João 18 — Comentário Devocional

João 18

Título: A Traição, Prisão e Julgamento de Jesus.

Introdução:
O capítulo 18 de João marca o início da narrativa da Paixão no Evangelho de João, detalhando os eventos que levaram à crucificação de Jesus, incluindo Sua traição, prisão e julgamento inicial.

Seção 1: A Traição e Prisão (João 18:1-12)
O capítulo começa com Jesus e Seus discípulos atravessando o Vale do Cedron até o Jardim do Getsêmani, onde Judas Iscariotes, um de Seus discípulos, O entrega às autoridades religiosas com um beijo. Soldados e oficiais prendem Jesus, mas Ele se rende voluntariamente. Pedro tenta defender Jesus cortando a orelha do servo do sumo sacerdote, Malco, mas Jesus o instrui a guardar a espada.

Seção 2: Jesus diante de Anás e Caifás (João 18:13-24)
Jesus é primeiro levado à casa de Anás, sogro de Caifás, o sumo sacerdote. Anás questiona Jesus sobre Seus discípulos e Seus ensinamentos. Dali, Jesus é levado a Caifás, onde falsas testemunhas testemunham contra Ele. Jesus permanece em silêncio diante dessas acusações.

Seção 3: A Negação de Pedro (João 18:25-27)
Durante o interrogatório de Jesus por Caifás, Pedro é questionado por espectadores sobre sua associação com Jesus. Três vezes, Pedro nega conhecer Jesus, cumprindo a predição anterior de Jesus.

Seção 4: Jesus diante de Pilatos (João 18:28-40)
Os líderes religiosos levam Jesus ao governador romano, Pôncio Pilatos, buscando Sua execução. Pilatos questiona Jesus, não encontrando base para acusações contra Ele. Ele se oferece para libertar um prisioneiro durante a festa da Páscoa, e a multidão escolhe Barrabás em vez de Jesus. Pilatos relutantemente ordena que Jesus seja açoitado e depois o apresenta novamente à multidão, mas eles exigem Sua crucificação.

João capítulo 18 é um capítulo crucial que marca o início da paixão de Jesus e o desenrolar dos eventos que levaram à Sua crucificação. Destaca a traição de Judas, a prisão de Jesus, Sua aparição perante as autoridades religiosas e Seu julgamento perante Pilatos. O capítulo também sublinha o contraste entre a submissão de Jesus à vontade de Deus e a negação de Pedro. Este capítulo prepara o cenário para a crucificação e o sacrifício final de Jesus pelos pecados da humanidade, conforme predito nas partes anteriores do Evangelho de João.

Devocional

18.3 Os líderes religiosos tinham uma autoridade dada pelos romanos, para prenderem judeus por infrações menores. Os soldados romanos não tinham motivos para prender Jesus, mas acompanharam os guardas do Templo, a fim de terem a certeza de que a situação não sairia de controle. 

18.4, 5 João não registrou o beijo com que Judas saudou Jesus no momento em que o entregou aos líderes religiosos (Mt 26.49; Mc 14.45; Lc 22.47,48), mas o beijo de Judas marcou um ponto decisivo para os discípulos. Com a prisão de Jesus, a vida de cada um deles passaria a ser radicalmente diferente. Pela primeira vez, Judas traiu Jesus publicamente diante dos outros discípulos. Pela primeira vez, os fiéis discípulos de Jesus fu giram (Ml 26.56). Os discípulos sofreriam severas provas antes de passarem de seguidores indecisos a líderes dinâmicos. 

18.5, 6 Aqueles homens podem ter se espantado pela coragem de Jesus ao fazer-lhes a pergunta “A quem buscais”, ou pela resposta “Sou eu”, uma declaração de sua deidade (Êx 3.14). Talvez tenham ficado embevecidos pelo poder e pela autoridade de Jesus. 

18.10-11 Tentando proteger Jesus, Pedro desembainhou sua espada e feriu o servo do sumo sacerdote Mas Jesus mandou que o discípulo guardasse sua espada e permitisse que o plano de Deus se cumprisse. As vezes, é tentador resolver os problemas com nossas mãos, forçando um desdobramento para de terminada questão. Tais atitudes frequentemente conduzem ao pecado. Em vez disso, devemos confiar que Deus realizará todo o seu plano. Pense nisso! Se Pedro tivesse prosseguido em de fender Jesus, Ele não teria ido à cruz e o plano de redenção de Deus teria sido frustrado! 

18.11 Esse “cálice’’ refere-se ao sofrimento por que Jesus teria de passar, por causa do isolamento em relação ao Pai e da morte que teria de enfrentar, para expiar os pecados do mundo. 

18.12-13 Depois de preso, Jesus foi imediatamente levado para a residência do sumo sacerdote, apesar de já ser noite. Os líderes religiosos estavam com pressa, queriam executar Jesus antes do sábado, para continuar a celebração da Páscoa. A residência do sumo sacerdote ficava em um palácio com um pátio, onde os servos e os soldados podiam aquecer-se ao redor do fogo. 

18.13 Anás e Caifás tinham sido sumo sacerdotes. Anás foi o sumo sacerdote de Israel de 6 a 15 d.C., quando foi deposto pelo governo romano. Caifás. genro de Anás, foi designado como sumo sacerdote em 18 d.C., e ocupou esta função até 36/37 d.C. De acordo com a lei judaica, o cargo de sumo sacerdote era exercido por toda a vida. Por isso, muitos judeus ainda consideravam Anás o sumo sacerdote, designando-o por este título. Apesar de Anás ter muita autoridade entre os judeus, Caifás tomava as decisões finais. Anás e Caifás se preocupavam mais com suas ambições políticas do que com a responsabilidade de conduzir o povo a Deus. Embora fossem líderes religiosos, tornaram-se ímpios. Como líderes espirituais da nação, deveriam ter sido sensíveis à revelação de Deus. Deveriam saber que Jesus era o Messias predito pelas Sagradas Escrituras e conduzir o povo a Ele. Mas, quando homens e mulheres fraudulentos procuram o mal tentam eliminar toda a oposição. Assim, em vez de avaliarem honesta mente as afirmações de Jesus com base no conhecimento que tinham das Escrituras. Anás e Caifás buscaram, acima de tudo, satisfazer suas ambições egoístas, mostrando-se dispostos até a matar o Filho de Deus, se fosse necessário. 

18.15, 16 Este “outro discípulo” era provavelmente João, o autor deste Evangelho. Ele conhecia o sumo sacerdote e identificou-se para a mulher na porta. Por causa de sua amizade, o próprio João e Pedro entraram no pátio. Mas Pedro se recusou a identificar-se como seguidor de Jesus. As experiências de Pedro nas próximas horas mudariam a sua vida. Para maiores in formações sobre Pedro, veja o seu perfil em Mateus. 

18.19ss Durante a noite, Jesus teve uma audiência diante de Anás antes de ser levado a Caifás e ao Sinédrio (Mc 14.53-65). Os líderes religiosos sabiam que não tinham base para acusar Jesus, então tentaram elaborar evidências contra Ele usando falsos testemunhos (Mc 14.55-59). 

18.22-27 Podemos facilmente ficar indignados com o Sinédrio pela injustiça que cometeram ao condenar Jesus, mas devemos nos lembrar que Pedro e os demais discípulos também contribuíram para o sofrimento dEle, abandonando-o e negando-o (Mt 26.56,75). Embora a maioria de nós não seja como os líderes religiosos, é parecida com os discípulos, porque nega o senhorio de Cristo em importantes áreas de sua vida ou mantém em segredo sua identidade como cristão em tempos de pressão. Não procure desculpar-se, apontando para outros cujos peca dos parecem piores do que os seus. Em vez disso, vá a Jesus em busca de perdão e cura! 

18.25 Nos outros três Evangelhos, é dito que as três negações de Pedro aconteceram perto do fogo. no pátio exterior do palácio de Caifás. João relatou que a primeira negação foi fora da casa de Anás e as outras duas, fora da casa de Caifás. É muito provável que se tratasse do mesmo pátio. A residência do sumo sacerdote era grande. Anás e Caifás certamente moravam perto um do outro. 

18.25-27 - Imagine ficar do lado de fora, enquanto Jesus, seu Senhor e Mestre, é interrogado. Imagine-se vendo o homem em quem você creu, o tão esperado Messias, sofrendo abusos e açoites. Naturalmente Pedro sentiu-se confuso e com medo. É um pecado sério negar a Cristo, mas Jesus perdoou Pedro (21.15-17). Nenhuma falta é grande demais para que Jesus não possa perdoar; a condição para receber o perdão é estar verdadeiramente arrependido. Jesus perdoará até os seus piores pecados se você arrepender-se e pedir-lhe perdão. 

18.27 O galo cantou em cumprimento às palavras de Jesus a Pedro, após este ter prometido que jamais negaria o Senhor (Mc 14.31; Jo 13.38). 

18.28 De acordo com lei judaica, se um judeu entrasse na casa de um gentio, estaria cerimonialmente contaminado. Como resultado, não poderia participar da adoração no Templo nem celebrar as festas até que fosse purificado. Temendo serem contaminados, esses homens ficaram do lado de fora da casa onde Jesus fora levado para julgamento. Eles mantinham as exigências cerimoniais de sua religião, ao mesmo tempo abrigavam o assassinato e a traição em seu coração. 

18.29 - Pilatos foi nomeado governador romano da Judeia (a região onde Jerusalém estava localizada) de 26 a 36 d.C. Ele era um homem de baixa popularidade entre os judeus, por ter feito uma incursão nos tesouros do Templo, em busca de dinheiro para construir um aqueduto. Por sua vez, Pilatos não gostava dos judeus: mas quando Jesus, o Rei dos judeus, esteve em sua presença, foi considerado inocente. 

18.30 Pilatos sabia o que estava acontecendo; sabia que os líderes religiosos odiavam Jesus e não queria agir como o carrasco deste conflito. Os líderes religiosos não podiam sentenciar Jesus à morte, esta deveria vir de um líder romano. Mas inicial mente Pilatos se recusou a punir Jesus por falta de evidências. Depois, a vida de Jesus se tornou um fator de pouca importância em meio a um conflito pelo poder político. 

18.31ss Pilatos tentou resolver a questão de Jesus de quatro maneiras: (1) tentou transferir para outra pessoa a responsabilidade de julgar Jesus (18.31); (2) tentou encontrar uma maneira de libertar Jesus (18.39); (3) tentou acalmar o ânimo dos judeus, ao prometer açoitar Jesus, em vez de entregá-lo á morte (19.1-3); e (4) dirigiu um apelo direto aos acusadores (19.15). Todas as pessoas são obrigadas a decidir o que vão fazer com Jesus. Pilatos tentou deixar que alguém decidisse por ele e, no final, perdeu. 

18.32 Essa predição está registrada em Mateus 20.19 e em João 12.32.35. A crucificação era um método comum de execução para criminosos que não eram cidadãos romanos. 

18.34 Se Pilatos tivesse feito essa pergunta como governador romano, estaria inquirindo se Jesus desejava estabelecer um governo rebelde. Mas ele entendeu que os judeus usaram a palavra ‘rei” para referir-se ao seu Messias, um líder religioso. Israel era uma nação cativa, sob a autoridade do Império Romano. Um rei rival seria uma ameaça a Roma, porém o Messias seria simplesmente um líder religioso. 

18.36, 37 Pilatos fez a Jesus uma pergunta direta e Ele respondeu claramente. Jesus é Rei, mas seu Reino não é deste mundo. Parece não haver dúvidas de que Pilatos considerou que Jesus falou a verdade, e considerou-o inocente de qualquer crime. Mas, embora tenha reconhecido a verdade, Pilatos escolheu rejeitá-la. É uma tragédia falharmos em reconhecer a verdade. Porém é uma tragédia ainda maior a reconhecermos, mas falharmos em dar-lhe a devida atenção. 

18.38 Pilatos era cínico, pensava que toda a verdade era relativa. Para muitos oficiais do governo, a verdade era tudo aquilo com que a maioria do povo concordasse cu tudo que contribuísse para o avanço de seu poder e de seus objetivos políticos. Quando não há fundamento para a verdade, não há base moral para o certo e o errado. A justiça se toma tudo o que funciona ou tudo que ajuda aqueles que estão no poder. Em Jesus e em sua Palavra, temos um padrão para a verdade e para o nosso comportamento moral. 

18.40 Barrabás foi um rebelde contra Roma, mas, apesar de ter cometido um assassinato, provavelmente foi um herói para os judeus. Estes odiavam ser governados por Roma e pagar taxas a um governo que desprezavam. Barrabás, que tinha conduzido uma rebelião e fracassado, foi solto em lugar de Jesus, o único que poderia verdadeiramente ajudar Israel. Para mais informações sobre Barrabás, veja a nota em Lucas 23.18,19ss.

Índice: João 1 João 2 João 3 João 4 João 5 João 6 João 7 João 8 João 9 João 10 João 11 João 12 João 13 João 14 João 15 João 16 João 17 João 18 João 19 João 20 João 21