Apelo, Apelar — Estudos Bíblicos
APELO,
APELAR. No discurso comum este poderia referir-se a qualquer recurso à outra
parte para uma opinião ou julgamento a favor de alguém. Um homem, por exemplo,
apelou a Jesus para persuadir seu irmão a dividir uma herança com ele (Lucas 12:13). O Antigo Testamento não provia nenhum procedimento de lei que servisse
para uma situação como esta. Havia apenas uma instância de jurisdição para se
ouvirem os casos fáceis e os difíceis (Êxodo 18:26; Deuteronômio 17:8-13). No Novo
Testamento, a atenção está centralizada no apelo formal e legal a César feito
pelo apóstolo Paulo. Depois da sua prisão em Jerusalém, Paulo foi transportado
para Cesareia, onde foi mantido pelo governador Félix até o tempo em que Festo
o sucedeu no governo. Os judeus pressionaram com acusações contra Paulo,
dizendo que ele havia agido contra os interesses de César. Não convencido disso,
Festo perguntou a Paulo se ele gostaria de ir a Jerusalém para julgamento.
Paulo, sabendo que esse ambiente hostil poderia ser-lhe prejudicial, apelou
para César (Atos 25:11). A antiga lei romana admitia o apelo de um magistrado
para outro, ou para um tribuno do povo. Essa forma de apelo, mais tarde, foi
transferida para o imperador. Paulo, como cidadão romano, tinha o direito de
apelar (cp. At 22.25ss.). O procedimento de Plínio, governador da Bitínia, é
mencionado. Numa carta endereçada ao imperador Trajano (Letters X. 96), ele
escreveu sobre mandar cidadãos cristãos a Roma para serem ouvidos num tempo de
perseguição. De acordo com Suetônio (Galba VII), entretanto, quando Galba era
governador na África, ele não honrou o direito de apelar, nem mesmo de um
cidadão romano, mas o crucificou imediatamente. No caso de Paulo, Festo ficou
embaraçado. Paulo não havia sido julgado, nem condenado. Ele parecia ser
inocente. Que acusações deveriam ser registradas para o apelo (At 25.25-27)?
Festo levou o problema perante o rei Agripa, que o visitava na época, e uma
nova audiência foi arranjada com o rei. Depois que Paulo havia apresentado seu
caso com detalhes, o rei Agripa ficou tão profundamente impressionado que
declarou Paulo inocente e disse que ele “bem poderia ser solto, se não tivesse apelado
para César” (Atos 26:32). Mas o apelo de Paulo havia tirado da jurisdição de
Festo o direito de uma decisão, e, assim, Paulo foi enviado a Roma. Uma vez
feito, o apelo, evidentemente, não poderia ser revogado.
BIBLIOGRAFIA. F. F. Bruce, The Book of the Acts (1954), pp. 476-497, mostra o caso de Paulo.