Significado de Lucas 15

Lucas 15

Lucas 15 contém algumas das parábolas mais conhecidas de Jesus, incluindo a parábola da ovelha perdida, da moeda perdida e do filho pródigo. Todas essas histórias enfatizam o tema do amor de Deus e a alegria que vem do arrependimento e da restauração.

As duas primeiras parábolas em Lucas 15, a ovelha perdida e a moeda perdida, ilustram a busca incansável de Deus por aqueles que estão perdidos e a alegria que vem de seu arrependimento. A parábola do filho pródigo é talvez a mais famosa das três e conta a história de um filho rebelde que esbanja sua herança, mas acaba sendo recebido de braços abertos por seu pai amoroso.

No geral, Lucas 15 contém algumas das parábolas mais amadas de Jesus, todas as quais enfatizam o tema do amor de Deus e a alegria que vem do arrependimento e da restauração. Por meio dessas histórias, Jesus convida todos os que estão perdidos a se voltarem para ele e experimentarem a alegria e o perdão que advêm de serem acolhidos nos braços amorosos de seu Pai celestial.

I. Hebraísmos e o Texto Grego

Lucas 15 é composto em grego koiné, mas pensa com a sintaxe, o léxico e as imagens da Bíblia hebraica. A moldura narrativa abre com a fórmula típica “e disse” (kai eipen), parataxe que encadeia cenas por “e” (kai) como o waw consecutivo, e a pergunta sapienciaI “Qual de vós...?” (Lucas 15:4, 8), calco do hebraico retórico mî mikem que conduz a consciência pela via do argumento moral (cf. Isaías 5:3–4). Em todo o capítulo, a oposição “perdido/encontrado” e a alegria consequente estão ancoradas no campo semântico hebraico de ʾābad (“perecer, perder-se”) e de “procurar/achar” como tarefas pastorais de Deus (Ezequiel 34:4, 11, 16), enquanto “arrependimento” em grego (metanoeō) é pensado como retorno pactual šûv (“voltar-se”, Oseias 14:1–2). Assim, a arquitetura em três quadros (ovelha, moeda, filho) progride com paralelismo semítico: perda, busca, encontro, convite comunitário para a alegria, e um dito teológico que interpreta a imagem (“assim haverá alegria no céu...”), como nos provérbios que concluem com sentença sapiente (Provérbios 24:14).

A primeira parábola coloca o pastor que “deixa as noventa e nove no deserto” para buscar “até encontrá-la” (Lucas 15:4). O pastor, a carga sobre os ombros e a alegria ao voltar retomam o denso imaginário de Israel: o SENHOR é pastor que “procura a perdida, traz de volta a desgarrada, ata a quebrada e fortalece a doente” (Ezequiel 34:11, 16), e a ovelha carregada ecoa a ternura de Isaías 40:11 (“nos braços recolherá os cordeirinhos”). O convite “Alegrai-vos comigo” (Lucas 15:6) corresponde ao imperativo comunitário de śimḥâ nas restituições do pacto (cf. Rute 4:14; Salmos 34:2–3). O dito interpretativo — “haverá mais júbilo no céu por um pecador que se volta do que por noventa e nove justos...” — verte para o grego a teologia profética de Ezequiel 18:23 (“acaso tenho eu prazer na morte do perverso... e não em que se converta dos seus caminhos e viva?”) e de Sofonias 3:17 (“se regozijará em ti com júbilo”), acentuando que o gozo é de Deus e da sua corte, não apenas da comunidade humana.

A mulher que “acende a candeia, varre a casa e busca diligentemente até achar” (Lucas 15:8) insere marcadores semíticos transparentes. O trio de verbos, em parataxe (“acende... varre... busca...”), reproduz a cadência dos wayyiqtol hebraicos que fazem avançar a ação por justaposição, e a “candeia” e a “casa” deslocam o cenário para o espaço doméstico que a sabedoria bíblica valoriza (Provérbios 31:15, 18). O número dez (dez dracmas) não é alegorizado, mas ressoa naturalmente com o decálogo de responsabilidades do lar e com a organização decádica frequente no Antigo Testamento. O convite “Alegrai-vos comigo” repete, em paralelo sinonímico, o refrão da primeira cena, e o dito “há júbilo diante dos anjos de Deus por um pecador que se volta” reitera a chave teológica veterotestamentária: a alegria divina sobre o retorno à aliança (Isaías 62:5; Sofonias 3:17).

Na parábola longa do filho mais novo e do mais velho (Lucas 15:11–32), as hebraísmos afloram tanto na dicção quanto na estrutura. O movimento central é šûv: “caindo em si” (Lucas 15:17) é o gesto sapiencial de “fazer voltar ao coração” que prepara a conversão (1 Reis 8:47), e a confissão “pequei contra o céu e diante de ti” (Lucas 15:18) usa o circunlóquio reverencial “céu” por Deus, hebraísmo frequente no judaísmo do Segundo Templo (cf. Daniel 4:26), além de ecoar a fórmula penitencial bíblica (“pequei contra o SENHOR”, 2 Samuel 12:13; “pequei contra o SENHOR vosso Deus e contra vós”, Êxodo 10:16). A ida aos porcos — animal impuro (Levítico 11:7; Isaías 65:4) — dramatiza a impureza cultual e a ruptura comunitária; “desejava encher o estômago” é fraseologia semítica de carência concreta (cf. Provérbios 13:25).

O pai “movido de compaixão” (splagchnisthē), corre, “lança-se-lhe ao pescoço e o beija” (Lucas 15:20): o verbo da compaixão traduz o campo hebraico de raḥămîm (ternura visceral) e o gesto é fórmula veterotestamentária de reconciliação: “correu ao encontro, abraçou-lhe o pescoço e o beijou” aparece em Gênesis 33:4 (Esaú e Jacó) e em Gênesis 45:14–15 (José e Benjamim). Os sinais subsequentes — “a melhor túnica”, “o anel”, “as sandálias”, “o novilho cevado” — compõem uma liturgia de restauração de status que tem paralelos: o anel como insígnia de autoridade (Gênesis 41:42; Ester 3:10), a veste honrosa como sinal de dignidade (Gênesis 37:3), o banquete pacífico como celebração de reconciliação (as ofertas de šĕlāmîm em Levítico 7:11–15 e os convites de Isaías 25:6). A sentença do pai — “este meu filho estava morto e reviveu; estava perdido e foi achado” — usa pares semíticos antitéticos (morte/vida; perdido/achado) que condensam a teologia do retorno à vida (Ezequiel 37:11–14) e do pastor que acha a ovelha (Ezequiel 34:16).

O diálogo com o filho mais velho mantém a tessitura hebraica de aliança. Ele “não quer entrar”, como Israel que recusa participar da alegria da misericórdia divina (cf. Jonas 4:1–11), e reclama “tantos anos te sirvo” (Lucas 15:29): o verbo “servir” em chave servil denuncia a perda da lógica filial do pacto (Deuteronômio 14:1). “Jamais transgredi um mandamento teu” repete a linguagem de mandamentos (miṣwôt) da Torá, mas o pai responde com a fórmula de presença e herança (“filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu”), que soa como contraponto doméstico às promessas de presença de aliança (cf. Êxodo 33:14; Salmos 73:23–26). A correção final — “era preciso alegrar-nos” — recapitula a ética de ḥesed e ṣĕdāqāh: a alegria não é condescendência, mas justiça do pacto que acolhe o que retorna (Miqueias 7:18–19).

Do ponto de vista sintático, as três cenas evitam períodos longos e subordinados encadeados; preferem a justaposição de cláusulas (“foi... e gastou... e começou... e desejava... e ninguém lhe dava...”) como na prosa hebraica narrativa. O deítico “eis” (idou), mesmo quando tácito, é substituído pela topicalização abrupta típica do hinneh; a repetição anafórica (“perdido/achado”; “morto/vivo”; “alegrai-vos comigo”) cria paralelismo semítico que martela o ponto teológico. O raciocínio moral é construído por implicação qal waḥômer: se um pastor e uma dona de casa convocam vizinhos para celebrar um único achado, quanto mais Deus se alegra com um único que se volta (cf. a lógica de Ezequiel 18). E o horizonte do banquete é explicitamente veterotestamentário: a casa cheia que o pai deseja, a mesa que se enche, a música e a dança reencenam, em escala doméstica, o festim de Isaías 25:6–8 e os convites de Isaías 55:1–3.

Também o léxico grego opera sob matrizes hebraicas. Psychē (“vida/alma”) funciona como nepeš (“vida, pessoa”) quando o filho “perde a vida” no exílio e a “recupera” no retorno; hamartanō (“pecar”) e metanoeō (“converter-se”) são lidos pelos eixos hebraicos verticais e horizontais (“contra o céu e diante de ti”); eleos implícito nas ações do pai é a prática de ḥesed. Até o motivo “noventa e nove justos que não necessitam de šûv” deve ser ouvido na ironia sapiencial de Provérbios 20:9 (“Quem pode dizer: Purifiquei meu coração?”), mantendo a crítica profética aos justos “de si mesmos” (Isaías 65:5).

Embora em grego, Lucas 15 compõe-se com a gramática da aliança: parataxe do waw consecutivo, perguntas retóricas de sabedoria, paralelismo que reforça sentidos, circunlóquios reverenciais (“céu” por Deus), imagens pastorais e domésticas dos profetas e dos salmos, e o eixo decisivo de šûv como retorno que devolve a vida e restaura a mesa. As comparações pontuais com o Antigo Testamento — Ezequiel 34:4, 11, 16; Isaías 40:11; Rute 4:14; Salmos 34:2–3; Ezequiel 18:23; Sofonias 3:17; Provérbios 31:15, 18; 1 Reis 8:47; 2 Samuel 12:13; Êxodo 10:16; Levítico 11:7; Isaías 65:4; Gênesis 33:4; 45:14–15; Gênesis 41:42; Ester 3:10; Gênesis 37:3; Levítico 7:11–15; Isaías 25:6–8; Ezequiel 37:11–14; Jonas 4:1–11; Deuteronômio 14:1; Êxodo 33:14; Salmos 73:23–26; Isaías 55:1–3; Provérbios 20:9 — mostram que a “camada de hebraísmos” não é um verniz estilístico, mas a própria tessitura semântica, sintática e teológica dessas parábolas de perda e reencontro.

II. Comentário de Lucas 15

Lucas 15.1 Os publicanos e pecadores. As três parábolas do capítulo 15 explicam por que Jesus se reunia com os grupos de pessoas rejeitadas enquanto os fariseus e os escribas não faziam o mesmo. As parábolas deste capítulo são encontradas apenas em Lucas.

Lucas 15.2 Come com eles. No mundo antigo, compartilhar uma refeição indicava aceitação daqueles que estavam reunidos à mesa. Por causa disso, os líderes religiosos judeus reclamavam dos companheiros de Jesus em Suas refeições (Lc 5.30-32; 19.10; Mc 2.15).

Lucas 15.3, 4 Cem ovelhas. Esta quantidade representava um rebanho de porte médio. A média de animais em um rebanho desse porte variava de 20 a 200, enquanto um rebanho considerado grande possuía 300 animais ou mais.

Lucas 15.5, 6 Reunir os amigos e vizinhos para se alegrarem por causa do animal encontrado era uma atitude bastante natural, visto que uma ovelha era um bem valioso no mundo antigo.

Lucas 15.7 Que assim. Jesus comparou a alegria do encontro da ovelha perdida com o júbilo do céu por causa do arrependimento de um pecador. A conclusão implícita indica que a esperança de tal conversão era a razão pela qual Jesus se reunia com os rejeitados da sociedade. Justos que não necessitam de arrependimento é uma forma retórica de descrever os escribas e os fariseus. Uma retratação similar é encontrada em Lucas 5.31, onde se afirma que alguns não necessitam de médico. Os escribas e os fariseus acreditavam que não precisavam arrepender-se porque não se consideravam perdidos.

Lucas 15.8 Dez dracmas. Uma dracma era uma moeda de prata equivalente à diária de um trabalhador braçal. A mulher precisou de uma candeia porque possivelmente morava em uma casa sem janelas. A vassoura que utilizou para varrer era feita provavelmente de folhas de palmeira. Nessa segunda parábola do capítulo 15, maiores detalhes são dados acerca do esforço para encontrar o que fora perdido do que na primeira história, descrita nos versículos 4 a 7.

Lucas 15.9 Já achei. Esta afirmativa se assemelha à em Lucas 15.6.

Lucas 15.10 Assim. A comparação com os pecadores é feita novamente, como no versículo 7. Aqui, todavia, os anjos são citados como os representantes do céu.

Lucas 15.11 Um certo homem. A parábola de Lucas 15.11-32 diz respeito realmente ao pai, que ilustra a compaixão de Deus, e sua à atitude em relação aos filhos.

Lucas 15.12 A parte da fazenda que me pertence. Considerando os costumes do mundo antigo, podemos chegar à conclusão de que esse filho era bastante jovem e solteiro. Sendo o mais novo, ele provavelmente recebeu metade do que o primogênito receberia (Dt 21.17), ou seja, um terço das posses de seu pai. Os antigos judeus advertiam os chefes de família para que não dividissem o espólio prematuramente. Nesse trecho, entretanto, nós observamos o pai atendendo ao pedido do filho, o que ilustra a permissão que Deus dá a cada pessoa de seguir seu próprio caminho.

Lucas 15.13 Desperdiçou a sua fazenda. O verbo aqui significa dispersar ou espalhar algo. O termo traduzido como dissolutamente indica uma vida corrompida e libertina (Pv 28.7).

Lucas 15.14 Fome [...] começou a padecer necessidades. As dificuldades do filho pródigo tornaram-se piores por causa de circunstâncias que estavam além de seu controle.

Lucas 15.15 Apascentar porcos era um trabalho insultante para um judeu, visto que os porcos eram animais impuros de acordo com a Lei de Moisés.

Lucas 15.16 As bolotas que os porcos comiam. Os porcos, animais impuros, alimentavam-se melhor do que o filho daquele homem. Isso mostra a terrível situação em que ele se encontrava. Essas bolotas, ou vagens de alfarrobeira, eram consumidas apenas pelas pessoas mais pobres.

Lucas 15.17 E, caindo em si. Isto quer dizer percebeu o que estava se passando. Ele concluiu que até mesmo os empregados de seu pai estavam em uma situação melhor do que a que ele vivia.

Lucas 15.18,19 Pequei. As palavras do jovem representam a confissão de um pecador. O filho já não esperava mais nada daquela vida e, então, fiou-se completamente na misericórdia de seu pai. É o pecador que se arrepende.

Lucas 15.20 A descrição da compaixão de seu pai, correndo para o filho e beijando-o, ilustra a aceitação imediata de um pecador que se volta para Deus.

Significado de Lucas 15
O Retorno do Filho Pródigo (1773) de Pompeo Batoni

Lucas 15.21 Já não sou digno de ser chamado teu filho. Apesar de estar consciente de que fora aceito por seu pai, o filho continuou sua confissão de pecado. Então, pediu ao pai que pudesse ser um de seus trabalhadores. De maneira bastante parecida, o pecador percebe que não acrescenta nada a Deus e não merece nada dele, mas precisa apenas confiar inteiramente em Sua misericórdia.

Lucas 15.22 O pai aceitou a confissão do filho, mas recusou seu pedido de torná-lo um servo. Em vez disso, o filho arrependido retornou ao seio da família e foi considerado novamente um membro dela. A melhor roupa foi ofertada pelo pai, e o anel provavelmente possuía o selo familiar. Tudo isso significava a aceitação da volta do filho ao clã. A confissão de pecado do jovem ocasionou a completa restauração.

Lucas 15.23 Bezerro cevado. O pai deseja celebrar o acontecimento com um grande banquete. Normalmente, reservava-se o novilho gordo para os sacrifícios dos dias de celebração, pois o animal era engordado justamente para isso. Uma comemoração como a descrita aqui era muito rara na antiga palestina. Essa festividade assemelha-se às descritas em Lucas 15.6, 9.

Lucas 15.24 Morto... reviveu... perdido... achado. A mudança completa do filho pródigo é resumida com a utilização de contrastes. Uma transformação como essa era digna de celebração. Esse também é o motivo pelo qual Jesus escolheu reunir-se com os perdidos.

Lucas 15.25-27 Ouviu a música e as danças. A celebração aconteceu logo após o retorno do jovem perdido, por isso o outro filho, voltando do campo ao fim de um dia de trabalho, só escuta o barulho da festa à medida que se aproxima da casa.

Lucas 15.28 A indignação do irmão mais velho, ao ver que o novilho gordo (v. 27) fora abatido para celebrar o retorno do irmão rebelde, ilustra a resposta dos fariseus e dos escribas quando perceberam que os pecadores estavam sendo aceitos por Deus.

Lucas 15.29 Sem nunca transgredir [...] e nunca me deste. Observe o contraste entre a atitude do filho mais velho nesse trecho e a do mais novo nos versículos 19 e 21. O primogênito proclamou sua honradez e argumentou que a justiça não estava sendo feita.

Lucas 15.30 Meretrizes. Não há registro anterior que confirme a acusação do mais velho. Entretanto, o que está nas entrelinhas é: “Pai, você está honrando a imoralidade e não a fidelidade”.

Lucas 15.31 Todas as minhas coisas são tuas. O pai respondeu ao descontente filho mais velho explicando que quando alguém recebe uma bênção não quer dizer que não haja bênção para os outros. O pai também disse que o primogênito sempre teve a oportunidade de festejar compartilhando o novilho gordo, visto que os animais eram seus.

Lucas 15.32 Mas era justo. O pai alega que a justiça estava sendo feita e o júbilo tinha de ser celebrado, usando o mesmo contraste (morto/reviveu, perdido/achado) que aparece no versículo 24. Não há registro da maneira como o mais velho respondeu. A conclusão da parábola se dá de forma a provocar uma reflexão. Aquele que a lê tem a opção de decidir se fica alegre com o retorno do pecador, como fez o pai, ou se fica indignado, como fez o primogênito.

Lucas 15:1-2 (Devocional)

O Senhor recebe os pecadores

Enquanto os líderes religiosos O rejeitaram, para os cobradores de impostos e pecadores o Senhor é Alguém que os atrai por Suas palavras de graça que são “temperadas com sal” (Cl 4:6). Eles são as pessoas que são compelidas a entrar (Lucas 14:23). A atitude dos fariseus e escribas é completamente estranha à graça. Eles se sentem muito exaltados acima desse tipo de pessoa rebaixada e os desprezam. Essas pessoas não merecem lidar com eles e fazer-lhes bem. Isso é o que o Senhor faz, e eles reclamam disso.

As pessoas que não têm senso de graça só podem criticar outras que provam a graça ou vivem pela graça com um espírito azedo. É a atitude do filho mais velho na terceira parte da parábola. A graça do Senhor vai muito além do que eles reclamam. O Senhor não apenas os recebe; Ele os procura explicitamente, como mostra a seguinte parábola. Deus encontra Seu bom prazer em provar a graça. Que resposta à terrível atitude dos fariseus que se opõem a ela!

O motivo da parábola são as queixas dos fariseus e dos escribas porque o Senhor Jesus recebe pecadores e come com eles. Ao fazer isso, eles involuntariamente fazem um grande elogio a ele. Ele realmente veio atrás deles.

Lucas 15:3 (Devocional)

Introdução à Parábola

As três parábolas seguintes são essencialmente uma parábola. Portanto , diz que Ele lhes falou “esta parábola” e não “estas parábolas”. É uma parábola em três partes. Cada uma das três histórias é sobre o amor pelo que se perdeu. É um amor que busca (ovelha e moeda) e recebe (filho).

A ovelha e a moeda são passivas. A ovelha é muito fraca para fazer qualquer coisa, a moeda não pode fazer nada. Com a ovelha e a moeda vemos o que está acontecendo com o pecador perdido, com o filho mais novo vemos o que está acontecendo com o pecador perdido.

Em cada uma das histórias, uma Pessoa da Divindade é destacada em particular. Nas ovelhas vemos o Senhor Jesus como o bom pastor que carrega todo o fardo; na moeda vemos o Espírito Santo com sua luz no esforço que faz; no filho vemos o Pai que espera e recebe.

Lucas 15:4-7 (Devocional)

A ovelha perdida

As noventa e nove representam a classe dos fariseus e escribas. Eles são deixados no pasto aberto, não em um prado cercado. Eles são, por assim dizer, deixados a si mesmos. Para o pastor, trata-se daquela ovelha que se perdeu , não das noventa e nove, pois elas não estão perdidas. Os fariseus e escribas não se consideram perdidos. O pastor não está comprometido com eles, mas com aquela ovelha que está perdida. Ele está disposto a fazer qualquer coisa para encontrá-lo e continua procurando até encontrá-lo. Se ele não tivesse ido atrás dela, ela teria se perdido cada vez mais e finalmente morrido. O pastor vai atrás da ovelha porque ela tem um valor enorme para ele. Esse aspecto também é visto na moeda e no filho.

É sobre a perda que o dono experimenta e seu desejo de recuperá-la. Trata-se de um Deus que, cheio de graça e misericórdia, procura as pessoas que se afastaram dEle pelo pecado para lhes dar a conhecer o Seu prazer e trazê-las de volta ao Seu coração. Deus encontra o homem no momento em que o homem se arrepende.

Quando o pastor encontra a ovelha, ele a coloca sobre os ombros. É bom lembrar que o poder e a força do Senhor Jesus em relação à criação são expressos nas palavras “e o governo estará sobre os seus ombros” (Isaías 9:6, tradução de Darby), enquanto aqui diz que Ele coloca as ovelhas perdidas e achadas sobre Seus ombros. Um ombro é suficiente para governar o mundo. Para trazer uma ovelha perdida de volta ao rebanho, Ele usa os dois ombros. Ele também o coloca sobre Seus ombros “regozijando-se”. É motivo de alegria para o pastor ter suas ovelhas de volta.

E para onde o pastor traz as ovelhas? Ele não o traz de volta ao pasto aberto, ao rebanho que deixou para trás, mas o leva para sua casa, ele o traz “para casa”. A ovelha perdida ‘voltou para casa’. O pastor também quer que outros compartilhem de sua alegria pela ovelha encontrada. Ele reúne seus amigos e vizinhos para se alegrar com ele por ter encontrado “minhas” ovelhas. Um homem que fica feliz por encontrar algo que pertence a ele pode entender até certo ponto como Deus encontra Sua alegria na salvação dos perdidos. Em todo o caso, Cristo apela a esta alegria humana para justificar a alegria de Deus.

O Senhor nos assegura aqui que um pecador que se arrepende tem destaque na alegria do alto. Não há quem resmungue, todos se alegram com o amor demonstrado. É o nosso caso? O céu não está se alegrando com todas aquelas pessoas que pensam que são justas e, portanto, pensam que não precisam de arrependimento. A verdadeira alegria é o resultado do amor penetrante do Senhor Jesus.

Lucas 15:8-10 (Devocional)

A Moeda Perdida

Na segunda parte da parábola, o Senhor representa uma mulher que perde uma moeda de prata. A moeda de prata – literalmente dracma – era uma moeda grega e, portanto, não tinha curso legal em Israel. Portanto, parece que as ‘moedas de prata’ eram usadas para decoração pessoal da cabeça, pescoço ou braço. Esta decoração é muito apreciada pelas mulheres e é por isso que ela gostaria de mantê-la intacta, possivelmente mais pelo valor emocional do que pelo valor monetário. A moeda de prata vale muito para a mulher. Talvez pertencesse a uma joia com dez moedas de prata que perdeu todo o brilho por causa da perda daquela moeda. Assim, a perda de uma das dez moedas dá origem a uma busca diligente por parte do proprietário. É por isso que encontrá-lo a leva a chamar seus amigos e vizinhos para se alegrar com ela.

A mulher representa mais a obra pessoal do Espírito Santo no coração das pessoas do que a obra de Cristo vista na história anterior. De acordo com a posição da mulher segundo os pensamentos de Deus, o Espírito assumiu uma posição de submissão, de atuação em segundo plano ou oculto.

Uma moeda perdida é uma coisa sem vida. Esse é um exemplo adequado para expressar o que é um pecador perdido de acordo com os pensamentos do Espírito de Deus. Representa um ser humano espiritualmente morto, com tão pouca força para voltar quanto a moeda perdida. Portanto, a moeda de prata nos dá uma imagem adequada do pecador, que não tem o menor poder de voltar para Deus (Ef 2:1). O pecador é totalmente sem esperança. Somente o Espírito Santo pode fazer algo aqui. Ele acende uma lâmpada no coração escuro do pecador. Na obra da mulher vemos a obra do Espírito.

A mulher não aceita simplesmente que perdeu sua moeda. Ela acende uma lâmpada e varre a casa e procura cuidadosamente até encontrar a moeda. A lâmpada representa o testemunho da Palavra de Deus. O Espírito é especialmente caracterizado pela atividade e em Sua obra Ele usa a Palavra. Portanto, diz aqui que a lâmpada está acesa.

Mas isso não é tudo. A mulher varre a casa e procura cuidadosamente até encontrar a moeda. Existe o amor que vai longe, que remove os obstáculos e trabalha com cuidado e busca minuciosamente. Se ela não tivesse procurado tão minuciosa e persistentemente, a moeda nunca teria sido encontrada. Assim, o Espírito de Deus está incansavelmente ocupado para encontrar e trazer à vida um pecador perdido e morto. Ao encontrar a moeda perdida , a coleção de moedas fica completa novamente.

Além da possibilidade, já mencionada, de se tratar de uma decoração, também pode ser uma herança ou um presente de casamento. De qualquer forma, a intenção é deixar claro que a moeda de prata perdida tem um valor especial aos olhos da mulher. Vemos isso também na alegria que o encontro da moeda causa na mulher. Ela quer compartilhar essa alegria com seus amigos e vizinhos.

Descreve a alegria do Espírito Santo quando um pecador se arrepende. Essa alegria que surge quando um pecador se arrepende é a alegria de Deus. É alegria “na presença” dos anjos, não “com” os anjos. Qual é a presença deles, o que eles veem? Eles veem a alegria de Deus por um pecador convertido.

Lucas 15:11 (Devocional)

Dois filhos

Depois de cem ovelhas, das quais uma se extravia, e dez moedas de prata, das quais alguém perde uma, agora vemos dois filhos, dos quais um sai. Nesta história , vemos no filho mais novo as profundezas a que chegou o pecador e a altura a que é levado quando chega ao arrependimento. O filho mais velho representa o espírito dos fariseus e dos escribas. Nesses dois filhos, temos os dois casos extremos de perda que, portanto, incluem todos os outros casos. No filho mais novo vemos os cobradores de impostos e pecadores, no filho mais velho os fariseus e os escribas.

Embora essa parábola se aplique a todas as pessoas, o Senhor fala principalmente dos israelitas. Eles estão em um relacionamento especial com Deus. Eles são chamados de “filhos do Senhor vosso Deus” (Dt 14:1). Na aplicação, isso diz respeito especialmente a todos aqueles que ocupam uma posição de privilégio, como filhos de pais crentes. Nos dois filhos, vemos os dois caminhos que as crianças que foram criadas em uma posição privilegiada podem seguir.

Lucas 15:12-16 (Devocional)

O filho mais novo deixa o pai

O filho mais novo é a imagem do pecador que reivindica sua parte na vida para vivê-la como quiser. Ao pedir sua parte na herança de seu pai enquanto o pai ainda está vivo, o filho mais novo declara essencialmente que seu pai está morto. O pai não tenta mudar a opinião do filho, mas dá a cada um de seus dois filhos sua parte.

Assim , Deus deu a cada ser humano a responsabilidade de fazer com sua vida o que quiser. Então ficará claro como alguém deseja viver sua vida. Não há maneira mais clara de negar a Deus do que dar preferência à própria vontade sobre a vontade de Deus. Essa vontade própria deixa claro que alguém quer viver separado de Deus. Revela o desejo de seguir o próprio caminho a uma grande distância de Deus. Esta é sem dúvida a raiz de todos os pecados. O pecado contra os homens certamente se seguirá, mas o pecado contra Deus é a causa primária.

O homem é posto à prova. Ele é responsável, mas na verdade não está impedido de fazer sua própria vontade. Deus só detém a vantagem para realizar Seus próprios planos graciosos. No entanto, parece que Deus permite que o homem faça o que ele quer. Só então ficará claro o que significa o pecado, o que o coração busca, o que é o homem com todas as suas pretensões.

O filho mais novo é tão culpado quando pede a parte dos bens de seu pai quanto quando se senta com os porcos. Ele já se despediu de seu pai em seu coração antes de partir. Então vemos nele, que no momento em que o homem deixa Deus, ele se vende a satanás. Não apenas obtemos uma descrição de um modo de vida pecaminoso, mas também vemos o amargo fim. Ceder ao pecado traz miséria e angústia. Cria-se um vazio que nada nem ninguém pode preencher. O desperdício egoísta de toda a sua riqueza apenas o faz sentir ainda mais esse vazio.

Quando em extremo desespero ele vai até um dos cidadãos da terra para pedir ajuda, vemos a degeneração do pecador. Não existe amor, mas sim egoísmo. O cidadão não o trata como concidadão, mas como escravo. Não há escravidão tão profunda e humilhante quanto ser escravo de nossas próprias concupiscências. Ele será tratado de acordo. Como deve ter soado aos ouvidos de um judeu que este filho mais novo foi enviado ao campo para alimentar os porcos? Ele desce ao ponto mais baixo da carência e da miséria. No entanto, ninguém lhe dá nada.

A carência ainda não o faz recuar, mas o leva a buscar recursos na terra de satanás, no que essa terra pode dar. Quantas almas sentem a fome a que se meteram, o vazio de tudo o que as rodeia, sem nenhum desejo de Deus nem de santidade. Há um desejo neles de degradar as coisas no pecado. Satanás, no entanto, não dá nada, mas leva tudo. Somente Deus é o Doador. Ele provou isso no maior Dom, que é o dom de Seu próprio Filho.

Lucas 15:17-19 (Devocional)

O filho mais novo cai em si

No fundo de sua miséria, ele volta a si. Este é o começo do retorno. Ao redor dele tudo se foi. Ele só tem a si mesmo. Agora que não tem mais distrações, ele começa a pensar em casa. Ele se lembra do que virou as costas. Ele deixou a casa de seu pai como filho e agora senta-se com os porcos na maior miséria, enquanto os escravos de seu pai não têm falta de nada.

Onde o Espírito de Deus age, sempre encontramos duas coisas: a consciência é convencida do pecado e o coração é atraído pelo amor de Deus. Esta é a revelação de Deus ao coração. Deus é luz e Deus é amor. Como luz Ele trabalha no coração a convicção de sua condição perdida. Como amor , há a atração de Sua bondade. O resultado é a verdadeira confissão.

O filho pródigo toma uma decisão: voltará para o pai. Ele faz mais do que apenas decidir voltar. Ele vê que pecou, tanto contra o céu quanto contra Aquele que nele habita e contra seu pai. A vida de um pecador é contrária à vida vivida no céu por anjos que só fazem o que Deus diz. No seu interior, o filho está convencido dos seus pecados e está disposto a confessá-los abertamente. Por sua disposição de se levantar, ele já reconheceu diante de Deus que pecou.

Ele também percebe que perdeu todos os direitos de ainda ser aceito como filho. Esta é a obra do Espírito de Deus. Ele está verdadeiramente quebrantado e contrito de espírito. Ele quer tomar o lugar de um escravo. Se ele pudesse aceitar, ficaria satisfeito com isso. O desejo era bom, mas legalista por ignorância da graça. É assim que muitos cristãos vivem. Eles estão preocupados apenas consigo mesmos e ainda têm tão pouca consciência do que vive no coração do Pai. Não é sobre o que queremos, mas sobre o que o Pai quer. Isso é tão impressionante nesta parte da parábola. Não é sobre o que o filho quer, mas sobre o que o pai faz.

O Pai procede à plenitude da graça que está em Seu coração pelos filhos perdidos. O desejo de Deus não é satisfeito dando aos filhos perdidos o lugar de um assalariado na porta de Sua casa. Ele quer filhos na área e na atmosfera de Sua casa. Muitos cristãos não têm consciência do que é a filiação ao beneplácito da vontade do Pai (Ef 1:5). Não há paz apenas pelo retorno. A verdadeira paz vem quando conhecemos os pensamentos do Pai sobre nós.

Lucas 15:20-24 (Devocional)

Devolução e Aceitação

O filho mais novo acrescenta sua ação à sua palavra. Ele se levanta e vai até o pai. Muitos cristãos dizem que pecaram. Eles também veem sinceramente que não são dignos de serem aceitos por Deus. No entanto, não há como se levantar, mas sim permanecer na miséria. Isso é uma desonra para o Pai. Então não há confiança de que o Pai está pronto para receber. Ainda pode haver tanta dúvida, mas pensar na bondade do Pai fará alguém se levantar para vir ao Pai.

O pai não age com o filho conforme o que ele merece, mas conforme o coração paterno. O pai nunca o abandonou em seu coração. Seu coração se foi com seu filho. Ele ficou de vigia. A palavra “longe distância” em Lucas 15:20 é a mesma palavra que “país distante” em Lucas 15:13. O pai viu seu filho lá e esperou até que ele voltasse.

Quando o pai vê o filho se aproximando ao longe, ele se comove de compaixão. Então ele corre para ir até o filho. Na foto vemos aqui que Deus está com pressa em um sentido positivo, que é a única vez na Bíblia. Sem nenhuma reprovação o pai o abraça e o beija, o cobre de beijos. O pai nunca fez isso com um de seus empregados. Este é um acolhimento que convém a um filho! Assim é Deus para todo pecador que se arrepende e vem a Ele.

O filho começa a dizer o que pretendia, mas não vai além das primeiras palavras. Falar mais é impossibilitado pelo pai porque ele não o deixa falar mais. Antes que o filho possa dizer “faça-me um dos seus empregados”, o pai age com ele de acordo com o coração do pai. A posição do pai decide a do filho. O amor que o recebeu como filho, quer também que ele entre em casa como filho e como deve ser o filho de tal pai. O pai tem escravos. O filho não é um deles. O pai faz de seus escravos os servos de seu filho.

O filho fica lá com suas roupas sujas e rasgadas. Não é roupa que cabe no filho e não é roupa que cabe na casa do pai. O pai tem uma túnica pendurada pronta que combina com sua casa. Os escravos estão prontos para colocar este manto no filho pródigo. O pai só precisa instruir seus escravos a pegar o melhor manto e colocá-lo nele. Os escravos não precisam perguntar onde está pendurado. Está pendurado pronto para o filho.

Quando chegamos a Deus, também viemos com nossas roupas manchadas pelo pecado, mas Deus providenciou roupas novas. Para nós, ela já estava pronta antes da fundação do mundo. Ele nos vestiu com Cristo. Ele nos tornou aceitáveis no Amado (Ef 1:6). Vestidos com Cristo, entramos na casa do Pai como justiça de Deus nele (2Co 5:21). Esse é o melhor manto, o manto do céu.

O filho também recebe um anel na mão como sinal de especial honra e dignidade, como vemos em José (Gn 41,42). Ele também calça sandálias. Seus pés estão calçados com o evangelho da paz (Ef 6:15). Ele está na casa do Pai com a paz completa em seu coração que lhe foi trazida no evangelho para permanecer lá para sempre como um filho (João 8:35). Sandálias caracterizam nossa caminhada como filhos de Deus.

O filho recebe muito mais do que tinha antes de partir. Assim, os servos de Deus do Novo Testamento contam ao pecador convertido o que ele recebeu em Cristo. Vemos isso com Paulo, que quer apresentar todo homem completo em Cristo (Cl 1:28). Ele não apenas pregou o arrependimento, mas também ensinou a Palavra de Deus a todos os que se arrependeram.

Por fim, o pai manda trazer o bezerro cevado para matá-lo e depois comê-lo e comemorar. Ele não diz: Deixe-o comer, mas: “Comamos”. Uma refeição é preparada para comermos juntos, para compartilhar todas as bênçãos que o filho agora pode compartilhar com o pai. Isso acontece na alegria.

O bezerro cevado é uma figura do Senhor Jesus que foi morto por nossos pecados. Neste Evangelho nós O vemos como a oferta pacífica. Ele é o Cordeiro imolado e ao redor Dele todos os crentes, todos os filhos do Pai, podem se regozijar junto com o Pai sobre as bênçãos do Pai. O Cordeiro deu ao Pai a oportunidade de mostrar todos os Seus benefícios, todos os Seus prazeres no homem, para o homem. A alegria consiste em ter uma parte comum no sacrifício de Cristo. Isso dá o vínculo de comunhão com o Pai e o Filho e um com o outro.

O pai fala do filho como “este meu filho”. Ele tem outro filho, mas “este” filho estava “morto e voltou a viver”. Isso é apresentado na história da moeda de prata perdida e encontrada. Isso mostra que algo aconteceu nele. “Este filho” estava também “perdido e foi achado”. Isso é apresentado na história das ovelhas perdidas e achadas. Isso mostra que algo aconteceu com ele. Ambos os aspectos estão sempre presentes em uma conversão.

O resultado é uma celebração sem fim. O que dá paz e caracteriza nossa posição segundo a graça não são os sentimentos que têm atuado em nossos corações, embora estejam realmente presentes, mas os sentimentos do próprio Deus. Também não está escrito agora, como nos outros dois casos, que há alegria no céu, mas vemos qual é o efeito na terra, tanto naquela pessoa quanto no coração dos outros.

Lucas 15:25-30 (Devocional)

O filho mais velho

O pai também tem outro filho. Enquanto seu irmão chega em casa e é recebido calorosamente por seu pai, aquele filho está ocupado no campo. Terminado o trabalho , ele vai para casa. Quando está perto de casa, ouve música e dança. A casa é um lugar de alegria.

Quando nos reunimos como uma assembleia, experimentamos como é estar na ‘casa de Deus’. Ali a Palavra de Deus é servida por escravos de Deus. O que ouvimos em casa quando ouvimos a Palavra de Deus soa como a melodiosa música da graça. A reação a isso será a dança alegre dos membros da família. O Senhor censurou Seus contemporâneos por não terem respondido aos tons da música de Sua graça com expressões de alegria em uma dança (Lc 7:32). Ele trouxe a música celestial para a terra nas palavras melodiosas da graça, mas não houve resposta. A casa de Deus é um lugar onde os servos tocam flauta e onde os presentes reagem com alegria. Quantas vezes, no entanto, há apenas críticas.

Isso lembra o comentário do filho mais velho. O filho mais velho precisa saber o que está acontecendo. Em vez de ir para dentro, para seu pai, ele pergunta a um dos criados do lado de fora o que pode significar aquela música e dança. Ele não entende nada das manifestações da graça. Ele é um homem rígido que não conhece alegria no Senhor. Ele abomina a alegria. Esse é o pensamento dos fariseus e dos escribas que veem como o Senhor Jesus come com os pecadores. O servo sabe exatamente qual é o motivo da alegria. Seu irmão voltou são e salvo. Seu pai está tão feliz com isso que matou o bezerro gordo. O servo chama a atenção para o bezerro cevado como o centro da festa.

O filho mais novo está dentro , o filho mais velho está fora. Lá ele fica porque não quer entrar. Ele está fora e fica fora porque seu coração está fora da casa de seu pai. O filho mais velho é um tipo de homem religioso que não concede a graça aos outros. O filho mais velho fica bravo, enquanto o pai comemora. Não havia e não há relação entre o pai e esse filho. Ele não respira o espírito de amor mostrado ao filho pródigo que voltou. A graça é algo estranho para ele e, portanto, ele não compartilha de sua alegria. Ele perseguiu seus próprios interesses.

Ele era, sem dúvida, zeloso e inteligente ‘no campo’, no mundo, longe da cena da misericórdia divina e da alegria espiritual. No entanto, o pai, em seu amor por ele, sai para incentivá-lo a entrar também. O amor do pai também vai para ele. Mas o filho mais velho repele seu pai e seu amor por ele com acusações pesadas. Ele é brutal o suficiente para condenar seu pai, assim como o homem justo não hesita em julgar a Deus.

No pensamento do homem incrédulo, mas tão religioso, legal, Deus é duro e exigente. Ele é completamente cego a todos os favores de Deus; seu coração e sua consciência são totalmente insensíveis. Com todos havia alegria, exceto para o homem em sua própria justiça, o judeu, de quem o filho mais velho é uma figura. Pessoas que vivem em sua própria justiça, pessoas legais, não podem aceitar o fato de que Deus é bom para os pecadores, pois se Deus é bom para os pecadores, o que então beneficia sua justiça?

O filho mais velho acusa o pai de nunca lhe ter dado um cabrito para festejar com os amigos, mesmo servindo o pai há tanto tempo e sem falhas. Com essas declarações, o filho mais velho mostra que não tem afeição pelo pai. Ele só agiu por dever, como um servo. Ele viveu de acordo com as regras, de modo que chega a julgar a si mesmo que o fez de maneira impecável. A hipocrisia é óbvia.

O fato de não ter afeto pelo pai também fica evidente na acusação de que às vezes gostaria de comemorar com os amigos, mas que o pai nunca lhe deu um cabrito para isso. Ele queria comemorar com os amigos, mas sem o pai. Ele não tem olho para o fato de que um cabrito só pode ser desfrutado na casa do pai e junto com o pai.

Está claro que aversão ele tem à graça e à maneira como a graça funciona. Ele não chama o filho pródigo de irmão, como o servo a quem se dirigiu, mas fala com desdém “deste teu filho”. Ele também faz parecer que seu irmão devorou toda a riqueza de seu pai, enquanto era a parte que o pai lhe dera. Ele também sabe como essa habilidade foi devorada, nomeadamente com prostitutas. A conduta graciosa do pai para com seu irmão mais novo traz à tona o pior lado do irmão mais velho em todos os aspectos.

Lucas 15:31-32 (Devocional)

Um Apelo Urgente

O pai não se defende das censuras do filho mais velho. Ele também não defende seu filho mais novo contra as acusações de seu filho mais velho. Ele também tem paciência com o filho mais velho e age com graça. O Senhor Jesus se dirige aos fariseus e aos escribas. Ele também quer tê-los dentro, na casa do Pai. É por isso que Ele conta como o pai reage.

O pai mostra ao filho mais velho o que tem. O que o pai diz também se aplica a todo o povo de Israel em relação a Deus. O pai o chama de ‘filho’ para enfatizar o relacionamento íntimo. Ele também lhe indica o lugar de bênção perto dele, um lugar que sempre foi seu quinhão. Por fim, o pai o lembra que tudo o que ele possui, também lhe pertence. Este é o lugar que o judeu ocupou sob a lei.

É também a mesma posição tomada por toda pessoa não convertida no Cristianismo que tenta levar uma vida religiosa e anda segundo a carne. É exatamente assim que pensam e falam os homens naturais de nosso continente. Os judeus sem dúvida ocupavam o lugar mais importante, sim, o único lugar que Deus reivindicou na terra. Todas as outras terras Deus deu aos filhos dos homens, mas Ele reservou Sua terra para Israel. Ele os trouxe para Si mesmo por uma redenção externa e os colocou sob a lei.

O mesmo é verdadeiro em princípio para todo ser humano que está cheio de sua própria justiça. Ele tenta à sua maneira fazer o bem e servir a Deus, enquanto é insensível à verdade de que precisa de misericórdia e graça redentora.

O pai diz ao filho mais velho que há motivo para alegria e festa, nomeadamente o regresso do irmão. Ele deseja que seu filho mais velho compartilhe disso. Mas apenas aqueles que se tornaram o objeto de busca e recebimento de amor de Deus compartilham dessa alegria. Tal pessoa vê que o próprio Deus se alegra na alegria da graça e a compartilha com os outros. “E, de fato, a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho Jesus Cristo” (1Jo 1:3). O pai, como o servo antes dele, fala do filho mais novo como “irmão” do filho mais velho. Ele enfatiza isso dizendo “esse teu irmão”.

O filho mais velho não tem olho nem coração para o fato de que se trata de alguém que está na mesma relação com seu pai que ele. Deus não tolera que as verdadeiras relações entre eles sejam negadas. Portanto, o julgamento final sobre os judeus vem não apenas por causa de sua grosseira ingratidão para com Deus, mas também por causa de sua aversão à graça que ele demonstrou aos pobres gentios em sua miséria e pecado. Isso é expressado poderosamente pelo apóstolo Paulo (1 Tessalonicenses 2:16). Eles não podiam suportar que outros, aqueles cães das nações, ouvissem o evangelho da graça. Eles estavam tão orgulhosos da lei que desprezaram a graça para si mesmos.

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