Significado de Números 1
Números 1
1.1 — A expressão falou mais o Senhor a Moisés marca o tom deste livro. As revelações de Deus a Seu servo Moisés são mencionadas mais de 150 vezes (e de mais de 20 maneiras diferentes) em Números.
No deserto do Sinai. Esta era a área
geográfica de Números, um ambiente que serve como uma poderosa metáfora
espiritual. Os israelitas não viviam pura e simplesmente no deserto. Na
verdade, eles, como uma nação, estavam viajando espiritualmente por uma
terra árida. Deus já os havia libertado da escravidão, mas ainda não
os havia levado à Terra Prometida. Assim, os israelitas tinham de
enfrentar sofrimentos físicos e privações no lugar árido onde estavam
perambulando, para testar a sua fé (Nm 21.4-9).
O local especial da manifestação divina era a tenda
da congregação, também chamado de tabernáculo do Testemunho (Nm
1.50,53).
A referência de tempo, no primeiro dia do segundo
mês no segundo ano, é feita a partir do acontecimento fundamental da
história de Israel: a libertação do povo da escravidão no Egito.
O êxodo constituiu o nascimento da nação de Israel e
representava para os israelitas do Antigo Testamento o que a morte e a
ressurreição de Jesus representam hoje para os cristãos. O segundo mês
corresponde aproximadamente a abril, uma época que mais tarde seria
conhecida em Canaã como o mês das colheitas gerais entre as primícias
e o Pentecostes. O censo de Números é, de certo modo, “a colheita de Deus”
das pessoas. Os acontecimentos de Números se passaram em um período de 38
anos, provavelmente na segunda metade do século 15 a.C.
1.2,3 — O propósito do censo era ser um alistamento
militar. Este não tinha um objetivo social, político ou econômico. Em vez
disso, o recenseamento ajudaria Israel a preparar seus exércitos para
a guerra e conquistar a terra de Canaã. Por esta razão, eram contados os
indivíduos do sexo masculino, fisicamente capazes, e que tinham de 20 anos
para cima. Exatamente como Deus prometeu a Abraão há muito tempo (Gn
15.16-21), Ele agora estava preparando os israelitas para ocupar Canaã. O
Senhor começava a realizar o processo de entrega da Terra Prometida ao povo.
Além disso, o censo demonstrou aos israelitas a fidelidade divina no
cumprimento de outra promessa que fizera a Abraão: a multiplicação de seus descendentes
(Gn 12.2; 15.5; 17.4-6; 22.17). (Leia o capítulo 26, para o segundo
censo.)
Imagine-se ouvindo a voz de Deus! Moisés a ouvia (Nm
1.1). As Escrituras nos dão poucas informações de como era essa experiência,
mas a Bíblia de fato diz que o Senhor falou com o profeta face
a face, como qualquer fala com o seu amigo (Êx 33.11). Aqueles que
desejam ouvir a voz do Senhor devem saber que Ele fala por meio de Sua Palavra.
A Bíblia é a
Palavra de Deus. Embora os livros bíblicos tenham sido escritos por seres humanos,
são a Palavra do Senhor. Nos cinco primeiros livros da Bíblia, Moisés afirma
várias vezes que está apresentando as palavras que Deus lhe ordenou que
escrevesse (Êx 24.4). Da mesma forma, o escritor declara que a Lei lhe foi
revelada por Deus (Êx 25.1; Lv 1.1; Nm 1.1; Dt 1.6). Na verdade, a
expressão Falou o Senhor a Moisés é repetida 33 vezes somente em
Levítico. Além disso, o Novo Testamento também afirma que as instruções
que Moisés recebeu vieram de Deus:
• Jesus usou as palavras Deus
lhe falou quando citou o acontecimento da sarça ardente (Mc 12.26).
• Jesus e os fariseus reconheciam a
Lei como dada por Deus (Mt 19.4-7; Jo 9.29).
• Estêvão citou o que Moisés
escrevera como palavras de Deus (At 7.6).
• Pedro disse que Moisés e os outros
profetas falaram inspirados pelo Espírito Santo (2 Pe 1.21; compare com
Hb 1.1).
Deus claramente falou com Moisés, mas Ele também se
dirigiu a nós, por meio de Sua Palavra escrita, a Bíblia. Os judeus e os
cristãos, ao longo dos séculos, preservaram a mensagem divina desde o momento
que ela foi revelada. Muitos passaram toda a sua vida e direcionaram seu
trabalho para que os ensinamentos divinos chegassem a nós nos dias de hoje. A
Bíblia já foi banida, queimada, e, algumas vezes ridicularizada, mas ainda
assim sua verdade permanece inalterável. Ela continua a ser o teste da
ortodoxia para todos aqueles que se dizem de Deus ou que afirmam andamos
caminhos dele.
1.4 — Um homem de cada tribo ajudaria Moisés e Arão
na imensa tarefa de contabilizar a nação. A participação destas pessoas
garantiria que a contagem feita fosse imparcial e correta.
1.5-15 — Os nomes dos homens que estavam convosco.
Nesta listagem há certa pungência. Ela deveria ter sido uma lista de
pessoas heróicas, pois os indivíduos que figuram nela seriam os
líderes das tribos imortalizados na história da conquista de Canaã.
Por causa das atitudes de descrença da nação em Cades (capítulos 13 e 14),
estes homens e todos aqueles contados com eles pereceríam no deserto.
Muitos destes nomes são compostos de termos que fazem referência a Deus.
Chamamos tais denominações de teofóricas, pois aludem à fé na
presença e na provisão de Deus na vida de Seu povo: Elizur (meu
Deus é uma rocha), filho de Sedeur (Shaddai é a chama),
chefe de Rúben (v. 5); Selumiel (minha paz é Deus), filho de Zurisadai (minha
rocha é Shaddai), chefe de Simeão (v. 6); Naassom
(significado não conhecido), filho de Aminadabe (meu parente [Deus]
é nobre), chefe de Judá (v. 7); Natanael (Deus concedeu),
filho de Zuar (aquele pequeno), chefe de Issacar (v. 8); Eliabe
(meu Deus é Pai), filho de Helom (como uma muralha), chefe de
Zebulom (v. 9); Elisama (meu Deus ouviu), filho de Amiúde
(meu parente [Deus] é majestoso), chefe de Efraim (v. 10); Gamaliel
(recompensa de Deus), filho de Pedazur (a Rocha [Deus] resgatou),
chefe de Manassés (v. 10); Abidã (meu Pai [Deus] é o Juiz), filho
de Gideoni ([Deus é] meu lenhador), chefe de Benjamim (v. 11); Aiezer
(meu irmão [Deus] é ajuda), filho de Amisadai (meu parente [Deus] é
Shaddai), chefe de Dã (v. 12); Pagiel (encontrado por
Deus), filho de Ocrã (preocupado), chefe de Aser (v. 13); Eliasafe
(Deus somou), filho de Deuel (conheça Deus), chefe de Gade (v. 14);
Aira (meu irmão [Deus] é castástrofe — talvez uma expressão de aviso
aos inimigos), filho de Enã (olhar), chefe de Naftali (v. 15).
1.16-18 — Os homens convocados dentro da comunidade foram
escolhidos por causa de suas posições de liderança. A palavra líderes
em hebraico é nasi'.
1.19 — Como o Senhor ordenara a Moisés. Esta
expressão mostra que o tom dos capítulos 1 a 10 é de submissão por parte
de Moisés e do povo às revelações da vontade de Deus. À medida que
o Senhor ordenava, Moisés e os israelitas respondiam prontamente.
1.20-43 — Os filhos de Rúben [...] e as suas
gerações. Cada um dos 12 miniparágrafos dos versículos 20 a 43 segue o
mesmo padrão desta expressão. Primeiro, cita o nome da tribo;
depois as particularidades de sua família; em seguida, a estipulação
de que os homens contados eram fisicamente capazes e tinham de 20 anos para
cima, o nome da tribo de novo, e, finalizando, o número contabilizado
deste clã. As únicas variações deste padrão estão nos versículos 32 a 35,
nos quais é explicado que Efraim e Manassés são os filhos de José
(como no v. 10). Esta observação relembra ao leitor de que José teve sua
partilha em dobro dentre as tribos de Israel. Seus dois filhos receberam
dotes iguais aos dos tios com relação à posteridade israelita. (Veja Nm
1.47-50, para a tribo de Levi.) Todo este trecho bíblico tem uma aura
de celebração envolvendo-o. Os detalhes podem parecer repetitivos e tediosos
para nós, mas estes provocariam a emoção nas respectivas unidades tribais:
“Esta é nossa família! Aqui estão todos os seus membros dentre os
milhares de Israel”.
1.44-46 — O número total dos homens fisicamente capazes (que
tinham pelo menos 20 anos de idade) era 603.550. Somando-se à
quantidade de mulheres, crianças, velhos e incapazes que não foram
contabilizados neste censo, havia uma população total de aproximadamente
dois a cinco milhões de pessoas.
1.47,48 — Os levitas não foram incluídos no censo. A tribo
de Levi era sagrada e pertencia exclusivamente a Deus (o capítulo 3
registra as famílias, os números e os deveres dos levitas). Para que
pudesse manter as 12 tribos separadas, mesmo porque os levitas não foram
contados com as outras, a tribo de José recebeu dois
dotes, um para cada filho, Efraim e Manassés (Nm 1.10,32-35). Assim, a tribo de
José ficou com uma porção em dobro (Gn 49.22-26).
1.49,50 — O tabernáculo do Testemunho também é chamado de tenda da congregação no versículo 1 e de tabernáculo no versículo 51.0 próprio termo tabernáculo designa uma tenda de
natureza portátil e temporária. Ele era um santuário móvel, especialmente
moldado para a adoração a Deus por pessoas que estavam em marcha
no deserto. Testemunho aponta para o significado de aliança da
tenda. Dentro do templo estavam os símbolos da presença de Deus no meio do
Seu povo, Seus sinais de contínuo relacionamento com os israelitas.
1.51-53 — O termo estranho do versículo 51 não faz
referência a uma pessoa não israelita, mas sim a um indivíduo não levita
(Ex 12.43). A punição de morte mencionada neste mesmo versículo é reiterada em
Números 3.10,38 ; 18.7, e foi imposta em Números 16.31-33 (1 Sm 6.9).
Assim, percebe-se que a presença de Deus acarretava bênção ou juízo
ao acampamento. Eram abençoados aqueles que tinham temor e respeito
pelo Altíssimo e por Suas leis. Em contrapartida, eram penalizados
aqueles que não honravam a divina presença.
1.54 — Assim fizeram
os filhos de Israel. Esta expressão revela o ambiente de obediência
que reinou na primeira parte de Números. Desta forma, surpreendemo-nos
quando vemos a posterior rebelião do povo no capítulo 11.
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