Como Viemos a Ter a Bíblia (Part. 7)
As chamas se elevavam ao céu, ao passo que se aumentava cada vez mais a fogueira crepitante. Mas não era uma fogueira comum. As chamas intensas eram alimentadas com Bíblias, enquanto sacerdotes e prelados presenciavam o espetáculo. Mas por comprar Bíblias para destruí-las, o bispo de Londres, sem se dar conta disso, ajudava o tradutor, William Tyndale, a financiar edições adicionais!
O que levou ambas as partes nesta batalha a tanta determinação? Nas partes anteriores (1-6) consideramos a história da publicação da Bíblia até a parte final da Idade Média. Agora chegamos à aurora duma nova era, em que a mensagem e a autoridade da Palavra de Deus estavam prestes a causar um profundo impacto na sociedade humana.
John Wycliffe, respeitado erudito de Oxford, pregava e escrevia fortemente contra as práticas antibíblicas da Igreja Católica, baseando sua autoridade na ‘lei de Deus’, ou seja, na Bíblia. Ele mandava que seus estudantes, os lollardos, percorressem o interior da Inglaterra para pregar a mensagem da Bíblia em inglês a quem quisesse escutar. Antes de falecer em 1384, iniciou a tradução da Bíblia do latim para o inglês dos seus dias.
A Igreja achou muitos motivos para desprezar Wycliffe. Primeiro, ele condenava os clérigos pelos seus excessos e pela sua conduta imoral. Além disso, muitos dos admiradores de Wycliffe usavam mal os ensinos dele para justificar suas rebeliões armadas. Os clérigos culpavam disso a Wycliffe, mesmo depois da sua morte, embora ele nunca tivesse incentivado levantes violentos.
O arcebispo Arundel, numa carta dirigida ao Papa João XXIII, em 1412, referiu-se a “esse vil e irritante sujeito John Wycliffe, de reputação condenável, esse filho da velha serpente, o próprio arauto e filho do anticristo”. Culminando a sua condenação, Arundel escreveu: “Para completar a medida da sua malícia, ele inventou o expediente de uma nova tradução das escrituras na língua materna.” Deveras, o que mais enfureceu os líderes da Igreja foi que Wycliffe queria dar ao povo a Bíblia na sua própria língua.
No entanto, umas poucas pessoas de destaque tinham acesso às Escrituras em línguas vernáculas. Uma delas era Ana da Boêmia, que se casou em 1382 com o Rei Ricardo II, da Inglaterra. Ela possuía as traduções inglesas dos Evangelhos feitas por Wycliffe, as quais estudava constantemente. Quando ela se tornou rainha, sua atitude favorável ajudou a promover a causa da Bíblia — e não só na Inglaterra. Ana incentivou estudantes da Universidade de Praga, na Boêmia, a vir a Oxford. Ali eles estudaram entusiasticamente as obras de Wycliffe e levaram algumas delas a Praga. A popularidade dos ensinos de Wycliffe na Universidade de Praga serviu mais tarde de apoio para Jan Hus, que estudou e depois ensinou ali. Hus produziu uma versão tcheca fácil de ler, à base da tradução do eslavônio antigo. Seus esforços promoveram o uso comum da Bíblia na Boêmia e em países vizinhos.
Os clérigos estavam também furiosos com Wycliffe e Hus por ensinarem que o “texto puro”, as originais Escrituras inspiradas, sem acréscimos, tinha autoridade maior do que os “comentários”, as ponderosas explicações tradicionais nas margens das Bíblias aprovadas pela Igreja. Era a não diluída mensagem da Palavra de Deus que esses pregadores queriam colocar à disposição do homem comum.
Com a promessa falsa dum salvo-conduto, Hus foi enganado para comparecer em 1414 perante o Concílio católico de Constança, na Alemanha, para defender seus conceitos. O concílio se compunha de 2.933 sacerdotes, bispos e cardeais. Hus concordou em se retratar, se pudessem provar com as Escrituras que seus ensinos eram errados. Para o concílio, esta não era a questão. Desafiar ele a autoridade deles era motivo bastante para o queimarem numa estaca em 1415, enquanto ele orava em voz alta.
O mesmo concílio fez também uma demonstração final de condenação e de insulto a John Wycliffe, por decretar que os ossos dele fossem exumados na Inglaterra e queimados. Esta diretriz era tão repugnante, que só foi executada em 1428, às exigências do papa. Como sempre, porém, tal oposição feroz não diminuiu o zelo de outros amantes da verdade. Antes, aumentou sua determinação de publicar a Palavra de Deus.
Em 1450, apenas 35 anos depois da morte de Hus, Johannes Gutenberg iniciou a impressão com tipo móvel na Alemanha. Sua primeira grande obra foi uma edição da Vulgata latina, terminada por volta de 1455. Até 1495, toda a Bíblia ou parte dela tinha sido impressa em alemão, italiano, francês, tcheco, holandês, hebraico, catalão, grego, espanhol, eslavônio, português e sérvio — nesta ordem.
O erudito holandês Desidério Erasmo produziu em 1516 a primeira edição completa, impressa, do texto grego. Erasmo queria que as Escrituras “fossem traduzidas para todas as línguas de todas as pessoas”. Todavia, hesitou em arriscar sua grande popularidade por traduzi-las ele mesmo. No entanto, seguiram-se outros mais corajosos. Entre estes destacou-se William Tyndale.
Contexto de nosso estudo bíblico:
Cf. Como viemos a ter a Bíblia (Part. 1)
Cf. Como viemos a ter a Bíblia (Part. 2)
Cf. Como viemos a ter a Bíblia (Part. 3)
Cf. Como viemos a ter a Bíblia (Part. 4)
Cf. Como viemos a ter a Bíblia (Part. 5)
Cf. Como viemos a ter a Bíblia (Part. 6)
O que levou ambas as partes nesta batalha a tanta determinação? Nas partes anteriores (1-6) consideramos a história da publicação da Bíblia até a parte final da Idade Média. Agora chegamos à aurora duma nova era, em que a mensagem e a autoridade da Palavra de Deus estavam prestes a causar um profundo impacto na sociedade humana.
John Wycliffe, respeitado erudito de Oxford, pregava e escrevia fortemente contra as práticas antibíblicas da Igreja Católica, baseando sua autoridade na ‘lei de Deus’, ou seja, na Bíblia. Ele mandava que seus estudantes, os lollardos, percorressem o interior da Inglaterra para pregar a mensagem da Bíblia em inglês a quem quisesse escutar. Antes de falecer em 1384, iniciou a tradução da Bíblia do latim para o inglês dos seus dias.
A Igreja achou muitos motivos para desprezar Wycliffe. Primeiro, ele condenava os clérigos pelos seus excessos e pela sua conduta imoral. Além disso, muitos dos admiradores de Wycliffe usavam mal os ensinos dele para justificar suas rebeliões armadas. Os clérigos culpavam disso a Wycliffe, mesmo depois da sua morte, embora ele nunca tivesse incentivado levantes violentos.
O arcebispo Arundel, numa carta dirigida ao Papa João XXIII, em 1412, referiu-se a “esse vil e irritante sujeito John Wycliffe, de reputação condenável, esse filho da velha serpente, o próprio arauto e filho do anticristo”. Culminando a sua condenação, Arundel escreveu: “Para completar a medida da sua malícia, ele inventou o expediente de uma nova tradução das escrituras na língua materna.” Deveras, o que mais enfureceu os líderes da Igreja foi que Wycliffe queria dar ao povo a Bíblia na sua própria língua.
No entanto, umas poucas pessoas de destaque tinham acesso às Escrituras em línguas vernáculas. Uma delas era Ana da Boêmia, que se casou em 1382 com o Rei Ricardo II, da Inglaterra. Ela possuía as traduções inglesas dos Evangelhos feitas por Wycliffe, as quais estudava constantemente. Quando ela se tornou rainha, sua atitude favorável ajudou a promover a causa da Bíblia — e não só na Inglaterra. Ana incentivou estudantes da Universidade de Praga, na Boêmia, a vir a Oxford. Ali eles estudaram entusiasticamente as obras de Wycliffe e levaram algumas delas a Praga. A popularidade dos ensinos de Wycliffe na Universidade de Praga serviu mais tarde de apoio para Jan Hus, que estudou e depois ensinou ali. Hus produziu uma versão tcheca fácil de ler, à base da tradução do eslavônio antigo. Seus esforços promoveram o uso comum da Bíblia na Boêmia e em países vizinhos.
Os clérigos estavam também furiosos com Wycliffe e Hus por ensinarem que o “texto puro”, as originais Escrituras inspiradas, sem acréscimos, tinha autoridade maior do que os “comentários”, as ponderosas explicações tradicionais nas margens das Bíblias aprovadas pela Igreja. Era a não diluída mensagem da Palavra de Deus que esses pregadores queriam colocar à disposição do homem comum.
Com a promessa falsa dum salvo-conduto, Hus foi enganado para comparecer em 1414 perante o Concílio católico de Constança, na Alemanha, para defender seus conceitos. O concílio se compunha de 2.933 sacerdotes, bispos e cardeais. Hus concordou em se retratar, se pudessem provar com as Escrituras que seus ensinos eram errados. Para o concílio, esta não era a questão. Desafiar ele a autoridade deles era motivo bastante para o queimarem numa estaca em 1415, enquanto ele orava em voz alta.
O mesmo concílio fez também uma demonstração final de condenação e de insulto a John Wycliffe, por decretar que os ossos dele fossem exumados na Inglaterra e queimados. Esta diretriz era tão repugnante, que só foi executada em 1428, às exigências do papa. Como sempre, porém, tal oposição feroz não diminuiu o zelo de outros amantes da verdade. Antes, aumentou sua determinação de publicar a Palavra de Deus.
Em 1450, apenas 35 anos depois da morte de Hus, Johannes Gutenberg iniciou a impressão com tipo móvel na Alemanha. Sua primeira grande obra foi uma edição da Vulgata latina, terminada por volta de 1455. Até 1495, toda a Bíblia ou parte dela tinha sido impressa em alemão, italiano, francês, tcheco, holandês, hebraico, catalão, grego, espanhol, eslavônio, português e sérvio — nesta ordem.
O erudito holandês Desidério Erasmo produziu em 1516 a primeira edição completa, impressa, do texto grego. Erasmo queria que as Escrituras “fossem traduzidas para todas as línguas de todas as pessoas”. Todavia, hesitou em arriscar sua grande popularidade por traduzi-las ele mesmo. No entanto, seguiram-se outros mais corajosos. Entre estes destacou-se William Tyndale.
Contexto de nosso estudo bíblico:
Cf. Como viemos a ter a Bíblia (Part. 1)
Cf. Como viemos a ter a Bíblia (Part. 2)
Cf. Como viemos a ter a Bíblia (Part. 3)
Cf. Como viemos a ter a Bíblia (Part. 4)
Cf. Como viemos a ter a Bíblia (Part. 5)
Cf. Como viemos a ter a Bíblia (Part. 6)