Estudo sobre Romanos 8:16-17

Estudo sobre Romanos 8:16-17

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Romanos 8:16-17

O círculo se fecha. O ponto de partida foi o recebimento do Espírito de filiação. Indício de sua autenticidade foi a invocação confiante do Pai. Agora a certeza da paternidade de Deus leva por sua vez de volta à certificação da própria condição de filho. O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos (crianças) de Deus. Identifica-se agora a já mencionada atuação do Espírito: Ele exerce a função de testemunha. O Espírito está diante do nosso espírito humano como testemunha. O emprego de “espírito” como espírito humano não é incomum para Paulo. Em decorrência, o mais íntimo de Deus, o único que sabe “as coisas de Deus” e “perscruta, até mesmo as profundezas de Deus”, encontra-se com o mais íntimo do ser humano, o único que sabe “sabe as coisas do homem” (1Co 2.10,11) e o incentiva: “Não temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és meu” (Is 43.1). Falando assim, o Espírito nos une com Deus – um acontecimento pleno de conseqüências. Também Jesus vinculou, em Mt 7.14-19, o fazer ao ser.

Da condição de filho resulta outro direito. Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus. Uma adoção altera todas as relações, não apenas com pessoas, ou seja, com o pai e seus filhos e familiares, mas também com a propriedade paterna: “Tudo o que é meu é teu” (Lc 15.31; Jo 17.10). A sucessão da partilha para quem crê vigora pela mediação do Filho primogênito. Ele é o verdadeiro herdeiro, os cristãos são co-herdeiros com Cristo (v. 32). O legado, porém, não consiste apenas da glória futura (v. 18,30).

Paulo acrescenta uma lógica notável, como já apareceu em Rm 5.3. Paulo aborda lá os sofrimentos atuais dos filhos, sem percebê-los por instante algum como contradição com o estado de filhos. Pelo contrário, os sofrimentos têm força de comprovação positiva: se (tão certo como) com ele sofremos, começa ele. Os sofrimentos são o recibo que comprova aos cristãos de que estão em Cristo, neles a comunhão com Cristo torna-se palpável para eles. Pois seu Senhor se distingue de todos os demais senhores pela sua cruz. Na verdade ele já foi exaltado, mas, por enquanto, ele sozinho. Os cristãos, porém, como seus seguidores, ainda pertencem ao lugar que ele deixou. Eles concretizam em seu lugar nesta terra a missão dele, de maneira que também lhes cabe concluir os sofrimentos dele. Tornando-se “configurados pela cruz” (cf Gl 6.17), os cristãos assumem a figura dele. Com essa mudança, o assunto está em ordem para eles. E tão certo como na execução posterior se encontram na trajetória de Jesus, tão certo seu caminho também os leva ao alvo: também com ele seremos glorificados. É assim que os sofrimentos até se mostram como uma fonte de esperança.

Aprofunde-se mais!
Estudo sobre Romanos 8:16-17