sacerdotes encarregados da transmissão do texto, que já pode ter sido considerado sagrado e autoritário? Não podemos dizer com certeza.
Mas o maior mistério tem a ver com o que eles estavam fazendo com o texto. O verbo é ʿātaq no hiphil. [NIDOTTE 3:569–70] O significado básico do verbo (qal) é “mover; envelhecer”. No hiphil, pode significar “fazer algo se mover”. Parece que o verbo indica que os homens de Ezequias mudaram esses provérbios de uma fonte para outra (portanto, “transpõem”). Talvez devêssemos supor que se reconhecia que esses provérbios salomônicos também tinham autoridade e precisavam ser adicionados à crescente coleção que até então estava sendo transmitida separadamente. Whybray, no entanto, sugere que o verbo pode indicar “editar”, embora não compor, e ao longo de seus escritos ele sustenta vigorosamente que isso não prova a existência de uma guilda de professores profissionais de sabedoria. [R. N. Whybray, “The Sage in the Israelite Royal Court,” em The Sage in Israel and the Ancient Near East, ed. J. G. Gammie and L. G. Perdue (Winona Lake, IN: Eisenbrauns, 1990), 138.]
Continuo não persuadido pela tentativa de G. Bryce de localizar um “livro de sabedoria” análogo aos “trinta ditos dos sábios” (22:17–24:22) em 25:2–27. Ele também propõe uma analogia com textos curtos de sabedoria egípcia, a Instrução de Sehetepibre e o Kemit. Essa análise requer que os “homens de Ezequias” tenham entendido mal o que estavam fazendo e obscurecido a estrutura. O principal problema com seu ponto de vista é que ele insiste que vv. 6–15 lidam com o governante e vv. 16–26 discutem os ímpios, mas uma leitura desses versículos não demonstra consistentemente esse fato. Mesmo assim, junto com Bryce, notamos uma série de conexões legítimas entre os provérbios no capítulo que podem ser vistas no conteúdo e/ou estrutura e jogo de palavras. Enquanto ele acredita que o cap. 27 tem a ver com o treinamento de jovens cortesãos, Malchow argumenta a favor de aceitar rachaduras. 28–29 como uma unidade para o orientação dos futuros monarcas.
Provérbios 25:2–3 Esses dois provérbios estão ligados por sua referência comum ao “rei”, bem como pela repetição do verbo “examinar” (ḥqr). O primeiro provérbio soa como um caso de esconde-esconde. Deus esconde algo (Deuteronômio 29:29), e os reis tentam procurá-lo. Clifford coloca bem: “O mundo de Deus está cheio de enigmas e quebra-cabeças além da capacidade das pessoas comuns, mas o rei está lá para desvendá-los e levar as pessoas a servir aos deuses”. [Clifford, Proverbs, p. 222.]
Em ambos os casos, Deus e o rei são honrados e respeitados, embora claramente a hierarquia seja Deus primeiro, depois o rei, depois o resto da humanidade. O segundo provérbio ensina sobre a inescrutabilidade do coração do rei, presumivelmente seus pensamentos, motivos e emoções — toda a sua vida interior. Isso é comparado com outros grandes assuntos como os céus e a terra. O provérbio é dirigido principalmente aos sábios que trabalhariam com o rei, talvez instilando neles o devido respeito. Também pode alertá-los sobre a tentativa de psicanalisar (usando um termo moderno) o monarca.
Provérbios 25:4–5 Este provérbio se encaixa com aqueles que falam sobre os perigos de se associar com o mal. Provérbios opera com a preocupação de que as pessoas se tornem como aqueles com quem se associam (1:8-19). Aqui as apostas são altas porque a pessoa em vista é o rei, a pessoa mais influente do reino.
Uma analogia é feita entre os dois versículos da passagem. Na primeira, o processo de refino da prata é descrito em linhas gerais. O minério de chumbo continha um pouco de prata e, para obtê-lo em sua forma pura, era necessário aquecê-lo e derreter o óxido de chumbo (escória). [NIDOTTE 3:244–45.] Para obter o bom metal, era preciso separá-lo do metal sem valor. Da mesma forma, deve-se remover as pessoas perversas da presença do rei, o que provavelmente é uma referência aos associados e conselheiros do rei. Se isso for feito corretamente, o reinado do rei (simbolizado por seu trono) será caracterizado pela retidão.
Perguntamo-nos a quem se dirigem os imperativos. Talvez seja para os conselheiros justos do rei, que devem estar atentos para manter seu mestre longe de más influências. Ou talvez tenha apenas a força de um princípio geral para explicar por que um rei é mau e outro bom.
Provérbios 25.6, 7 O sábio não deve procurar autopromover-se ou exaltar-se diante dos demais. Esta questão é um tema recorrente na Bíblia. Inclusive, Jesus exortou sobre isso em Lucas 14.11. A quem já os teus olhos viram. Esta expressão reflete o costume da Antiguidade de nunca olhar nos olhos de um superior até receber autorização para tal (Is 6.5).
Provérbios 25:6–7b Provérbios ensina consistentemente contra o auto-engrandecimento, bem como a ostentação. Em geral, o livro adverte contra o orgulho e promove a humildade. Quão mais importantes são esses princípios quando na presença da nobreza. Afinal, esses são indivíduos que devem honrar a si mesmos e terão dificuldade em tolerar pessoas que tentam conferir honra a si mesmos.
O versículo 7 deixa claro que não é a honra em si que é má. Pelo contrário, é auto-honra. A esperança é que o rei, por sua própria iniciativa, confira honra a uma pessoa. O público primário mais natural para este aviso é o sábio que serve no tribunal, embora o princípio possa ter ampla aplicação. A advertência transmitida por esses versículos é semelhante e talvez até o pano de fundo do conselho dado por Jesus em Lucas 14:7–11. [Beardslee, “Uses of the Proverb,” p. 65.]
Provérbios 25:7c-8 Este provérbio adverte contra uma acusação precipitada de algum tipo de transgressão. A linguagem faz soar como uma “acusação” legal (rîb), mas, novamente, o princípio é relevante para uma acusação informal a um vizinho ou mesmo a um terceiro (tornando a situação uma forma de fofoca, também condenada veementemente por Provérbios).
Os olhos podem enganar, então é preciso refletir sobre a situação antes de fazer uma acusação. Também pode ser que alguém tenha visto a verdade, mas não possa provar, e então a acusação de alguém parece uma acusação forjada. Se a acusação for falsa ou não comprovada, o vizinho pode lançar calúnias sobre aquele que faz as acusações.
Provérbios 25.8-15 Não te apresses a litigar. Em nossa época litigiosa, esta recomendação tem relevância peculiar. Procure lidar com desavenças fora do tribunal, em particular ou com presença de um mediador.
Provérbios 25:9–10 Este aviso proverbial segue muito bem o imediatamente anterior. Ambos informam sobre o protocolo sábio para lidar com problemas percebidos com um vizinho. Aqui o conselho é criticar o vizinho diretamente e fazer a acusação sem ir a público. O segredo é a crítica que se faz ao próximo. O temor é que a crítica seja ouvida por um terceiro, talvez simpatizante do vizinho, e então o acusador fique com a fama de fofoqueiro, algo categoricamente condenado pelo livro de Provérbios (11:13; 17:4; 18:8). Como aponta Clifford, esse conselho tem semelhanças com o ensino do Evangelho encontrado em Mateus. 18:15, bem como 5:22-26.
Provérbios 25:11–12 Esses provérbios enfatizam a natureza circunstancial de falar palavras sábias. Simplesmente não é o caso de os provérbios serem efetivamente ou mesmo verdadeiramente falados em todas as situações. Às vezes, a pessoa sábia precisa permanecer em silêncio (12:23; 17:27–28; 23:9). Somente os tolos falam o tempo todo, sem levar em conta as circunstâncias e em seu próprio prejuízo (Pv 26:7, 9). A fórmula da sabedoria é falar a palavra certa para a pessoa certa na hora certa (15:23). Por exemplo, a circunstância e a natureza do tolo determinam se a pessoa sábia deve responder a um argumento tolo (26:4, 5).
O primeiro provérbio (25:11) menciona especificamente falar a palavra certa na hora certa. Ele desenha uma analogia para fazer seu ponto. A “palavra” (provavelmente um provérbio ou um conselho) é como uma “maçã de ouro”; ela tem um valor inerente, mas quando falada na hora certa, é como se a maçã de ouro ganhasse um engaste de prata. Aumenta o seu valor.
O segundo provérbio (v. 12) aborda a necessidade de um ouvinte receptivo para um pouco de conselho. Em particular, refere-se a uma palavra de correção, provavelmente alguma palavra que confronta o comportamento defeituoso de outra pessoa. O sábio ouvirá tais corretivos, mas não o tolo. De qualquer modo, quando um ouvido atento presta atenção a uma correção sábia, ela tem grande valor para a pessoa e é comparada a joias de ouro.
Provérbios 25:13 A comunicação eficaz à distância no antigo Oriente Próximo dependia tipicamente de mensageiros humanos. Transações comerciais, decisões políticas, para não falar de comunicação pessoal — tudo dependia da confiabilidade daqueles que foram comissionados para levar a mensagem. O elogio de Provérbios aos mensageiros fiéis, bem como seus comentários negativos sobre os mensageiros que decepcionaram seus mestres (13:17), podem muito bem indicar que houve alguns problemas nessa área. Assim, um mensageiro confiável é como a neve no dia da colheita. A colheita seria um trabalho difícil e em um dia quente poderia ser insuportável. A neve traria um alívio legal. Neste provérbio, temos um terceiro dois pontos, o que torna o significado da metáfora ainda mais explícito, pois fala sobre a restauração da alma do mestre.
Provérbios 25:14 Como o provérbio anterior, este também contém uma metáfora que começa com a comparação. Onde há nuvens e vento, espera-se chuva. Não chover é uma decepção, especialmente em uma área como a Palestina, onde as chuvas não são abundantes e são desesperadamente necessárias para a agricultura. Em outras palavras, dois pontos 1 é uma maneira de dizer que algo é “totalmente exibido e sem resultados”.
Isso nos ajuda a entender o dom “falso” ou “enganoso” do segundo cólon. De que forma é enganoso? Provavelmente se refere àqueles que dizem que vão dar um presente e, na verdade, se gabam disso, mas nunca o dão. Eles podem anunciar um presente com antecedência para cair nas boas graças do suposto destinatário e nunca dar o presente de fato. Se esta interpretação estiver correta, então o provérbio serve como um aviso para tomar cuidado com essas falsas alegações e não dar favores com base na promessa de um presente.
Provérbios 25:15 Este provérbio diz ao leitor que as coisas difíceis não são vencidas pela força ou uma demonstração de força, mas pela paciência e ternura. Isso é exatamente o oposto do que se poderia esperar. Um comandante militar é presumivelmente um indivíduo duro, acostumado a lidar com o confronto. O inesperado, a “paciência”, o conquista. No segundo cólon, pode-se esperar os melhores resultados de uma palavra áspera, mas aqui é a palavra terna.
Provérbios 25:16–17 Esses dois provérbios são acompanhados por sua segunda cola, cada uma alertando contra o exagero nas coisas boas e as más consequências que decorrem de tal comportamento. O primeiro aviso tem a ver com comer demais de uma coisa boa. O mel tem um sabor deliciosamente doce, com certeza, mas aqueles que comem muito dele descobrirão que seus estômagos não conseguem mantê-lo no estômago. Isso os deixará doentes. Este princípio não está vinculado apenas ao mel, mas também se aplica a qualquer alimento. Comer ou beber demais vai adoecer em vez de energizar.
O segundo cólon tem a ver com o relacionamento com os vizinhos. Novamente, não é que o sábio recomende não ter nada a ver com os vizinhos. Trata-se de exagerar e, como diz a nossa própria expressão, “ultrapassar o acolhimento”. Uma pessoa que faz isso se tornará um estorvo em vez de um amigo ou uma ajuda. Embora ambos os provérbios tenham suas aplicações em um aspecto particular da vida (alimentação e relações sociais), eles ainda levantam a questão da aplicação de forma ainda mais ampla. Muito de praticamente qualquer coisa boa terá consequências negativas.
Provérbios 25.16 Até mesmo as coisas boas, quando em excesso, prejudicam.
Provérbios 25.17 A questão aqui é moderação. A longa e constante permanência na casa do próximo se torna um incomodo.
Provérbios 25.18-26 As palavras de Jesus em Mateus 5.43-48 tem ligação direta com estes versículos. O termo “brasas” (v. 21) refere-se ao juízo de Deus (SI 120.4; 140.10). A ideia é de que um ato de gentileza para com seu inimigo pode fazê-lo sentir vergonha. E apenas uma das diversas maneiras de derrotar o mal com o bem (Rm 12.20).
Provérbios 25:18–19 Esses dois provérbios estão unidos mais pela forma do que pelo conteúdo. Ambos começam com uma lista de itens que serão comparados implicitamente, formando assim uma metáfora, com algo em sua segunda cola. É o item na segunda vírgula que é o objeto do ensino.
O versículo 18 lista três armas: “martelo”, “espada” e “flecha”. Estes podem ser usados para ferir ou mesmo matar outra pessoa. Eles são comparados a alguém que dá falso testemunho contra um próximo. A linguagem do v. 18b é semelhante à do nono mandamento (Êxodo 20:16). O ensino contra o falso testemunho está difundido em Provérbios (14:5, 25; etc.). É provável que o cenário principal do ensino seja o tribunal. O falso testemunho poderia resultar em penalidades contra os vizinhos que realmente os prejudicariam. Em um caso extremo, onde a pena de morte pode ser exigida, é concebível que ela possa resultar na morte de alguém. A história do caso forjado contra Nabote em 1 Reis 21 é um bom exemplo deste último, para não falar das testemunhas trazidas para testemunhar falsamente contra Jesus.
O versículo 19 apresenta uma lista de dois itens, partes do corpo, que estão incapacitadas e produzindo dor, certamente no caso do primeiro. O provérbio indica que uma pessoa não confiável ou infiel é exatamente assim quando surgem problemas. Assim como um dente estragado o deixa para baixo e dói quando você está tentando comer, ou um pé vacilante o deixa para baixo e dói quando você tenta andar, o mesmo acontecerá com essa pessoa. A comparação convida o ouvinte a pensar sobre o caráter de seus associados e avaliar se eles ajudarão ou prejudicarão quando os problemas começarem.
Provérbios 25:20 O provérbio estabelece uma comparação que funciona como uma metáfora. A intenção é explicar os efeitos de tentar ser feliz em meio a problemas. Torna as coisas piores cantar uma música alegre quando alguém está triste. Tirar uma roupa certamente não ajuda a aquecer uma pessoa com frio. O vinagre também reage violentamente quando misturado com refrigerante (misturando um ácido com um álcali). A felicidade apenas agrava um coração perturbado. Isso instruiria um sábio sobre como abordar um indivíduo deprimido. A NRSV aqui segue o grego omitindo os primeiros dois pontos do hebraico, traduzindo “soda” como “ferida” e incluindo a comparação adicional: “Como uma mariposa na roupa ou um verme na madeira, a tristeza rói o coração humano.”
Provérbios 25:21–22 Nossa inclinação natural é querer ferir aqueles que nos ferem. Queremos vingança contra nossos inimigos. A sociedade tribal antiga tendia a ser extrema em seus métodos de vingança. De fato, instituições como as “cidades de refúgio” (Josué 20) e até mesmo o princípio do “olho por olho” (Êxodo 21:23–24) foram tentativas de conter a vingança excessiva.
Mas este provérbio apresenta uma notável declaração de compaixão para com os inimigos que trabalha contra esta inclinação natural. Em vez de prejudicar os oponentes quando sua fraqueza apresenta uma oportunidade, devemos ajudá-los!
A motivação para fazer isso não agrada a muitos leitores modernos, que podem preferir um raciocínio mais elevado. Tal comportamento, diz-se, será na verdade uma forma de vingança. Os inimigos de alguém ficarão exasperados com os atos de compaixão. Além disso, Deus recompensará aquele que age dessa forma.
Outros provérbios sugerem bondade para com os inimigos (14:29; 19:11; 20:22; 24:17, 29), mas este leva a ideia mais longe. No AT, sentimentos semelhantes também são expressos em Êx. 23:4 e Lev. 19:17–18. Este provérbio é citado por Paulo em Rom. 12:20 para desencorajar a vingança contra os inimigos. O contexto mais amplo inclui vv. 19–21:
Queridos amigos, nunca se vinguem. Deixe isso com Deus. Pois está escrito:
“Vou me vingar;Em vez disso, faça o que as Escrituras dizem:
Retribuirei a quem merecer”,
diz o Senhor.
“Se seus inimigos estão com fome, alimente-os.Jesus cita o ensino do “olho por olho” do AT e apresenta uma ideia ainda mais radical sobre a retaliação: “Amai os vossos inimigos” (Mateus 5:38-48). Clifford cita uma série de ensinamentos de outra literatura de sabedoria do antigo Oriente Próximo que expressa o mesmo tipo de ideia:
Se tiverem sede, dê-lhes de beber,
e eles ficarão envergonhados do que fizeram a você.
Não deixe o mal tirar o melhor de você, mas vença o mal fazendo o bem. (NLT)
Steer, vamos transportar os ímpios,
Não agimos como sua espécie ;
Levanta-o, dá-lhe a mão,
Para que ele se sacie e chore.
(Amenemope 5.1–6)
É melhor abençoar alguém do que prejudicar alguém que o insultou.Não devolva o mal ao homem que disputa com você; retribua com bondade o seu malfeitor. (Conselhos Babilônicos de Sabedoria 1.35–36) [Clifford, Proverbs, p. 226.] Houve muitas explicações para a difícil frase sobre amontoar brasas na cabeça. Alguns veem uma conexão com um ritual egípcio de penitência, onde uma pessoa carrega uma panela de brasas na cabeça, enquanto outros veem isso como uma referência ao rosto vermelho de vergonha. Outros ainda traduzem de uma forma que inverte o significado e sugere que as brasas são removidas do inimigo. Nenhuma delas é totalmente convincente, mas me incluo na grande maioria que não tem dúvidas de que se refere a algum tipo de punição ou dor infligida ao inimigo.
(Papyrus Insinger 23.6)
Whybray certamente está certo ao afirmar: “Como muitas outras passagens em Provérbios, esses versículos estão preocupados com a harmonia e o bem-estar da comunidade local, que deve anular os interesses egoístas e as rixas dos indivíduos”. [Whybray, Proverbs, p. 367.]
Provérbios 25:23–28 Analogias variadas. Com exceção do v. 24, que é uma repetição virtual de 21:9, os provérbios restantes no cap. 25 analogias presentes. A segunda cola apresenta o foco do ensino, enquanto a cola de abertura apresenta uma comparação marcante e esclarecedora com algo da vida cotidiana. Porém, além dessa semelhança formal, não há muita relação em termos de ensino, por isso trataremos cada verso separadamente.
Este provérbio instrui sobre os efeitos de um certo tipo de discurso, que vem sob o nome de “língua oculta”. Seja o que for, produz rostos raivosos, assim como os ventos do norte trouxeram chuva para a Palestina. Uma “língua oculta” pode se referir à fala que permanece oculta, talvez sussurrando ou falando pelas costas de alguém. Em outras palavras, aqui podemos estar lidando com uma declaração sobre fofoca. Uma vez que a fofoca é descoberta, ela produz raiva naqueles a quem é dirigida. A advertência implícita do provérbio, então, é informar às pessoas que a fofoca pode muito bem resultar no fofoqueiro sendo objeto de alguma raiva bastante intensa.
Com uma pequena variação sintática, este provérbio é idêntico a 21:9. O comentário sobre esse versículo deve ser consultado. Se a pessoa está longe da família e dos amigos (“terra distante”), o desejo por notícias sobre seu bem-estar torna-se intenso. Receber notícias, particularmente boas notícias, satisfaz um desejo fundamental. A metáfora que inicia o provérbio indica que a intensidade do desejo por notícias e o sentimento de alívio ao ouvir uma boa notícia são o objeto do provérbio. Afinal, o cansaço do esforço extremo gera uma sede tremenda. A água fria não apenas atende à necessidade de hidratação, mas a água fria também é particularmente satisfatória.
O provérbio poderia ser expresso para expressar o desejo de notícias ou para explicar a satisfação que se sente ao receber uma notícia bem-vinda. Também pode ser usado como motivação para enviar boas notícias a um ente querido que está longe.
De acordo com 10:30:
O justo nunca será abalado [de môṭ],E 12:3:
mas os ímpios não habitarão na terra.
Ninguém resistirá a atos perversos,Mas este versículo prevê “uma pessoa justa que cambaleia [de môṭ] diante de uma pessoa perversa”! Não é assim que deveria ser, mas este provérbio reconhece que às vezes acontece que os justos serão maltratados em favor dos ímpios. Mas tal situação não é correta. É como uma fonte de água envenenada.
mas a raiz dos justos não pode ser perturbada [de môṭ].
Anteriormente (25:16), aprendemos que buscar muito de uma coisa boa, como comer muito mel, pode levar a consequências adversas (vômito). Aqui somos lembrados de que comer mel (uma coisa boa) não é bom se feito em excesso, e isso é comparado a tentar ganhar muita honra para si mesmo. A investigação da honra é melhor compreendida como uma tentativa de investigar a honra para ganhá-la para si mesmo. A lição é não se preocupar excessivamente com a aquisição de grande glória para si mesmo. Em outras palavras, a pessoa sábia não deve ser orgulhosa.
Autodisciplina e autocontrole são necessários. Caso contrário, pode-se correr desenfreado. Esta lição é ensinada em comparação com uma cidade sem muro, o que a deixaria aberta ao ataque. Tal cidade e tal pessoa não têm foco, o que os deixa sem forças.
Provérbios 25.27 A moderação nas boas coisas (v. 16) casa com a humildade.
Provérbios 25.28 “Como cidade derrubada, sem muro, assim é o homem que não tem domínio sobre o seu espírito.” A imagem aqui é clara e forte: um homem sem controle sobre o seu próprio espírito — ruaḥ em hebraico — é comparado a uma cidade sem muros, ʿîr perūṣâ. Essa cidade foi invadida, arrombada, desprotegida. E é justamente isso que acontece com quem não domina seus impulsos. Ele se torna vulnerável, aberto a todo tipo de ataque — seja de tentações internas, seja de pressões externas. A metáfora do muro destruído (cf. 2Cr 32:5) simboliza a ausência de defesa, onde qualquer inimigo pode entrar, agir e sair sem resistência. Assim, um espírito sem controle é como uma fortaleza que perdeu sua força e foi deixada à mercê dos saqueadores. Como destaca Michael V. Fox: “a metáfora também pretende sugerir que o autocontrole, como um muro, protege seu possuidor, além de contê-lo” (FOX, 2009, p. 791).
O termo usado para “domínio” está relacionado à raiz hebraica ʿāṣar, que significa “conter”, “prender”, “restringir” — é o poder de reter dentro de si aquilo que facilmente deseja escapar: raiva, impulsos, desejos, ego. Isso é diferente de simplesmente “reprimir”. Trata-se de governar. É o governo interior, a autarquia espiritual. O texto não usa a palavra nephesh (“alma”), onde residem os desejos, mas ruaḥ (“espírito”), pois é nesse nível que a paixão se torna destrutiva. O espírito desgovernado se torna um campo de batalha tomado por um falso ego — ego esse que, em vez de ser dominado pela razão, pela consciência ou pela presença de Deus, se levanta em soberania. E essa soberania é trágica.
O Novo Testamento ecoa esse mesmo princípio. Em Gálatas 5:22-23, Paulo descreve o autocontrole — enkrateia em grego — como fruto do Espírito Santo. Isso quer dizer que o domínio próprio não é fruto de mera disciplina humana, mas resultado da ação divina na alma regenerada. É Deus, e não o homem, quem coloca guardas à porta da cidade. Aquele que busca a Deus precisa se arrepender e entregar sua vida à autoridade de Cristo. Então o Espírito Santo vem habitar nele, e o autocontrole será parte do fruto do Espírito nele. Essa contenção que vem de Deus não apenas protege a alma de quedas externas, mas a impede de se autodestruir com surtos interiores de egoísmo, ira e desejos desordenados (cf. Efésios 5:18).
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Como uma cidade sem muros está exposta, o homem sem domínio sobre seu espírito é vulnerável à insensatez, alerta Provérbios 25. |
Matthew Henry já notava que o homem virtuoso é aquele que mantém o controle sobre seus apetites, paixões e ressentimentos. Ele os governa, e não é governado por eles. Ele mantém tudo “em boa ordem”. Isso é o oposto do homem que, diante de uma provocação, irrompe com ira; diante de uma tentação, se entrega; e diante de uma frustração, se vinga. Esse homem sem freio interior — como descreve o texto — é como uma cidade onde tudo o que é bom sai, e tudo o que é mau entra. Nele, os muros ruíram; a disciplina se perdeu. O pecado não é apenas um visitante ocasional: torna-se um morador fixo.
Peter Muffet também contribui com essa leitura ao afirmar que “assim como tal cidade pode ser saqueada e devastada sem problemas, um homem que não sabe conter seus desejos e afeições está em constante perigo de seguir cegamente o impulso de sua sensualidade desenfreada” (MUFFET, 1868, p. 134). Ele também observa que o desejo, ao não ser contido, transforma-se em paixão — e esta, ao dominar, leva à ruína. Assim como Neemias chorou pelos muros destruídos de Jerusalém (Neemias 1:3), assim também o espírito desprotegido de um homem se torna motivo de vergonha e sofrimento.
Provérbios 25:28, portanto, é um alerta solene e profundo. Ele nos ensina que o verdadeiro forte não é o que domina os outros, mas o que domina a si mesmo (cf. Provérbios 16:32). A cidade mais segura do mundo é aquela que tem muros firmes — e o homem mais sábio é aquele que sabe guardar sua alma, refrear seus impulsos e submeter seu espírito ao governo de Deus. Pois onde há domínio próprio, há paz; onde há muros espirituais, há refúgio. E onde o Espírito governa, o homem permanece de pé.
🙏 Devocional de Provérbios 25
Provérbios 25:1-7 (O Mistério de Deus e a Honra na Presença do Rei)Provérbios 25 inicia com uma seção que atribui a coleta desses provérbios aos "homens de Ezequias, rei de Judá". O versículo 1 introduz: “Também estes são provérbios de Salomão, que transcreveram os homens de Ezequias, rei de Judá”. O v. 2 estabelece um contraste fundamental: “É a glória de Deus encobrir as coisas, mas a glória dos reis é esquadrinhá-las”, sublinhando a majestade divina em Seu mistério e a responsabilidade da autoridade em buscar o conhecimento. O v. 3 aponta para a impenetrável grandeza: “Assim como o céu é alto e a terra profunda, assim o coração dos reis é impenetrável”.
Os vv. 4-5 tratam da purificação e da justiça na liderança: “Tira da prata as escórias, e sairá um vaso para o ourives. Tira o ímpio da presença do rei, e o seu trono se firmará em justiça”. Finalmente, os vv. 6-7 aconselham sobre a humildade e a prudência na presença de grandes homens: “Não te glories na presença do rei, nem te ponhas no lugar dos grandes; porque melhor é que te digam: ‘Sobe para cá!’, do que seres humilhado na presença do príncipe a quem os teus olhos viram”.
A aplicação prática dessas verdades nos impele a reconhecer a soberania divina, a buscar a justiça na liderança e a praticar a humildade. Para o seguidor de Cristo, a glória de Deus muitas vezes reside em Seus mistérios e em Sua sabedoria insondável (Romanos 11:33). No entanto, somos chamados a buscar a verdade revelada. A justiça e a retidão devem ser a base de qualquer liderança, e a eliminação de pessoas corruptas fortalece o governo. A humildade é uma virtude cristã essencial, pois a exaltação vem de Deus no tempo certo (Tiago 4:10). No ambiente familiar, pais devem ensinar seus filhos a respeitar os mistérios de Deus e a buscar o conhecimento com humildade.
Eles devem também alertar contra a arrogância e a busca por destaque a todo custo, mostrando que a verdadeira honra vem de um coração humilde e de uma conduta digna. Filhos aprendem que a humildade é o caminho para a exaltação e que a ostentação leva à vergonha. No ambiente profissional, a busca por conhecimento e a humildade ao lidar com superiores e colegas são cruciais. Um profissional que se exalta, sem mérito, pode ser humilhado. A remoção de colaboradores desonestos é fundamental para a integridade da empresa. Na comunidade eclesiástica, o reconhecimento da soberania e do mistério de Deus é fundamental para a adoração.
A liderança deve buscar a pureza e a justiça, afastando a iniquidade para que o nome de Cristo seja honrado. A humildade deve ser cultivada entre os crentes, lembrando que o Senhor exalta os humildes. Como cidadãos, somos chamados a valorizar a humildade e a integridade em nossos líderes, e a buscar a remoção de corruptos dos cargos de poder. A condenação da arrogância e a promoção da justiça são cruciais para a saúde de uma nação, onde a verdadeira honra é concedida àqueles que ascendem por mérito e virtude.
Provérbios 25:8-12 (A Prudência na Contenda e o Valor do Bom Conselhos)
Este bloco de Provérbios 25 oferece conselhos sobre a prudência em disputas e a eficácia de uma repreensão sábia. O versículo 8 adverte sobre a precipitação em contendas: “Não saias apressadamente à contenda, para que depois, ao fim, não saibas o que hás de fazer, quando o teu próximo te envergonhar”. O v. 9 sugere um caminho de discrição e reconciliação: “Pleiteia a tua causa com o teu próximo, e não reveles o segredo de outro”. O v. 10 explica a razão: “Para que não te envergonhe aquele que te ouve, e não se aparte de ti a tua má fama”. Os vv. 11-12 elogiam a comunicação sábia e o conselho oportuno: “Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo. Como pendente de ouro e joia de ouro fino, assim é o sábio repreensor para o ouvido atento”.
A aplicação prática dessas verdades nos impele à prudência em conflitos, à discrição e à valorização do conselho sábio. Para o seguidor de Cristo, a busca pela reconciliação e a discrição sobre os segredos alheios são cruciais para manter a paz e a reputação (Mateus 5:25). A precipitação em brigas pode levar a situações embaraçosas e à perda de credibilidade. Uma palavra de sabedoria, dita no momento certo, é como um presente valioso, e uma repreensão de um sábio, quando ouvida, é um tesouro. No ambiente familiar, pais devem ensinar seus filhos a evitar a impulsividade em brigas, incentivando a resolução pacífica de conflitos e a discrição sobre assuntos familiares.
Eles devem também modelar a comunicação eficaz, mostrando como uma palavra bem colocada ou uma repreensão amorosa pode ser valiosa. Filhos aprendem que a pressa na contenda leva à vergonha e que a sabedoria na fala é um grande trunfo. No ambiente profissional, a prudência em disputas e a discrição sobre informações confidenciais são essenciais. A capacidade de resolver conflitos com sabedoria, sem expor os segredos de colegas, é uma habilidade valiosa. Um líder que sabe repreender de forma construtiva e oportuna é altamente eficaz.
Na comunidade eclesiástica, a exortação à pacificação e à discrição sobre questões delicadas é fundamental para a unidade do corpo de Cristo. A igreja deve promover a comunicação sábia e a capacidade de dar e receber repreensões construtivas. Como cidadãos, somos chamados a buscar a resolução pacífica de conflitos e a manter a discrição sobre informações sensíveis. A valorização da comunicação assertiva e da capacidade de repreender com sabedoria são cruciais para o bem-estar e a harmonia de uma sociedade, onde a palavra dita a seu tempo tem o poder de transformar e edificar.
Provérbios 25:13-17 (A Fidelidade do Mensageiro e os Perigos da Familiaridade Excessiva)
Este bloco de Provérbios 25 exalta a fidelidade do mensageiro e adverte sobre os perigos da familiaridade excessiva. O versículo 13 compara a fidelidade do mensageiro: “Como o frio da neve no tempo da ceifa, assim é o mensageiro fiel para com os que o enviam; porque refrigera a alma dos seus senhores”, destacando o alívio e a satisfação que a boa notícia traz. O v. 14 adverte sobre a falsa promessa: “Como nuvens e ventos que não trazem chuva, assim é o homem que se gloria falsamente de um presente que não deu”, revelando a decepção causada pelas promessas vazias. O v. 15 enfatiza a paciência e a persuasão: “Com longanimidade se persuade o príncipe, e a língua branda quebranta os ossos”, sublinhando o poder da paciência e da comunicação gentil. Os vv. 16-17 aconselham sobre a moderação e os limites nas visitas: “Achaste mel? Come somente o que te basta, para que não te fartes dele e o vomites. Retira o teu pé da casa do teu próximo, para que não se enfade de ti e te aborreça”.
A aplicação prática dessas verdades nos impele à fidelidade, à honestidade nas promessas, à paciência e à prudência nas relações sociais. Para o seguidor de Cristo, a fidelidade no cumprimento de sua missão e na transmissão da Palavra de Deus traz refrigério para muitos (2 Timóteo 2:2). A promessa vazia é enganosa e destrói a confiança. A paciência e a mansidão na fala são mais poderosas do que a força (Provérbios 15:1). A moderação em todas as áreas, incluindo a interação social, é essencial para manter o equilíbrio e evitar o excesso que leva à aversão.
No ambiente familiar, pais devem ensinar seus filhos a serem fiéis às suas palavras e a cumprir suas promessas. Eles devem também modelar a paciência na comunicação e a moderação nas interações, mostrando que o excesso de familiaridade pode levar ao cansaço. Filhos aprendem que a fidelidade é uma virtude e que a moderação e o respeito aos limites dos outros são cruciais para manter boas relações. No ambiente profissional, a fidelidade no cumprimento de tarefas e a entrega de resultados são altamente valorizadas, trazendo satisfação aos líderes. Fazer promessas vazias, por outro lado, prejudica a reputação. A paciência e a persuasão gentil são mais eficazes em negociações e interações com superiores do que a agressividade. A moderação no uso de recursos e na interação com colegas é importante para manter um bom ambiente.
Na comunidade eclesiástica, a fidelidade no serviço a Deus e aos irmãos é um testemunho poderoso. A igreja deve pregar contra a falsidade nas promessas e promover a paciência e a mansidão nas relações, cultivando a moderação em todas as áreas da vida. Como cidadãos, somos chamados a valorizar a fidelidade e a honestidade na comunicação e nas promessas públicas. A promoção da paciência no diálogo e a condenação da familiaridade excessiva que invade a privacidade são cruciais para a harmonia social, onde a moderação em todas as coisas garante o bem-estar e a convivência respeitosa.
Provérbios 25:18-22 (A Força da Lealdade e a Resposta ao Inimigo)
Este bloco de Provérbios 25 compara a falsidade a uma arma perigosa e exorta a uma resposta benevolente ao inimigo. O versículo 18 descreve a falsidade: “Martelo, e espada, e flecha aguda é o homem que depõe falso testemunho contra o seu próximo”, sublinhando o poder destrutivo da mentira. O v. 19 fala da confiança na pessoa errada: “Como dente quebrado e pé desconjuntado, assim é a confiança no desleal no tempo da angústia”, revelando a dor e o prejuízo de depender de quem não é fiel. O v. 20 expressa a insensibilidade de quem canta para um coração triste e de quem tira o agasalho no frio, comparando tal atitude a “vinagre sobre salitre”, ou seja, algo que agrava a situação. Os vv. 21-22 oferecem um conselho contracultural sobre como lidar com o inimigo: “Se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe pão para comer; e, se tiver sede, dá-lhe água para beber; porque amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça, e o Senhor te recompensará”.
A aplicação prática dessas verdades nos impele à veracidade, à prudência na confiança e à benevolência para com os inimigos. Para o seguidor de Cristo, o falso testemunho é um pecado grave que destrói vidas (Êxodo 20:16). Confiar em pessoas desleais é um erro que traz grande sofrimento. A sensibilidade ao sofrimento alheio é uma marca do amor cristão. E a prática de amar os inimigos e de fazer o bem àqueles que nos odeiam é um ensinamento central de Jesus, que traz recompensa divina (Mateus 5:44). No ambiente familiar, pais devem ensinar seus filhos a falar a verdade e a não difamar o próximo. Eles devem também alertar sobre os perigos de confiar em pessoas desleais e incentivá-los a serem sensíveis às necessidades dos outros, inclusive dos que os prejudicaram, mostrando que a benevolência é o caminho para a paz.
Filhos aprendem que a mentira destrói e que a bondade, mesmo para com os inimigos, é recompensada. No ambiente profissional, a honestidade em todas as declarações e a cautela ao confiar em parceiros ou colegas desleais são cruciais. A sensibilidade às dificuldades dos colaboradores e a disposição de ajudar, mesmo aqueles que nos fizeram mal, podem transformar relacionamentos e criar um ambiente mais positivo. Na comunidade eclesiástica, a igreja deve pregar contra a calúnia e a deslealdade, incentivando a confiança mútua e a sensibilidade pastoral.
O mandamento de amar os inimigos e de fazer o bem aos que nos perseguem é um testemunho poderoso da fé cristã. Como cidadãos, somos chamados a combater a calúnia e a difamação em todas as suas formas, pois elas corroem a confiança social. A promoção da benevolência e da compaixão, mesmo para com os adversários, é crucial para a construção de uma sociedade mais justa e reconciliada, onde a resposta ao mal não é a vingança, mas a prática do bem que, em última instância, será recompensada por Deus.
Provérbios 25:23-28 (A Fofoca, a Boa Notícia e o Autocontrole)
Este bloco final de Provérbios 25 conclui o capítulo com advertências sobre a fofoca e a falta de domínio próprio. O versículo 23 compara a fofoca ao vento: “O vento norte traz a chuva, e a língua caluniadora, a ira”, revelando a relação entre a fofoca e o desencadeamento da raiva e da discórdia. O v. 24 reitera uma advertência anterior: “Melhor é morar no canto de um telhado do que com uma mulher rixosa numa casa espaçosa”, sublinhando o valor da paz no lar.
O v. 25 elogia a boa notícia: “Como água fria para a alma sedenta, assim são as boas novas de terra longínqua”, destacando o alívio e a alegria que as notícias positivas trazem. Os vv. 26-27 descrevem a corrupção do justo e a moderação na abundância: “Como fonte turva e manancial corrompido, assim é o justo que cambaleia diante do ímpio. Comer muito mel não é bom; assim, a busca da própria glória não é glória”. Finalmente, o v. 28 descreve a vulnerabilidade de quem não tem autocontrole: “Como cidade derrubada, sem muros, assim é o homem que não tem domínio próprio”.
A aplicação prática dessas verdades nos impele a evitar a fofoca, a buscar a paz, a valorizar as boas notícias, a manter a integridade e a cultivar o domínio próprio. Para o seguidor de Cristo, a fofoca é um veneno que destrói relacionamentos e causa discórdia (Tiago 3:6). A paz no lar e a busca por notícias edificantes são preferíveis à contenda. O justo que se corrompe perde sua pureza, e a busca desenfreada pela glória pessoal é vazia.
O domínio próprio é uma defesa vital contra a destruição (Gálatas 5:23). No ambiente familiar, pais devem ensinar seus filhos a evitar a fofoca e a promover a paz no lar. Eles devem também alertar sobre os perigos da autoexaltação e do consumo excessivo de prazeres, incentivando o autocontrole. Filhos aprendem que a fofoca traz contenda e que o domínio próprio é essencial para a sua segurança e bem-estar. No ambiente profissional, a fofoca e a calúnia são destrutivas para a equipe e o ambiente de trabalho. A busca por um ambiente pacífico e a disseminação de boas notícias são benéficas.
A integridade e a moderação na busca por reconhecimento são cruciais, pois a autoexaltação é vazia. O autocontrole é fundamental para lidar com as pressões do trabalho. Na comunidade eclesiástica, a igreja deve combater a fofoca e promover a paz e a edificação mútua. A pureza de caráter e a moderação na busca por glória pessoal são essenciais para os líderes e membros. O domínio próprio é um testemunho da obra do Espírito.
Como cidadãos, somos chamados a evitar a fofoca e a calúnia que corroem o tecido social. A promoção da paz nos lares e nas comunidades é fundamental. A valorização das boas notícias e a condenação da corrupção são cruciais para a saúde de uma nação. E a exaltação do autocontrole e do domínio próprio é essencial para que os indivíduos e a sociedade não se tornem vulneráveis e destruídos como uma “cidade derrubada, sem muros”.
✡️✝️ Comentário dos Rabinos e Pais Apostólicos
✡️ Rashi (Rabbi Shlomo Yitzchaki, séc. XI)Provérbios 25:2 — “É glória de Deus encobrir uma coisa, mas a glória dos reis é investigar uma coisa.”
“Rashi explica que enquanto Deus tem o direito de ocultar mistérios, o papel dos governantes e sábios é buscar o entendimento e a verdade.”
Comentário: Este versículo reflete a dinâmica entre o mistério divino e a responsabilidade humana de buscar conhecimento e justiça.
Fonte: Rashi on Proverbs 25:2 (Sefaria)
✡️ Malbim (Rabbi Meir Leibush ben Yehiel Michel, séc. XIX)
Provérbios 25:15 — “A paciência pode persuadir um príncipe, e a língua branda pode quebrar ossos.”
“Malbim destaca a força da paciência e da comunicação suave para alcançar objetivos e resolver conflitos.”
Comentário: A sabedoria na fala e na atitude é fundamental para a liderança e para a convivência harmoniosa, mostrando poder sem violência.
Fonte: Malbim on Proverbs 25:15 (Sefaria)
✡️ Midrash Mishlei (מדרש משלי)
Provérbios 25:21 — “Se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe pão para comer; se tiver sede, dá-lhe água para beber.”
“O Midrash Mishlei ensina que a bondade e a compaixão, mesmo para com os inimigos, são expressões supremas da sabedoria e da ética.”
Comentário: Este ensinamento destaca a importância do perdão e da prática da benevolência como formas de transcender o ódio e restaurar a paz.
Fonte: Midrash Mishlei 25 no Sefaria
✝️ Orígenes (grego)
Provérbios 25:2 — “Δόξα Θεοῦ κρύπτειν λόγον· δόξα δὲ βασιλέων ἐξετάζειν λόγον.”
(“A glória de Deus é ocultar as coisas; mas a glória dos reis é investigar as coisas.”)
«Ὁ Θεὸς ἐν τῷ μυστηρίῳ τὰ σεπτά κεῖται· ἀλλὰ ὁ ζητητὴς καὶ ἐραστὴς τῆς ἀληθείας, βασιλικὴν λαμβάνει δόξαν.»
(“Deus coloca as coisas santas sob mistério; mas quem busca e ama a verdade alcança uma glória real.”)
Comentário: Orígenes interpreta esse provérbio no contexto da busca espiritual: Deus esconde seus mistérios, mas cabe aos sábios e santos investigá-los com reverência.
Fonte: Origenes, Homiliae in Proverbia, PG 13:806-810
✝️ Clemente de Alexandria (latim)
Provérbios 25:21-22 — “Εἰ πεινᾷ ὁ ἐχθρός σου, ψώμιζε αὐτόν· καὶ ἐὰν διψᾷ, πότιζε αὐτόν· ταῦτα γὰρ ποιῶν ἄνθρακας πυρὸς σωρεύσεις ἐπὶ τὴν κεφαλὴν αὐτοῦ.”
(“Se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe pão; e se tiver sede, dá-lhe água; porque assim amontoarás brasas vivas sobre a sua cabeça.”)
«Οὐκ ἐκδίκησις, ἀλλὰ φιλανθρωπία· διὰ τοῦτο τὰ ἄνθρακα τῆς τῆς ἀγάπης θερμότητος τυποῦνται.»
(“Não é vingança, mas filantropia; por isso, as brasas são o símbolo do calor do amor.”)
Comentário: Clemente sublinha que o ato de alimentar o inimigo não é um gesto de punição, mas uma manifestação ardente de amor, capaz de transformar e curar.
Fonte: Clemens Alexandrinus, Stromata, PG 9:556-560
✝️ Eusébio de Cesareia (grego)
Provérbios 25:11 — “Μῆλον χρυσοῦν ἐν κόσμῳ ἀργυρίνῳ, λόγος ἐρρημένος ἐπὶ τοῦ ἰδίου.”
(“Maçã de ouro em cestos de prata é a palavra dita a seu tempo.”)
«Τὸ κατὰ καιρὸν εἰπεῖν λόγον, εἶναι κάλλιστον· καθάπερ καὶ τὸ ἄκαιρον, ἄχρηστον καὶ ἄσχημον.»
(“Dizer a palavra no tempo certo é o mais belo; assim como o inoportuno é inútil e disforme.”)
Comentário: Eusébio enfatiza a sabedoria no uso das palavras, destacando a importância do discernimento e da prudência no falar.
Fonte: Eusebius Caesariensis, Commentarii in Proverbia, PG 23:566-570
✝️ Santo Agostinho (latim)
Provérbios 25:28 — “Sicut urbs destructa, absque muro, ita vir, qui non potest in loquendo cohibere spiritum suum.”
(“Como cidade derrubada, sem muro, assim é o homem que não pode conter o seu espírito.”)
«Qui non cohibet iram aut linguam, sicut civitas sine muro est, hostibus patefacta.»
(“Quem não refreia a ira ou a língua é como cidade sem muro, aberta aos inimigos.”)
Comentário: Agostinho associa o autocontrole com a proteção espiritual: quem não domina os impulsos torna-se vulnerável aos ataques do mal.
Sobre Provérbios 25:21-22:
O apóstolo Paulo nos ensina da maneira mais clara possível que as esmolas devem ser distribuídas a todos, quando diz: “Sejamos incansáveis, enquanto temos tempo, em fazer o bem a todos, mas principalmente aos que estão em casa na fé.” Isso, de fato, deixa bastante claro que, em obras desse tipo, os justos devem ter preferência. Afinal, quem mais devemos entender por "aqueles que estão em casa na fé", visto que em outro lugar é afirmado claramente: "O justo vive pela fé"? Isso não significa, porém, que devemos fechar nossos corações para outras pessoas, mesmo pecadores, mesmo que adotem uma atitude hostil em relação a nós. O próprio Salvador diz, afinal: "Amai os vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam". Esse ponto também não é ignorado nos livros do Antigo Testamento; lê-se ali, veja bem: "Se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber", um texto que o apóstolo também utiliza no Novo Testamento.Fonte: Augustinus, Enarrationes in Psalmos, PL 36:1240-1245, SERMÃO 164A.2
✝️ Hipólito de Roma sobre Provérbios 25:1
E onde está todo esse rico conhecimento? E onde estão esses mistérios? E onde estão os livros? Pois os únicos que existem são Provérbios, Sabedoria, Eclesiastes e o Cântico dos Cânticos. O que então? A Escritura fala mentiras? Deus nos livre. Mas a matéria de seus escritos era variada, como demonstra a frase "Cântico dos Cânticos"; pois isso indica que neste único livro ele assimilou o conteúdo dos 5.000 cânticos. Além disso, nos dias de Ezequias, alguns dos livros foram selecionados para uso, e outros deixados de lado. De onde a Escritura diz: "Estes são os Provérbios mistos de Salomão, que os amigos do rei Ezequias copiaram". E de onde os tiraram, senão dos livros que continham as 3.000 parábolas e os 5.000 cânticos? Destes, então, os sábios amigos de Ezequias retiraram as partes que se referiam à edificação da Igreja. E os livros de Salomão sobre as "Parábolas" e "Cânticos", nos quais ele escreveu sobre a fisiologia das plantas e de todos os tipos de animais pertencentes à terra seca, ao ar e ao mar, e sobre a cura de doenças, Ezequias eliminou-os, porque o povo buscava neles os remédios para suas doenças e negligenciava a busca de cura em Deus.Fonte: Fragmentos Exegéticos de Hipólito
✝️ Evágrio Pôntico sobre Provérbios 25:8-10
Salomão menciona frequentemente "amigo" e "amizade". Portanto, é apropriado agora analisar o que ele quer dizer com amizade. Ele diz [com efeito] que a graça e a amizade libertam. Além disso, o Salvador nos evangelhos diz aos judeus que creram nele: “Se permanecerdes na minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. Novamente, Paulo escreve: “Cristo nos libertou da maldição da lei”. Portanto, se “a amizade liberta” e “a verdade liberta” e o Salvador liberta, então Cristo é tanto verdade quanto amizade. Portanto, todos os que possuem o conhecimento de Cristo são amigos uns dos outros. Por isso, o Salvador chama seus discípulos de “amigos”, e João Batista é amigo do noivo, assim como Moisés e todos os santos. E é somente em virtude dessa amizade que seus amigos também são amigos uns dos outros.Fonte: SCHOLIA SOBRE PROVÉRBIOS 304:25.10
✝️ João Cassiano sobre Provérbios 25:14
A humildade, portanto, é a mestra de todas as virtudes; é o fundamento mais seguro do edifício celestial; é o dom especial e esplêndido do Salvador. Pois quem segue o bondoso Senhor, não pela grandeza de seus milagres, mas pelas virtudes da paciência e da humildade, pode realizar todos os milagres que Cristo realizou sem perigo de orgulho. Mas quem pretende comandar espíritos imundos, ou conceder dons de cura, ou mostrar algum milagre maravilhoso ao povo, mesmo que, ao se exibir, invoque o nome de Cristo, ainda assim está longe de Cristo, porque, em orgulho de coração, não segue seu humilde mestre... Cristo não disse: "Se fizerdes sinais e milagres...", mas "se vos amardes uns aos outros". Certamente ninguém pode observar isso, exceto os mansos e humildes. Portanto, nossos predecessores nunca consideraram bons ou isentos da culpa do orgulho aqueles monges que se professavam exorcistas ou proclamavam com orgulho, entre multidões admiradas, a graça que haviam obtido ou que alegavam ser sua... E, portanto, se alguém fizer qualquer uma dessas coisas em nossa presença, deve ser elogiado por nós, não por admiração por seus milagres, mas pela beleza de sua vida, e não devemos perguntar se os demônios lhe estão sujeitos, mas se ele possui aquelas características de amor que o apóstolo descreve.Fonte: CONFERÊNCIA 15:7
✝️ Beda sobre Provérbios 25:22
"Pois amontoarás brasas sobre a sua cabeça", etc. Não se fala da queima de castigos; pois a sabedoria não ensinaria que você deve ministrar o bem a um inimigo visando sua destruição; mas as brasas sobre sua cabeça significam o ardor da caridade em seu coração.Fonte: Comentário sobre Provérbios
📚 Comentários Clássicos Teológicos
📖 Matthew Henry (1662–1714)Matthew Henry destaca que este capítulo começa ressaltando que os provérbios de Salomão foram copiados pelos “homens de Ezequias” (v.1), mostrando a preservação e valorização da sabedoria.
Henry observa que o capítulo é uma coleção de ditados sobre a sabedoria social, a importância do autocontrole, da moderação e da prudência nas relações interpessoais e no falar. Ele comenta sobre a necessidade de não se vangloriar da própria sabedoria (v.2), pois o conhecimento divino está além da compreensão humana. Nos versículos sobre a ira (v.22) e a paciência, Henry ressalta a vantagem de dominar o próprio temperamento e a importância de deixar a vingança para Deus.
O capítulo também fala sobre a discrição ao falar (vv.11-12) e o valor da palavra oportuna, que Henry considera essencial para manter a paz e a boa convivência. Henry enfatiza a importância da humildade, da generosidade e do respeito nas relações sociais, alinhando tudo com o temor do Senhor, que é a verdadeira base para a sabedoria.
Fonte: Matthew Henry Commentary on Proverbs 25
📖 John Gill (1697–1771)
John Gill analisa que os provérbios do capítulo 25 são uma continuação da sabedoria prática, destacando a habilidade de lidar com os outros com tato e prudência. Ele comenta o verso 1, explicando que os “homens de Ezequias” se empenharam em preservar a sabedoria de Salomão, pois reconheceram seu valor para a restauração espiritual e moral.
Gill examina cuidadosamente vários versículos, como o 11 (“Palavra dita a seu tempo, quão boa é!”), mostrando que uma palavra oportuna pode ser comparada a “maçãs de ouro em bandejas de prata”, uma metáfora para o valor do tempo e do modo de falar. Sobre o controle da ira e a moderação, Gill expande o significado dos termos hebraicos para “devagar para irar-se” e “aplacar a ira”, destacando a sabedoria prática em evitar conflitos.
Ele também aborda os provérbios sobre os reis e governantes (vv.6-7), mostrando como a humildade e a moderação trazem honra e segurança.
Fonte: John Gill's Exposition of the Bible on Proverbs 25
📖 Albert Barnes (1798–1870)
Albert Barnes observa que Provérbios 25 é uma coleção de ditados compilados pelos homens de Ezequias para ensinar sabedoria prática. Barnes enfatiza que o capítulo aborda temas como a moderação, a discrição, a paciência, a importância da palavra certa no momento certo e o valor da humildade.
Ele destaca que a “palavra dita a seu tempo” (v.11) é uma das máximas mais valorizadas, pois pode suavizar conflitos e abrir portas. Barnes explica que a advertência contra a ira e a vingança (vv.21-22) mostra a importância de confiar em Deus para o juízo, em vez de tomar a justiça com as próprias mãos. Ele também destaca a prudência e a sabedoria necessárias para o bom governo, enfatizando que a humildade precede a honra (v.6).
Fonte: Albert Barnes' Notes on the Whole Bible on Proverbs 25
📖 Keil (1807–1888) & Delitzsch (1813–1890)
Keil & Delitzsch começam explicando o contexto histórico de Provérbios 25, que foi coletado pelos homens de Ezequias, como um esforço para preservar e transmitir a sabedoria salomônica num tempo de reforma.
Eles destacam o termo “Provérbios de Salomão” (משלי שלמה) no versículo 1 e explicam que o hebraico mostra a atribuição da origem da sabedoria.
No versículo 11, o famoso “palavra dita a seu tempo” é analisado linguisticamente — a palavra זְמַן (zeman) enfatiza o “tempo oportuno”, mostrando como o uso do tempo correto na comunicação é essencial para o efeito.
Nos versículos que tratam da ira e da vingança (vv. 21-22), Keil & Delitzsch comentam o verbo עָנָה (anah), que significa “responder” ou “afrontar”, e explicam que a recomendação bíblica é para responder ao mal com o bem, confiando na justiça divina.
Eles também exploram o contexto social e político dos provérbios sobre os reis e a humildade (vv. 6-7), mostrando que essas palavras são instruções para evitar a humilhação pública e cultivar a honra pela modéstia.
A riqueza do hebraico em expressar nuances morais e sociais é detalhada, mostrando que Provérbios 25 é uma coletânea cuidadosamente organizada para ensinar sabedoria aplicada a todas as áreas da vida.
Fonte: Keil & Delitzsch Commentary on Proverbs 25
📚 Concordância Bíblica
🔹 Provérbios 25:1“Também estes são provérbios de Salomão, os quais copiaram os homens de Ezequias, rei de Judá.”
📖 2 Reis 18:1 – “No terceiro ano de Oséias... Ezequias começou a reinar.”
Comentário: Esse versículo introduz uma nova seção de provérbios preservada sob o reinado piedoso de Ezequias, que promoveu a restauração da adoração e da Palavra (2 Crônicas 29–30).
🔹 Provérbios 25:2
“A glória de Deus é encobrir o negócio; mas a glória dos reis é esquadrinhá-lo.”
📖 Romanos 11:33
“Ó profundidade das riquezas... quão inescrutáveis são os seus juízos!”
Comentário: A sabedoria divina transcende o entendimento humano. Aos reis e governantes compete investigar, mas a Deus pertence o mistério soberano.
🔹 Provérbios 25:3
“Como os céus para a altura, e a terra para a profundeza, assim é o coração dos reis, insondável.”
📖 Jeremias 17:9
“Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas.”
Comentário: Os pensamentos do rei, assim como os do homem em geral, são profundos e muitas vezes impenetráveis — exigem discernimento espiritual.
🔹 Provérbios 25:4
“Tira da prata as escórias, e sairá vaso para o fundidor.”
📖 Malaquias 3:3
“Assentar-se-á como fundidor e purificador de prata.”
Comentário: O processo de purificação é comparado à preparação de metais. Deus purifica Seu povo, assim como o ourives remove impurezas.
🔹 Provérbios 25:5 – “Tira o ímpio da presença do rei, e o seu trono se firmará na justiça.”
📖 Salmos 101:7
“O que pratica o engano não ficará dentro da minha casa.”
Comentário: A retidão no governo começa com a remoção de conselheiros corruptos. O trono justo é sustentado pela presença de homens íntegros.
🔹 Provérbios 25:6–7
“Não te glories na presença do rei, nem te ponhas no lugar dos grandes; porque melhor é que te digam: Sobe aqui, do que seres humilhado diante do príncipe...”
📖 Lucas 14:10
“Vai e assenta-te no último lugar... para que te diga: Amigo, sobe mais para cima.”
Comentário: Jesus aplica este princípio diretamente à humildade no Reino de Deus. A promoção deve vir dos outros, não da autopromoção.
🔹 Provérbios 25:8
“Não te apresses a contender, para que não saibas o que hás de fazer no fim...”
📖 Tiago 1:19
“Todo homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar.”
Comentário: A pressa em litigar ou julgar pode levar a constrangimentos. A sabedoria requer paciência e ponderação.
🔹 Provérbios 25:9–10
“Trata a tua causa com o teu próximo, e não reveles o segredo de outrem... e a tua infâmia não se apartará de ti.”
📖 Mateus 18:15
“Vai e repreende-o entre ti e ele só.”
Comentário: Resolver conflitos em particular preserva a dignidade mútua. A exposição indevida de segredos fere a confiança.
🔹 Provérbios 25:11
“Como maçãs de ouro em bandejas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo.”
📖 Colossenses 4:6
“A vossa palavra seja sempre agradável... sabendo como responder a cada um.”
Comentário: A beleza e o valor da palavra apropriada são comparados a uma obra de arte. Palavras sábias, bem colocadas, têm poder eterno.
🔹 Provérbios 25:12
“Como pendente de ouro e colar fino, assim é o sábio repreensor para o ouvido atento.”
📖 Provérbios 15:31
“O ouvido que escuta a repreensão da vida terá sua morada entre os sábios.”
Comentário: A correção é um adorno precioso para quem a recebe com humildade. O ensino torna o ouvinte mais valioso.
🔹 Provérbios 25:13
“Como frescor da neve no tempo da sega, assim é o mensageiro fiel para os que o enviam...”
📖 2 Coríntios 7:6–7
“Deus, que consola os abatidos, nos consolou com a vinda de Tito...”
Comentário: Um mensageiro fiel é refrescante e restaurador — um agente de refrigério em tempos difíceis.
🔹 Provérbios 25:14
“Como nuvens e ventos que não trazem chuva, assim é o homem que se gaba de dádivas falsas.”
📖 Judas 1:12
“São como nuvens sem água, levadas pelos ventos.”
Comentário: A ostentação vazia é condenada tanto na sabedoria quanto no Novo Testamento. Falsas promessas frustram e enganam.
🔹 Provérbios 25:15
“Pela longanimidade se persuade o príncipe, e a língua branda quebra os ossos.”
📖 Provérbios 15:1
“A resposta branda desvia o furor.”
Comentário: A persistência mansa tem poder de quebrar resistências. A verdadeira autoridade se exerce com paciência e sabedoria.
🔹 Provérbios 25:16
“Achaste mel? Come o que te basta, para que porventura não te fartes dele e o vomites.”
📖 Filipenses 4:5
“Seja a vossa moderação conhecida de todos os homens.”
Comentário: Mesmo coisas boas exigem moderação. O autocontrole é sinal de sabedoria e maturidade.
🔹 Provérbios 25:17
“Retira o teu pé da casa do teu próximo, para que não se enfade de ti e te aborreça.”
📖 2 Tessalonicenses 3:11
“Há alguns que andam desordenadamente... não trabalhando, mas intrometendo-se na vida alheia.”
Comentário: Respeitar o espaço alheio preserva os relacionamentos. A convivência exige sabedoria no tempo e na frequência.
🔹 Provérbios 25:18
“Martelo e espada e flecha aguda é o homem que levanta falso testemunho”
📖 Êxodo 23:1
“Não propagarás falso boato.”
Comentário: A mentira destrói como arma de guerra. A imagem violenta ressalta a gravidade do falso testemunho.
🔹 Provérbios 25:19
“Como dente quebrado... é o homem desleal”
📖 Salmos 118:8
“É melhor confiar no Senhor do que confiar no homem.”
Comentário: A confiança em quem não é confiável conduz à frustração e ao dano. Um aliado infiel é um risco.
🔹 Provérbios 25:20
“Cantar canções ao coração aflito...”
📖 Romanos 12:15
“Chorai com os que choram.”
Comentário: A insensibilidade no consolo agrava a dor. Empatia e sensibilidade são partes essenciais do amor ao próximo.
🔹 Provérbios 25:21–22
“Se o teu inimigo tiver fome...”
📖 Romanos 12:20
Paulo cita literalmente este provérbio.
Comentário: O amor aos inimigos é um princípio do Reino. Fazer o bem ao ofensor deixa a justiça nas mãos de Deus e aquece sua consciência.
🔹 Provérbios 25:23
“O vento norte afugenta a chuva...”
📖 Tiago 3:8–10
“A língua... com ela bendizemos a Deus e com ela amaldiçoamos os homens.”
Comentário: Assim como o vento muda o tempo, palavras maldosas mudam o ambiente. A maledicência gera divisão.
🔹 Provérbios 25:24
“Melhor é morar só no canto do eirado...”
📖 Provérbios 21:9
Versículo idêntico.
Comentário: A repetição enfatiza: a paz vale mais que o conforto. Conflitos constantes em casa são fonte de grande aflição.
🔹 Provérbios 25:25
“Água fria para o cansado...”
📖 Mateus 10:42
“Quem der a um destes pequeninos... um copo de água fria...”
Comentário: Boas notícias, como o Evangelho, revigoram. A hospitalidade e o encorajamento são obras espirituais.
🔹 Provérbios 25:26
“Fonte turva é o justo que cede ao ímpio...”
📖 Mateus 5:13
“Se o sal se tornar insípido, com que se há de salgar?”
Comentário: A corrupção da integridade prejudica o testemunho. Um justo que cede desonra a fonte da qual procede.
🔹 Provérbios 25:27
“Comer muito mel não é bom...”
📖 1 Coríntios 9:25 – “Todo atleta em tudo se domina...”
Comentário: O excesso — mesmo do que é doce — corrompe. A virtude mora na medida.
🔹 Provérbios 25:28
“Como cidade derrubada...”
📖 Gálatas 5:23
“Domínio próprio... contra estas coisas não há lei.”
Comentário: A pessoa sem autocontrole está vulnerável a todo tipo de influência externa. A disciplina é uma fortaleza interior.
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