Gênesis 6 — Interpretação Bíblica

Gênesis 6

Maldade pré-dilúvio
Gênesis 6:1–8

Acredita-se que os “filhos de Deus” (v. 2) tenham sido anjos caídos, aos quais pode haver referência em 2 Pedro 2:4 e Judas 6, ou líderes de famílias setitas que se casaram com descendentes ímpios de Caim. Esses casamentos anormais, quaisquer que fossem, encheram a terra de corrupção e violência.

Jesus considerou o dilúvio um fato histórico e comparou o tempo de sua volta aos dias de Noé (Mt 24:37-39). O que está acontecendo no mundo hoje nos faz pensar se esses dias podem voltar em breve.

Os 120 anos no versículo 3 podem se referir ao tempo que resta antes do dilúvio ou a uma redução do tempo de vida após a longevidade dos mencionados no capítulo 5.

6:11 corrompido. A palavra traduzida como corrupto tem a ideia de ser arruinado, estragado ou destruído. Pessoas pecadoras estavam arruinando o mundo que pertencia ao Deus vivo (Sl 24:1).

6:11–13 Desobediência – No princípio, Deus declarou que sua obra criativa era boa. Mas com a entrada em cena do pecado e da decadência, o mundo tornou-se corrupto aos seus olhos. Não era apenas que alguns indivíduos ou grupos haviam corrompido seus caminhos, mas uma questão de perversidade generalizada. Visto que o pecado repugna à sua santidade, Deus declarou seu propósito de destruir tanto a humanidade quanto a terra que os humanos poluíram. Desafiar a vontade de Deus afeta tanto nosso ambiente quanto a nós mesmos. O julgamento pela desobediência só é evitado por meio do arrependimento e de uma nova submissão a Deus.

6:14 arca. A palavra arca significa simplesmente “caixa”, a mesma palavra é usada para a caixa na qual o bebê Moisés foi colocado no Nilo (Êx 2:3) e para o baú coberto de ouro que continha as tábuas de pedra da Aliança (Êx 2:3). Ex 25:10). Normalmente imaginamos a arca de Noé como um enorme navio, com proa e popa curvas, mas muito provavelmente era mais como uma grande caixa. Não foi projetado para navegação, mas simplesmente para flutuar com segurança.

6:15 côvados. Um côvado deveria ser a medida do antebraço de um homem, desde a ponta do cotovelo dobrado até a ponta dos dedos. Esta é naturalmente uma medida um tanto imprecisa, mas geralmente é considerada igual a cerca de 18 polegadas. Portanto, a arca tinha cerca de 450 pés de comprimento, 75 pés de largura e 45 pés de altura.

6:17 eu vou trazer. O texto hebraico coloca ênfase significativa no papel pessoal de Deus na tempestade que se seguiu.

6:18–19 aliança. Esta é a primeira vez que a palavra aliança é usada na Bíblia. Os detalhes desta aliança foram dados depois do dilúvio (9:9). Aqui, no meio do julgamento, o Senhor se abaixou para atender às necessidades de seu servo (Sl 40:1; 113:6) e para fazer um juramento obrigatório com ele.

Noé e a Arca
Gênesis 6:9–22

A arca tinha cerca de 450 pés de comprimento, 75 pés de largura e 45 pés de altura. Tinha três conveses, divididos em compartimentos, com uma fileira de janelas no topo. Deve ter sido muito semelhante em tamanho e proporção aos navios oceânicos de hoje. Com as pessoas situadas nas margens de um grande rio, a construção de barcos foi uma de suas primeiras realizações. Tábuas cuneiformes indicam que, no início da história, os habitantes da Babilônia se dedicavam ao transporte fluvial. Se isso for verdade, a construção de barcos e o tráfego fluvial podem ter sido familiares a Noé desde a infância.

De acordo com as dimensões dadas no Gênesis, a arca foi por pelo menos cinco milênios o maior navio já construído - até 1858, quando o Great Eastern de 669 pés de comprimento foi construído.

Em 6:19-21 e 7:2 é explicado que sete pares de animais limpos, mas apenas um par de cada um dos outros, deveriam ser levados para a arca. Alguns calcularam que havia espaço na arca para 7.000 espécies de animais.

Foi uma tarefa gigantesca construir a arca, reunir os animais e armazenar os alimentos necessários. Noé e seus três filhos não poderiam ter feito isso sozinhos. Sendo neto de Matusalém e bisneto de Enoque, Noé pode, como diz a tradição babilônica, ter sido um rei da cidade e pode ter empregado milhares de homens no trabalho. Sem dúvida, foi objeto de constante ridículo, mas Noé persistiu na fé (Hb 11:7; 2Pe 2:5).

Talvez a arca também seja um símbolo de nossa salvação em Jesus. Noé e sua família passaram todos pela porta da arca (7:13). A porta é um símbolo comum de Cristo (Mt 7:7; 2Co 2:12). Gênesis 7:16 afirma que “o SENHOR o trancou”—Noé e sua família não poderiam ter se salvado sozinhos. Nós, como Noé, somos salvos pela graça de Deus. Nós apenas devemos passar pela porta.

Notas Adicionais:

6.1-8 Aqui, começa um novo capítulo na história da humanidade. As pessoas ficam tão más, que Deus resolve acabar não somente com os seres humanos, mas também com todos os animais e aves. Somente Noé e sua família vão escapar.

6:1-4 Os Nefilins (6:4) são homens demonizados, cuja intimidade sexual com mulheres levou a uma sociedade demonizada. Eles se entregaram aos poderes das trevas, mas seus poderes das trevas não foram páreo para Deus, que olhou para baixo e decretou que seus dias seriam de 120 anos (6:3). Deus anunciou assim uma janela de 120 anos para o arrependimento, após o qual viria o julgamento.

6.2 os filhos de Deus. Não se sabe ao certo quem teriam sido esses “filhos de Deus” (v. 4). Alguns estudiosos pensam que se trata dos descendentes de Sete que se casaram com descendentes de Caim. Outros pensam que se trata de seres celestiais ou anjos (Jó 1.6; 2.1; 38.7; Sl 29.1; 89.6). O que se sabe é que este é mais um exemplo da maldade dos seres humanos, que faz com que o Senhor fique muito triste (v. 6).

6.3 o Senhor. Ver Gn 2.4b, n. os seres humanos... são mortais. Gn 3.22. cento e vinte anos. A idade de Moisés quando ele morreu (Dt 34.7).

6:5-7 Nesse ponto inicial da história, o pecado estava em plena floração. Deus viu que toda inclinação da mente humana não era nada além do mal o tempo todo (6:5). As pessoas haviam se tornado completamente corruptas. Deus emitiu um decreto para sua destruição (6:7).

6.6 ficou muito triste. O texto original hebraico também pode ser traduzido por “se arrependeu” (1Sm 15.1,35; Jr 18.7-10). A Bíblia fala sobre Deus como se ele tivesse sentimentos humanos, tais como tristeza, alegria, raiva, alívio, sem que isso afete a sua perfeição divina.

6.9—7.24 A história da barca de Noé e do dilúvio, que termina em Gn 9.29, mostra como Deus lida com a humanidade que não quer saber dele (Mt 24.37-39; Lc 17.26-27; 2Pe 2.5). Também mostra o amor de Deus, pois Noé e sua família foram salvos (Hb 11.7; 1Pe 3.20).

6:8-13 Noé... achou favor (6:8). Ele foi excepcional porque andou com Deus. Todos os crentes devem ser exceções no meio de suas próprias gerações pecaminosas.

6.9-10 vivia em comunhão com Deus. A exemplo de Enoque (Gn 5.21-24).

6.12 Deus... viu que estava cheio de pecado. Isso é bem o contrário do que Deus viu no começo (Gn 1.31).

6:14-7:5 Deus revelou seu plano a Noé: Estou trazendo um dilúvio... para destruir toda criatura [terrestre] (6:17). A única saída seria através da arca que Deus ordenou que Noé construísse, uma embarcação de fundo chato enorme o suficiente para preservar humanos e animais terrestres. Deus pretendia recomeçar.

Dos animais limpos, Noé deveria levar consigo sete pares (7:2-3). Estes eram para Noé e sua família comerem depois de sair da arca e – como veremos no final desta história – para Noé sacrificar a Deus. Em tudo isso, Noé fez tudo o que o Senhor ordenou (7:5). A obediência deve ser o objetivo supremo do povo de Deus.

6.16 uma cobertura. O texto original hebraico também pode ser traduzido: “uma janela”. um espaço de meio metro. Por onde entrariam a luz e o ar.

6.18 uma aliança. Pela primeira vez na Bíblia aparece esta palavra-chave, que fala sobre o plano de Deus para o seu povo e toda a humanidade (Gn 9.9-17).

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