Interpretação de Deuteronômio 4
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D.
Resumo da Aliança. 4:1-49.
O prólogo histórico termina com uma exortação. É uma
transição para a seção seguinte sobre as obrigações do relacionamento
convencional. A convocação à obediência aqui enunciada, repercutiu sucintamente
nos parágrafos que introduzem significativas divisões dentro das estipulações
(veja 5:1; 6:1; 12:1). Deuteronômio 4 é notável porque resume, numa certa
extensão, todos os aspectos que constituem o padrão documentário dos antigos
tratados de suserania. Assim, temos aqui: 1) a identificação do autor da aliança,
falando (vs. 1, 2, 5, 10); 2) referências ao passado relacionamento histórico;
3) a apresentação da exigência central de pura devoção ao suserano; 4) apelo às
sanções das bênçãos e maldições; 5) invocação de testemunhas (v. 26); 6) a
exigência de transmitir o conhecimento da aliança às gerações subseqüentes (vs.
9,10); e 7) alusão à questão dinástica (vs. 21, 22). Esta mistura de diversos
aspectos de liderança na instituição da aliança encontrados aqui e em todo o
livro, explicam-se pela origem do material no livre discurso de despedida de
Moisés. Deuteronômio não é um documento preparado em uma repartição pública com
desapaixonado apego à forma legal.
Os versículos 1-8 fazem uma convocação à sabedoria.
Os estatutos que Moisés ensinou a Israel foram uma revelação da vontade de Deus
(v. 5).
2. Nada acrescentareis. . . nem diminuireis. As leis de Deus não deviam sofrer emendas
ou reduções através de legislação humana (cons. 12: 32; Ap. 22:18 e segs.).
Toda a obrigação do homem era obedecer, e os israelitas obedientes receberam a
promessa de vida e rica herança – para que vivais . . . e possuais a terra (v.
1). O fato de que, em última análise, a piedade e a prosperidade não se separam
fica prefigurado na história da teocracia de Israel, pois simboliza o reino de
Deus realizado. Ilustração deste fato era o recente juízo divino sobre Israel
por causa do seu envolvimento na idolatria de Baal-Peor (v.3; Nm. 25:1-9); pois
aqueles que se comprovaram fiéis naquela tentação foram poupados da praga da
morte (Dt. 4: 4). De maneira compreensível, então, a obediência às leis divinas
identifica-se com a verdadeira sabedoria.
7,8. Deuses tão chegados. . . estatutos e juízos tão
justos. Obediência é o caminho para o desfrute
das supremas bênçãos da aliança – a proximidade divina no poder salvador, e o
conhecimento da verdadeira justiça. Esta luz revelada em Israel tornou-se
realmente a luz dos gentios (v. 6b). Nesta exposição do caminho da aliança como
o caminho da sabedoria, estabeleceram-se os fundamentos na Torá para a literatura
da Sabedoria, a qual veio mais tarde achar o seu lugar no cânon sagrado.
Nos versículos 9-31 declara-se a insensatez da
idolatria. Quando Moisés confrontou a nova geração com o desafio de reafirmar a
fidelidade que seus pais penhoraram no Sinai, ele mostrou-se vivamente cônscio
do pecado do bezerro de ouro dos pais, com o qual transgrediram a aliança quase
imediatamente depois dela ter sido selada (cons. 9: 7 e segs. ; Êx. 32). Por
isso destacou a proibição contida no segundo mandamento, fazendo o contraste
entre o caminho da sabedoria e vida (Dt. 4:1-8) com o caminho da loucura e
destruição.
10. E os farei ouvir as minhas palavras. No Horebe, Deus revelou a Israel a
maneira certa de adorar. Aquela revelação estava contida na aliança, a qual,
foi primeiro comunicada oralmente e depois inscrita nas duas tábuas. A
preparação dos documentos em duplicata, uma para o suserano e outra para o
vassalo, era o procedimento regular na ratificação dos tratados de suserania. O
fato do conteúdo das tábuas ser chamado de “dez mandamentos” ou “aliança”
aponta para a natureza da aliança como declaração do senhorio divino.
12. O Senhor vos parou do meio do fogo (veja também v. 15). A maneira da
verdadeira adoração também foi revelada pela própria natureza da teofania.
Pois, embora a voz fosse ouvida declarando as palavras da aliança, nenhuma
forma de Deus foi vista mas apenas o fogo devorador da glória de Deus. Os
símbolos visíveis da auto-revelação de Deus assim reforçaram a proibição do
segundo mandamento.
Israel devia abster-se da idolatria e não devia
adorar a obra de mãos humanas – imagem esculpida (vs. 16-18,23; com 5:8) – mas
também não devia adorar a obra das mãos de Deus, o exército dos céus (v. 19). A
adoração do que era visível e criado era característica das nações gentias as
quais Deus abandonara à sua própria e louca perversidade (v. 19b; cons. 29:26 ;
Rm. 1:21 e segs.).
20. Para que sejais povo de herança. Se Israel se voltasse para a idolatria,
estaria escolhendo o destino da rejeição de sua eleição divina como possessão
redimida e exclusiva do próprio Deus (veja também 7:6; 14:2); um privilégio
exclusivo que exigia um serviço e devoção exclusivos.
23. Guardai-vos. Profeticamente Moisés advertiu que o gozo prolongado
das bênçãos de Canaã, bênçãos que nem ele receberia (vs. 21,22a), poderia
provocar o esquecimento do passado (v. 25; cons. v. 9). Que os israelitas,
portanto, se lembrassem que o Deus ao qual tinham jurado fidelidade no Sinai,
apareceu ali como fogo consumidor (v. 24). Se provocado ao ciúme pela
idolatria, Ele desencadearia as maldições da aliança sobre tal loucura. E que
maldição poderia ser maior que abandonar aqueles que repudiam a eleição divina
à futilidade da idolatria que escolheram e à comunidade dos homens de mentes e
destinos igualmente depravados? (vs. 27,28; 28: 64 e segs.)
29-31. De lá buscarás . . .e o acharás. Contudo, a aliança divina é aliança de
salvação, e seu cumprimento está garantido pelo juramento que Deus fez aos
patriarcas. Portanto, depois da loucura de Israel e após o juízo, Deus
garantiria o arrependimento de modo que além da maldição do exílio, haveria
bênçãos da restauração (cons. 30:1 e segs.).
32-40. Estes versículos apresentam as evidências da verdadeira religião. A
identidade do Senhor como Deus somente nenhum outro há senão ele (v. 35) –
Criador soberano dos céus e da terra, evidenciou-se por suas maravilhosas
auto-revelações em teofania e milagre redentor (vs. 35, 39 ; cons. Êx. 10:2).
32. Pergunta . . . se sucedeu jamais coisa tamanha
como esta. Seus atos
gloriosos no Horebe e no Egito foram sinais sem paralelo; nenhum ídolo das
nações jamais identificou-se assim. Se o propósito da vocação de Israel foi
levar os povos ao temor reverente (v. 36), e conhecimento do Senhor como Deus
(vs. 35, 39), a fonte dessa vocação encontrou-se na livre graça de Deus (cons.
9:5).
37, 38. Porquanto amou teus pais. Moisés remontou a origem do livramento do
Egito e da herança do prometido repouso (penhor do qual era a ocupação da
Transjordânia) ao amor soberano de Deus pelos patriarcas, principalmente
Abraão.
39. O Senhor é Deus. Moisés ainda apontou para a totalidade das misericórdias
milagrosas do passado e para as sanções da esperança futura da aliança (v. 40)
como motivos para o reconhecimento consciente das reivindicações da divindade
exclusiva do Senhor.
41-43. Como parte do prólogo histórico do tratado deuteronômico, o mais
recente acontecimento significativo no benévolo governo de Deus sobre Israel
foi citado aqui. Em obediência à orientação divina, (cons. Nm. 35:1,14), Moisés
apontou três cidades de refúgio na região conquistada por Israel na
Transjordânia, uma em cada setor, ao norte, no centro e ao sul (cons. 19:1-13).
44-49. Esta passagem é transicional. Como sumário das conquistas da
Transjordânia (vs. 46b-49; cons. 2:32-36; 3:1-17), serve de conclusão ao
prólogo histórico. Mas também é imediatamente introdutório às estipulações (vs.
44-46a). A cena da cerimônia da aliança e do adeus de Moisés foram apresentadas
de maneira precisa (cons. 1:3.5; 3:29).
45. Quando saíram do Egito assinala a transação, como se pertencesse
à era mosaica da prolongada viagem do Egito ao Jordão. A ratificação desta
aliança devia ser finalmente concluída na nova era quando Israel entrasse em
Canaã sob a liderança de Josué (cons. 11:29 e segs.; 27).