Mateus 9 — Comentário Evangélico

Comentário Evangélico da Bíblia




Mateus 9

Esse capítulo 9 continua a apresentar o poder do Rei (caps. 8—10). Anterior­mente, vimos o poder de Cristo sobre doenças (8:1-17), sobre a natureza (8:18-27) e sobre Satanás (8:28-34).
 

I. Poder sobre o pecado (9:1-17)

O milagre (vv. 1-8)

O entorpecimento é um tipo de pa­ralisia que deixa o homem impo­tente. Amigos crentes trouxeram o paralítico até Jesus, e este respon­deu à fé deles ao curar o homem. No entanto, ele foi mais longe: tam­bém perdoou os pecados dele! “O Filho do Homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados” (v. 6). Os críticos de Cristo acusam- no de blasfêmia; dessa forma, pro­vam que não aceitam seu reinado e sua filiação.
 

Os resultados (vv 9-17)

Os escribas e os fariseus começa­vam a procurar motivos para acu­sar Cristo e opor-se a ele (veja vv. 3,11,34). Por isso, quando Mateus ofereceu o jantar a Jesus e convidou seus amigos “publicanos e pecado­res”, os fariseus apareceram para causar problemas. Nessa passagem, Cristo retrata-se como um médi­co que cura corações pecadores (v. 12) e como um noivo que traz alegria para a vida das pessoas (v. 15). Hoje, muitos cristãos pensam que nossa tarefa é abrir as portas da igreja e convidar os pecadores a vi­rem a nós, mas Jesus instruiu-nos a procurar os homens perdidos com a mensagem do evangelho. Há o pe­rigo de que “separação” se transfor­me em “isolamento” e fracassemos em contatar os pecadores perdidos.
 
João estava na prisão, e seus discípulos estavam confusos. Mais tarde (11:1-6), o próprio João ex­pressou sua vontade de saber a respeito do que Cristo estava fa­zendo. O ministério de Jesus era diferente do dos fariseus, que jejuavam com freqüência (Lc 18:12), e eles queriam uma explicação. Ele explicou-lhes que introduzia coi­sas novas e falou-lhes do pano novo e do vinho novo. Você não pode propagar a nova mensagem do evangelho no antigo conteúdo da lei. Misturar lei e graça cau­sa confusão e destrói a ambas. A nova vida em Cristo deve assumir uma nova forma. Misturar as alian­ças, a antiga e a nova, que Deus fez com seu povo leva à confusão religiosa.
 

II. Poder sobre a morte (9:18-26)

O desejo (9:18-19)

Esse homem era religioso e obedien­te à lei, todavia sua religião era inútil diante da morte. A lei mata, mas o Espírito vivifica. Para mais detalhes, veja Lucas 8:40-56 e Mateus 5:21-43.

A demora (9:20-22)

A mulher com hemorragia teve fé e estava disposta a humilhar-se aos pés de Cristo. Os médicos do mun­do não podiam curá-la (Mc 5:26), por isso ela procurou o Médico supremo. Todavia, isso retardou o Se­nhor no caminho para a casa de Jairo. Como isso deve ter deixado Jairo ansioso! Não obstante, a demora de Jesus sempre traz grandes bênçãos. (Veja o caso de Lázaro em João 11.) Ele ressuscitou a filha de Jairo, em vez de apenas curá-la!
 

O escárnio (9:23-24)

Imagine, pecadores rindo de Jesus! Isso prova que a menina real mente estava morta, ou não teriam rido de Cristo. Também não devemos espe­rar outra coisa do mundo, pois riem de nós quando tentamos trazer à vida os pecadores (Ef 2:1 -10).
 

A demonstração (9:25-26)

Ele tocou-a e falou com ela, e ela voltou à vida. A Bíblia apresenta relatos completos a respeito de três pessoas que Jesus ressuscitou: a menina (nesse relato), o jovem (Lc 7:11 -1 6), e Lázaro Oo 11). A morte retrata a morte espiritual (Ef 2:1; Jo 5:24-25). Portanto, o pecado alcan­ça todas as idades, e, embora todos os pecadores estejam mortos espi­ritualmente, há graus distintos de decomposição. A menina acabara de morrer, o jovem talvez estivesse morto havia um dia, e Lázaro esta­va sepultado havia quatro dias! O “pecador moral” é como a menina: não há decomposição, embora haja morte. O “pecador imoral” é como Lázaro: seu pecado cheira mal. Os três foram ressuscitados pelo po­der da Palavra, uma ilustração de João 5:24.
 

III. Poder sobre as trevas (9:27-31)

Não sabemos como esses homens ficaram cegos. Talvez fosse por cau­sa de doença, do pecado ou de um acidente. Eles reconheciam Jesus como Filho de Davi (cf. 1:1) e o seguiram até em casa. Jesus perguntou- lhes se tinham fé e curou-os porque criam. Nos capítulos 8 e 9, observe como a fé se manifesta. O centurião tinha muita fé (8:10), no entanto os discípulos mostraram pouca fé du­rante a tempestade (8:26). A fé dos amigos ajudou o paralítico (9:2), e a fé da mulher com hemorragia curou-a (9:22). A demora no cami­nho pôs à prova a fé de Jairo, e a fé dos homens cegos foi recompensada. De acordo com Lucas 4:18 e Isaías 61:1-2, a cura do cego prova o messiado de Cristo.
 

IV. Poder sobre demônios (9:32-38)

Esse milagre causou muita admi­ração: “Jamais se viu tal coisa em Israel!” (v. 33). Dessa forma, Cristo apresentou-se e provou sua reale­za. Contudo, os líderes religiosos rejeitaram-no e até o acusaram de ter ligação com Satanás! Em um dia futuro, Israel receberá um falso Cris­to, capacitado por Satanás (Jo 5:43). No fim, foi essa acusação de seus inimigos que culminou na rebelião aberta descrita em 12:22-37.
 
Observe que Jesus não argu­menta com o povo; antes, vai em socorro dos que o recebem. Ele pre­gou o “evangelho do reino” (v. 35), o que significa que ele ainda se ofe­recia à nação como seu Rei. Mais tarde, ele enviou seus discípulos para pregar o mesmo evangelho e fazer os mesmos milagres (10:5-8). Essa não é nossa comissão hoje e não ousemos afirmar que temos o poder de fazer milagres. Tudo isso diz respeito à nação de Israel, não à igreja, porque “os judeus ped[iram] sinais” (1 Co 1:22).

Hoje, as multidões também precisam do Pastor. Apenas Cristo pode guiá-las e alimentá-las (veja Ez 34). Cristo retrata-se como pastor e segador, o Senhor da seara. Ele é o Senhor da seara (v. 38), e, se qui­sermos ganhar almas, temos de lhe obedecer. Para um ensino paralelo, veja João 4:31-38.