Estudo sobre Romanos 8:3

Romanos 8:3

Paulo passa a revelar integralmente o vínculo entre Espírito e Cristo. Para isso ele retorna mais uma vez à insistente descrição de Rm 7.14-25, segundo a qual a lei de Moisés não conseguiu impor-se contra a lei do pecado. Porquanto o que fora impossível à lei, no que estava enferma pela carne – Nesse ponto a frase é interrompida. Paulo se poupa de repetir como e por que a lei não foi capaz de concretizar seus alvos positivos. Ele traz de imediato a nova iniciativa de Deus. Cumpre partirmos da sentença principal: condenou Deus, na carne, o pecado. Para anular o banimento é indispensável, segundo o v. 1, a execução do banimento. Não há salvação sem um juízo completo. Não existe uma transição imperceptível, homogênea, do mundo do pecado ao mundo de Deus (2Co 6.14); do contrário, o velho voltaria sorrateiramente a imiscuir-se no novo.

Como procedeu Deus? Isso é mostrado pela afirmação intercalada na frase principal: enviando o seu próprio Filho. O objetivo desse envio foi o sacrifício (veja abaixo). Entretanto, para alguém que se sacrifica, tudo depende da comunhão confiável com aqueles pelos quais deve empenhar-se. Daí a razão do destaque intencional: O Filho foi enviado em semelhança de carne pecaminosa. As confissões cristãs confirmam-no sempre de novo: Ele “foi manifestado na carne”, “sofreu na carne”, “veio em carne”, “se fez carne”. “Carne” é nitidamente o mundo ocupado por forças antidivinas, determinado pelo poder do pecado. O velho éon, cujo espírito contemporâneo sinceramente não é o Espírito Santo, avançou com sua potência abrangente sobre o enviado de Deus. “Nós, para quem a ‘carne’ é o elemento natural e costumeiro de vida, dificilmente podemos imaginar a estranheza e o suplício, o peso e a dor que significou para o Filho de Deus ter de viver dia após dia como membro dessa humanidade alienada de Deus na fria escuridão do desamor e do egoísmo”. Essa solidariedade plena, porém, constituía a premissa para a finalidade real do envio: no tocante (a ser sacrifício pelo) ao pecado. Com essa afirmação Paulo repete, na essência, Rm 3.25. Queremos apontar para a explicação oferecida para aquele texto. Aqui retornamos à afirmação principal do versículo: No sacrifício da cruz condenou Deus o pecado na carne. No sacrifício de Cristo, desta vez Paulo não destaca o sim ao pecador, mas o não ao pecado. Esse não da Sexta-Feira da Paixão, que também se tornou o nosso não quando morremos com Cristo na fé e fomos sepultados no batismo, faz parte da libertação e do ser livre do poder do pecado. Enquanto guardarmos dentro de nós a menor fagulha de sim para o mal ou a deixamos retornar para nós, ferimos o Espírito que nos foi dado (Ef 4.30), e nos debilitamos a nós mesmos.

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