Significado de Salmos 107
Salmos 107
O Salmo 107 é um belo hino de louvor que celebra a bondade e a fidelidade de Deus. O salmista reflete sobre as muitas maneiras pelas quais Deus resgatou Seu povo de problemas e perigos, e convida todos os que ouvem suas palavras a darem graças ao Senhor por Seu amor constante. Ao longo do salmo, o escritor destaca o poder e a majestade de Deus, bem como Sua compaixão e misericórdia para com aqueles que O invocam em tempos de necessidade.
Um dos temas-chave do Salmo 107 é a ideia de redenção. O salmista fala daqueles que estavam perdidos no deserto, aprisionados nas trevas ou sofrendo de doenças, e declara que o Senhor os resgatou de sua angústia. Ele fala do poder de Deus para curar e restaurar, e convida todos os que ouvem suas palavras a depositar sua confiança no Senhor, pois somente Ele pode trazer salvação e libertação. Esse tema da redenção ecoa por toda a Bíblia e nos lembra que não importa o quão perdidos ou quebrados possamos nos sentir, sempre há esperança em Deus.
Outro tema importante no Salmo 107 é a ideia de ação de graças. O salmista chama todos os que foram resgatados pelo Senhor para dar graças a Ele por Seu amor e misericórdia inabaláveis. Ele os encoraja a contar aos outros as grandes coisas que Deus fez por eles e a oferecer sacrifícios de ação de graças e louvor em Seu nome. Este apelo à ação de graças é um lembrete para todos nós de que não importa quais provações ou dificuldades possamos enfrentar na vida, sempre temos motivos para sermos gratos a Deus por Sua bondade e amor por nós.
Resumo de Salmos 107
Em resumo, o Salmo 107 é uma celebração do poder e majestade de Deus. O salmista fala da grandeza das obras de Deus e declara que Sua sabedoria e entendimento estão além da medida. Ele fala do controle do Senhor sobre as forças da natureza e de Sua capacidade de trazer paz aos mares tempestuosos. Este tema do poder e majestade de Deus é um lembrete para todos nós de que Ele é o governante soberano do universo e que nenhum poder ou força pode resistir a Ele. É um chamado para colocar nossa confiança Nele e encontrar nossa esperança e força em Seu amor infalível.
Significado de Salmos 107
O Salmo 107, salmo de sabedoria, compartilha da forma e de muitos temas dos Salmos 105 e 106. Todavia, pelo fato de iniciar o livro V de Salmos, parece não ter sido escrito como parte da série formada por esses dois salmos anteriores. O Salmo 107 revê os atos de Deus pelo ponto de vista de Seu povo, usando ilustrações não encontradas na narrativa do Pentateuco. Ele começa e termina com apelos para se confiar na benignidade de Deus. Divide-se em: (1) celebração da benignidade eterna de Deus (v. 1-3); (2) afirmativa de que Deus atende à necessidade dos que peregrinam pelo deserto (v. 4-9); (3) garantia de que Deus socorre quem está no exílio ou na prisão (v. 10-16); (4) declaração de que Deus salva até os insensatos que clamem a Ele (v. 17-22); (5) salvação concedida por Deus aos que são surpreendidos por tempestades (v. 23-32); (6) provisão de Deus para os que se encontram em terra seca (v. 33-38); (7) afirmação de que Deus multiplica as populações que foram reduzidas (v. 39-42); (8) chamado à redescoberta da benignidade de Deus (v. 43).Comentário ao Salmos 107
Salmos 107:1 Louvai ao Senhor. O começo deste salmo o relaciona aos dois precedentes (Sl 105.1; 106.1). Seu principal objetivo é declarar que a benignidade de Deus é para sempre. Deus está sempre disposto a recuperar todos aqueles que clamam a Ele.Salmos 107:2-9 Andaram desgarrados pelo deserto. Isso deve se referir à experiência histórica de Israel no deserto de Sinai; mas pode também ser aplicado a quaisquer crentes dispersos, que eventualmente andem afastados da fé e da misericórdia divina. Louvem ao Senhor. Estas palavras são um refrão que ecoa por todo o salmo, incitando os ouvintes e leitores a agradecerem a Deus por Sua misericórdia (v. 15, 21, 31). Pois fartou. Esta é a parte que toda geração de crentes precisa lembrar. Jamais descobriremos nada mais satisfatório que o Senhor, que atende a todas as nossas carências.
Salmos 107:10 Tal como a que se assenta nas trevas fala da alma angustiada, aflita, preocupada. Quem conhece o Senhor clama a Ele em sua aflição, mesmo que tenha ficado em tal situação por sua própria fraqueza, iniquidade ou rebeldia. A misericórdia de Deus é demonstrada por Seus atos de salvação, atos que conclamam a novos louvores a Ele por Sua bondade.
Salmos 107:11-17 Os loucos é uma expressão dura, que ressalta falha moral (Pv 1.7; 15.5). Estas pessoas provavelmente bem merecem o apuro que estão passando. Ainda assim, podem clamar ao Senhor, pois Ele as ajudará e restaurará.
Salmos 107:18-32 Os que descem ao mar em navios. Estas palavras nos recordam a descrição idílica de Salmos 104.26; aqui, a situação não é tão agradável. Quem sai ao mar pode se ver enfrentando tempestades e forças do oceano sobre as quais não tenha controle. É um terrível sofrimento (v. 26, 27), e, tal como os aflitos de terra, deverá clamar por salvação ao Senhor (v. 28). Deus o ajudará, acalmará a tempestade e o salvará (v. 29). Se assim é, por que os homens não adoram a Deus como deveriam? (v. 31, 32). Parte da resposta pode ser encontrada na falta de foco na verdadeira natureza de Deus. A recompensa de praticar a verdade quanto a Deus é a capacidade de poder distinguir o bem do mal e tomar as decisões certas sobre as circunstâncias e o ambiente que nos envolvem (Hb 12.13, 14).
Salmos 107:33-35 Ele converte rios em desertos. Quando as pessoas pecam, Deus pode amaldiçoar a terra e afligir as pessoas com circunstâncias difíceis para reconduzi-las a Seus braços amorosos (1 Rs 17.1-7). Converte o deserto em lagos. Quando o Seu povo clama por socorro, Deus devolve a fertilidade à terra (Dt 30.1-10; Rt 1.6).
Salmos 107:36-42 Outra vez decrescem. Agora o poeta relata rebeliões genéricas. Deus trabalha sempre, humilhando os poderosos (v. 39, 40) e elevando os humildes (v. 41). Resta ainda a questão: por que o povo não louva ao Senhor?
Salmos 107:43 Quem é sábio. Não existe sabedoria que não seja centrada em ser grato ao amor de Deus. O salmista exorta ao estudo do histórico de amparo de Deus aos necessitados e a louvar sempre Seu grande amor.
Salmos 107:1-3 (Devocional)
Canção de louvor pela redenção
Com o Salmo 107 começa o quinto e último livro dos Salmos. Este último livro – Salmos 107-150 – descreve os caminhos de Deus com Seu povo, isto é, o remanescente fiel, ao longo do qual Ele os traz de volta do exílio para Sua terra (Sl 107:2-3). Esta é a resposta de Deus à oração no final do quarto livro (Sl 106:47). Os chamados cânticos de ascensão (Salmos 120-134) descrevem isso. Neles ouvimos os sentimentos das duas e das dez tribos.
Este quinto livro pode ser comparado ao livro de Deuteronômio, o quinto livro de Moisés. Nesse livro, o povo está no final da jornada no deserto e prestes a entrar na terra prometida. Moisés faz uma revisão da jornada de Israel pelo deserto e uma prévia da terra prometida.
Também vemos isso neste quinto livro de Salmos. O Salmo 107, o primeiro salmo deste livro, descreve os vários eventos e circunstâncias pelas quais o povo passou antes de entrar na terra. É uma descrição de provações e tribulações, nas quais eles passaram a conhecer melhor o SENHOR, Sua palavra e Seus caminhos e louvá-Lo por isso.
Encontramos quatro exemplos disso neste salmo que ao mesmo tempo formam uma divisão do salmo:
1. O deserto. Nela eles vagaram (Sl 107:4-9).
2. O cativeiro. Eles foram cativos das nações (Sl 107:10-16).
3. Suas transgressões. Como resultado, eles foram afligidos, quase morrendo (Sl 107:17-22).
4. A grande tribulação e ira pela qual passaram, representada na tempestade (Sl 107:23-32).
1. A resposta para sua peregrinação no deserto (Sl 107:4-9) é a cidade com fundamentos.
2. A resposta ao seu cativeiro (Sl 107:10-16) é o retorno.
3. A resposta para suas aflições (Sl 107:17-22) é a cura.
4. A resposta para a tempestade (Sl 107:23-32) é o refúgio desejado do reino da paz.
Deus libertou o povo repetidas vezes quando clamaram a Ele. Da mesma forma, no futuro, quando estiverem na grande tribulação, Ele os ouvirá quando clamarem a Ele. Cada vez, o remanescente é exortado a louvar e dar graças ao Senhor.
Este também é o ensinamento encontrado na conclusão deste salmo (Sl 107:33-42). Aqueles que levam esse ensinamento a sério provam ser sábios (Sl 107:43). Os sábios do futuro – os maskilim – aprenderão a lição levando a sério a aliança de fidelidade – chesed, favores – do SENHOR e confiando Nele.
O salmo começa com o chamado para darmos graças ao SENHOR, porque Ele é bom (Sl 107:1). Sua bondade é evidente em “Sua benignidade”, isto é, Ele é eternamente fiel à Sua nova aliança como fundamento de todas as bênçãos (Sl 106:1; Sl 108:4). Todo crente pode dizer isso com Davi: “Certamente que a bondade e a benignidade me seguirão todos os dias da minha vida” (Sl 23:6). Sua bondade permanece para sempre e nunca falha porque a nova aliança é uma aliança eterna por causa do poder do sangue de Cristo como fundamento de todas as bênçãos (Hb 13:20).
“Sua benignidade é eterna” é um refrão. É e tem sido cantado em toda restauração de Israel que ocorre por meio da benignidade do SENHOR:
a. Na libertação de Israel do Egito (Sl 136:1-26).
b. No retorno da arca (1Cr 16:34).
c. No retorno da Babilônia (Ed 3:11).
d. Na futura restauração de Israel (Jr 33:11).
Sua benignidade é evidente na libertação de Seu povo “das mãos dos adversários” (Sl 107:2). Eles estavam nas mãos dos adversários, isto é, em seu poder. Disto eles foram redimidos por Aquele que é mais forte que o inimigo mais forte, de modo que eles não têm mais nenhum perigo a temer.
Profeticamente, isso se aplica ao remanescente fiel que esteve na dispersão. Eles oraram no final do Salmo 106 para salvá-los do poder das nações (Salmos 106:47). Aqui no Salmo 107 ouvimos um cântico de ação de graças pela resposta a esta oração (Salmos 107:2-3). Eles não mereciam essa resposta. Afinal, o Salmo 106 fala da dispersão como o julgamento de Deus sobre sua rebelião contra o SENHOR (Sl 106:27). A rebelião deles contrasta fortemente com o Salmo 105, onde lemos sobre a libertação deles do Egito pelo Senhor e que Ele lhes deu as terras das nações (Salmos 105:43-44). Os versículos citados desses três salmos indicam que, apesar do fato de pertencerem a diferentes livros dos Salmos (o quarto e o quinto livro), eles formam, em certo sentido, um tríptico.
A questão no Salmo 107:2 é a redenção do remanescente fiel das duas tribos. A palavra para “remido” vem da palavra hebraica para “resgate” (Lv 25:48-49). Isso significa que estamos falando de pessoas que foram resgatadas da escravidão por um poderoso membro da família. Não se trata tanto da libertação pela batalha, mas da libertação pela recompra, onde aquele que resgata tem o direito de recomprar, enquanto o outro é obrigado a vender, sem outra opção. Os remidos são os resgatados do Senhor (Is 35:9-10).
Aqueles que são redimidos pelo SENHOR são exortados a também dizê-lo em voz alta. Não é possível para um crente permanecer calado (Sl 116:10). Deve ser expresso em palavras de ação de graças, em cânticos de louvor ou sacrifícios de louvor. Não se trata apenas de sentimentos de gratidão, mas também de palavras de gratidão. A redenção é uma redenção especial e, portanto, o agradecimento também deve ser um agradecimento especial. Ele nos redimiu de nossos pecados comprando-nos, não com prata ou ouro, mas com Seu precioso sangue (1Pe 1:18-19).
Em Sl 107:3 trata-se do remanescente das dez tribos voltando das nações para a terra (Dt 30:1-4). Deus reunirá todos os que estão espalhados em todas as direções das terras para as quais foram espalhados. Ele os trará de volta “do oriente e do ocidente, do norte e do sul” para Sua terra (Is 11:11-12; Is 43:5-6; Mt 24:31).
Este versículo não foi cumprido em nenhum lugar no passado. O retorno a Jerusalém do exílio na Babilônia durante o tempo de Ciro (Ed 1:1-3) é apenas de uma direção, da Babilônia. Já que nem um título ou um jota da Palavra de Deus cairá na terra, este versículo ainda será cumprido – e em breve, podemos supor. Então todas as doze tribos ainda dispersas retornarão a Israel de todas as direções.
Vimos isso acontecer repetidas vezes desde o final do século XIX na aliá, o retorno de judeus de todas as partes do mundo a Israel. Profeticamente, é sobre o tempo em que a besta, o anticristo e o rei do Norte serão eliminados. As dez tribos retornaram da dispersão na terra e se juntaram às duas tribos lá. Todo o povo está então de volta à terra, todas as doze tribos, ou seja, um remanescente delas.
Para nós, cristãos, o Senhor Jesus morreu para nos reunir em um, nós que somos filhos de Deus dispersos (Jo 11,52; cf. 1Co 12,13).
Salmos 107:4-9 (Devocional)
Conduzido por um Caminho Reto
Esta seção refere-se a vagar no deserto (Sl 107:4). Refere-se a pessoas que vagam, que estão perdidas, que não têm uma cidade segura para morar. A palavra hebraica para “vagar” aqui não é a mesma que “vagar” em Números 32 (Nm 32:13). Em Números 32, eles não se perderam na jornada pelo deserto, pois foram guiados pela coluna de nuvem em sua peregrinação com um propósito.
Aqueles que compõem o remanescente das duas tribos e das dez tribos vagaram pelo deserto deste mundo, “numa região deserta”. É uma reminiscência da maldição sobre Caim. Como resultado de seu pecado, o assassinato de seu irmão Abel, Caim tornou-se um errante na terra (Gn 4:12). Então Israel assassinou Cristo e Israel também teve que vagar pelo deserto do mundo. O mundo tornou-se para eles ‘uma sepultura para estrangeiros’, um pedaço de terra comprado com as trinta moedas de prata pelas quais eles avaliaram seu Senhor (Zacarias 11:12-13; Mateus 27:9-10).
Em nenhum lugar eles encontraram “um caminho para uma cidade habitada”. Eles estavam no deserto procurando uma cidade para encontrar descanso e segurança. Eles ansiavam por isso, mas no deserto não há descanso em lugar nenhum. Uma cidade habitada eles encontrariam na terra prometida. Essa é Jerusalém, a cidade onde o Senhor habita (Ezequiel 48:35). Onde Ele habita, há descanso e segurança.
Profeticamente, o deserto fala do “deserto dos povos” (Ez 20:35), para o qual o SENHOR dispersou os israelitas por causa de sua infidelidade (Sl 106:25-27; Dt 28:64). O retorno de lá e sua entrada na terra prometida é o cumprimento final. O retorno do exílio na Babilônia para a terra de Israel não é o cumprimento final, mas é um pré-cumprimento. O SENHOR fala disso tendo em vista o que fará no futuro: “Eis que farei algo novo, agora vai brotar; você não vai estar ciente disso? Até farei um caminho no deserto, rios no deserto” (Is 43:19).
No deserto eles estavam “com fome e sede” (Sl 107:5). Sobre isso eles resmungaram, pois “sua alma desmaiou dentro deles”. O caminho estava cheio de miséria e tristeza. Eles estavam cansados e enfraquecidos. Este foi o resultado de sua incredulidade, inquietação e descontentamento. Eles viram apenas as circunstâncias miseráveis e não o Senhor que tão fielmente cuidou deles todos os dias.
Então eles fazem a única coisa certa que um homem pode fazer quando está em apuros e para a qual Deus também o trouxe nessa aflição: “Eles clamaram ao Senhor na sua angústia” (Sl 107:6; cf. Os 5: 15; Os 6:1). A resposta de Deus não tarda: “Ele os livrou das suas angústias”. Este versículo é repetido como um refrão ao longo deste salmo (Sl 107:13; Sl 107:19; Sl 107:28). É o tema principal do salmo: quando o povo de Deus está com problemas e clama ao SENHOR, Ele salva e liberta.
Na aliança de Deus, Sua promessa a Abraão, o SENHOR mostrou um forno fumegante e uma tocha acesa como sinal de que tribulação e angústia seriam os meios que Ele usaria para trazer Seu povo de volta a Ele (Gn 15:17). A aflição é fruto da obra de Deus de arar o coração do povo (a aflição o faz orar) para preparar terreno fértil para semear a Palavra. Nessa Palavra eles podem crer e ser salvos e redimidos por ela (Is 28:23-25). Arar é um pré-requisito para semear.
Depois de livrá-los de suas angústias – como a resposta à necessidade em Sl 107:4 – Deus também tomou sobre Si a liderança do povo (Sl 107:7). “Ele os guiou também por um caminho reto”, um caminho direto para Seu objetivo. Esse objetivo era a terra prometida. Sob Sua liderança eles foram “para uma cidade habitada” (cf. Sl 107:36). Na terra havia cidades para todo o povo. Morar em uma dessas cidades significava o fim de suas andanças pelo deserto.
As bênçãos de comida e bebida, orientação no deserto e uma cidade para morar são um grande contraste com vagar no deserto e reclamar de sua falta. Esta não é a cidade do homem, Babel, que é uma cidade com torre, mas a cidade que tem fundamentos, “cujo arquiteto e edificador é Deus”, a cidade que Deus mostrou a Abraão (Hb 11:10).
A bênção recebida, em meio a resmungos, deve resultar em “dar graças ao Senhor por sua benignidade e por suas maravilhas para com os filhos dos homens” (Sl 107:8). A ação de graças deste versículo está encapsulada em duas respostas à oração: Salmo 107:7 em resposta ao Salmo 107:4 e Salmo 107:9 em resposta ao Salmo 107:5. As maravilhas, ou seja, atos maravilhosos, pelos quais eles dão graças ao Senhor aqui, têm a ver com o retorno à terra prometida, enquanto as maravilhas do Salmo 105 e do Salmo 106 referem-se ao Mar Vermelho, o que Ele fez lá.
Ele não lhes deu o que eles mereciam, mas da plenitude de Sua benignidade. Ele está agindo de acordo com a aliança mencionada em Levítico 26 (Levítico 26:40-42): se o remanescente se arrependesse, então e somente então o SENHOR poderia mostrar Sua benignidade para com eles.
Ele tem “satisfeito a alma sedenta” (Sl 107:9). Ele o fez levando-os a uma cidade habitada. Assim, sua sede de Deus foi satisfeita (cf. Sl 42,1-2). O mesmo se aplica à “alma faminta”. Ele enche a alma faminta “com o que é bom” (Lucas 1:53; Mateus 5:6). Ele enche a alma de paz e alegria. Fome e sede referem-se à fome e sede espirituais (cf. Is 55,1-2). É a fome da Palavra de Deus (Dt 8:3; Mt 4:4). A satisfação disso é a resposta do SENHOR à necessidade de Sl 107:5.
Salmos 107:10-16 (Devocional)
Trazido para Fora da Escuridão
Esta seção se refere ao cativeiro entre as nações e sua libertação dele. Eles “habitaram nas trevas e na sombra da morte” (Sl 107:10; cf. Sl 23:4; Lc 1:79; Is 9:2). “Habitar” em tal situação indica uma situação sem esperança. O fato de eles, somados a isso, serem “prisioneiros em miséria e cadeias” tornou sua situação totalmente desesperadora (cf. Sl 105:18). O Senhor diz em Seu discurso do fim dos tempos em Mateus 25 que esta será a porção “destes meus irmãos, [mesmo] o menor [deles]”. Por eles Ele quer dizer o remanescente fiel no tempo da grande tribulação (Mateus 25:39-40).
Havia escuridão em suas almas, “a sombra da morte” os cercava, eles se sentiam miseráveis e não podiam se mover por causa das correntes de ferro. A ocasião do cativeiro foi sua rebelião “contra as palavras de Deus” (Sl 107:11; cf. Lv 26:33-39; Ne 9:33-37). O povo como um todo se rebelou contra o que Deus disse, Sua lei. Daniel reconhece isso em sua confissão (Dn 9:5-8). As palavras de Deus, Sua lei, contêm “o conselho do Altíssimo”. Estes são conselhos perfeitos com a mais alta sabedoria para viver para Sua honra e seu próprio bem.
As palavras de Deus, Seu conselho, servem para o bem do povo (Dt 10:3). Deus nunca dá uma ordem que não seja um conselho e não seja sábio obedecer. Mas Seu povo rejeitou Seu conselho. No entanto, ainda é o conselho “do Altíssimo”. Não é apenas tolice rejeitar Seu conselho por causa de seu conteúdo, mas também insolente e presunçoso por causa da altivez do Conselheiro. Quem já “o desafiou sem dano” (Jó 9:4)?
Se um homem não se humilhar, Deus deve humilhá-lo (Tg 4:10; 1Pe 5:6). Ele humilhou o coração orgulhoso e altivo de Seu povo na Babilônia (Sl 107:12). Ele fez isso “com trabalho”, através da miséria, tribulação, decepção, tristeza (cf. Dt 26:7). Isso quebrou a força deles, fazendo com que “tropeçassem” e caíssem.
Lá eles jazem, totalmente humilhados. Por terem rejeitado o conselho do Altíssimo, não havia “ninguém para ajudá-los” a se levantar. Nenhum homem teve misericórdia e Deus teve que entregá-los por causa de sua rejeição a Ele. Isso mostra novamente a desesperança de sua situação.
Então ouvimos novamente que “eles clamaram ao Senhor em sua angústia” (Salmos 107:13; Salmos 107:6). Isso é o que Deus tem esperado. Ele está pronto para responder a um grito de problemas. Então Ele passa a agir. Ele “salvou-os das suas angústias”. As palavras “problemas” e “angústias” indicam que eles estavam em grande opressão interna e externamente, de modo que não tinham espaço para expressar sua angústia ou se mover. Mas o caminho estava aberto e eles aproveitaram esse caminho. O perverso rei Manassés é um exemplo de como o SENHOR age quando Israel se humilha (2Cr 33:12-13; cf. Lv 26:40-42; Dt 30:1-3).
Deus respondeu e salvou. Ele “os tirou das trevas e da sombra da morte e quebrou suas ataduras” (Sl 107:14). Por terem clamado a Deus, foram por Ele tirados da situação em que haviam caído por rebelião contra as palavras de Deus (Sl 107:10-11). Os laços de “miséria e correntes”, os símbolos de sua escravidão, em que estavam presos, Ele quebrou enviando Seu Servo, o Messias (Is 42:6; Is 49:9; Is 61:1).
Por esta mudança imprevista para melhor, eles são novamente chamados a dar graças ao Senhor (Sl 107:15). Tal como acontece com a primeira estrofe (Sl 107:4-9), esta chamada é encapsulada entre duas respostas à oração: Sl 107:14 é a resposta à oração de Sl 107:10, e Sl 107:16 é a resposta ao oração do Salmo 107:10 (cf. Salmo 50:15).
Somente através de “Sua benignidade” eles foram salvos de sua miséria. A Ele seja dada toda a glória por isso. É também a intenção de Deus que eles deem graças a Ele “por Suas maravilhas [ou seja, atos maravilhosos] para com os filhos dos homens”. É um testemunho para aqueles ao nosso redor quando damos graças a Deus pela maravilha da redenção que Ele nos deu por meio de Seu Filho. Todos nós realmente damos graças a Ele? Ou o Senhor também deve nos perguntar, como fez com a purificação dos dez leprosos, onde apenas um voltou para honrá-Lo: “Não foram dez os limpos? Mas os nove... onde estão eles? (Lucas 17:16-17).
Como motivo para dar graças ao SENHOR, é enfatizado novamente o que Ele fez por eles (Sl 107:16). Ele “quebrou os portões de bronze” da prisão. Isso não é uma coisa incrível? Esses portões só poderiam ser arrombados pelo poder de Deus.
Esses portões da prisão também foram fechados com “barras de ferro” (cf. Sl 107:10; Sl 105:18). Era, por assim dizer, duplamente impossível redimir-se dela. Mas mesmo essas barras de ferro foram “cortadas em pedaços” por Deus. Deus não apenas abriu os portões e soltou as correntes, mas os quebrou radicalmente, colocou-os fora de ordem. A quebra é tão completa que a reutilização é impossível.
Salmos 107:17-22 (Devocional)
Livrado das Destruições
Esta seção descreve a angústia do povo pouco antes da segunda vinda do Senhor Jesus. O povo de Deus é um povo de tolos (Sl 107:17; cf. Dt 32:6). Eles não levam Deus em consideração (Sl 53:1-6). O caminho de tais pessoas só pode ser um “caminho rebelde”. Na vida dessas pessoas, as “iniquidades” se acumulam (cf. Is 59,12).
O resultado não pode ser outro senão que eles “foram afligidos” com todos os tipos de pragas e doenças (cf. Is 38:1). Eles trouxeram essas pragas e doenças para si mesmos por seu estilo de vida sem Deus. Certamente a doença nem sempre é consequência do pecado (Jo 9,1-3), mas pode ser, como aqui (cf. Tg 5,15).
As aflições que eles trouxeram sobre si mesmos resultaram em “sua alma abominar toda espécie de comida” (Sl 107:18). Ao mesmo tempo, também podemos dizer de tal doença que é um falar de Deus ao homem (Jó 33:14). Sua aversão à comida não vinha Dele, mas de seu estilo de vida doentio, que os deixou doentes. Um doente não só não tem forças para comer, como também não quer comer, ele engasga só de pensar nisso. É uma situação em que eles chegaram perto da morte, “às portas” dela (Jó 33:19-22).
Pela terceira vez, há uma situação em que não há perspectiva de melhora ou salvação. Pela terceira vez, essa situação de angústia os leva a clamar “ao SENHOR” (Sl 107:19; Sl 107:6; Sl 107:13). E novamente Ele responde salvando-os “de suas angústias”. O clamor de angústia implica o reconhecimento de que Deus permitiu com razão que a angústia surgisse.
Deus os salvou de suas angústias por causa das doenças mortais, enviando Sua palavra e curando-os (Sl 107:20; cf. Dt 32:39). O que aconteceu com Ezequias é uma ilustração disso (Is 38:1-22). Podemos ver seu cumprimento na vinda do Filho de Deus, a Palavra de Deus que se fez carne. Os relatos que temos de Sua vida na terra nos Evangelhos testemunham isso. Lemos que durante Sua vida na terra Ele curou as pessoas e as libertou “das suas destruições”. Essas pessoas estavam perto da morte, mas Ele as tirou das portas da morte para que não se tornassem presas da morte (Mateus 8:17; Marcos 1:34; Atos 10:38).
Essas curas e libertações maravilhosas são novamente a ocasião para dar graças ao SENHOR (Sl 107:21; Sl 107:1; Sl 107:8; Sl 107:15; Sl 107:31; cf. Is 38:20). Mais uma vez, a exortação para dar graças ao Senhor é encapsulada em responder à oração (Sl 107:20) e oferecer sacrifícios de ação de graças (Sl 107:22) em vez de uma caminhada pecaminosa.
Eles são as provas de “Sua benignidade”. Eles também são “Suas maravilhas [ou seja, atos maravilhosos] para os filhos dos homens”. Deus mostra repetidamente como Ele é bom para as pessoas. Podemos agradecer a Deus por Ele não ter esquecido Seu povo culpado e sofredor e desejar que todos ao nosso redor vejam isso.
Eles podem mostrar sua gratidão pela benignidade experimentada e pelas maravilhas de cura, oferecendo a Ele “sacrifícios de ação de graças” (Sl 107:22). Um sacrifício de ação de graças é uma forma de oferta pacífica. Fala da comunhão com o Senhor e com os membros do povo de Deus como resultado do que Ele, que tem sido tão bom para eles, fez.
Em seguida, Ele também quer que eles “contem suas obras com cânticos alegres”. A verdadeira gratidão se expressa antes de tudo em dar graças a Deus, e não para por aí. Um coração agradecido também quer que os outros o ouçam e acreditem nesse Deus. Portanto, eles testemunharão com alegria apaixonada o que Deus fez em suas vidas.
Salmos 107:23-32 (Devocional)
A Tempestade Acalmou
Após a peregrinação no deserto das nações na primeira estrofe (Sl 107:4-9), estando em cativeiro na segunda estrofe (Sl 107:10-16), e sofrendo a doença mortal na terceira estrofe (Sl 107 :17-22), vemos agora o povo “descer ao mar” (Sl 107:23). O mar é um retrato das nações. No passado, Israel negociava com as nações (cf. Gn 49,13). Eles estiveram “em grandes águas”: negociaram com grandes nações. Salomão era um comerciante. Ele construiu uma frota. Não eram embarcações de recreio, mas navios mercantes (1Rs 9:26-28; 1Rs 10:22).
Vale ressaltar que as expressões “obras” e “maravilhas” (Sl 107:24) também são mencionadas em Sl 107:21 e Sl 107:22, onde se referem a obras de redenção e prodígios, ou seja, atos maravilhosos, de cura em o passado. Pelas obras e maravilhas do Senhor aqui, podemos pensar no vento da tempestade e na libertação das profundezas (Sl 107:25; Sl 107:29; cf. Mt 8:23-27).
O mar também é ameaçador, cheio de perigos (Sl 107:25). As tempestades no mar são muito mais violentas do que em terra. Deus faz com que a tempestade surja. Para isso Ele só precisa falar. Implica que a dispersão de Seu povo entre as nações por causa de sua rejeição ao Messias é obra do SENHOR.
Na vida de Jonas, vemos “um vento tempestuoso, que levantava as ondas do mar”. Jonas desobedeceu a uma ordem de Deus. Ele fugiu e o fez de navio. Então o SENHOR mandou uma tempestade, ameaçando quebrar o navio (Jn 1:1-4). O livro de Jonas é lido em Israel no dia da expiação porque em Jonas reconhecem o povo de Israel, o povo que hoje está na tempestade do mar das nações.
Através das ondas, o navio e sua tripulação “subiram aos céus” (Sl 107:26). Um momento depois, eles “desceram às profundezas”. A alma da tripulação do navio “derreteu em [sua] miséria”. Diante da violência do mar, o homem fica totalmente impotente. Acabou com toda a sua conversa. Ele é confrontado com um poder que o controla completamente e contra o qual ele não tem nada a dizer.
A fúria do mar fez com que os marinheiros “bamboleassem e cambaleassem como um ébrio” (Sl 107:27). Priva o homem de toda a sua estabilidade e orientação. O mar está completamente nas mãos de Deus (Jó 38:10-11). Sua turbulência é causada por Ele e serve ao Seu propósito (Jó 26:12; Jó 41:31; Sl 148:8). Esse propósito é que eles estejam “perdendo o juízo [literalmente: “toda a sua sabedoria foi engolida] “. Toda a sua sabedoria sobre navegação é inadequada em vista das circunstâncias em que se encontram. Eles ficaram sem soluções; eles não sabem o que fazer. O túmulo de um marinheiro é tudo o que os espera.
A consciência de estar em uma situação desesperadora é o começo do caminho de volta. Assim, os irmãos de José na prisão se arrependeram e o filho pródigo caiu em si enquanto se sentava com os porcos. Assim, o remanescente fiel será levado à confissão e purificação durante a grande tribulação, a fim de restaurar seu relacionamento com o Senhor.
O que encontramos descrito aqui – e ilustrado com Jonas na tempestade no mar e com os discípulos do Senhor na tempestade no lago – é um quadro da situação em que o remanescente fiel de Israel se encontra agora que está espalhado entre as nações. Eles estão em constante angústia. Essa aflição atingirá seu ápice quando a grande tribulação começar. Então toda a sua sabedoria desaparecerá. Eles clamarão ao SENHOR em seus problemas e Ele os tirará de suas angústias (Sl 107:28; Sl 107:6; Sl 107:13; Sl 107:19; cf. Êx 3:10).
Aqueles que estão perdendo o juízo não precisam estar no fim de sua fé. Vemos isso aqui também. Os marinheiros clamam Àquele que mandou a tempestade, porque Aquele que manda a tempestade também é capaz de fazer “acalmar a tempestade” (Sl 107:29). Isso é o que Ele faz. O vento diminui e “as ondas do mar” são “abafadas”. O Senhor Jesus acalmou uma tempestade e assim forneceu uma das muitas provas de que Ele é Deus (Mateus 8:26; Marcos 4:39; cf. João 1:15). Uma prova mais clara dificilmente pode ser imaginada. Ele também pode acalmar a tempestade na vida e no coração humano.
Profeticamente, reconhecemos o silêncio após a tempestade, quando o Senhor Jesus eliminou o anticristo e o rei do Norte, que desencadearam uma tempestade de perseguições. Assim como o Senhor fez com que os soldados que queriam capturá-lo recuassem com uma única palavra e caíssem por terra (Jo 18:5-6), também no futuro o Senhor silenciará Seus inimigos, a tempestade, com a espada de Seu boca.
O silêncio após a tempestade é motivo de alegria (Sl 107:30). Há alegria quando uma situação de aflição chega ao fim. Aqui o silêncio está diretamente ligado à chegada ao “refúgio desejado”, que se refere ao sossego e à paz na terra prometida. Foi para lá que Deus os guiou (Dt 30:4-5). Quem fica muito tempo no mar e passa por muitas tempestades começa a desejar cada vez mais o porto. Deus está a caminho de Sua terra celestial com Seu povo e com os Seus. Todo crente anseia por aquela terra. À medida que as tempestades aumentam na vida, esse desejo aumentará.
Após ser salvo de grande angústia e entrar no porto, há o chamado para dar graças ao SENHOR (Sl 107:31). Novamente, como nas três primeiras estrofes, o chamado para dar graças ao SENHOR está encapsulado na resposta (Sl 107:30) à oração deles (Sl 107:28) e um chamado para engrandecer publicamente o SENHOR na presença do povo e seus líderes (Sl 107:32).
Por Sua benignidade, eles foram guardados e receberam descanso. Isto aplica-se não só aos perigos do mar, mas também aos perigos em que nos encontramos todos os dias. As maravilhas do abismo em Sl 107:24 tornaram-se aqui as maravilhas para o Seu próprio bem. Por isso Ele merece toda a glória.
O que Ele fez é digno de toda glória “na congregação do povo” (Sl 107:32). Não é meramente uma gratidão pessoal, mas uma gratidão compartilhada com outros crentes (cf. Sl 111:1). As reuniões dos crentes servem também para partilhar com os outros as experiências adquiridas com o Senhor, para que também cresça a ação de graças a Deus (2Co 1,10-11; At 15,3).
Um chamado especial é feito aos “anciãos” para dar graças a Ele. Eles, mais do que outros, tiveram experiências dos livramentos do SENHOR das angústias. O fato de o salmista falar do “assento dos anciãos” implica que estes são crentes mais velhos que têm uma responsabilidade no meio do povo de Deus. Essa responsabilidade também é liderar o povo na glorificação de Deus.
Salmos 107:33-42 (Devocional)
A Supremacia do Senhor
Nos versículos anteriores, quatro situações deixaram claro que o SENHOR livra da angústia quando Seu povo clama a Ele. Também vimos essas situações na história de Israel, com o resultado final de chegar ao porto desejado, que é a terra prometida no reino da paz.
Na seção que segue, a situação do povo de Deus não é vista da perspectiva daqueles que estão em perigo, mas da perspectiva dAquele que tem tudo em Suas mãos e tudo controla (Mateus 28:18; Deu 32:39). Ele não é apenas o Salvador, Ele também é o Deus exaltado e todo-poderoso. Ele é poderoso na redenção, pelo que também é poderoso em trazer destruição sobre os inimigos de Seu povo que procuram mantê-los em cativeiro. Para libertar Seu povo do poder do Egito, Ele transformou rios em deserto e fontes de água em terra sedenta (Sl 107:33; Êxodo 14:21; cf. Is 50:3).
Uma vez que o povo estava na terra, Ele fez o oposto: Ele transformou “a terra frutífera em deserto salgado, por causa da maldade dos que nela habitam” (Sl 107:34). O que Ele fez com Sodoma e Gomorra é um exemplo disso. Era uma terra próspera (Gn 13:10), mas os “homens de Sodoma eram extremamente perversos e pecadores contra o SENHOR” (Gn 13:13). Portanto, Deus subverteu Sodoma e Gomorra e toda a planície e a transformou em salina, tornando aquela área completamente estéril (Gn 18:20-21; Gn 19:13; Gn 19:24-25).
Por causa da infidelidade do povo – eles violaram a aliança e desobedeceram ao Senhor – o destino de Sodoma também se tornou o destino deles. Eles vieram para o exílio. Esse destino vem sobre eles como resultado da maldição da aliança (Dt 29:22-28).
Para os fiéis, Ele faz o oposto (Sl 107:35). Para eles, “transforma o deserto em lago de água” e “a terra seca em fontes de água”. Isso será visto no reino da paz (Is 35:6-7). Então não haverá apenas chuva frutífera do céu, mas fontes brotarão do solo de onde flui água fresca constantemente.
O reino da paz é em todos os sentidos um tempo de refrigério (Atos 3:19). “Os famintos” não mais vagam famintos e sedentos por um deserto (Sl 107:4-9), mas “habitam” na terra do refrigério (Sl 107:36). Num sentido espiritual, “aqueles que têm fome e sede de justiça” são satisfeitos aqui (Mateus 5:6).
Eles também “estabelecem uma cidade habitada” (cf. Sl 107,7). Eles “estabeleceram” aquela cidade, ou seja, tornaram-na habitável (cf. Is 54,3). As cidades foram despovoadas e transformadas em ruínas pela infidelidade do povo de Deus. Agora que o povo está de volta com Deus, eles podem reconstruir as cidades e viver nelas. Habitar significa desfrutar do descanso que veio depois de todas as andanças e privações (cf. Is 65,21-22).
Entrar no reino da paz não significa que não haja mais necessidade de trabalhar. É uma restauração da situação no paraíso, onde também havia trabalho. O trabalho é uma benção. A maldição foi removida da criação. Agora a terra pode começar a dar o seu rendimento total. Para isso, eles “semeiam campos e plantam vinhas” (Sl 107:37). Seu trabalho será abençoado, eles “colherão uma colheita frutífera”.
É tudo devido à bênção de Deus. “Ele os abençoa” (Sl 107:38). Só por isso “se multiplicam grandemente”. Esta é a bênção que Ele prometeu (Gn 13:16; Gn 22:17; Gn 26:4; Gn 32:12) e depois dá. Ele também “não deixa o gado diminuir”. Anteriormente, Ele tinha que fazer isso por causa da infidelidade deles, mas agora eles são fiéis a Ele. Isso porque Ele lhes deu um novo coração e nele escreveu Sua lei. Como resultado, eles guardam Seus mandamentos e Ele os abençoa (Dt 28:1-12).
No entanto, o tempo do reino da paz ainda não chegou. Há períodos em que Deus abençoa Seu povo. Este é o caso quando há um juiz fiel ou um rei fiel que governa o povo de Deus de acordo com Sua lei. Mas então as pessoas se desviam novamente. Então “eles são diminuídos e encurvados pela opressão, miséria e tristeza” (Sl 107:39). Então Deus deve enviar inimigos para afligi-los, ou quebras de safra, para que eles clamem a Ele novamente em sua angústia.
Especialmente “os príncipes” Ele fará sentir o quanto eles se desviaram (Sl 107:40). “Ele derrama desprezo” sobre eles (cf. Jó 12:21). Eles foram especialmente privilegiados por Ele em posição e riqueza, a fim de fazer o bem aos outros com isso. Mas eles usaram esses privilégios apenas para si mesmos. Vemos isso no futuro nos falsos pastores e especialmente no falso pastor principal, o anticristo (Ez 34:1-6; Zc 11:15-17).
Portanto, “Ele os faz vagar por um deserto sem caminho”. Eles retornam a um estado de vazio, deslocamento e desesperança. Parece referir-se ao mundo além-túmulo, a terra das trevas eternas. Não há caminho para eles. Este é o horror do inferno e o destino de todos os que rejeitaram o Senhor Jesus como o Caminho para Deus. Quem não O tem não tem jeito, nem agora e nem nunca. Isso é o que aguarda o anticristo e com ele as massas apóstatas de Israel.
Em frente ao nobre está “o necessitado” (Sl 107:41). Ele não tem nada do que se vangloriar. Ele é dependente da graça. Essa graça que Deus lhe dá. Ele o livra “da aflição” porque clamou a Ele e o coloca “seguramente no alto [literalmente: em um lugar alto inacessível]”. O remanescente pobre e necessitado Ele livrará de sua miséria e o colocará em uma fortaleza segura. O cumprimento final e completo disso será desfrutado pelo remanescente no reino da paz.
E Ele não para por aí, pois Ele “faz [suas] famílias como um rebanho”. Dentro desse lugar seguro e inacessível, Deus provê uma descendência numerosa. Uma família numerosa é uma bênção especial de Deus, à qual se atribui grande prazer.
“Os retos veem” a bênção com a qual o Senhor os cobriu “e se alegram” (Sl 107:42). Neles, como nos “necessitados” do versículo anterior, reconhecemos o remanescente fiel que será abençoado após a grande tribulação. Eles devem todas as suas bênçãos ao favor de Deus.
A bênção que Deus dá ao Seu povo silencia os ímpios (Sl 107:42). A iniquidade há muito domina e procura silenciar Deus oprimindo e matando os Seus. Os perpetradores da iniquidade se arrogaram os direitos de Deus e pensaram que poderiam tomar posse do reino de Deus. Chegará o tempo em que Deus os confrontará com a verdade. Então eles não terão defesa e ficarão em silêncio (Mateus 22:11-14).
Salmos 107:43 (Devocional)
Quem é sábio?
Em todos os eventos descritos, vemos tanto o fracasso e a fraqueza do homem quanto a obra de Deus no perdão, libertação e restauração. Vemos que Deus está acima de tudo e realiza Sua obra mesmo onde parece que o homem torna isso impossível para Ele. É justamente aí que Ele mostra o quanto é exaltado acima do homem.
A verdadeira sabedoria é encontrada onde há percepção dos caminhos de Deus com Seu povo e com o homem (cf. Os 14:9; Deu 32:29; cf. Tg 3:13-17). Aquele que é sábio “dará ouvidos a estas coisas”, que são as coisas descritas neste salmo. A compreensão dos caminhos do Senhor vem por meio da contemplação desses caminhos, especialmente vendo os eventos de uma perspectiva celestial (Sl 107:33-42). O Senhor Jesus se dirige a esses sábios em Seu discurso do fim dos tempos (Mateus 24:15).
Quem dá atenção a isso perceberá que Deus é um Deus misericordioso. Ninguém pode estudar as obras de Deus sem ver que existem inúmeras instituições e estatutos em Sua criação que não têm outro propósito senão tornar o homem feliz.
Em todos os Seus tratos com o homem, Sua benignidade é manifestada. Aqueles que são sábios irão “considerar” isso e deixar que isso os afete. A benignidade de Deus é a base de todas as bênçãos que serão desfrutadas pelo homem em plenitude durante o reino da paz.
O salmo começa com um chamado para dar graças ao SENHOR por causa de Sua benignidade, Sua fidelidade à aliança. O salmo termina com um chamado para prestar atenção aos favores – ou fidelidade à aliança, baseada no sangue da nova aliança, a mesma palavra do Salmo 107:1 – do SENHOR. Se tivermos visto e recebido esses favores nos caminhos de Deus, em Seu governo neste mundo, seremos capazes de louvá-Lo ainda mais.
No Salmo 106 vemos que o povo de Israel não considerou as bondades do SENHOR (Sl 106:7), então eles falharam em adquirir sabedoria e permaneceram insensatos (Sl 107:17). Nesse sentido, o Salmo 107 não é apenas um salmo de louvor, pois o salmo termina como um salmo de sabedoria com ensino para os maskilim, ou seja, para aqueles que são sábios e querem se tornar ainda mais sábios. Isso se aplica ao remanescente fiel.
Para nós, crentes do Novo Testamento, isso é verdade em grau muito maior. Já somos abençoados com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais (Ef 1:3). Quando estivermos com o Senhor Jesus na casa do Pai, conheceremos ainda mais toda a extensão disso. Lá veremos tudo como Deus sempre viu. Essa perspectiva nos ajudará a seguir o caminho que Deus agora tem para nós na terra, com todas as perguntas que o acompanham, para as quais Ele tem a resposta.
Para nós, também, ponderar a Palavra de Deus sobre os caminhos e conselhos de Deus nos fará crescer em sabedoria e entendimento espiritual (Ef 1:3-21; Colossenses 1:9-29).